23 fevereiro 2015

Duas alianças, dois modos de viver.


PIB de Várzea Alegre/PB -  Santa Rita/PB - 22/02/15

INTRODUÇÃO

Os primeiros cristãos eram judeus que viviam conforme as orientações da lei de Moisés. Esse fato histórico às vezes escapa à nossa percepção, mas é importante para compreender um dos problemas enfrentados pela igreja desde os seus primeiros dias: a tensão entre duas alianças: a aliança mosaica e nova aliança em Cristo Jesus.

No começo da igreja, quando Paulo e os outros evangelistas saíram pelo mundo falando sobre Jesus, eles o anunciavam como o mediador de uma nova e ampla aliança entre Deus e a humanidade. Quando essa pregação era ouvida pelos judeus espalhados mundo a fora, se formava uma tensão entre o modo vida decorrente da aliança mosaica, que eles já conheciam, e o novo modo de viver que resultaria da nova aliança em Jesus Cristo.

Hoje quero compartilhar com vocês um pouco do que as Escrituras revelam sobre esses diferentes modos de viver a fé e as implicações práticas de escolher uma aliança ou a outra. Nosso texto base será Gálatas 4:21-31.
Agar e Sara
21 Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da lei: Acaso vocês não ouvem a lei? 22 Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. 23 O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu mediante promessa. 24 Isso é usado aqui como uma ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é Hagar.

25 Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. 26 Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe. 27 Pois está escrito: "Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido". 28 Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque.

29 Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguia o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora. 30 Mas o que diz a Escritura? "Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre". 31 Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.

Os irmãos da Galácia (uma região da Ásia) moravam bem longe de Jerusalém. Mas as igrejas daquele lugar eram fruto do trabalho missionário de Paulo de Tarso e seus companheiros. Os gálatas haviam sido ensinados a respeito do evangelho da Graça de Deus e aceitaram de bom grado a salvação gratuita mediante a fé em Jesus.

Ocorre que Paulo, nas cidades por onde passava, começava seu trabalho missionário exatamente pelas sinagogas, já que ele tinha suas origens no judaísmo. Então, vários dos irmãos das igrejas na Galácia, apesar de não morarem em Jerusalém, eram judeus convertidos ao Cristianismo (que hoje são chamados de judeus messiânicos). Eles eram pessoas que por muitos anos havia seguido a lei mosaica e cumprido os costumes do judaísmo, porque primeiramente haviam enxergado a fé em Deus pelas lentes da aliança feita no Sinai.

Não demorou muito até que alguns desses irmãos estivessem confusos. De um lado eles ouviam o apóstolo Paulo explicando o evangelho da salvação pela Graça de Deus, mediante a confiança nos méritos de Cristo; por outro lado eles eram assediados pelos judaizantes, que não estavam dispostos a abrir mão da forma antiga de ver a vida, que eles havia aprendido de seus pais: os rituais, as leis, as cerimônias, as liturgias, os sacrifícios, etc...

Foi no meio dessa tensão e desse clima de dúvida que a carta aos Gálatas foi escrita com o propósito de ajudar aqueles irmãos a experimentar a plenitude do evangelho de Cristo.
  
UMA ILUSTRAÇÃO

Uma das ilustrações que o apóstolo Paulo utilizou para ajudar aqueles irmãos do passado foi essa que lemos ainda há pouco. Ele recuperou uma das histórias fundadoras do povo hebreu: os dois filhos gerados por Abraão: um de Sara e outro de Agar.

O filho de Sara era o cumprimento da promessa que Deus havia feito a Abraão, já o filho de Agar era resultado do esforço para dar “uma ajudinha” a Deus; o filho de Sara era a demonstração do poder e da graça de Deus sobre aquela que era estéril, já o filho de Agar era fruto da força do próprio homem; a descendência de Sara (que era livre) estava destinada à liberdade, já a descendência de Agar (que era escrava) estava fadada à escravidão.

Com essa ilustração o apóstolo Paulo procurava ensinar aos nossos irmãos da Galácia que a descendência de Sara e a descendência de Agar simbolizam duas maneiras de se relacionar com Deus e, por consequência, duas formas de viver a fé.

ANTIGA ALIANÇA

Por uma lado há aqueles que continuam agarrados ao cumprimento de leis, cerimônias, rituais, liturgias, vestimentas, tipos de alimentos, correntes de oração, novenas, jejuns, conferências, procissões, cursilhos, dízimos e assembleias solenes, achando que o esforço em cumprir essas coisas pode torná-los ACEITÁVEIS diante de Deus. Esses ainda estão na antiga aliança e não sabem o que é uma vida plena sob a Graça de Deus.

Não vamos esquecer que Agar fez de tudo para agradar o seu senhor. Mesmo assim, porque ela mesma era uma escrava, sua descendência nasceu escravizada e submetida aos seus senhores. Da mesma maneira, aqueles que vivem suas vidas fazendo coisas para se tornarem dignos do amor de Deus podem achar que estão dando o melhor de si, mas continuam sendo escravos. O senhor deles é a falsa ideia de que se viverem uma vida certinha, conforme a religião, podem facilitar as coisas para Deus amá-los. Mas a verdade, meus irmãos, é que quem vive a religião como um esforço pessoal para ser aceito por Deus, torna-se escravo dessa religiosidade.

Cada vez mais vemos gente assim em nossas igrejas: gente muito religiosa, mas pouco piedosa; gente que conhece os detalhes da liturgia e do culto, mas que não se importa com as pessoas; gente que bate no peito como fariseu da história, convicto de que é melhor que os outros, mas quase nada sabe sobre o amor gracioso de Deus demonstrado em Cristo Jesus na cruz do calvário; gente que está pronta para batalhar contra inimigos, mas tem pouca prática em amar do mesmo jeito que foi amado por Deus.

NOVA ALIANÇA

Se de um lado havia na mente daqueles irmãos esse modo antigo de se relacionar com Deus, com base no esforço próprio, por outro lado o apóstolo Paulo estava pregando e ensinando que esse modo antigo pode até nos aproximar um pouco de Deus, mas não é completamente eficaz; porque ninguém é capaz de ser tornar aceitável diante de Deus com base nas coisas que faz para agradá-lo. E a razão é simples: Deus pede perfeição e isso está fora de alcance para o homem caído.

Por isso uma nova aliança foi firmada. Essa nova aliança é comparada com a descendência de Sara. É uma aliança baseada na promessa graciosa de Deus. Lembre-se de que não foi por causa da espiritualidade de Sara ou de Abraão que um filho foi gerado no ventre dela, mas simplesmente por vontade e graça de Deus, porque 
Ele havia prometido que faria.

Na nova aliança não há a necessidade de se esforçar para ser aceito por Deus, porque sabemos que Ele nos amou antes de tudo, quando nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Claro que viver uma vida santa exige esforço, mas essa dedicação é tão somente uma resposta de amor e gratidão àquele que nos amou primeiro. 

A DÚVIDA DOS GÁLATAS

Pela carta escrita por Paulo, dá pra perceber que os irmãos da Galácia estavam em dúvida. E era uma dúvida razoável. Eles estavam considerando o seguinte:

“Será que vale a pena confiar nessa salvação pela graça de que Paulo fala? Serão que não é melhor a gente se garantir cumprindo os ritos religiosos? A Graça parece ser ótima, mas deixa a gente um pouco inseguro, sem nada nas mãos para apresentar a Deus; já quando a gente se esforça para cumprir as regras da religião dá pra mostrar que fez alguma coisa e isso faz a gente se sentir mais seguro.”

Essa é a mesma dúvida que consome muitos crentes dentro das igrejas. Um dia eles aceitaram a mensagem salvadora da graça de Deus, mas depois começam viver suas vidas por conta própria e se acabam abraçados ao mero esforço religioso. São como náufragos em uma tempestade no alto mar: ficaram muito felizes quando um bote salva-vidas foi lançado para eles, mas depois, em vez de entrarem no bote, ficam nadando em volta dele tentando demonstrar que são excelentes nadadores.

Assim como os gálatas, esses irmãos em nossas igrejas estão confusos. Eles dizem que foram salvos pela graça mediante a fé, mas vivem como se precisassem provar para Deus que são dignos de serem salvos. Vivem vergados sob o peso do esforço para parecerem bons o suficiente.

Na prática, o que aqueles irmãos da Galácia fizeram diante da dúvida que tinham? Alguns deles retrocederam ao modo de pensar antigo. Influenciados pelos judaizantes, alguns se deixaram circuncidar como os judeus, para garantir uma aliança com Deus; outros começaram a considerar certos alimentos impuros nas suas refeições e outros ainda começaram a guardar a datas e as festas judaicas. Eles fizeram isso porque em suas mentes, ser salvo apenas por meio da fé parecia algo fraco que precisava ser complementado.

Da mesma maneira, irmãos, muitos hoje têm buscado algo que possa ser acrescentado à fé em Jesus, porque se sentem inseguros com essa salvação mediante a graça de Deus. E o que eles fazem?

Santisse
  
Hoje alguns acham que se viverem uma vida santa poderão usar isso como uma espécie de moeda de troca perante Deus. Eles se esforçam para parecerem perfeitos, mesmo sabendo que não são, e acabam sustentando uma farsa. Aí, quando menos se espera, a casa cai e o falso poço de santidade se mostra como realmente é: sequidão de estio.

É preciso entender que somos chamados à santidade, sim! Mas não somos aceitos por Deus em virtude de uma vida perfeita. Somos aceitos por ele por causa do amor que Ele tem por nós, mediante nossa confiança nos méritos perfeitos de Cristo Jesus. A santificação é a obra de aperfeiçoamento que o Espírito de Deus realiza naqueles que já foram salvos, não uma condição para ser.

Ativismo Religioso
  
Há outros que se apegam ao ativismo religioso como uma “complementação” à fé. Eles participam de todas as programações da igreja e sob nenhuma hipótese faltam aos eventos a que são convidados. Lá no fundo esses irmãos acham que viver a fé é sinônimo de frequência nas programações, por isso eles se esforçam para fazer o seu melhor nessa questão. Alguns chegam ao ponto de deixar de lado o cuidado com a família e as responsabilidades do lar.
É preciso entender que somos chamados à comunhão e ao serviço, sim! Ninguém está dispensado de congregar. Mas nós não somos aceitos por Deus com base em nossa frequência nos programas da igreja. A base da nossa salvação é o amor de Deus demonstrado pelo fato de haver Cristo morrido por nós mesmo sem que nós nada merecêssemos, senão a morte. Além disso, a fé não se vive entre as quatro paredes desse prédio, mas lá fora.

Tradicionalismo

Há ainda os que se agarram ao tradicionalismo como muleta para sua caminhada de fé. Para eles tudo que é antigo é bom, tudo que é novo é ruim. Eles acham que se permanecerem fiéis aos costumes antigos estão sendo fiéis a Deus, e isso vai contar como uma espécie de bônus adicional diante dele. Dessa forma, esses irmãos fecham os olhos para os erros cometidos pela igreja no passado ao mesmo tempo são incapazes de enxergar a boas coisa que Deus está fazendo agora.

É preciso entender que somos chamados a manter a fé, sim! Mas não somos aceitos por Deus em função de nosso conservadorismo e tradicionalismo. Deus nos aceita por que Ele é amor e porque esse amor, revelado em Jesus, encontrou lugar em nossos corações. Há muitas coisas novas e boas que Deus deseja fazer no meio do seu povo.

UM CHAMADO À DECISÃO

Quando Paulo escreveu aos gálatas sobre essas coisas ele foi bem contundente. A razão é simples: ele sabia que essa forma antiga de pensar é um caminho certo para o engano. Alguém que acha que pode dar uma ajudinha para Deus, tornando-se digno de ser amado por ele está, na verdade, rejeitando a Graça de Deus e anulando o sacrifício de Cristo.

Hoje eu e você somos chamados a uma decisão! Vamos retroceder e voltar à velha maneira de pensar? Vamos virar as costas para a cruz e confiar em nosso esforço próprio? Vamos dispensar o bote salva-vidas da graça e continuar nadando em círculos? Vamos continuar procurando muletas, com medo de dar os passos livres da fé? Vamos tremer diante do desafio de viver de fé em fé?

Veja o que o apóstolo Paulo afirma no começo do capítulo 5 de sua carta:

1 Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.

Aqueles que foram comprados pelo sangue do cordeiro foram feitos filhos de Deus para a liberdade. Irmãos, nós fomos salvos pela Graça de Deus e devemos também viver por ela. Precisamos resistir à tentação de retroceder à lógica do esforço próprio e confiar no amor gracioso de Deus por nós.

Aqui é importante um alerta: confiar no amor de Deus e viver sob a graça não é licença para pecar, para afastar-se da congregação ou para menosprezar os irmãos. Paulo alerta que a liberdade não deve dar ocasião à vontade da carne.

Jesus afirmou “conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. Nós, os que fomos libertos desse antigo modo de pensar e viver, somos chamados pelas Escrituras para avançar, e não retroceder. Somos chamados à maturidade da fé, por meio da graça. Somos chamados à confiança plena no amor de Deus demonstrado através da vida, morte e ressurreição de seu filho Jesus Cristo, mediante a ação poderosa do Espírito de Deus nele e em nós.

Chamado aos de fora

Se você não faz parte de alguma igreja cristã e nos honra com sua visita esta noite, quero encorajá-lo a continuar refletindo sobre a forma como você se relaciona com Deus. Procure algum irmão desta igreja e diga que você gostaria de saber mais sobre a salvação mediante a fé por meio da graça de Deus. Nós ficaremos muito felizes em com seu interesse.

Chamado aos de dentro


Se você é membro desta igreja, quero desafiá-lo a rever a forma como você têm se relacionado com Deus. Se hoje você ficou desconfiado de que está retrocedendo no seu modo de pensar e começando a procurar formas de complementar a obra da cruz, é bem possível que isso realmente esteja acontecendo. Então, peço que você ore ao Senhor confessando seu pecado e diga com convicção: Senhor, me ajuda a confiar no teu amor e a não retroceder na minha caminhada de fé.

10 fevereiro 2015

Família: qual o nosso papel?

Breve reflexão sobre família realizada na 
Igreja Batista em Colinas do Sul - João Pessoa/PB

Família: qual o nosso papel?

Quero agradecer ao Daniel e ao Sérgio pelo convite para compartilhar com os irmãos durante a noite de hoje. Também agradeço a vocês por saírem de suas casas em plena noite de sábado para vir até aqui. Minha oração é para que seja um tempo proveitoso em que o Espírito Santo fale conosco sobre nossas vidas.

O que é família

Falar de família hoje é cada vez mais difícil. Tanto porque as famílias estão se despedaçando com os divórcios e separações, como também porque não sabemos mais o que é uma família. E se não sabemos o que é uma família, muito menos sabemos qual é o papel que a família tem.

Embora tenha gente que não concorde, o entendimento básico e bíblico de família é papai, mamãe e filhos. A família é o núcleo que torna possível a continuidade, a proteção e o bem-estar da vida criada por Deus.

Claro que as circunstâncias da vida podem modificar esse modelo básico deixado por Deus no Jardim. Se o pai ou mãe morrem, nem por isso os que ficaram deixam de ser família; se o avô ou a avó idosa precisa morar na casa dos filhos eles continuam a ser família; se o pai ou a mãe abandonam a casa por qualquer razão, os que ficaram ainda são família; se os filhos não vieram ainda ou nunc virão, o casal não deixa de ser família. Existe também uma família maior, chamada de família ampliada. Dela fazem parte os tios e tias, os avós, os primos e primas e outros familiares próximos, embora não morem sob o mesmo teto.

Quando eu ouço algumas pessoas falando sobre filhos e casamento, inclusive dentro da igreja, sou levado a desconfiar que nós sabemos muito pouco sobre qual é o papel da família na educação dos filhos e quais são nossas responsabilidades como pais e mães. Parece que muitas vezes a gente confunde as funções da igreja, da escola e da família. Afinal de contas o que a família deve fazer? Será que a Bíblia pode nos ajudar sobre isso?

Ensina a criança!

Provérbios 22:6 - Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.

A Escola ensina a criança? E a Igreja? E a família? Quem afinal de contas deve ensinar? Todos ensinam, mas cada um ensina coisas diferentes e de modos diferentes. Qual é o papel da família, então?

Compete à Escola o ensino dos conhecimentos necessário para sermos úteis à sociedade e para preparar as pessoas para ganhar o seu sustento; à Igreja compete apoiar a família ensinando sobre o evangelho de Jesus e seus ensinamentos; e à Família compete ensinar os princípios e valores que irão servir orientação para o resto da vida.

Então um dos papéis da família é ensinar princípios e valores. Mas o que são princípios e valores? São aquelas verdades simples que aprendemos quando criança e que acompanham a agente a vida inteira. Por exemplo:

Quando eu tinha 6 anos fui com meus pais ao mercadinho para fazer compras. Depois de voltarmos para casa, minha mãe viu que eu estava com um chiclete que ela não tinha pago. Meu pai veio falar comigo e conversou até eu admiti que tinha pego o chiclete enquanto eles não viam. Então, ele me explicou o significado daquilo que eu tinha feito, que o chiclete não me pertencia e que eu não tinha o direito de levar sem pagar por ele. Então, ele me fez voltar ao mercadinho junto com ele e devolver o chiclete. Depois, ele pagou pelo chiclete e me deu de volta. Quais os princípios e valores que meus pais me ensinaram com aquela situação?

·        Ninguém tem o direito de ficar com o que não lhe pertence;
·        Todos nós devemos prestar contas a alguém;
·        A confissão sincera é necessária e importante para vivermos bem;
·        A violência não é o único nem o melhor recurso para os relacionamentos;
·        Os erros podem e devem ser reparados tão logo sejam identificados;
·        A atitude de graça tem o poder de transformar as pessoas. (O amor dele por mim não diminuiu por causa do meu erro).

A Escola pode ensinar sobre as leis, a Igreja pode ensinar sobre os mandamentos (Não roubarás), mas compete à família colocar na prática os valores e princípios que estão por trás tanto das leis dos homens quanto da lei de Deus.

Provérbios 29:15 - A repreensão e o castigo ajudam a criança a aprender na vida (produzem sabedoria). Mas se a deixarem inteiramente entregue a si mesma, acaba por ser uma vergonha para os seus pais.

É à família que compete a responsabilidade de intervir na vida das crianças para produzir sabedoria no adulto em que ela vai se tornar. A Escola ajuda oferecendo conhecimento, a Igreja encoraja a fé em Deus, mas é na família que a gente deve ensinar a viver a vida de maneira sábia, isto é, conforme os valores de evangelho de Jesus Cristo.

Como a família ensina?

Na escola os alunos sentam na sala de aula e ouvem o professor falar, na igreja as pessoas escutam orientações sobre o evangelho. Como a família ensina os valores e princípios necessários para se viver uma boa vida? Na família, a gente ensina pelo exemplo! O professor pode só falar, o pastor pode dizer muita coisa, mas na família o ensino é pelo exemplo.

Então, é mais ou menos assim: na escola a professora diz que não pode pegar o lápis do coleguinha. Na igreja o pastor lembra do mandamento “não roubarás”, mas é o exemplo de honestidade dentro de casa que vai marcar definitivamente a vida da criança.

1 Coríntios 11:1 – E vocês devem seguir o meu exemplo, tal como eu sigo o de Cristo.

Como seguidores de Jesus nós somos convidados a seguir o exemplo dele e a dar o exemplo para nossas famílias. Porque é pelo exemplo que os valores e princípios do evangelho ficam registrado na vida de uma pessoa por toda a vida.

Se você é grosseiro ao falar com sua esposa, grita com seus filhos e trata as pessoas em sua volta às patadas, você está ensinado um modo violento de lidar com as situações da vida. Como você acha que seu filho vai se comportar na escola?

Se você faz pouco caso de sua esposa, dizendo piadinhas grosseiras e desvalorizando ela como pessoa, como você acha que ele vai tratar as meninas da escola?

Se você desrespeita o seu esposo, expõe as fragilidades dele pra Deus e o mundo e deixa claro para os seus filhos que ele não é digno de confiança, você acha que algum dia a sua filha vai confiar em algum rapaz para casar-se com ele e constituir uma família?

Se você fica com o troco a mais do mercadinho e mente na hora de vender algo para aumentar o preço e ainda conta vantagem para seus filhos, como você acha que eles vão agir quando fizerem seus próprios negócios? Como eles vão acreditar que a honestidade vale a pena?

Se você fala mal da vizinha, descasca os irmãos da igreja e diz coisa terríveis sobre as pessoas de sua família, como você acha que seus filhos vão agir como seus amigos, colegas de colégios e irmãos da igreja?

Se você mente sobre a sua renda pra ganhar o subsídio do governo no financiamento da casa, como você pode pedir que seus filhos sejam honestos nas provas da escola?

Se você pede dinheiro emprestado, deve a Deus e o mundo, porque você não pode ficar sem o celular da moda ou a TV de 46”, como você vai ensinar aos seus filhos a administrar o dinheiro deles, quando começarem a trabalhar?


A família ensina princípios e valores pelo exemplo. E somos nós os responsáveis em dar o exemplo. A nossa maneira de viver é a principal fonte de ensinamento em que bebem os nossos filhos. Se nossos exemplos forem bons, isso pode ajudá-los a tomar boas decisões; se nossos exemplos forem ruins, certamente isso vai tornar tudo mais difícil para eles.

30 novembro 2014

Ministério Pastoral: Três aspectos

Mensagem proferida do culto de consagração
 ao ministério da Palavra do Pr. Jardiel Roberto em João Pessoa/PB

Ministério Pastoral: Três aspectos

Introdução ao Evento

Hoje é noite de festa e de grande alegria! Estamos reunidos para confirmar o entendimento dos irmãos que reúnem aqui em Tambaú, Igreja de Jesus, a respeito do chamado de Deus na vida do Jardiel.

A vida, o testemunho, a família e o compromisso desse jovem poderiam levá-lo a servir ao Senhor em diversas posições desse complexo mundo em que vivemos. No entanto, entre as excelentes coisas a se fazer na vida, Jardiel tem declarado que sente o chamado de Deus para servir aos irmãos no ministério pastoral. Esse chamado foi identificado e confirmado por esta comunidade e pelos líderes a quem ele está submetido nos diversos aspectos de sua vida.

Por tudo isso, e por causa do carinho que todos aqui temos por ele e por sua família, estamos celebrando ao Senhor. É maravilhoso ver que nosso Pai continua cuidado de sua igreja e provendo os líderes de que necessitamos para prosseguir em direção ao alvo que nos está proposto.

Considerações pessoais

Eu me sinto honrado e grato com o convite que recebi para compartilhar a Palavra de Deus nesta noite tão especial. Em dias normais compartilhar a Palavra já é uma tarefa repleta de desafio. Hoje, então, os desafios se multiplicam. O que falar ao mesmo tempo para um jovem pastor, para colegas de ministério com longas jornadas de serviço no pastorado e para ministros de Deus das mais diversas vocações aqui presentes?

Depois de ponderar em oração sobre alguns caminhos, decidi recorrer à vida do apóstolo Pedro para que o Senhor possa através dessa breve reflexão nos trazer discernimentos, alertas e consolos. Portanto, peço que você entre em oração comigo para pedirmos ao Senhor que use de sua misericórdia e fale com cada um de nós conforme nossas necessidades.

Oração

Pedro, um de nós

Acho impressionante ler sobre as viagens do apóstolo Paulo! A forma como Lucas descreve os desafios que ele enfrentou, as decisões que tomou, os discursos que fez, sua persistência, sua seriedade, o conhecimento que tinha das escrituras... Não há como não se sentir desafiado! É quase como se ele não fosse um ser humano comum.
Por outro lado, quando me detenho nos relatos sobre Pedro, nas lutas e desafios que ele enfrentou, muitas vezes tenho a impressão de que ele é um de nós.

É claro que isso acontece, em parte, apenas por que eles eram pessoas com histórias diferentes vivendo circunstâncias diferentes. Ainda assim, quando leio as histórias de Pedro nasce em mim uma certa identificação com sua humanidade: ele realmente parece um de nós.

Hoje à noite pretendo conectar três momentos da vida de Pedro de maneira que possamos refletir sobre o significado da vocação ao ministério pastoral. Ao final, quero convidá-los a ouvir três conselhos que ele mesmo nos ofereceu ao final de sua vida.

A.   Senhor, estou pronto

Chamei o primeiro momento de “Senhor, estou pronto”. O episódio em que ele se revela é após a ceia de páscoa e antes do getsêmane, quando Jesus começou a explicar aos discípulos a natureza sacrificial de seu ministério e esclareceu que um traidor, entre eles, seria o instrumento de sua prisão.

Lucas (Cf 22:24) afirma que os apóstolos imediatamente começaram a discutir sobre quem seria o traidor e quem era o melhor entre eles. Jesus interrompeu os brigões e tentou recuperar o ponto: serviço sacrificial. Falou coisas estranhas como o maior é aquele que assume o serviço como uma missão pessoal.

No meio dessa discussão, Pedro fez uma afirmação corajosa: “Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte” (v.33). Eu imagino os demais discípulos parando todos ao mesmo tempo e olhando, todos ao mesmo tempo, para Pedro. Alguns, admirados; outros achando que Pedro tinha passado a perna neles para assumir a liderança do grupo.

Mas Jesus sabia que aqueles arroubos de Pedro seriam testados e reprovados naquele mesmo dia e disso: “Pedro, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.”. É bem possível que Pedro tenha balançado a cabeça e dito com firmeza que jamais faria isso, repetindo que seria fiel até a morte. Pelos evangelhos sabemos que naquela noite não foi a coragem do apóstolo Pedro que se destacou, mas o seu medo, a vergonha e, por fim, a negação que Jesus havia predito.

Como Pedro poderia estar tão enganado sobre suas próprias reações ao lidar com aquela situação?

Parece-me que Pedro tropeçou em três pedras que estavam pelo meio do seu caminho.

1.     Ele subestimou os desafios de seguir a Jesus

Seguir os passos de Jesus não é assumir o palco, realizar um espetáculo e esperar os aplausos. Seguir a Jesus é uma caminhada cheia de oposições e contratempos. O caminho é estreio e pedregoso.

Jardiel, você precisa ter em mente essa realidade! Não caia na armadilha de imaginar o caminho do ministério pavimentado e florido. Claro que há flores pelo caminho. Claro que há temos de refrigérios. Mas quando alguém decide atender ao chamado e seguir os passos do mestre não pode esquecer que pela frente vai se deparar com situações adversas que porão à prova sua lealdade ao modo de Cristo compreender a existência.

2.     Ele superestimou a si mesmo

Ser ministro de Jesus a serviço do povo de Deus, seja qual for o ministério ao qual se foi chamado, não é uma consequência direta da capacidade do servo. É claro que precisamos nos preparar para servir mais e melhor, mas parece-me claro também que não se deve confiar demais no preparo e nas capacidades que adquirimos. Em tempos de pastores profissionais, que têm prazer um promover as próprias virtudes, é preciso lembrar todo tempo do sábio conselho de Paulo, de não pensar sobre si mesmo além do que convém.

Jardiel, você precisa conhecer e reconhecer suas limitações. Não caia na armadilha do ministério com base na blindagem eclesiástica. Não esconda de si e nem dos outros as áreas da vida em que precisa de ajuda, caso contrário você nunca encontrará a ajuda de que precisa. Certamente você precisará de amigos sinceros para rejeitar a blindagem eclesiástica: peça-os insistentemente a Deus.

3.     Ele não compreendeu a natureza da oração de Jesus

Embora seja um bom começo, a verdade é que não basta para a jornada do ministério pastoral avaliar corretamente os desafios do serviço e as limitações do servo. O chamado de Cristo é para uma missão que possui dimensões sobrenaturais. Foi por isso que Jesus disse para Pedro que havia rogado a Deus por ele: “para que tua fé não desfaleça” (v.32). É preciso que o ministro esteja conectado à dimensão sobrenatural de sua vocação para percorrer os caminhos do serviço à igreja, a carreira que lhe foi proposta, com dignidade e paz de espírito.

Jardiel, algumas vezes você não vai conseguir ser uma pessoa melhor, como anseia o seu coração, e isso lhe será lançado em rosto. Outras vezes você vai fraquejar diante da oposição espiritual ao seu ministério, e isso lhe será lançado em rosto pelo inimigo de nossas almas e seus mensageiros. Nesses momentos, você não pode esquecer de que o próprio Jesus, seu senhor, está intercedendo por você para que sua fé não desfaleça.
Ao final daquela conversa, Jesus deixou bem claro para Pedro, algo de que os ministros de Cristo precisam: todos os dias, converter-se da fé em si mesmo para a confiança no Senhor. E quando você, Jardiel, se perceber convertido dessa maneira, faça o que Jesus sugeriu a Pedro: “fortalece os teus irmãos” (v.32) encorajando-os a fazer o fazer o mesmo.

Nos momentos “Senhor, estou pronto”, (1) não subestime os desafios, (2) não superestime suas capacidades, (3) converta-se à confiança no Senhor.

B.   Tu sabes todas as coisas

O segundo momento da vida de Pedro que servirá à nossa reflexão hoje é aquele em que Jesus tenta regatá-lo do poço existencial em que ele estava depois de ter fracassado como discípulo e negado até mesmo que conhecia o Senhor. Esse é um dos momentos em que eu mais me identifico com a humanidade de Pedro.

Jesus já havia ressuscitado. Era tempo de festejar a vitória! Mas Pedro continuava sentindo-se uma fraude, com vontade de desistir de tudo, exposto em suas fraquezas, abalado pelo desconhecimento de si mesmo e pela incapacidade de cumprir com suas promessas. Cabisbaixo e ferido em sua autoestima, ele não tinha muito o que conversar com Jesus.

Jesus, então, toma a iniciativa: “Pedro, tu me amas?” O jogo de palavras com ágape e filéo perpassa todo o diálogo entre os dois até Pedro afirmar: “Tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo”.

Jardiel, muitas vezes você só vai conseguir prosseguir pelo caminho da sua vocação quando trouxer à memória o relacionamento de amor entre você e o Senhor Jesus. Quando o sentimento de fracasso lhe alcançar, e ele vai lhe alcançar, você vai precisar da convicção de que, a despeito do sentimento de inadequação a lhe corroer por dentro, o seu amor por Deus é uma realidade.

De onde você vai tirar essa convicção? Só há um lugar onde ela está disponível: no amor gracioso de Deus por você. Amor provado na cruz, amor experimentado na caminhada de fé, amor revelado no constante cuidado dele em sua vida. João entendeu bem como isso funciona, por isso ele afirmou “nós o amamos porque ele nos amou primeiro”.

Então, quando os momentos “Tu sabes todas as coisas” chegarem não adianta explicar nada. Não é necessário esclarecer, nem justificar nada diante de Cristo. É preciso apenas agarrar-se à firme convicção de que o amor dele por você invadiu sua vida e isso o levou a amá-lo. É como disse Pedro “Tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo.

C.   Rogo aos presbíteros

O terceiro e último momento da vida de Pedro que separei para nossa reflexão esta noite, está registrado em sua primeira carta. Vejamos:

1 Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada:
2 Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.
3 Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. (I Pedro 5:1-3)

Nesse trecho, fala um Pedro já experimentado no sofrimento por Cristo e no cuidado de pessoas. Não se ouve mais as vozes inquietas de antes. É um Pedro que viu o evangelho de Cristo tocar a sua vida, transformar o seu caráter, mudar seus paradigmas e, sobretudo, um Pedro que aprendeu a importância das motivações corretas.
A fala de Pedro, quando apelas aos líderes que tinham responsabilidade em pastorear o rebanho, é direta e autoexplicativa. Dela extraio três conselhos úteis para os ministros, seja qual for o ponto da caminhada em que nos encontremos no ministério de serviço ao Reino.

1)  ...não por obrigação, mas de livre vontade...

O primeiro apelo de Pedro àqueles que foram chamados para servir à igreja cuidando dos irmãos é que o seu serviço não seja feito por obrigação.
Há muito o que se falar sobre essa tensão entre obrigação e espontaneidade levantada por Pedro em seu conselho, mas eu gostaria de destacar apenas uma, Jardiel: o Ministério pastoral não é um emprego com direitos e obrigações. Nenhum ministro de Deus foi chamado a submeter-se a uma relação profissional, como se fosse empregado da igreja em que serve.

É claro que há responsabilidades a serem assumidas, isso seja qual for o ministério a ser desenvolvido no corpo de Cristo, mas nunca essa relação deve produzir o senso de obrigação inerente ao trabalho assalariado.

As armadilhas capazes de transforma vocação em profissão são inúmeras e giram sempre em torno da motivação pela qual o serviço é realizado. Parece-me, então, que a melhor forma para um ministro de Deus proteger-se dessas armadilhas é investigar diante de Deus as razões de seu coração. Os porquês que movem sua alma são bons indícios para precaver-se das armadilhas em que está mais propenso a cair.

Investigar a si mesmo não é trabalho fácil nem rápido, amigo, mas é necessário. A boa notícia é que o Espírito de Deus está sempre pronto a nos ajudar nesse trabalho. Ele é como espada de dois gumes, capaz de discernir as intenções do coração. Você sempre poderá contar com ele!

2)  ...não por ganância, mas com o desejo de servir...

O segundo apelo de Pedro não poderia ser mais atual. O pastoreio do povo de Deus não dever ser feito visando lucro pessoal, mas como uma expressão de serviço ao Supremo Pastor.

Ministros que servem no cuidado pastoral da igreja não são donos do rebanho. As ovelhas não lhe pertencem. Não há nada que seja propriamente seu. Não lhes compete o direito de tornar-se abastado às custas do rebanho.

Claro que compete à igreja, que opta por ministros com dedicação exclusiva, o cuidado zeloso em suprir as necessidades deles e de suas famílias. Digo isso porque há comunidades que optam por modelos diferentes em que os ministros se dedicam tanto ao sustento pessoal quanto ao serviço à igreja, como era o caso de Paulo e seus companheiros.

No entanto, Jardiel, a meu ver, o conselho de Pedro diz respeito ao cuidado com as motivações de seu coração. Não é difícil que um ministro, ao ver o rebanho crescer sob seus cuidados, dar espaço em seu coração para sentimentos de insatisfação sobre o seu sustento. Também não é incomum que um ministro, pensando no lucro que poderia obter com um rebanho maior negocie princípios e valores para alcançar o que deseja.
Pedro aponta para a motivação certa: serviço. Se alguém não pode servir ao Povo de Cristo motivado pela alegria de ser um servo do Cristo vivo realizando seu ministério, precisa rever as motivações que o levaram à posição em que hoje se encontra.
Lembre-se, Jardiel, para aqueles que de coração grato assumem o serviço como expressão de seus ministérios, o Supremo Pastor está preparando a imperecível coroa da glória!

3)  ...não como dominadores, mas como exemplos para o rebanho...

O terceiro e último apelo de Pedro aos Presbíteros que pastoreiam o rebanho de Deus é sobre a forma como lideram o povo. Pedro, oferece o seguinte conselho: liderem pelo exemplo, não pela força.

De novo Pedro toca nas motivações. Digo isso, Jardiel, porque não é raro que almeje o episcopado como uma ferramenta para exercer domínio sobre as outras pessoas. Isso acontece, algumas vezes, por acordo mútuo entre o rebanho e o líder, de maneira que todos ficam temporariamente satisfeitos com o arranjo: a comunidade se submete a líderes abusivos em troca da aparente segurança que eles inspiram a afirmam oferecer.
Pedro, de temperamento explosivo, sabia bem o efeito que a dominação pode causar nas pessoas. Mas, transformado pelo amor de Deus em sua vida, ele aponta o melhor caminho para a liderança: o exemplo.

Liderar pelo exemplo não é ser perfeito. Não se trata de ter todas as respostas ou saber sempre a direção certa. Se fosse assim, o próprio Pedro estaria desqualificado. O exemplo que conduz o rebanho é da submissão a Deus, é do reconhecimento das fraquezas, é o do compromisso com os valores do Reino, é o da perseverança na Palavra, é o da confiança no amor de Deus. Exemplos assim são como faróis em meio à tempestade.

Conclusão

O caminho do ministério pastoral tem seus deleites, mas tem também o seus percalços e armadilhas, nas quais os incautos acabam presos convivendo com as piores motivações de suas almas.

Como esses conselhos de Pedro, que sondam as motivações do coração dos Ministros de Deus, encerro minha reflexão nessa noite. Três momentos: no primeiro deles, “Senhor, estou pronto”, somos chamados a nos converter da fé em nossas capacidades para a confiança no Deus Altíssimo; no segundo “Tu sabes todas as coisas”, fomos encorajados, nos momentos de derrota, a declarar o nosso amor por ele, que é fruto do amor dele por nós; no terceiro, “Rogo aos Presbíteros” um Pedro maduro e experimentado nos chama a sondar as motivações do nosso coração e reconhecer que o ministério a que fomos chamados é algo precioso demais para tratamos com pouco caso.

Termino conclamando aos ministros do evangelho de Cristo que nos tornemos sábios interpretes de nós mesmos e da vida que nos cerca. Conclamo a todos os ministros de Cristo, em todos os ministérios a que foram chamados, a ouvirem as palavras de Pedro, o presbítero, que diz:

1 E AGORA, uma palavra a vocês, os presbíteros da igreja. Eu também sou um ancião; com os meus próprios olhos vi Cristo morrer na cruz; e eu também participarei da sua glória e da sua honra quando Ele voltar. Colegas pastores, este é o meu apelo a vocês:
2 Alimentem o rebanho de Deus; cuidem dele com boa disposição e não de má vontade; não pelo que vocês ganharão com isso, mas porque estão ansiosos de servir ao Senhor.
3 Não sejam tiranos, mas guiem o rebanho com o seu bom exemplo.

4 E quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória.