12 agosto 2011

Às 5h30min


Às 5h30min as nuvens cor de chumbo deixam passar por entre suas frestas graciosos raios prateados de sol, enquanto no horizonte o céu plúmbico contrasta com o mar verde musgo e as areias amarelas em um cenário majestoso. 

Às 5h30min os bem-te-vis cantam alto, de peito cheio, uma canção de bom dia. Um aqui, outro ali, vão-se falando e cumprimentando, a desejar um dia repleto de alegria. Bem-nos-vêem eles do alto de suas árvores frondosas.

Às 5h30min as folhas vermelho-alaranjadas das castanholeiras ganham tons vivos e se destacam das copas verde-escuras que crescem umas sobre as outras em muitos andares. Algumas delas, dever cumprido, logo estarão no chão, mas outras ainda oferecerão sua sombra por mais alguns dias.

Às 5h30min as pessoas parecem mais simpáticas e até são dadas aos antigos cumprimentos. Acenos discretos de cabeça, mãos que sinalizam, olhares que se procuram e bons-dias sussurrados ou sonoros parecem revelar um incontido anseio por partilha e identidade; antes que a multidão se faça e a impessoalidade se estabeleça.

Às 5h30min os vendedores de abacaxi ainda não chegaram e, infelizmente, o cheiro doce da fruta ainda não se espalhou pela rua. Mais tarde a carroça estacionada no acostamento passará todo o dia vendendo abacaxis recém-colhidos.

Às 5h30min o cheiro gostoso de pão já invadiu a praça convidando a quem passa a parar e se servir. Se a padaria não fosse a duas quadras, desviaria o curso da caminhada e compraria pão quentinho.

Às 5h30m ainda dá tempo de ser diferente e mudar os rumos da vida, por mais impossível que vá parecer mais tarde.

Às 5h30min o dia está cheio de esperança. Um dia inteiro que aguarda pela frente repleto de dores, mas também de alegrias e oportunidades.

Às 5h30min os olhos se abrem para a vida, que de forma surpreendente, recomeça todos os dias distribuindo a si mesma em formato de esperança, vestida de cores, perfumada de odores e ornada de sons. Às 5h30m.

22 julho 2011

Só se algo estiver errado



CONTA-SE A HISTÓRIA de um meninozinho que não falou até os cinco anos de idade. Os pais, morrendo de preocupação, levaram-no a inúmeros especialistas, tentando descobrir porque ele nunca dizia nada. Então, certo dia, sentado à mesa para tomar o café da manhã, observou a mãe colocar uma torrada escura no prato dele. O garoto olhou para a torrada, depois para a mãe, e disse clara e distintamente:
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- A torrada está queimada!
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A mãe ficou extasiada. Após recobrar-se do choque provocado pela tão esperada explosão de linguagem, perguntou ao filhinho:
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- Já que você pode falar tão bem, por que não falou até hoje?
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- Bem, explicou ele deliberadamente -, estava tudo certo até agora.
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Embora engraçada, essa história infelizmente me lembra de casamentos nos quais os cônjuges quase só conversam quando há algo errado. (...) São presas do mito de que os cônjuges precisam se concentrar nos defeitos de casamento para poderem eliminá-los.


* O Mito do Casamento Perfeito - Bárbara R. Chesser

16 julho 2011

Dividir para reinar?



Cuidado com aqueles que se dizem líderes mas gostam de alimentar disputas, criar antagonismos, promover discórdias, insuflar ânimos, insinuar contendas e jogar as pessoas que os cercam umas contra as outras.
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Quando se está próximo de líderes assim é comum sentir-se em permanente clima de guerra. Algumas vezes esses líderes estabelecem inimigos para servirem de catalizadores da raiva coletiva e transforma a luta contra esses inimigos na força motriz da vida; portanto há sempre que existir um inimigo e uma luta a ser travada. Outras vezes eles aderem à máxima "Dividir para reinar", e por isso promovem discórdia e desconfiança entre aqueles que estão ao seu redor para em seguida apresentarem-se como pacificadores e dignos de confiança.
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Fique atento! Não embarque nesses jogos de guerra. Prefira aproximar-se dos líderes que promovem a paz; eles são bem aventurados. Aplauda aqueles que plantam sementes de confiança mútua e usam suas palavras para promover reconciliação. Andando com essas pessoas você vai tornar-se herdeiro de um grande tesouro.

Desalojar-se para acomodar



Cuidado com aqueles que se dizem líderes mas estão fechados dentro de seus espaços seguros, porque ainda não aprenderam a arte de desalojar-se para acomodar o outro como expressão de amor e serviço.
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Caminhar ao lado desses líderes pode produzir o desconforto da falta de espaço e a insegurança de não estar em casa. Para eles a própria privacidade é sagrada e seu modo de vida não está aberto a interrupções que os exponham ao risco da autorevelação; por isso seus próprios lares muitas vezes não são receptivos a hóspedes e visitantes. É impressionante como, por outro lado, esse afastamento pode criar uma aura de mistério em torno desses líderes que encanta algumas pessoas. Mas não se deixe encantar. A liderança não se esconde no mistério, mas na simplicidade da partilha.
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Aproxime-se de líderes que mantém abertas as portas de seu coração e de sua casa. Valorize aqueles que demonstram hospitalidade nas suas mais diversas formas de expressão: desde um simples convite para sentar-se na cadeira ao lado até situações extremas nas quais o mesmo teto é compartilhado como expressão de amor e cuidado. Quando nos acolhemos uns aos outros certamente estamos copiando o maior dos líderes.

09 julho 2011

Virtude a ser aprendida



Cuidado com aqueles que se dizem líderes mas desconhecem a sobriedade como virtude a ser aprendida. Conviver com esses líderes e ver-se, muitas vezes, obrigado a lidar com seus exageros, indiscrições, falatórios, precipitações, descontroles e ideias mirabolantes. Líderes assim imprudentes podem levar aqueles à sua volta na direção de ruas sem saída, já que eles mesmos sentem falta de equilíbrio e constância em suas próprias vidas .
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Com frequência a falta de sobriedade é confundida com coragem até pelo falto de serenidade. Mas não se deve confundir as duas coisas sob pena de pagar um alto preço, que a vida sempre cobra nesses casos. Portanto, não se deixe encantar pelo brilhos nos olhos daquele que perdeu a sensatez, ao invés disso agarre-se com força à serenidade de quem sabe que não sabe.
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Prefira o equilíbrio e a ponderação! Reconheça o valor que têm os prudentes e os apoie! Atenda ao conselho do sóbrio e reflita em suas palavras. É bem  possível que você passe a ver a vida por outro prisma e redescubra a sobriedade como uma virtude capaz de tornar a vida mais simples, bela e cheia de alegria.