24 dezembro 2006

Sete Pecados Capitais - Preguiça

Nossa reflexão hoje será sobre a preguiça, o quarto dos sete pecados capitais. A preguiça é um pecado de omissão. Quando o assunto é preguiça não há uma atitude negativa, mas sim a ausência de atitudes positivas.

Os pecados sobre os quais estamos refletindo são chamados capitais porque abrem portais para que a alma humana demonstre seu afastamento de Deus. Pecados que, por assim dizer, chamam outros pecados e lhe dão vez e voz. Para esses pecados capitais temos encontrado nas Escrituras, tanto nas bem-aventuranças quanto na oração modelo de Jesus, os recursos que nos auxiliam a permanecer longe deles e próximos da graça de Deus.

Sob esse aspecto, a preguiça como a conhecemos não parece ser tão capital assim. Hoje em dia, na verdade, ela se tornou até simpática, desejada por quase todo mundo e alvo de inúmeras campanhas publicitárias. Preguiça, espreguiçar, espreguiçadeira, chinelo de dedo, férias, sono, descanso, o que há de mal nisso? Será que a preguiça é algo tão sério assim, que mereça ser considerada um pecado capital?

O que a preguiça não é

A preguiça listada como um dos sete pecados capitais precisa ser melhor definida para que compreendamos sua seriedade. Ela é muito mais que falta do que fazer, indolência ou letargia, embora essas atitudes acompanhem muitos preguiçoso. A preguiça dos sete pecados capitais também não é a desocupação nem a despreocupação (que em excesso torna a pessoa relapsa). Além disso, preguiça não é depressão, embora a tristeza profunda possa ter origem nesse pecado capital.

O que a preguiça é

A preguiça, que era descrita nas primeiras relações dos pecados capitais como acídia, é uma condição de desânimo espiritual explícito de quem desistiu de buscar a Deus, ao bom e ao belo.

Acídia é uma lassidão de espírito, de sentimento, e também de corpo, um desânimo em relação ao valor das coisas concernentes a Deus. É a desistência de investigar e de compreender sobre as coisas que dizem respeito ao espírito.

Os cristãos da idade média falavam da preguiça como “o demônio do meio-dia”. É aquele tipo de tédio, de tristeza que assola a alma humana em plena luz do dia. Hoje, usamos expressões como “falta de interesse pela vida”, “desesperança”, “paralisia da vontade” e “tédio indiferente”.

Essa tristeza, chamada acídia, e apelidada de preguiça, assola a vida daqueles que, ao se depararem com as coisas relativas ao Espírito e constatarem sua grandeza ficam paralisados e se enchem de medo. São pessoas que têm medo de que algo muito bom lhes aconteça. A acídia é uma espécie de humildade corrompida, que desacredita da vontade de Deus em nos fazer o bem porque não reconhece em Deus o Bem Supremo.

(19) Então, partimos de Horebe e caminhamos por todo aquele grande e terrível deserto que vistes, pelo caminho da região montanhosa dos amorreus, como o SENHOR, nosso Deus, nos ordenara; e chegamos a Cades-Barnéia. (20) Então, eu vos disse: tendes chegado à região montanhosa dos amorreus, que o SENHOR, nosso Deus, nos dá. (21) Eis que o SENHOR, teu Deus, te colocou esta terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o SENHOR, Deus de teus pais: Não temas e não te assustes. (22) Então, todos vós vos chegastes a mim e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e nos digam por que caminho devemos subir e a que cidades devemos ir. (23) Isto me pareceu bem; de maneira que tomei, dentre vós, doze homens, de cada tribo um homem. (24) E foram-se, e subiram à região montanhosa, e, espiando a terra, vieram até o vale de Escol, (25) e tomaram do fruto da terra nas mãos, e no-lo trouxeram, e nos informaram, dizendo: É terra boa que nos dá o SENHOR, nosso Deus. (26) Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do SENHOR, vosso Deus. (27) Murmurastes nas vossas tendas e dissestes: Tem o SENHOR contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos. (28) Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto do que nós é este povo; as cidades são grandes e fortificadas até aos céus. Também vimos ali os filhos dos anaquins. (29) Então, eu vos disse: não vos espanteis, nem os temais. (30) O SENHOR, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito, (31) como também no deserto, onde vistes que o SENHOR, vosso Deus, nele vos levou, como um homem leva a seu filho, por todo o caminho pelo qual andastes, até chegardes a este lugar. (32) Mas nem por isso crestes no SENHOR, vosso Deus, (33) que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos procurar o lugar onde deveríeis acampar; de noite, no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e, de dia, na nuvem. (34) Tendo, pois, ouvido o SENHOR as vossas palavras, indignou-se e jurou, dizendo: (35) Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais, (36) salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao SENHOR. (Deuteronômio 1:19-36)

Tem o SENHOR contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos.

É assim que você olha para vida? É assim que você olha para Deus? É difícil para você acreditar que o Senhor lhe deseja coisas boas? Você está sempre tentando escapar Dele como um pequeno inseto tentando não ser destruído? É provável que você não conheça bem Deus criador do universo! Porque o medo nasce e cresce no vazio do desconhecimento, da falta de intimidade.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Éfeso, revela seu desejo intenso de que os irmãos daquela cidade tivessem prazer em investigar e conhecer o amor de Deus revelado em Cristo Jesus. O resultado dessa aventura de investigação sobre o amor de Deus é sermos tomados da Sua plenitude, isto é enxergarmos o sentido da vida assim como Ele a vê.

(14) Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, (15) de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, (16) para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; (17) e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, (18) a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade (19) e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. (Efésios 3:14-19)

Sabemos que nossos recursos interiores são escassos e pouco eficazes para dar sentido à existência porque sabemos por experiência própria que em nós mesmos não há bem algum. Se, além disso, rejeitamos a graça e o amor de Deus, como fez o povo de Israel ali no deserto, rejeitamos o próprio Deus como o Bem supremo, O resultado é tristeza profunda e a perda do gosto pela vida que consome os que sofrem com a preguiça.

A gravidade da acídia está exatamente na apatia diante da graça de Deus e na rejeição ao projeto de Deus para a vida. Ao rejeitar o Senhor como o Sumo Bem, a pessoa dominada pela acídia é como alguém no 20° andar de um prédio em chamas que tranca a porta do apartamento, impedindo os bombeiros de salvá-lo, joga as chaves pela janela e senta no sofá da sala se lamentando do calor e da fumaça.

Deus não nos criou para a tristeza

John Piper, escritor e teólogo cristão, publicou um livro chamado Teologia da Alegria. Nesse livro, ele procura demonstrar que Deus nos criou para o prazer e a alegria, não para a tristeza e a depressão. Ele nos fez em condições de usufruirmos dessa felicidade plena que está reservada para aqueles que a buscam nele mesmo, que é o Bem Supremo. Deus é a expressão máxima de alegria e satisfação e nos fomos criados com um dispositivo que nos induz a buscar essa plena realização.

É por isso que Gregório Magno, em suas reflexões sobre a acídia, afirma que “ninguém pode permanecer por muito tempo em tristeza, sem prazer”. É por isso também que a acídia trás consigo o desespero: Desespero de livrar-se da tristeza e encontrar alegria e significado para a vida.

Naturalmente, nós nos afastamos daquilo que nos entristece e buscamos aquilo que nos alegra. E quando nada relativo a Deus nos agrada, acabamos por buscar alegria, satisfação e prazer em qualquer outra coisa, ainda que essas coisas ofereçam apenas pequenas doses de alegria, uma satisfação de curta duração.

A acídia então faz dois convites àqueles que se tornam indiferentes à Graça de Deus: o primeiro é um convite ao torpor e à pusilanimidade; o outro, ao ativismo e à inquietação.

Torpor e pusilanimidade são o lado mais conhecido da preguiça. Sem ver sentido nem direção para a vida, o preguiçoso se abandona, pratica uma espécie de suicídio da alma. O escritor de Provérbios faz uma verdadeira ressonância magnética do torpor que toma conta do homem dominado pela acídia.

O preguiçoso não lavra por causa do inverno, pelo que, na sega, procura e nada encontra. (Provérbios 20:4)

O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar. (Provérbios 21:25)

(13) Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho; um leão está nas ruas. (14) Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim, o preguiçoso, no seu leito. (15) O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca. (16) Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem. (Provérbios 26:13-16)

(6) Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. (7) Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, (8) no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. (9) Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? (10) Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, (11) assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado. (Provérbios 6:6-11).

Em nossos dias o torpor provocado pela acídia é cantado em verso e prosa e louvado pelos círculos culturais como uma expressão de vida legítima e satisfatória.

Zeca Pagodinho canta um refrão muito conhecido da composição de Serginho Meriti, que tem se tornado o hino de uma geração “Deixa a vida me levar (vida leva eu)”. O restante da letra (que ninguém sabe nem canta) é até interessante, mas o refrão, cantado em mesas de bar e treinamentos de recursos humanos, é um convite ao torpor e ao abandono de si mesmo.

Expressões do tipo “tô nem aí”, “pra mim tanto faz”, “e eu com isso” revelam a indiferença de gerações que não se importam com nada. Vivem numa preguiça monótona e desinteressada, desapaixonada, que não têm valores pelos quais lutar.

Soren Keirkegaard, foi um dos principais filósofos e pensadores cristãos do século XX. Refletindo sobre a cultura do final do seu século, ele afirma o seguinte:

“Que outros se queixem da perversidade de nossa era; minha queixa é apenas essa: ela é desgraçada, pois lhe falta paixão.”

Meu irmão, se a sua vida tem sido marcada pela apatia, reconheça hoje que o Senhor lhe chama a reconhecer o seu pecado, a abandonar a preguiça que rejeita o Bem Supremo e a arriscar-se na aventura de viver intensamente sua caminhada cristã. Você precisa restaurar sua confiança no amor e na bondade do Senhor. Ouça o que diz a palavra de Deus:

(1) Antigamente, por terem desobedecido a Deus e por terem cometido pecados, vocês estavam espiritualmente mortos. (2) Naquele tempo vocês seguiam o mau caminho deste mundo e faziam a vontade daquele que governa os poderes espirituais do espaço, o espírito que agora controla os que desobedecem a Deus. (3) De fato, todos nós éramos como eles e vivíamos de acordo com a nossa natureza humana, fazendo o que o nosso corpo e a nossa mente queriam. Assim, porque somos seres humanos como os outros, nós também estávamos destinados a sofrer o castigo de Deus. (4) Mas a misericórdia de Deus é muito grande, e o seu amor por nós é tanto, (5) que, quando estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo. Pela graça de Deus vocês são salvos. (6) Por estarmos unidos com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou com ele para reinarmos com ele no mundo celestial. (7) Deus fez isso para mostrar, em todos os tempos do futuro, a imensa grandeza da sua graça, que é nossa por meio do amor que ele nos mostrou por meio de Cristo Jesus. (Efésios 2:1-7 NTLH).

Ativismo e inquietação são o lado menos conhecido da acídia. Pode parecer estranho, mas uma das formas pelas quais a preguiça se expressa é através do ativismo. É quando se tenta desesperadamente preencher o vazio da alma e a ausência do Bem Supremo por todo e qualquer tipo de prazer.

É como se outro homem, também dominado pela acídia e descrente sobre a bondade de Deus, no 20° andar do mesmo prédio em chamas, decidisse gastar os poucos minutos que lhe restam em uma busca desesperada por satisfação, em vez de buscar salvação para sua vida

É quando a tristeza da alma busca alegria na droga, no álcool, no tranqüilizante, na posse de bens, no trabalho em excesso, no jogo, no consumismo, no sexo desregrado, na adrenalida do perigo, ou em qualquer outro tobogã de compulsão.

Ativismo e inquietação não são antídotos contra a preguiça, como pregam alguns; São um jeito culturalmente aceito (até desejável por alguns) de expressar a tristeza pela falta de sentido de nossas vidas.

Você pode pensar que é um absurdo o que eu estou dizendo: todo mundo corre, se esforça, se priva da família por um tempo e faz sacrifícios enormes para alcançar realização profissional e pessoal. Será que não vale a pena?

Será que é o sucesso, o conforto e o bem-estar que teremos no futuro não justificam trabalhar desesperadamente hoje? Será que o reconhecimento e o status não são um bom motivo para a ansiedade que consome as almas em nossa sociedade?

Há um personagem da Bíblia que experimentou tudo que era possível em termo de prazer, realizou tudo que alguém poderia desejar, possuiu tudo o que desejou o seu coração. Vamos ver o que ele diz sobre isso.

(4) Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. (5) Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. (6) Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. (7) Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. (8) Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres. (9) Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. (10) Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. (11) Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol. (12) Então, passei a considerar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia. Que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. (13) Então, vi que a sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia, quanto a luz traz mais proveito do que as trevas. (14) Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o estulto anda em trevas; contudo, entendi que o mesmo lhes sucede a ambos. (15) Pelo que disse eu comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria? Então, disse a mim mesmo que também isso era vaidade. (16) Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! (17) Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento. (18) Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. (19) E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade. (20) Então, me empenhei por que o coração se desesperasse de todo trabalho com que me afadigara debaixo do sol. (Eclesiastes 2:4-20)

O que fazer com os valores de um mundo caótico que não teme ao Senhor e nos apresenta prazeres mil em substituição ao Bem Supremo? Como lidar com a tentação de abandonar a Graça de Deus e virar as costas às coisas relativas ao Espírito? Como reagir quando somos chamados a desmanchar nossas próprias vidas em busca de alegria como quem risca com um giz no asfalto da rua até que ele se acabe?

(3-5) Se alguém vier ensinar qualquer doutrina falsa, e se não segue este ensino que é baseado nas salutares palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e na doutrina que é o alicerce de uma vida com Deus, então é porque é soberbo. São pessoas vítimas da ignorância; não fazem mais do que delirar sobre questões inúteis, provocando batalhas de palavras, que provocam invejas, discórdias, difamações e calúnias. São disputas entre gente de entendimento corrompido, fugindo à verdade, pensando que o caminho cristão poderia ser um meio de obter lucros.

(6) Contudo, a verdadeira religião traz satisfação e é uma grande riqueza. (7) Porque nada trouxemos para este mundo, e é evidente que nada levaremos dele. (8) Por isso, estejamos satisfeitos se tivermos alimento e roupa para nos vestirmos.

(9) Mas aqueles que querem a todo o custo enriquecer, sujeitam-se às armadilhas do pecado e às solicitações para o mal; tornam-se vítimas de paixões tão loucas como prejudiciais, e que sempre precipitam as pessoas na ruína e na perdição. (10) O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa disso já muitos se desviaram do caminho da fé, criando assim nas suas vidas muitas aflições e sofrimentos.

(11) Mas tu, que és um homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, o caminho de Deus, a vida da fé, o amor cristão; aprende a ser perseverante e bondoso. (12) Empenha-te a fundo no combate da fé, vive plenamente a posse da vida eterna. É para isso que Deus te convoca.

(17) Diz aos ricos deste mundo que não sejam altivos, que não ponham a sua esperança nas riquezas, que são coisas instáveis, mas que ponham a sua confiança no Deus vivo, que nos dá generosamente tudo, para a nossa satisfação. (18) Que pratiquem antes o bem, que enriqueçam, mas em obras de justiça, que aceitem de boa vontade repartir com os necessitados os ganhos de que beneficiam; que sejam generosos. (19) Ao fazer isto, eles estarão a armazenar o seu tesouro como uma boa garantia para o futuro a fim de poderem alcançar a vida real. (1 timóteo 6:3-19)

Um chamado de Deus

Meu irmão, a palavra de Deus lhe chama hoje a tomar uma decisão. Ela lhe desafia a acolher ao Senhor e rejeitar a acídia e a preguiça!

(A) O Senhor lhe chama a rejeitar o torpor. O Senhor lhe chama a levantar-se do seu sono, a pôr-se sobre os seu pés com coragem e confiar na bondade Dele. O Senhor lhe diz hoje:

(11) Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. (12) Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. (13) Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. (14) Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; Jeremias 29:11-14

(B) O Senhor lhe chama a rejeitar o ativismo. O Senhor lhe chama a dobrar os seus joelhos e descansar na soberania dele sobre a sua vida. O Senhor lhe diz hoje:

(31) Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? (32) Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; (33) buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

(34) Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mateus 6:31-34)

17 dezembro 2006

Sete Pecados Capitais - Avareza





Introdução



Hoje, chegamos ao quinto dos sete pecados capitais: avareza. Também conhecida como ganância e cobiça.

Mesquinho, miserável, pão-duro, sovina, unha-de-fome, mão-de-vaca... O avarento é aquele que se deixou dominar pela cobiça, que desenvolveu um apego sórdido ao dinheiro, às riquezas e aos bens; que se entregou ao desejo desordenado de possuir e acumular.

A parte mais sensível do corpo de avarento é o bolso, ou a bolsa, principalmente se for para tirar algo. Diz a piada que ele é capaz de atravessar um rio a nado e entregar um sonrisal intacto na outra margem.

O avarento sofre pra tirar uns trocados do banco: é como se ele estivesse perdendo uma parte de si mesmo; também não gosta muito de festa, principalmente aquelas em que se leva um presente: o avarento não consegue lidar bem com a idéia de presentear, de dar algo sem esperar nada em troca. Retribuir é também uma atitude acima da sua capacidade.


Mas se a festa for uma boca-livre, ele vai sem cerimônia.

O avarento fica constrangido na hora de rachar a conta do restaurante, porque tem a sensação de que os outros estão levando vantagem na divisão. Normalmente, mesmo em excelente situação financeira, o avarento vive se queixando e se lamentando dos apertos da vida, como uma espécie de precaução contra algum pedido de ajuda.

Ele não consegue ver ninguém que realmente precise da sua ajuda, e quando ele percebe a necessidade evita a todo custo a frase “posso lhe ajudar em alguma coisa?”.

O avarento conhece bem os verbos somar e multiplicar, ele odeia o subtrair e sente-se roubado com o dividir. A sua maior preocupação não é com o dinheiro que ganha, mas com o dinheiro que guarda. Ele se agarra a sua poupança como um náufrago a um pedaço de tábua.

26 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Ira

Hoje chegamos ao terceiro dos sete pecados capitais: a ira. Nos domingos anteriores já conversamos sobre orgulho e inveja.

Eles são chamados capitais porque são importantes portais de entrada a partir dos quais a pecaminosidade humano se revela. A Bíblia afirma que todos nós estamos irremediavelmente perdidos: todos pecaram e precisam desesperadamente da graça de Deus, embora muito não ainda não reconheçam isso.

Na árvore chamada pecado, a ira é um desses galhos grandes. Ela está ligada ao tronco chamado orgulho, isto é, a rejeição da soberania de Deus. Da ira, nascem outros galhos como ódio e assassínio. A árvore chamada pecado revela quem somos e o quanto raça humana sem Cristo está distante da santidade de Deus.

A ira nasce da raiva. Raiva é um sentimento de contrariedade pelo fato de alguma vontade ou desejo não se realizado. As crianças, mesmo as pequenas, sabem exatamente como expressar seu descontentamento. Batem os pés, cruzam os braços, choram, gritam mordem, enfim fazem o que for necessário para que todos vejam a sua raiva.

A raiva é como as demais emoções: aparece e desaparece de maneira involuntária. Ninguém pode decidir que não vai mais ter raiva. Não um elemento de vontade nisso. No entanto, ao sentirmos raiva, ao percebermos que nossos interesses e desejo foram contrariados ou negados, podemos decidir como reagir à raiva que estamos sentindo.

Deus nos criou dotados de sentimentos, porque eles são indispensáveis para a vida, mas quando a raiva é alimentada por nossa própria decisão, seja consciente ou não, ela resultará em fúria, cólera, era e indignação doentia. A ira, portanto, está ligada ao agir; não o sentir.

Normalmente são as pessoas realizadoras, ativa, e cheias de vontade que sofrem com a ira. São aquelas pessoas conhecidas como de pavio curto, de gênio difícil ou, na forma suave, são admiradas como pessoas francas e sinceras que não voltam com um desaforo para casa.

Sofrem com a ira as pessoas que têm um grande senso de justiça, impulsivas e dispostas a resolver qualquer problema que apareça pela frente, da maneira que seja necessário.

Outro aspecto importante da ira é a sua motivação. Já vimos que a ira cresce no descontrole da raiva, mas quais são os motivos que nos provocam a raiva? São muitos os motivos, mas na maioria das vezes estão relacionados com o sentimento de impotência para garantir os nossos direitos, ou com sentimentos de auto-compaixão.

Embora seja um sentimento espontâneo, motivado pelos direitos que julgamos ter e nos foram negados, a raiva encontra abrigo para nascer e crescer a partir de um conceito equivocado, mas muito comum: eu mereço muito mais e muito melhor do que a vida tem me dado.

A raiva nasce quando eu começo a dizer: eu mereço isso, eu sei que mereço. E se eu não puder ter isso, não sei o que vai acontecer! Mas eu vou “fazer o maior barraco” até conseguir! Outro ninho para a raiva é a auto-compaixão. Afirmamos para nós mesmos: “isso não deveria estar acontecendo comigo, o que eu fiz para merecer essa situação? Realmente não mereço isso e não vou aceitar isso”.

A raiz da ira, portanto, aparece quando por orgulho você se julga merecedor de algo bom que não está recebendo, ou não merecedor de passar pelas situações difíceis que você está enfrentando.

A ira surge quando a raiva e alimentada até você perder o controle das suas ações. Ela domina uma pequena criança que sapateia e chuta os pés da mãe em um shopping, porque não teve seus desejos atendidos; mas também consome a paz de pessoas adultas que controladas pela ira só encontram sossego quando retribuem a dor sofrida àqueles que lhe magoaram e feriram.

A raiva alimentada transforma-se em ira, que alimentada faz nascer o ódio, que é capaz de levar qualquer um desejar vingança e cometer atrocidades que nunca foi capaz de imaginar.

A ira possui uma forma civilizada e aceitável: o desprezo. Desprezar é negar ao próximo o seu valor como pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus. O desprezo é a violação da dignidade do outro; é considerar que o outro não merece sequer que eu me importe com ele. Jesus fez um alerta sobre essa maneira de expressar a ira que nós vamos ver ainda hoje.

A ira na Bíblia

(24-27) Assim David escondeu-se no campo. Quando a celebração da lua nova começou, o rei sentou-se para comer no seu lugar habitual, junto à parede. Jónatas sentou-se à sua frente e Abner ao lado de Saul, ficando vazio o lugar de David. Saul nada disse sobre o facto, durante o dia todo, porque supos que qualquer coisa teria acontecido a David que o tivesse tornado ritualmente impuro. Mas quando no dia seguinte o seu lugar continuou vazio, perguntou a Jónatas: Porque é que David não veio comer, nem ontem nem hoje?

(28-29) Ele pediu-me se podia ir a Belém tomar parte na celebração que faz a família, respondeu Jónatas. O irmão pediu para ele lá estar, e eu disse-lhe que fosse. (30-31)Saul ficou ardendo em ira: Filho duma cadela!, gritou-lhe. Pensas tu que eu não sei muito bem que aliaste a esse filho de Jessé, envergonhando-te a ti mesmo e à tua família? Enquanto esse indivíduo for vivo, tu nunca serás rei. Vai já à procura dele para que o mate! (32) Mas que mal fez ele? Porque é que havia de morrer? (33-34) Então Saul atirou-lhe com a lança para o matar. Jónatas deu-se bem conta com efeito de que o seu pai estava absolutamente decidido a matar David. Deixou a mesa profundamente revoltado e recusou comer naquele dia por causa do vergonhoso comportamento do seu pai para com David. (I Samuel 20:25-33)

Depois de amargar inveja por causa dos cânticos das mulheres, que elogiavam a destreza de Davi, o rei Saul, contrariado, decidiu alimentar sua raiva, que se transformou em ira e abriu no coração de Saul o desejo de matar Davi.

Jônatas, filho do rei, no entanto, era amigo de Davi e o estava protegendo. Davi, que tinha recebido uma patente elevada no exército de Saul, comia à mesa do rei. Depois de dois dias sem a presença de Davi, Saul perde definitivamente o controle e irado contra o próprio filho atira uma lança para matá-lo. A ira embora o raciocínio, turva os olhos e enche de coragem o iracundo.

O escritor de Provérbios deixou algumas pérolas de sabedoria sobre a ira. No capítulo 11:23, ele afirma que os justos desejam o bem, mas os perversos alimentam a ira. No capítulo 12:16 ,ele diz que os insensatos não conseguem dominar sua raiva, mas os prudentes são capazes de lidar com ela mesmo quando são insultados.

No capítulo 19:19, o sábio de Israel afirma que o iracundo algumas vezes precisa sofre o dano da sua ira para aprender e se tornar sábio. No capítulo 29:11 o escritor contraria diversas correntes da psicologia e afirma que dar vazão irrestrita a raiva é uma tolice. O sábio reconhece a raiva mas põe um limite e não a deixa se expandir.

O iracundo é um provocador de brigas e contendas (Pv 15:18); é alguém com quem é muito difícil fazer qualquer tipo de sociedade (Pv 22:24) e dele todos querem ficar distantes, até os mais próximos.

O escritor de Eclesiastes (7:9) afirma que não devemos ser rápidos em alimentar a raiva que sentimos, porque ela se esconde no mais íntimo da alma humana.

Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo diz que a ira breve e faz parte da natureza humana, mas deve ser tratada imediatamente: Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira (Ef. 4:26).

Paulo está citando o livro de salmos 4:4.

Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o vosso coração e sossegai. (Salmos 4:4)

Davi escreveu esse salmo quando o seu filho Absalão estava liderando um motim para lhe tirar do reino. O Salmo é um pedido de ajuda a Deus diante dessa terrível situação e também um apelo aos homens, que começavam a dar espaço para a ira, a refletirem sobre o que estavam prestes a fazer.

Não dê espaço além do necessário, afirma o apóstolo Paulo. Não deixa a raiva se acumular para o dia seguinte, e o seguinte, e o seguinte... Ainda na mesma noite a sua indignação, a sua dor, o seu sofrimento, deve ser entregue aos pés do Senhor para encontrarmos sossego.

Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro. (Salmos 4:8)

Irmãos amados, a nossa humanidade nos deixa expostos à ira, mas a confiança na justiça, no cuidado e na provisão de Deus nos guardam da raiva sem medida.

Jesus usou uma parte do sermão do monte para falar sobre a ira. Ele fez um paralelo com um dos mandamentos “não matarás”.

(21) Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás; e quem matar estará sujeito a julgamento. (22) Eu porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.

A lei falava da etapa final da ira: não matarás! Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, ainda que esteja descontroladamente irado, porque a vida é um dom de Deus.

Jesus muda a perspectiva. Ele foi à raiz da questão: o desrespeito pela vida, que levar alguém a matar outra pessoa, nasce na raiva, perde o controle na ira, passa pelos insultos verbais e físicos e chega até o desprezo.

A palavra traduzida por tolo ou cabeça-oca é raca. Ela tem sua origem no som do escarro que está pronto a cuspir para demonstrar sua desconsideração. Dar lugar à ira é estar a alguns passos de assassinar, ainda que seja apenas em sua mente. Mas Jesus disse que não faz diferença, o pecado é o mesmo.

O contraponto da ira

Como lidar com a ira à luz do evangelho? Qual a saída para um coração corrupto e pecador? No mesmo sermão do monte, Jesus nos apresenta duas bem-aventuranças que tornam felizes aqueles que lutam contra a ira – Felizes os mansos e Felizes os pacificadores: (A) Mansidão e (B) paz.

(A) Muitas pessoas confundem mansidão paz com fraqueza. Segundo o pensamento dessas pessoas promover a paz e demonstrar espírito manso são marcas dos perdedores. Era assim o pensamento de Frederick Nietzsche, que considerava o cristianismo a religião dos fracos e perdedores. Mas na verdade a mansidão e o pacificar são sinais de força e domínio próprio.

Ser manso não é ser fraco, mas abrir mão de usar a força que se tem em benefício próprio. Ser manso é abrir mão do revide e da vingança, é viver para construir e não para destruir.

Mansidão e o pacificar nada têm a ver com passividade. Moisés, um dos maiores líderes da história, era conhecido com um homem manso (Nm.12:3).

“A mansidão não sente a necessidade de injuriar os outros... Ela não possui sentimentos de inferioridade... Nem sentimentos de impotência diante da vida”, por isso os mansos não precisam lutar para serem reconhecidos. Eles submetem suas contrariedades ao senhorio daquele que domina o universo e descansam.

Desenvolver um espírito manso é confiar na promessa de Jesus de que os direitos que realmente valem a pena já estão garantidos. Citando o salmo 37:11, Jesus afirmou que os mansos herdarão a terra.

Jesus nos convidou a aprender mansidão com ele.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. ( Mateus 11:29)

Ele foi o exemplo máximo de mansidão, porque era o próprio Deus feito gente, mas abriu mão de usar o seu poder divino e decidiu confiar no amor do Pai e submeter-se à vontade Dele.

A mansidão nasce da confiança no amor de Deus por nós. Os mansos podem descansar porque sabem que é o próprio Senhor quem vai lutar as suas lutas e defender os seus direitos.

(B) O pacificar é a outra parte do contraponto da ira. O iracundo deseja ver o “circo pegar fogo”; o pacificador apara as arestas, põem almofadas nos relacionamentos e promove a paz. O pacificador procura ver sempre o que há de melhor nas atitudes das pessoas.

Acompanhe comigo mais uma história com Davi, agora os outros personagens são Nabal e Abigail

(1) Faleceu Samuel; todos os filhos de Israel se ajuntaram, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Ramá. Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã. (2) Havia um homem, em Maom, que tinha as suas possessões no Carmelo; homem abastado, tinha três mil ovelhas e mil cabras e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo. (3) Nabal era o nome deste homem, e Abigail, o de sua mulher; esta era sensata e formosa, porém o homem era duro e maligno em todo o seu trato. Era ele da casa de Calebe.

(4) Ouvindo Davi, no deserto, que Nabal tosquiava as suas ovelhas, (5) enviou dez moços e lhes disse: Subi ao Carmelo, ide a Nabal, perguntai-lhe, em meu nome, como está. (6) Direis àquele próspero: Paz seja contigo, e tenha paz a tua casa, e tudo o que possuis tenha paz! (7) Tenho ouvido que tens tosquiadores. Os teus pastores estiveram conosco; nenhum agravo lhes fizemos, e de nenhuma coisa sentiram falta todos os dias que estiveram no Carmelo. (8) Pergunta aos teus moços, e eles to dirão; achem mercê, pois, os meus moços na tua presença, porque viemos em boa hora; dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, qualquer coisa que tiveres à mão.

(9) Chegando, pois, os moços de Davi e tendo falado a Nabal todas essas palavras em nome de Davi, aguardaram. (10) Respondeu Nabal aos moços de Davi e disse: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? Muitos são, hoje em dia, os servos que fogem ao seu senhor. (11) Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que degolei para os meus tosquiadores e o daria a homens que eu não sei donde vêm?

(12) Então, os moços de Davi puseram-se a caminho, voltaram e, tendo chegado, lhe contaram tudo, segundo todas estas palavras.

(13) Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e também Davi, a sua; subiram após Davi uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.

(14) Nesse meio tempo, um dentre os moços de Nabal o anunciou a Abigail, mulher deste, dizendo: Davi enviou do deserto mensageiros a saudar a nosso senhor; porém este disparatou com eles. (15) Aqueles homens, porém, nos têm sido muito bons, e nunca fomos agravados por eles e de nenhuma coisa sentimos falta em todos os dias de nosso trato com eles, quando estávamos no campo. (16) De muro em redor nos serviram, tanto de dia como de noite, todos os dias que estivemos com eles apascentando as ovelhas. (17) Agora, pois, considera e vê o que hás de fazer, porque já o mal está, de fato, determinado contra o nosso senhor e contra toda a sua casa; e ele é filho de Belial, e não há quem lhe possa falar.

(18) Então, Abigail tomou, a toda pressa, duzentos pães, dois odres de vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de passas e duzentas pastas de figos, e os pôs sobre jumentos, (19) e disse aos seus moços: Ide adiante de mim, pois vos seguirei de perto. Porém nada disse ela a seu marido Nabal. (20) Enquanto ela, cavalgando um jumento, descia, encoberta pelo monte, Davi e seus homens também desciam, e ela se encontrou com eles.

(21) Ora, Davi dissera: Com efeito, de nada me serviu ter guardado tudo quanto este possui no deserto, e de nada sentiu falta de tudo quanto lhe pertence; ele me pagou mal por bem. (22) Faça Deus o que lhe aprouver aos inimigos de Davi, se eu deixar, ao amanhecer, um só do sexo masculino dentre os seus.

(23) Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e prostrou-se sobre o rosto diante de Davi, inclinando-se até à terra.

(24) Lançou-se-lhe aos pés e disse: Ah! Senhor meu, caia a culpa sobre mim; permite falar a tua serva contigo e ouve as palavras da tua serva. (25) Não se importe o meu senhor com este homem de Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; eu, porém, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste.

(26) Agora, pois, meu senhor, tão certo como vive o SENHOR e a tua alma, foste pelo SENHOR impedido de derramar sangue e de vingar-te por tuas próprias mãos. Como Nabal, sejam os teus inimigos e os que procuram fazer mal ao meu senhor. (27) Este é o presente que trouxe a tua serva a meu senhor; seja ele dado aos moços que seguem ao meu senhor. (28) Perdoa a transgressão da tua serva; pois, de fato, o SENHOR te fará casa firme, porque pelejas as batalhas do SENHOR, e não se ache mal em ti por todos os teus dias. (29) Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o SENHOR, teu Deus; porém a vida de teus inimigos, este a arrojará como se a atirasse da cavidade de uma funda.

(30) E há de ser que, usando o SENHOR contigo segundo todo o bem que tem dito a teu respeito e te houver estabelecido príncipe sobre Israel, (31) então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pesar ao coração o sangue que, sem causa, vieres a derramar e o te haveres vingado com as tuas próprias mãos; quando o SENHOR te houver feito o bem, lembrar-te-ás da tua serva.

(32) Então, Davi disse a Abigail: Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro. (33) Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse.

Abigail promoveu a paz. Alertou a Davi sobre a sua ira, levou presentes para demonstrar seu desejo de paz, pediu desculpas pela atitude do seu marido, assumiu parte da responsabilidade e evitou uma chacina, que serio o resultado mais provável da ira que tomou conta de Davi.

Os pacificadores são imitadores de Deus. Ele é o grande pacificador que nos procura todo o tempo para que nos reconciliemos com Ele.

Rogo-vos que vos reconcilieis com Deus! O Senhor deseja paz!

Os mansos e pacificadores têm o coração cheio de perdão conceder àquele que lhes ofendem. Pregado injustamente na cruz, o Senhor tinha todos os motivos para irar-se, mas ao invés disso, pede: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.

A ira encontra pacificação no perdão. Perdoar é uma decisão que deixa o fogo da ira sem oxigênio para continuar queimando.

Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra!

Felizes os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus!