03 junho 2007

O Caminho da Cruz - Parte 2

Introdução

Vimos pela manhã que o caminho da cruz começa onde estamos. Precisamos reconhecer o quanto estamos distantes do centro do cristianismo. Mas onde fica o centro?

(41) Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. (42) Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38-42)

Marta não tinha dúvida de que estava fazendo a coisa certa. Jesus havia chegado a sua casa e era preciso tomar as providencias necessárias para recebê-lo bem. Marta concentrou-se nas necessidades de Jesus, mas o centro da sua vida era ela mesma e sua capacidade de fazer a coisa certa. Ela queria agradá-lo com seu esforço pessoal.

Maria não tinha dúvida de que estava fazendo a coisa certa. Jesus havia chegado a sua casa e ela podia perder a oportunidade de ouvir as palavras do Mestre. Maria concentrou-se em suas próprias necessidades, mas o centro da sua vida era o sustento que vinha das palavras de Jesus. Ela queria alimentar-se das palavras Dele.

Marta escolheu a si mesma; Maria escolheu Jesus.

Maria escolheu a boa parte. Ela não perdeu tempo com os enfeites da gaiola e foi direto ao que era necessário para que sua alma sobrevivesse. Sentou-se aos pés de Jesus.

O centro é Cristo

Na carta que escreveu aos colossenses, o apóstolo Paulo procura explicar a dimensão da centralidade de Cristo.

(13) Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, (14) no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. (15) Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; (16) pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. (17) Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. (18) Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, (19) porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude (20) e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. (Colossenses 1:13-20)

Se você tinha alguma dúvida sobre onde está o centro do evangelho, saiba que ele fica na pessoa, palavra e obra do Senhor Jesus Cristo. O caminho da cruz começa onde você está e vai até a morte de Cristo na Cruz.

O evangelho de Jesus, a boa notícia da parte de Deus é esta: nossa inimizade com Deus foi apaziguada pelo sangue de Cristo derramado na cruz. Fomos reconciliados com Deus através da morte de Cristo. O centro do evangelho é a cruz de Cristo.

A questão é: como eu saio de onde eu estou e me volto para cruz de Cristo. Qual o caminho da cruz? Quais são os passos que eu devo dar para trilhar o caminho da cruz?

Bem, seria muito bom que as coisas fossem assim. Alguns passos, algumas regrinhas e tudo resolvido. Na verdade o caminho da cruz é pessoal, porque cada um de nós se encontra em um lugar diferente. O destino é o mesmo, mas o ponto de partida é diferente. Por isso não há fórmulas mágicas, o cristianismo é uma caminhada pessoal de relacionamento cotidiano com o Cristo Ressurreto.

Então, o que estamos fazendo aqui?

Quando olhamos para o passado e observamos a caminhada de outros discípulos de Cristo é fácil ver que há desvios muito parecidos que desafiaram todos eles. Apesar de estarmos em lugares diferentes, em épocas diferentes, somos todos humanos, temos falhas comuns, a mesma tendência pecaminosa que encontrou lugar na raça humana desde Adão tenta hoje nos seduzir e desviar da cruz de Cristo.

Mas o caminho da cruz não pode ter desvios. Quando isso acontece é porque nos esquecemos de que a direção é o centro: a pessoa, palavra e obra de Jesus Cristo.

Durante esses dias vamos refletir sobre três desvios que são capazes de nos levar para longe da cruz de Cristo: o legalismo, a culpa e o domínio dos sentimentos.

LEGALISMO

Algumas Definições

Legalismo é um sistema de regras, expectativas ou regulamentos que prometem o amor de Deus em troca do esforço e da obediência humana.

Legalismo é qualquer tentativa de apoiar-se no esforço próprio para obter ou manter nossa justificação diante de Deus.

Legalismo é pretender alcançar o perdão de Deus e sua aceitação por meio da obediência a Ele.

O legalismo é um dos mais terríveis inimigos da graça de Deus porque ele é fruto de um coração que se julga capaz de obter a justificação de seu pecado. O legalismo é fruto de um coração enfatuado e arrogante.

O legalista não consegue admitir sua condição de pecador irrecuperável. Ele acha que basta um pouco mais de esforço próprio para que Deus o considere justo.

Como surgem os legalistas?

O legalismo é uma doença dos crentes, não dos incrédulos. Ele surge do meio de pessoas que têm a intenção de agradar a Deus. São pessoas dedicadas e cheias de fervor religioso e que gostam de cumprir regras. Não há nada de errado em cumprir regras, mas os legalistas tentam transformam as regras no caminho da salvação.

Alexandre é um cristão novinho em folhas. Ele tem muito para aprender sobre a vida com cristo, mas já tem um amor genuíno por Jesus Cristo.

Foi aí que o amigo Miguel, percebendo que Alexandre tinha dificuldades para ler a Bíblia, ofereceu um plano de leitura das Escrituras em um ano. Alexandre ficou maravilhado e começou imediatamente. Alexandre era uma alegria só com a leitura da Palavra de Deus.

Avançando seis meses, Alexandre agora é um crente muito ocupado. Depois de Miguel ter apresentado o plano de leitura da Bíblia, Joel o incentivou a meditar nas escrituras, André ressaltou as maravilhas de participar de um grupo de prestação de conta de homens e, em um sermão, o seu pastor falou da grande importância das reuniões de oração.

Então Alexandre participou de uma conferência sobre evangelização, afinal ele precisa testemunhar de evangelho todos os dias. Depois ouviu em um programa de rádio sobre o jejum e em outro sobre a santidade do viver.

Aos poucos Alexandre foi acrescentando mais e mais atividades espirituais à sua agenda. Todas elas muito boas e algumas imprescindíveis ao seu crescimento.

Ora, mas se são coisas boas e imprescindíveis, onde surge o legalismo? Ele aparece quando Alexandre, o novo convertido, permite um desvio perigoso em sua mente.

Oração, leitura da Bíblica, jejum, comunhão e testemunho são presentes de Deus através do qual podemos experimentar sua inclinação em nosso favor. Através da prática de cada uma dessas disciplinas podemos perceber o quanto Deus nos ama e como Ele cuida de nós. O desvio acontece quando Alexandre passa a usar essas disciplinas para obter a graça de Deus.

Quais são os sintomas desse desvio?

Como o legalismo é uma doença dos crentes, o desvio se torna perceptível nas manhãs e tardes de domingo. A alegria e o prazer de Alexandre que antes eram espontâneos passam a depender dos acontecimentos da semana.

Se a reunião de oração foi legal, a reunião do grupo pequeno foi uma benção, se ele conseguir ler a bíblia todos os dias e cumpriu o jejum da semana, então ele se alegra e se sente pronto para adorar a Deus.

Mas se ele faltou o culto de oração na semana, se teve dificuldade em ler a palavra todos os dias, se fracassou no jejum ou se o grupo pequeno foi um desastre, então ele se sente culpado, pensa que esse negócio de servir ao Senhor não vale a pena e acha que Deus está gostando menos dele do que na semana passada. Em suma, ele se sente desaprovado pelo Senhor quando não faz tudo certinho como ele acha deve ser feito.

Alexandre deixou de confiar no evangelho da Cruz e passou a confiar na sua própria performance das disciplinas espirituais. Como Marta, ele deixou de prestar atenção nas palavras de Jesus para gastar energias em buscar reconhecimento por seu desempenho operacional.

Gálatas insensatos

O apóstolo Paulo escreveu uma carta inteira para orientar os crentes da Galácia sobre os riscos do legalismo. Os crentes dessa região da Ásia estavam sendo pressionados pelos judeus a observarem todos os rituais e cerimônias da lei judaica.

Segundo os judaizantes não seria possível alguém ser alcançado pela salvação sem que essa pessoa cumprisse com todos os rituais e cerimônias da lei. Em outras palavras, a Cruz de Cristo não era suficiente. Era preciso fazer algo mais.

(1) Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? (2) Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (3) Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? (4) Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. (5) Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gálatas 3:1-5)

Pode ser que você hoje tenha compreendido o quanto tem agido de forma insensata, tentando acrescentar seu esforço próprio à fé salvadora que vem de Cristo. Não se entristeça, hoje é começo da sua plena libertação! Confie no Senhor, ele vai quebrar as algemas do legalismo, que tem lhe afastado do caminho da cruz.

A verdade liberta

Certa vez Jesus afirmou: conhecereis a verdade e ela vos libertará. A libertação do legalismo é obra do Espírito de Deus. Porque é o Espírito que convence. É Ele quem revela a verdade.

como está escrito: Não há justo, nem um sequer, (Romanos 3:10)

A citação do apóstolo é do salmo xx. Ninguém tem direitos diante de Deus por causa de sua própria justiça. Não há um só que seja justo por si mesmo! E Não é preciso ser muito perspicaz para descobrir isso. Basta que sua consciência não esteja cauterizada para você ter que admitir o que diz o profeta Isaías e apóstolo Paulo.

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam. (Isaías 64:6)

(23) pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, (Romanos 3:23)

Se não somos justos, precisamos ser justificados. Como poderia ser possível que Deus nos considerasse justos quando na verdade não somos? Muitos judeus acreditavam que poderiam alcançar essa posição diante de Deus, caso se esforçassem muito para fazer as coisas da maneira certa.

No entanto o apóstolo Paulo escrevendo tanto aos Gálatas quanto aos Romanos explica que a justificação é uma obra de Deus por meio da fé no sacrifício de Jesus.

sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. (Gálatas 2:16)

(24) sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, (Romanos 3:23-24)

Aí está o poder da Cruz de Cristo! Deus lhe entrega as credencias de justo não pelo seu esforço em fazer as coisas certinha, mas por causa da sua fé em Cristo Jesus, o justo.

A salvação não para aí. Depois de justificados, entramos em uma processo santificação através do qual o Espírito de Deus vai moldando em nós o caráter de Jesus Cristo. Assim a justiça de Cristo vai sendo aplicada à minha vida a cada dia.

Na primeira vez em que você se arrependeu de seu pecados e colocou sua confiança em Jesus Cristo, você foi justificado, declarado justo por causa de sua fé em Jesus. No dias que se seguiram até hoje você tem se aperfeiçoado (feito justo) pela obra do Espírito Santo em você.

A justificação é um ato soberano de Deus, não depende em nada de você. Até a fé para crer em Jesus é um presente Dele. Já a santificação é um processo no qual a nossa vontade tem interferência. Uma vez justificados estamos livres para buscar o aperfeiçoamento. A nossa posição de justos pela fé em Jesus é o pré-requisito da santificação.

O legalista mistura as coisas e faz diferença entre justificação e santificação. Ele acha que se tentar ser santo pelo seu próprio esforço, Deus irá considerá-lo justo. Ele não compreende que preciso primeiro Deus o declare justo pela fé em Cristo, para em seguida ele poder buscar a santidade.

Conclusão

Se você entrou pelo desvio do legalismo e perdeu o caminho da cruz, hoje você está sendo desafiado a voltar para a Cruz. Confie no sacrifício de Cristo, não no seu esforço em fazer tudo certinho. Quebre as algemas do legalismo com o martelo da confiança na cruz de Cristo.

O Caminho da Cruz - Parte 1

Durante os três dias que vamos passar juntos aqui, o Senhor vai nos ensinar sobre o Caminho da Cruz. Um caminho esquecidos dos crentes do século XXI. O evangelho dos nossos dias tornou-se em imitação barata do evangelho de Jesus.

As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É uma fé de crendices e superstições, que escraviza as pessoas com mandingas, mantras, pactos, promessas e relíquias chamadas de sagradas como uma lasca da cruz de Cristo, um garrafa com água do Jordão ou uma porção de óleo bento do monte das oliveiras.

As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a uma fé positivista que decreta e declara. Tudo vai acontecer como se deseja, pois Deus está sob controle, não no controle. Basta uma oração, basta exigir a promessa, basta cumprir as novenas, basta entregar os dízimos. Ele não tem qualquer alternativa. É fé na fé... a fé pela fé... a fé que se alimenta de si mesma.

As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a fé do “Céu Agora”. Essa fé cansou de esperar pelas promessas do Céu, cansou-se de aguardar as moradas na casa do Pai e resolveu comprar um céu para si aqui mesmo na Terra. A riqueza, o sucesso financeiro e o acúmulo de bens são os deuses dessa fé. É a fé dos que cansaram de ser comparados aos pardais e aos lírios do campo e encheram seus corações de orgulho e amor ao dinheiro.

As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a fé dos psicólogos e suas intermináveis análises. Auto-ajuda, auto-análise, regressões induzidas, pecados desconhecidos, curas interiores, traumas espirituais, grupos de terapia. É a fé da alma, mas não é a fé do espírito. É a fé que arranha a superfície, remexe as feridas, mas vira as costas ao sangue de Cristo derramado na cruz do calvário.

A verdade é que milhares de cristão evangélicos parecem perdidos, não sabem para onde ir. Ouviram promessas mirabolantes que não se cumpriram, compraram e pagaram por coisas que não estavam à venda, creram em um falso deus, mais parecido com o gênio da lâmpada e agora não sabem o que fazer.

Alguns que começaram a trilhar o caminho da Cruz, agora perderam a trilha. Não sabem mais para onde. Caminham em círculos em volta de si mesmos. Onde está o caminho da cruz? Eles não sabem mais e suas almas se angustiam.

Outros nunca conheceram o caminho da Cruz. Nasceram no meio dessa fé estranha. Sentem um vazio em si mesmos, não estão plenamente preenchidos, porque lhes falta trilhar o único caminho que é capaz de gerar vida: o caminho da cruz.

Aqui vai um alerta: o evangelho de Jesus é o mesmo desde há dois mil anos atrás. Não há qualquer novidade nele desde então, a não ser seu tremendo poder de transformação capaz de gerar em nós o caráter de Cristo. Não há qualquer novidade, a não ser o fato de que apenas o evangelho de Jesus é capaz de dar sentido e significado para a vida. Não há qualquer novidade, a não ser a maravilhosa notícia de que o evangelho de Jesus pode invadir a vida, invadir o dia-a-dia e apresentar a vontade de Deus para o ser humano desorientado e perdido em si mesmo.

Hoje pela manhã, uma pergunta para aguçar o pensamento e nos ajudar a compreender o caminho da cruz: qual o centro da sua vida? Em torno do que ela gira? O que realmente importa para você? O que (ou quem) é capaz de influenciar suas decisões? Qual o apoio da sua vida, aquele lhe dá segurança e satisfação.

Pode parecer uma pergunta simples, mas respondê-la é o ponto de partida para o caminho da cruz, porque esse caminho começa onde você está.

Era uma segunda-feira ensolarada daquelas de céu azul. Pela manhã, Alice foi a uma loja de pássaros e comprou um papagaio. O vendedor disse que o bicho falava pelos cotovelos. Ela, que sempre sonhara com um papagaio, levou o louro para casa. Mas o papagaio ficou o dia inteiro calado.

No dia seguinte, Alice voltou à loja de pássaros e compartilhou sua frustração com o vendedor. O diagnóstico foi rápido: ele precisa de uma escada. Alice levou a escada vermelha, pôs na gaiola e... Nada. Nenhuma palavra o dia inteiro.

Na manhã do dia seguinte, Alice estava novamente na loja de pássaros. O vendedor sugeriu um balanço, podia ser que assim ele se animasse a falar. Alice escolheu um balanço feito de cipó tom sobre tom: era um pouco mais caro, mas valeria a pena. Terminou a manhã, a tarde e a noite chegou ao final e nada. O louro parecia abatido, meio triste.

No outro dia Alice voltou a falar com os atendentes da loja. A nova tentativa foi uma árvore de plástico. O vendedor disse que era uma imitação do habitat natural do bicho. Alice levou sem questionar, agora ia dar certo. Mas não deu. O louro continuava sua greve de palavras. Durante toda semana Alice trouxe um novo brinquedo para o papagaio.

Até que na manhã do domingo o bicho amanheceu morto. Alice correu para a loja com a gaiola na mão e os olhos cheios de lágrimas.

- Mas ele nunca chegou a dizer nenhuma palavra? Perguntou o dono da loja.
- Sim, disse Alice aos prantos e soluçando.
- Antes de morrer ele olhou para mim e perguntou: não tem comida pra vender naquela loja?

A vida é cheia de coisas belas, de momentos divertidos, de eventos importantes, de projetos que valem à pena e desafios nobres. Mas poucas coisas são essenciais, poucas coisas são necessárias. Ou mesmo uma só coisa, como Jesus disse à Marta.

(38) Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. (39) Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. (40) Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. (41) Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. (42) Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38-42)

Somos uma geração de Martas. Temos até o desejo de alegrar mas nos falta discernimento para escolher o que realmente é necessário. Somos uma geração inquieta que mesmo quando tenta agradar a Deus corre atrás de escadas, balanços e árvores de plástico. Estamos prestes a morrer de inquietação, preocupação e fome.

O que é mais importante em sua vida? Onde reside sua paixão? O que alimenta a sua mente? Porque a vida vale a pena pra você?

Há muitas pessoas que acham que a vida vale a pena por causa dos amigos que têm. Não nada melhor que sair com os amigos no final de semana, contar e ouvir as novidades, compartilhar os desafios, lamentar as derrotas e festejar as vitórias. Suas vidas giram em torno dos amigos.

Há outros para os quais a vida vale a pena por causa dos filhos. De acordo com a idade dos filhos os casais têm mais ou menos necessidade de ficar em função deles. Mas há aqueles que constroem suas rotinas exclusivamente em função dos filhos. Sejam pequenos ou grandes, ele são sempre “prioridade-zero”, tudo o mais vem depois deles. Chega-se a prejudicar as outras pessoas e os demais relacionamentos por causa dos filhos.

Há pessoas cuja vida gira em torno do trabalho. É o motor que os faz funcionar bem. Suas melhores energias, seu melhor tempo, sua mais profunda dedicação é entregue na busca de se tornar excelente no trabalho. Não importa quanto vão sofrer com isso ou mesmo que vai ser necessário abrir mão de valores éticos e morais. O sucesso no trabalho é o mais importante.

Por incrível que possa parecer, mesmo com tantas decepções e inúmeras tristezas com que temos sido presenteados em nosso país, algumas pessoas vivem em torno de sua filiação política. São militantes aguerridos, defendem a bandeira do partido. Muitas vezes fazem isso disfarçadamente em forma de reclamações sem fim, mas são capazes de gastar grande parte de seu tempo em embates e discussões sobre o cenário político.

Algumas pessoas vivem em função do próprio conforto. Tudo é usado para obter uma qualidade melhor de vida. Os bens, os recursos, ou mesmo as pessoas, são usadas com um propósito aparentemente nobre (a busca por uma vida mais confortável), mas que revela egoísmo de uma alma sedenta em busca de água.

O que há de errado em ter amigos, amar os filhos, crescer profissionalmente, ter uma convicção política ou desejar uma vida melhor?

Absolutamente nada! Não já nada de errado!

A questão é que essas e tantas outras coisas são como a escada, o balanço de cipó e a árvore de plástico do louro. Mais cedo ou mais tarde a pergunta ecoa em nossas almas: não tem comida nessa loja? Porque eu estou é morrendo de fome!

Não há nada de errado com os brinquedos, mas para aqueles que se dizem cristãos eles são apenas um complemento daquilo que é realmente necessário. São periféricos daquilo que é principal e indispensável.

Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas... Marta talvez não tenha gostado muito da exortação. Mas eram as palavras carinhosa do Senhor Jesus que ela já conhecia. Palavras de quem ela sabia que a amava.

Qual é a sua paixão? O que lhe arranca da cadeira e lhe impulsiona para a vida? Isso é o centro da sua vida. E se a sua vida estiver centrada em coisas periféricas, você está correndo o sério risco de morrer de fome, rodeado de brinquedos coloridos.

O caminho da cruz começa onde você está. Mas onde você está?
O caminho da cruz começa com o reconhecimento dos brinquedos.
O caminho da cruz começa com transparência diante de si mesmo.
O caminho da cruz é o único caminho onde há fartura de comida e ainda o prazer de brincar com os presentes de Deus.

Cântico: humilhados diante de ti, nós, teu povo.

01 abril 2007

O Poder que há na Cruz - 6

Introdução à Mensagem

(35) Depois de o crucificarem, repartiram entre si as suas vestes, tirando a sorte. (36) E, assentados ali, o guardavam. (37) Por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS. (38) E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. (39) Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: (40) Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! (41) De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: (42) Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele. (43) Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus. (44) E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele. (45) Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra. (46) Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (47) E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Ele chama por Elias. (48) E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e, tendo-a embebido de vinagre e colocado na ponta de um caniço, deu-lhe a beber. (49) Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo. (50) E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. (Mateus 27:35-50)

Conta-se que em certo país do oriente médio a punição para alguém que fosse flagrado roubando um objeto era 50 chicotadas públicas, após o que ele podia ser libertado. Havia nesse país um juiz, um homem já velho, conhecido por todos como justo em seus julgamentos e na aplicação das sentenças.

Certa vez, em um dia normal de trabalho, foi anunciado o julgamento de um jovem que havia sido flagrado roubando. O caso era simples. Por isso, antes mesmo que aquele jovem entrasse no tribunal, o juiz já sabia o veredicto e a pena que deveria aplicar para o cumprimento da lei.

No entanto quando o jovem entrou na sala de julgamento, o Juiz compadeceu-se daquele rapaz. Era o filho de um vizinho seu. Ele conhecia aquele rapaz desde a mais tenra idade. Ele vira o garoto crescer brincando na calçada em frente a sua casa. Mas o que ele poderia fazer? A lei era clara, o rapaz realmente havia cometido o crime e a punição precisava acontecer. Como ele poderia manter-se como um juiz justo e ao mesmo tempo demonstrar o seu amor?

Então, depois de presidir o julgamento, emitir o veredicto de culpado e anunciar a sentença a ser executada, o velho juiz levantou-se, livrou-se dos paramentos do judiciário, assumiu o lugar do jovem e recebeu em seu próprio corpo as 50 chicotadas. Terminado o suplício ele virou-se para o jovem e disse: você está livre!

Na Cruz há poder para revelar o caráter de Deus. A cruz é o exato momento que a justiça e o amor de Deus se revelam em toda a sua plenitude. Na cruz foi confirmado que o caráter de Deus é imutável e que as nossas dúvidas sobre Ele são apenas a confirmação de nossas limitações em compreendê-lo. Ele sempre será santo, justo e bom.

Mas antes de aprendermos sobre as virtudes de um Deus justo e cheio de amor, precisamos compreender que a Cruz foi um acordo divino entre o Pai e o Filho. O Pai não é um Deus irado que forçou o filho a morrer; o Filho não é o lado amoroso de Deus pai.

(14) Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, (15) assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. (16) Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. (17) Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. (18) Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai. (João 10:14-18)

Na cruz do Calvário Jesus decidiu receber sobre seu próprio corpo a pena que estava endereçada para cada um de nós. Ele abriu mão de sua condição divina e espontaneamente assumiu o meu (e o seu) lugar na justa punição pelos nossos pecados.

Apesar da dor, do sofrimento, da angústia que cercava a todos que testemunharam a morte de Cristo. Tudo estava acontecendo exatamente como havia sido planejado desde a eternidade. Se por um lado Jesus entregou-se por sua livre vontade, recebendo em si mesmo o castigo que deveria ser nosso; por outro lado, a cruz foi um desejo também do Pai, que optou por desviar sua ira para único que era capaz de suportá-la.

(4) Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. (5) Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (6) Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. (7) Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. (8) Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. (9) Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. (10) Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. (Isaías 53:4-10)

Na cruz, Deus executa a justiça pelo pecado cometido. Na cruz, Deus demonstra o seu amor pelo pecador perdido. Na cruz, aquele não tinha pecados recebeu a punição pelos pecados de toda a humanidade.

Deus meu, Deus meu! Porque me desamparaste!

A Bíblia conta a história de Abraão. Ele ficou conhecido como pai da fé

(1) Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! (2) Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. (3) Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. (4) Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. (5) Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós. (6) Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. (7) Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? (8) Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos. (9) Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; (10) e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. (11) Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! (12) Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho. (13) Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. (14) E pôs Abraão por nome àquele lugar - O SENHOR Proverá. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do SENHOR se proverá. (15) Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão (16) e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, (17) que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, (18) nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz. (19) Então, voltou Abraão aos seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência. (Gênesis 22:1-19)

O filho de Abraão não foi morto porque o anjo do Senhor bradou dos céus e impediu o sacrifício. Um cordeiro no lugar do menino. Isac não morreu, mas cordeirinho foi sacrificado.

(13) Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho.

A cruz é a marca da justiça de Deus

Mas o filho de Deus não foi poupado. Sua vinda estava prevista desde o Éden, os profetas falaram da sua vida, morte e ressurreição, os sacerdotes e os sacrifícios eram ilustrações do verdadeiro sacrifício.

Jesus gritou: Deus meu, Deus meu! Porque me desamparaste?

O Senhor foi desamparado para que você pudesse ser acolhido
O Senhor morreu para que você pudesse ter vida
O Senhor suportou a ira de Deus para que você sinta o amor

Como o jovem Isac, nós fomos poupados. Em nosso lugar o Cordeiro de Deus: Jesus Cristo.

Ao meio-dia, quando Jesus ainda estava pendurado na cruz, os céus se escureceram. Por quê? Aquela escuridão era a demonstração visível da seriedade com que Deus trata o pecado.

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8:32)

No momento em que o Senhor Jesus assumia sobre si a pena pelos pecados da humanidade, interrompeu-se a comunhão entre o Pai e Filho. Deus não pode lidar com o pecado sem executar a justa punição. Jesus recebeu sobre si a justa punição pelos nossos pecados, já que Ele mesmo viveu uma vida sem pecados.

Três horas de silêncio. Três horas de escuridão, três horas sofrendo o pior castigo que qualquer criatura poderia sofrer: a separação de Deus.

A cruz é a marca do amor de Deus

(6) Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. (7) Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. (8) Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Romanos 5:6-8)

Aceitar a Cristo é dizer sim para algumas coisas:

É dizer sim para o fato de que você tem vivido separado de Deus por causa dos seus pecados. Reconhecer-se um pecador cuja a justa punição é a separação de Deus.

É dizer sim e reconhecer sua incapacidade de atender por seu próprio esforço aos padrões de Santidade que Deus deseja para você; E abrir mão das tentativas de justificar-se.

É dizer sim, e aceitar que os efeitos da morte de Cristo sejam aplicados por Deus em sua vida. É confiar que a morte do Cordeiro de Deus é um benefício que pode livrá-lo(a) da justa punição pelos seus pecados.

Não há merecimento, você não fez nada para isso, é simplesmente a demonstração do amor de Deus por você. Ele não quer que você viva uma eternidade de lamento e choro.

(16) Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (17) Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (18) Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (19) O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. (João 3:16-19)

O tratamento de Deus para o pecado é drástico. Ele não põe panos quentes, Ele não encobre, Ele não ameniza. O pecado destrói família, arrasa relacionamentos, devasta nações inteiras, contamina culturas, afunda as pessoas em suas próprias mazelas e gera morte.

O tratamento de Deus para o pecado foi a Cruz de Cristo. Se você ainda não se apropriou dessa solução de Deus, saiba que não existe outra.