17 abril 2016

A Função e a Harmonia dos Membros


Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  17/04/16 


Em nossa jornada para discernir de forma apropriada o Corpo de Cristo, refletiremos sobre a função dos membros e sobre sua harmonia no corpo.

Existe ao menos um impedimento que bloqueia o exercício de nossas funções no Corpo: a mentalidade individualista, isto é, o apego a si mesmo. Enquanto essa forma de pensar dominar nossa mente não haverá espaço para o serviço, e portanto, não haverá o que ser falar sobre nossa função no corpo ou sobre a harmonia entre nós.

Dessa forma, nossa reflexão sobre função e harmonia no Corpo de Cristo pressupõe que fomos libertos de nós mesmo, que estamos prontos para pensar a vida da igreja como uma oportunidade para ser canal para a nova vida, a vida do Espírito de Deus que recebemos por meio de Jesus Cristo a fim de abençoar nossos irmãos.

Todos têm uma função (I Co 12.13)

13 Pois em um só corpo TODOS nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a TODOS nós foi dado beber de um único Espírito.

A igreja é composta de pessoas que foram imersas na vida do Espírito de Deus. Esse mergulho no Espírito Santo marca ao mesmo tempo nossa redenção individual (penhor 2 Co 1.21,22) e nosso arrolamento como parte da coletividade membro do Corpo de Cristo. Porque a salvação é individual, mas é operada na coletividade.

Paulo parece explicar que o tratamento do Espírito é o mesmo para todos que o Senhor é bondoso (cf. I Pe. 2.3). Não há qualquer distinção. Não há um membro do Corpo que não tenham uma vocação de Deus. TODOS temos algo a realizar em favor dos demais membros.

Entre o primeiro e o segundo “TODOS”, Paulo apresenta aos seus leitores dois profundos abismos (judeus/gregos e escravos/livres) de sua época para ilustrar o trabalho do Espírito na constituição do Corpo de Cristo: primeiro, duas cosmovisões diferentes (cultura, história, religião ...); depois, duas realidades de vida distintas (identidade, esperanças, sonhos ...).

E o que nos diz o apóstolo? Afirma que esses abismos são produzidos por nós, e que o Espírito de Deus não se limita por causa deles. Ao contrário, junta na Igreja quem ele quer e dá a todos uma incumbência de serviço ao corpo a ser cumprida.

Ainda sobre o TODOS, precisamos lembrar que vivemos tempos em que a sacerdotalização em forma de casta tem renascido e sido acolhida por vários irmãos como um modo aceitável de viver a fé.

São tempos em que a igreja reformada por Lutero e outros é tentada a refluir para o padrão clero/laicato. Tempos em que a fé se vê ancorada em líderes personalistas, hiperativos e repletos de dons, enquanto o restante do corpo assiste passivo as performances e aguarda dos iluminados bênçãos, orações e fórmulas para fazer a vida funcionar.

É certo que o modo sacerdotal de viver a fé dominou a cena da humanidade por muito tempo, mas também é verdade que ele encontrou no evangelho de Cristo um forte opositor.

Mc 15.38 – O véu rasgou-se
I Pe. 2.5-9 – Sacerdócio Santo e Real
Ap. 1.5 – Sacerdotes para servir
Ap. 5. 8-10 – Sacerdotes para o nosso Deus

É surpreendente que, no interior de um uma religião essencialmente sacerdotal, nasceu o evangelho de um único e perfeito mediador que a todos chama para aproximar-se de Deus como um filho se aproxima de um pai amoroso.

19 Sendo assim, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos mediante o sangue de Jesus,20 por um novo e vivo Caminho que Ele nos descortinou por intermédio do véu, isto é, do seu próprio corpo;21 e tendo um magnífico sacerdote sobre a Casa de Deus.22 Portanto, acheguemo-nos a Deus com um coração sincero e com absoluta certeza de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e os nossos corpos lavados com água pura.

Ninguém pode ser descartado (I Co 12.21-24a)
  
21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! "Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês!" 22 Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, 23 e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, 24 enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial.

O argumento de Paulo é de que não somos nós quem diz se alguém é necessário ou não ao corpo. Em princípio todos os membros do corpo são necessários e nenhum pode ser simplesmente descartado.

Parece que Paulo coloca sob suspeita os critérios que usamos para fazer essa avaliação. Primeiro ele fala do engano de contarmos apenas com aqueles que consideramos fortes: história de fé na família, vida financeira estruturada, família equilibrada, frequente nos cultos, contribuinte, comprometido: esses são os que parecem fortes! Eles estão sempre visíveis e são sempre chamados a se apresentar no front da batalha. Mas nem por isso os demais membros do corpo podem ser dispensados.

Aqueles que parecem fracos, não podem ser dispensados da comunhão nem tampouco desprezados. Nas palavras de Paulo eles são indispensáveis para a harmonia do corpo. A analogia aponta as partes do corpo humano que são pouco resistentes, mas que cumprem funções importantes. Os lábios são frágeis, as orelhas são frágeis, os olhos são frágeis, todos eles precisam ser protegidos por braços e mãos, mas sem eles o corpo perderá sua harmonia.

Os irmãos mais sensíveis, menos resistentes aos desgastes da vida, mais frágeis diante do mundo, menos capazes de reagir, menos perceptivos sobre as sujeiras da vida, não podem ser jogados fora. Ainda às vezes seja trabalhoso, eles devem ser cuidados e protegidos. O corpo depende deles para cumprir sua vocação.

Outro aspecto do mesmo argumento é quanto aos membros mais ou menos decorosos. Esse é um argumento impressionante porque Paulo afirma que aqueles de quem temos mais vergonha não devem ser expostos ao ridículo, mas protegidos para que se apresentem de forma digna.

Em um corpo harmônico não há lugar para a exposição gratuita das fragilidades dos irmãos. Não há lugar para envergonhar os outros porque eles são diferentes. Não há lugar para humilhar os que não conseguem. Não há lugar para fazer pouco caso de quem quer que seja por seja qual for a razão. Porque quando um membro do corpo é envergonhado, todo o corpo sente vergonha com ele.

Vocação: para cada um, por causa de todos.

Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, 25 a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. (I Co 12.24b-5)

Nosso lugar no corpo foi planejado por Deus. Não há acasos nisso. Nossa história tem parte nisso, nossas experiências são importantes, nossa formação tem seu lugar, mas ao final tudo está sob a coordenação daquele que é o cabeça da igreja.

Paulo revela uma lógica invertida nessa montagem do corpo. Aparentemente o Senhor providenciou equilíbrio no corpo ao conceder honra exatamente àqueles que dela tinham falta.

A abordagem sobre honra aqui é a mesma. Vestir de forma apropriada, os membros do corpo que expostos estariam desprotegidos e à mercê de comentários. A ideia é de proteger quem está desprotegido. Então, explica que o próprio Senhor da Igreja age assim para produzir harmonia no corpo.

Dessa forma, todos os membros são vocacionados (chamados) a servir ao Corpo. E são capacitados, protegidos e honrados de forma que haja harmonia. Assim, quando cada membro do corpo exerce sua função estamos cuidados uns dos outros e o corpo opera seu próprio crescimento de forma harmônica.


03 abril 2016

Não temas!

Não temas!
 Primeira Igreja Batista em João Agripino - João Pessoa/PB - 03/04/16 


Boa noite, meus irmãos! É uma alegria e um prazer compartilhar a Palavra com vocês hoje à noite. Minha gratidão ao Pr. Rick pelo convite e pela confiança em compartilhar comigo o púlpito desta igreja.

Eu trago o abraço caloroso dos irmãos da Comunidade Batista em Mangabeira e de sua liderança e peço ao Senhor que continue a agir na vida desta igreja de forma a completar a boa obra que Ele começou em cada um de vocês.

Leitura Bíblica

Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo. (Gn 15:1)

Oração

Nós vivemos tempos amedrontadores. O medo parece ter-se tornado um elemento dos mais comuns em nossa rotina. Medo de perder o emprego, medo de ser assaltado, medo de não encontrar alguém pra dividir a vida, medo de não passar na prova, medo de ser rejeitado, medo de não ser bem sucedido, medo de não ser amado, medo gripe H1M1, medo da Zica, medo da morte, e também medo da vida.

Mas a verdade é que ninguém gosta de dizer que está com medo. E não é para menos, os medrosos são tratados com certo desdém. Eles não são apontados como exemplos nem ocupam lugares de honra nas narrativas históricas. Os medrosos quase sempre desprezados, às vezes injustamente, mas ainda assim desprezado. Isso tudo nos faz rejeitar o medo que habita em nós.

Resolvi me debruçar sobre as Escrituras para entender melhor como o Senhor lida com o nosso medo. Pelo que percebi, Ele, que nos criou, sempre considerou o medo algo inerente à condição humana; mas, ao mesmo tempo, algo que devemos dominar (ao invés de sermos controlados por ele).

É fácil confirmar isso! Em uma pesquisa pelas páginas das Escrituras, é possível encontrar os grandes expoentes da fé sendo exortados pelo Autor da fé a não permitirem que o medo os domine. Vejamos:

Abraão
Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo. (Gn 15:1)

Abraão: fora chamado por Deus e estava saindo do meio de sua parentela para um lugar cheio de riscos e perigos. Ele não conhecia muito bem a maneira de agir do Senhor e não tinha qualquer certeza a respeito do seu futuro. Eu sou o teu escudo

Isac
E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão. (Gn 26:24)

Isac: não tinha um relacionamento pessoal com o Senhor, que era o Deus do pai dele. Eu sou contigo e te abençoarei
  
Jacó
(2) Falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui. (3) E Deus disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma grande nação. (4) Eu descerei contigo para o Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos. (Gn 46:2-4)

Jacó: ficou com medo do que aconteceria com ele no Egito. Como Deus poderia pensar em algo bom se ele e sua família estavam sendo levados para o Egito? Eu te farei ali uma grande nação

Josué
Então disse o Senhor a Josué: Não temas, e não te espantes; toma contigo toda a gente de guerra, levanta-te, e sobe a Ai. Olha que te entreguei na tua mão o rei de Ai, o seu povo, a sua cidade e a sua terra. (Js 8:1)

Josué: ficou com medo de enfrentar os exércitos da cidade de Ai. Será que Deus daria vitória nessa empreitada? Eu entreguei na tua mão o rei de Ai
   
Gideão
(22) Vendo Gideão que era o anjo do Senhor, disse: Ai de mim, Senhor Deus! Pois eu vi o anjo do Senhor face a face. (23)Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo, não temas; não morrerás. (Jz 6:22,23)

Gideão: teve medo de Deus. Ele achou que seria fulminado por que estava na presença de Deus. Gideão não conhecia o Senhor de perto. Eu não te matarei

Jeremias
(6)Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque sou um menino. (7)Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. (8)Não temas diante deles; pois eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. (Jr 1:6-8)

Jeremias: teve dúvidas a respeito de quem o protegeria em seu ministério. Como ele poderia falar a Palavra do Senhor com tantas ameaças? Será que o Senhor poderia protegê-lo e guardá-lo? Eu sou contigo para te livrar

Paulo
(9) E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales; (10) porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. (11) E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus. (At 18:9-11)

Paulo: teve dúvida se deveria ou não continuar a pregar o evangelho em Corinto. Como seria o futuro? Deus o guardaria do mal? Eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal

Como lidar com o medo?

O que nos dizem esses textos? Duas questões iniciais me chamaram a atenção:

A primeira é que nenhum de nós deve se deixar dominar por sentimentos de inferioridade espiritual ou de tristeza profunda porque está com o medo diante dos desafios da vida. Aos sentirmos medo estamos na companhia dos grandes da Fé!

Então, quando o medo vier ao invés de simplesmente negá-lo ou de se entristecer, você vai se lembrar, que Abraão, Isac, Jacó, Josué, Gideão, Jeremias e próprio apóstolo Paulo também se sentiram com medo.

A segunda é que não podemos nos acostumar com o medo, não devemos deixar que ele se aloje em nossas almas; o medo eventual faz parte da vida, mas o medo permanente pode massacrar nossas almas nos tornando incapazes de enfrentar os desafios da vida. 

Essa foi a palavra do Senhor para cada um desses grandes da fé: NÃO TEMAS!

Abraão: Eu sou o teu escudo
Isac: Eu sou contigo e te abençoarei
Jacó: Eu te farei ali uma grande nação
Josué: Eu entreguei na tua mão o rei de Ai
Gideão: Eu não te matarei
Jeremias: Eu sou contigo para te livrar
Paulo: Eu estou contigo

Essa também a palavra dele para você hoje à noite: NÃO TEMAS!

Então, quando tentamos enfrentar nossos medos, podemos nos agarrar à certeza de que estamos na companhia dos grandes da Fé também nisso! Abraão, Isac, Jacó, Josué, Gideão, Ezequias, Jeremias e Paulo fizeram a mesma coisa.

Se você já se apropriou dessas importantes questões iniciais. Podemos agora procurar um caminho para lidar com esse inimigo que se esconde dentro de nós? É claro que não há uma fórmula mágica para isso, mas eu penso que podemos extrair dessas histórias alguns conceitos úteis para os momentos de medo.

Conceitos

Analisando essas passagens, constatei pelo menos dois conceitos importantes:

O PRIMEIRO é que o medo facilmente encontra espaço em nossas almas por que o futuro é incerto e desconhecido. O que vai acontecer? Não sabemos. Será que vai dar certo? Não sabemos. Ela vai gostar de mim? Você não sabe agora. Eu vou conseguir? Você não sabe agora. Quando as coisas vão melhorar. Você não sabe.

O que fazer? Saul o primeiro rei de Israel decidiu procurar uma pitonisa, uma mulher que dizia prever o futuro. Ele queria saber se iria ganhar a batalha que estava prestes a acontecer.

Algumas pessoas procuram cartomantes, leem horóscopos, frequentam reuniões de oração com profetisas, procuram videntes nas mesas brancas, tudo em busca de algo que amenize o medo instalado em suas almas a respeito do futuro.

Há também os que se cercam planejamento. Fazem seguros, criam reservas financeiras, assinam resenhas políticas e econômicas e tentam de toda forma controlar o futuro. O que você faz?

Parece que Deus não tem muito interesse em revelar o futuro. Vez por outra é fez isso a alguns profetas, mas nunca foi a regra; é sempre uma exceção. A regra é que o futuro é imponderável. Qual a saída? Deus propõe a Abraão, Isac, Jacó, Josué, Gideão, Ezequias, Jeremias e Paulo o seguinte: Confie em mim! Eu estou no controle do universo!

Portanto, meus irmãos, a solução de Deus para as incertezas que nos metem medo é confiarmos nele.

Ocorre que não se confia em alguém assim do nada. Confiança é algo que se constrói com o tempo, através de um relacionamento. É assim que o caráter de alguém é provado.

Minha conclusão é que talvez seja exatamente esse o motivo pelo qual nossa confiança no Senhor seja tão frágil: conhecemos Deus de ouvir falar, pelos livros ou pelo testemunho de outros irmãos, mas nós mesmos pouco sabemos sobre ele.

É nesse ponto que apresento o SEGUNDO conceito extraído dos nossos textos: o medo encontra espaço em nossas almas porque ainda temos dúvidas sobre o caráter de Deus. Muita gente tem até medo de orar como Jesus “seja feita a tua vontade”. E essas dúvidas sobre o caráter de Deus, que nos consomem, são a prova da distância a que nos encontramos dele.

E qual é a saída que Deus propôs àqueles homens? Simples: Deus falou com eles. A saída para nossas dúvidas a respeito do caráter de Deus é nos aproximarmos dele. A saída é um relacionamento pessoal com ele que ultrapassa as paredes nossos templos e invade nossas vidas.

Cada vez que esse relacionamento com o Senhor se estreita nas pequenas decisões da vida e você experimenta na prática o cuidado, o amor, a misericórdia, a correção amorosa de Deus em sua vida, suas dúvidas sobre o caráter dele vão-se dissipando e sua confiança nele vai se tornando mais forte.

Conclusão

Para finalizar nossa reflexão, quero dizer que estou convencido que o medo não subsiste por muito tempo onde existe amor. E a base do amor é o relacionamento. Por isso, o profeta Oseias nos conclama dizendo:

Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra. (Os 6:3)

Quando nos aproximamos do Senhor e nos damos conta do grande amor que Ele tem por nós somos atraídos por esse amor e o medo é lançado fora. É isso que diz o apóstolo João.

No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor. (1Jo 4:18)

O medo faz parte das limitações humanas, mas somos chamados a enfrentá-lo a partir de um relacionamento profundo com o Senhor, que nos fará amá-lo ainda mais e confiar nele.

Patriarcas, Juízes, Reis, Profetas e Apóstolos aprenderam sobre o Senhor andando com Ele no dia-a-dia de suas vidas. Para eles o Senhor não era um Deus distante e remoto;

Eles experimentaram a presença de Deus, aprenderam a confiar Nele e adquiriram força para enfrentar os seus medos. É esse também o nosso caminho como discípulos de Jesus.


Que o Senhor nos abençoe e se faça presente em nossas vidas.

O serviço ao Corpo de Cristo


O serviço ao Corpo de Cristo
Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  03/04/16 

Em nossa jornada para discernir de forma apropriada o Corpo de Cristo, chegamos agora no ponto em que refletiremos sobre o serviço de um membro do corpo.

Inúmeras abordagens podem ser dadas sobre esse assunto, inclusive com ênfase nos dons e capacitações dadas pelo Espírito. Aqui seremos modestos e trataremos sobre modos de pensar e viver que acabam por nortear nosso serviço no corpo. São eles o ativismo, o individualismo e a cooperação.

Ativismo – Serviço pelo serviço

Ativista é aquele que entende as ações práticas como o melhor (e às vezes o único) caminho para a transformação da realidade.

Sem dúvida ações práticas podem transformar a realidade, mas o ativista é aquele que coloca nelas toda sua esperança, e por isso dedica-se intensamente àquilo que se propõe a fazer, ao ponto de fazer de suas ações um fim em si mesmas.

Os ativistas são pessoas práticas. Ser prático não é ruim, muito pelo contrário. No entanto, para os ativistas a ênfase na praticidade acaba por transformá-la em pragmatismo, isto é, quando as coisas certas são aquelas que dão certo.

Os ativistas são intensos e tem grande capacidade para a realização de projetos em benefícios de outras pessoas. No entanto, com muita frequência, acabam com pouco tempo para relacionar-se com as pessoas a quem servem.

O que acontece quando um ativista se converte e se torna um membro do Corpo de Cristo? Ou quando um membro do corpo é seduzido pelo ativismo? Com frequência o ativismo o acompanha em suas atividades de serviço à igreja.

Surge então a figura de um cristão prático e realizador (o sonho de muitos pastores), mas tende a valorizar o serviço como um fim em sim mesmo e a aplaudir qualquer iniciativa ou realização que pareça ajudá-lo a atingir seus objetivos.

A igreja precisa de pessoas práticas e realizadoras, mas o corpo de Cristo sofre quando algum de seus membros se torna ativista e pragmático.

Quando ativismo e pragmatismo tomam conta de nossas iniciativas de serviço ao corpo de Cristo, diminui nossa preocupação com as pessoas e começamos a servir pelo serviço. Deixa de ser um serviço PARA o corpo e se transforma em um serviço NO corpo.

Marta era uma mulher prática e com grande capacidade de realização. Sozinha ela estava dando conta de recepcionar Jesus e seus discípulos. Quando sua irmã, Maria, se senta na sala para ouvir Jesus, sua paciência se esgota. Ela estava tão preocupada em fazer o que precisa ser feito que deixou de lado as pessoas a quem ela estava servindo.

38 Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. 39 Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra.

40 Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! "

41 Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; 42 todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Lucas 10. 41,42

Alguém já disse que os nossos piores defeitos são exatamente aas nossas melhores virtudes. É claro que o corpo não pode dispensar nem rejeitar seus membros mais ativos e operantes, porque precisamos de pessoas práticas e realizadoras. O que fazer, então?

Aqueles que se realizam e se alegram em ver as coisas funcionando precisam ser lembradas constantemente sobre o propósito do serviço. Servir à igreja não é o fim, mas um meio através do qual o Espírito nos edifica, aperfeiçoa e transforma. Na outra ponta de qualquer serviço no Corpo de Cristo há sempre uma pessoa e ela é mais importante que o serviço.

Individualismo – Serviço para mim

O individualismo é a atitude de viver para si mesmo. Somos indivíduos, pessoas únicas. Não se deve confundir, no entanto, essa individualidade com o entendimento de que o mundo gira ao nosso redor para nos fazer felizes.

O individualista vive sua vida independente das ouras pessoas, como se o modo de viver adotado por ele não fosse da conta de ninguém. Ele age como se fosse autossuficiente e pudesse viver sem depender de ninguém.

21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! "Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês!" 1 Co 20.21

O individualismo, portanto, causa dois problemas sérios à igreja ao reforçar o engano da independência:

1)  Faz-nos achar que não precisamos nos importar com os outros;
2)  Faz-nos achar que o corpo não sofre por nossa causa.

26 Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. 1Co 12.26

O egocentrismo é tão sorrateiro, tão inerente à natureza adâmica que se apresenta inclusive em nossa busca espiritual; como que camuflado.

Por que busco uma vida santa?
Para eu mesmo ser santo.

Por que desejo o poder de Deus?
Para eu ser reconhecido assim.

Por que desejo um ministério frutífero?
Para eu ter frutos a apresentar

Por que almejo que o Reino venha?
Para que eu possa experimentar esse reino.

O individualismo nos encoraja a permanecermos centrados em nós mesmo, mas quando confiamos o destino de nossas vidas às mãos de Jesus não precisamos mais viver assim.

21 De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. 22 Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, 23 a serem renovados no modo de pensar e 24 a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. (Ef. 4.21-24)


Enquanto o egoísta cuida de si mesmo, por uma questão de segurança, aqueles que experimentam sua condição de membro do Corpo de Cristo cuidam uns dos outros por uma questão de confiança, porque se sentem seguros no Senhor.

Nenhum membro do corpo trabalha para si mesmo; todos trabalham para o corpo. O olho não vê para si mesmo, seu serviço é para que o corpo veja; o ouvido não ouve para si mesmo, é o corpo como um todo o beneficiado pela audição; as narinas não usufruem do olfato sozinhas, mas todo o resto do corpo sente seus benefícios.

Da mesma forma é na igreja: o serviço não é para benefício de quem serve. Não é para que você se sinta bem (ainda que isso vá acontecer). O serviço é para os demais membros do corpo.

Cooperação – Serviço para o corpo

Deixados de lado o serviço NO CORPO e serviço PARA SI, estamos prontos para refletir sobre o serviço AO CORPO.

Cada membro do corpo recebe do Senhor algum aspecto, uma porção característica de Cristo que ecoa em sua vida. Nossa experiência com Cristo por meio da Palavra e da oração, em meio às lutas da vida, nos faz experimentar a vida de Cristo de forma peculiar. Servir à igreja é colocar tudo o que temos recebido do Senhor à disposição para abençoar a vida dos irmãos.

18 De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19 Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 Assim, há muitos membros, mas um só corpo. 1 Co 12.18-20

Nosso ministério específico no corpo de Cristo é resulta das lições específicas que o Senhor nos tem ensinado. Cada um de nós foi capacitado de forma bem peculiar para suprir as necessidades do corpo. Se ainda não descobrimos qual é esse ministério, devemos buscar ao Senhor par descobri-lo.

Não adianta simplesmente fazer o que os outros estão fazendo. Cada membro foi colocado no corpo para supri-lo em certas necessidades que só aquele membro pode atender.

28 Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dom de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. 1 Co 12.28

Então, qual o primeiro passo: buscar ao Senhor com a seguinte oração: Senhor Jesus, como devo servir aos meus irmãos? Ajude-me a descobrir como posso ser útil para a edificação e o fortalecimento do teu corpo, a igreja!

Servir à igreja é repartir a vida de Cristo. Por isso, o serviço ao corpo de Cristo baseia-se no conhecimento de Cristo recebido em nossa vida de comunhão com ele. Não se trata meramente de realizar uma tarefa ou transmitir uma doutrina.

A locomotiva desse trem chamado serviço é a vida e não o conhecimento ou a habilidade. Não é muito saber ou a destreza que qualifica o serviço, mas o viver submetido ao Senhor.

Isso quer dizer que não há restrições acadêmicas, culturais, econômicas, teológicas ou de qualquer outra natureza que limite ou oriente o serviço. Todos que receberam vida do Senhor têm também vida a transmitir, de alguma foram, aos demais membros do corpo.

Nee propõe que o serviço ao corpo não deve preceder a experimentação de Cristo e a imersão no seu corpo.

“ Primeiro a experiência de Cristo, depois a doutrina de Cristo; primeiro a vida de Cristo, depois os ensinamentos de Cristo. Primeiro a vida, depois a doutrina. Primeiro um problema, depois a solução. Primeiro a experiência, depois o ensinamento.”

Cooperar é trabalhar junto. É assim o serviço ao Corpo de Cristo. Cada membro entrega o que recebeu de Cristo aos demais.


Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee

Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro
ARA - Almeida Revista e Atualizada
KJA - King James Atualizada