12 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Orgulho

O primeiro dos pecados capitais é a soberba (ou orgulho). Porém, antes de começarmos nosso estudo sobre o orgulho, é necessário esclarecer algumas questões sobre o que NÃO é orgulho, e assim evitar possíveis confusões.

O que não é orgulho

Respeito próprio não é orgulho. Reconhecer o valor que temos como criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus não é orgulho. Quando perdemos essa noção da imagem de Deus em nós, corremos o risco de afundar na areia movediça da auto-piedade. Temos valor sim! Mas esse valor está ligado ao valor que Deus nos conferiu a criar-nos à sua imagem e semelhança. Portanto, respeito próprio não é orgulho.

O prazer de receber reconhecimento não é orgulho. O reconhecimento faz parte da saúde dos relacionamentos humanos. As crianças especialmente precisam de reconhecimento para crescer com um correto senso de valor sobre si mesmas. Quem nunca ou ouviu um “parabéns!” ou um “você fez um bom trabalho” pode passar o resto da vida à busca de reconhecimento. Portanto não há orgulho na satisfação por ter feito algo certo; o orgulho chega quando eu começo a me achar realmente bom por ter feito algo certo.

Não é orgulho a satisfação pelas conquistas de amigos e parentes. Isso está bem longe de ser orgulho! Embora não seja um bom sentimento achar-se especial por ser parente dum político importante, ou porque um amigo ocupa uma posição de destaque na empresa ou por que seus pais fazem parte de um clube restrito, isso não é orgulho.

O que é orgulho, então?

O orgulho não só é o primeiro dos pecados capitais, mas é também o mais terrível deles em suas conseqüências. Orgulho é a matéria prima, o ingrediente básico de todos os outros pecados.

Fomos alcançados pelo orgulho, quando atribuímos a nós mesmos a origem dos resquícios da imagem de Deus, com que fomos criados. Por causa do orgulho, deixamos de reconhecer Deus como a fonte de todo o Bem e passamos a achar que pode haver em nós mesmos algum tipo de bondade.

Poeticamente, Hugo de São Victor, um mestre cristão medieval, comparou o orgulho ao sentimento que levaria um riacho a desejar desligar-se da fonte que o abastece e ter vida própria; ou a um raio de luz a desejar romper sua ligação como Sol e brilhar sozinho. O resultado seria um pouco de independência no começo e no final apenas um leito seco para um e a total escuridão para o outro.

O orgulhoso é aquele que não deu a mínima importância à parábola da parreira (contada por Jesus em João 15) na qual nós somos os galhos e Ele é a própria árvore. Sem Ele, nada podemos fazer. A soberba leva o galho a arvorar-se, a pensar que é árvore e a desejar a honra e o lugar que cabem à árvore. Em outras palavras, o soberbo tenta roubar a glória que pertence a Deus, atraindo destruição para si mesmo.

Orgulho foi o pecado de Lúcifer que disse: (13) ...Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; (14) subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. (Isaías 14:13,14)

O orgulho é o mestre da desfaçatez. As outras pessoas o vêem em nós, mas nós dificilmente o admitimos. Além disso, o orgulhoso incomoda-se profundamente com o orgulho do outro.

C.S. Lewis, em Cristianismo Puro e Simples, afirma o seguinte:

“De fato, se quisermos descobrir o quanto somos orgulhosos, o método mais fácil e perguntar a nós mesmos ‘quanto me desagrada ver os outros me desprezarem, recusarem-se a me dar qualquer atenção, intrometerem-se em minha vida, tratarem-me com ares paternos, ou se exibirem com ostentação? ’”

Orgulho através da Bíblia

(A) No capítulo 26 de Levítico vemos primeiro uma série de promessas feitas ao povo de Israel, recém saídos do Egito. No verso 3, as promessas têm uma condição: se andares nos meus caminhos; a partir do verso 14, o Senhor começa a dizer quais serão as providências que Ele tomara para corrigir o seu povo, caso ele não ouçam e cumpram os mandamentos; no verso 18, uma nova etapa de correções para o caso de o povo continuar sem ouvir a voz do Senhor. É nesse contexto que surge o verso 19 “quebrantarei a soberba da vossa força...”.

Soberba é resistir às correções do Senhor. Achar que é forte e inteligente ao ponto de poder enfrentá-lo e por isso achar que não precisa dar ouvidos a sua Palavra.

Quantas vezes, irmãos, o Senhor nos ensina, orienta, oferece oportunidades de corrigirmos nossas vidas, mas nós agimos com orgulho. Olhamos para a correção do Senhor como se ela não fosse necessária. Corrigir o que? Perguntamos. Minha vida vai bem, obrigado!

Depois de ensinar e corrigir a primeira vez o povo de Israel, o Senhor avisou “Se ainda assim não me ouvirdes... quebrantarei a soberba da vossa força”.

Quantas vezes mais? Quanta disciplina até que você reconheça a soberba do seu coração?

(B) Deuteronômio 18:20-22 apresenta algumas precauções ao povo sobre o trabalho dos profetas. Os profetas gozavam de alta estima junto ao povo, mas não era para as pessoas acreditarem em toda e qualquer profetada dita em nome de Deus, não. O teste era simples: os profetas que falassem em nome de Deus nunca teriam suas profecias frustradas, tudo que eles dissessem aconteceria.

Mas, aqueles que profetizassem alguma coisa e a profecia não se cumprisse, era porque se haviam deixado dominar pela soberba e falavam apenas de si mesmos.

Era o orgulho que fazia o profeta falsear a palavra de Deus para parecer espiritual e não perder o posto. É o orgulho que faz o irmão, ao orar, afirmar coisas em nome de Deus que Deus mesmo nunca disse, apenas para ficar bonito. É o orgulho que faz a irmã aconselhar a amiga com conselhos próprios e dizer que é de Deus.

Se Deus está calado diante dos problemas que a vida têm lhe apresentado, não há porque falar em nome dele, como se Ele precisasse de ajuda para se expressar. O Senhor não se cala à toa. Por isso não invente, fique humildemente em silêncio e espere que Ele fale. No tempo certo Ele se fará ouvir.

(C) No livro de Neemias, capítulo 9, está registrado um dos momentos mais marcantes de reconciliação entre Deus o povo de Israel. Exilados na Babilônia por causa de seu orgulho, o povo disperso, sem líderes, sem ânimo e sem fé. Neemias e os levitas conduziram o povo ao Arrependimento e à confissão de pecados. Essas foram as marcas desse reencontro.

No verso 29, o povo confessou a soberba de seus antepassados: “não deram ouvidos aos teus mandamentos... obstinadamente deram de ombro” (viraram as costas – NVI).

Tem sido essa a marca da soberba em sua vida? Dar de ombros mesmo quando o Senhor renova Sua misericórdia sobre sua vida e lhe dá novas oportunidades para acertar?

Confessar os pecados não é nada fácil. Confessar a soberba e a arrogância é ainda mais difícil. Mas, a confissão é uma espécie de limpeza de alma. Foi assim que o povo fez no capítulo 9 de Neemias: confessou e clamou ao Senhor por capacitação para viver diferente. Nós também podemos fazer o mesmo.

(D) No Salmo 10:4-6 vemos outras considerações sobre o orgulho. (4) O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações. (5) São prósperos os seus caminhos em todo tempo; muito acima e longe dele estão os teus juízos; quanto aos seus adversários, ele a todos ridiculariza. (6) Pois diz lá no seu íntimo: Jamais serei abalado; de geração em geração, nenhum mal me sobrevirá.

A marca principal na vida do orgulhoso é viver como se Deus não existisse. A partir dessa premissa, o orgulhoso chega à mesma conclusão de um dos personagens de Dostoiesvisk no livro Os irmãos Karamazov, que se Deus não existe e não há vida futura, nada mais é imoral, e tudo é permitido. Diante da ausência do padrão divino, o orgulhoso, diz o salmista, considera a todos motivo de riso.

Não se engane, meu irmão, quando o outro é sempre motivo de gracejo, daquele riso que despreza e menospreza, é sinal de que o orgulho ocupou espaço em sua vida e a arrogância se instalou no coração. Cuidado!

Ainda falando sobre o orgulhoso, o salmista diz que ele sofre da síndrome da indestrutibilidade. Ele acha que nada lhe atingirá, que ninguém tem dignidade para ofendê-lo, que lê jamais será abalado e que a sua vitória servirá para os seus filhos e netos.

O orgulhoso tem uma falsa segurança, porque ele está seguro em si mesmo. Ele é como um jangadeiro em alto mar, que em plena tempestade se imagina conduzindo um transatlântico. O orgulhoso ri dos outros porque em sua arrogância se acha superior a todos.

Você é esse jangadeiro? Em nome de Jesus abandone suas falsas seguranças e clame ao Senhor dos Mares para que Ele lhe resgate e lhe ponha em segurança, antes que a tempestade vire o seu barquinho.

Ainda há algo a falar sobre o orgulho e também sobre os antídotos de Deus contra esse pecado, apresentados tanto nas bem-aventuranças quanto na oração modelo ensinada por Jesus. Mas vamos continuar na próxima semana. Hoje eu gostaria de encerrar com as palavras do profeta Jeremias (9:23-24).

(23) Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; (24) mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR. (Jeremias 9:23-24 ARA).

Hoje vamos dar continuidade à série de pregações sobre “Os Sete Pecados Capitais” e concluir nossas reflexões sobre o primeiro deles: o orgulho.

(12) Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. (13) Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. Salmos 19:12-13

Nesse texto o salmista pede livramento ao Senhor das faltas involuntárias. Essa era uma questão que era considerada na Lei. Em número 15:30,31 há o relato da forma como deveriam ser tratadas as quebras involuntárias da lei de Moisés.

Para ampliar nossa compreensão sobre a soberba, é importante a gente perceber que ela é colocada nesse salmo em contraposição a esses pecados involuntários. A soberba é o pecado atrevido, deliberado, rebelde mesmo. É uma atitude de afronta intencional à vontade de Deus.

Por isso, meu irmão, você deve ficar atento. Quando a Palavra de Deus falar algo para você, não seja orgulhoso ou arrogante. Não endureça o seu coração. O escritor da carta aos Hebreus tem um recado para nós sobre isso:

(7) Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, (8) não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, (9) onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. (10) Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. (11) Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. (12) Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; (Hebreus 3:7-12 ARA)

Asafe, no salmo 73 afirma que a soberba costuma assediar aqueles que têm vidas prósperas, gozam de boa saúde e não passam por grandes aflições no dia-a-dia da vida.

Salomão também pensou sobre o orgulho O sábio rei de Jerusalém (Pv. 8:13) afirma que a soberba e sabedoria não se dão bem; uma aborrece a outra. Onde a soberba acha lugar a sabedoria desaparece, ficando só a esperteza.

Salomão afirma ainda que o orgulho trás consigo a desonra (Pv.11:2). O orgulho, segundo o rei de Israel, também resulta em contenda (Pv.13:10), porque o orgulhoso não pede conselho a ninguém; ele faz tudo com acha que deve fazer e depois briga com Deus e o mundo porque não deu certo. É por isso que a soberba precede à ruína e a altivez de espírito à queda (Pv.16:18).

O escritor do livro de provérbios afirma ainda, corajosamente, que os orgulhosos serão abatidos por sua própria soberba, porque o orgulhoso negocia a própria honra para não se sentir inferior. (Pv.19:23).

O profeta Isaías, ao falar contra o rei de Israel, diz que a soberba daquela nação se revelava em sua renitente postura de insistir em construir, quando Deus estava derrubando; e plantar, quando Deus estava arrancando.

(9) Todo o povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, que em soberba e altivez de coração dizem: (10) Os tijolos ruíram por terra, mas tornaremos a edificar com pedras lavradas; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os substituiremos. (Isaías 9:9-10 ARA)

Meu irmão, o orgulho faz com que não aceitemos qualquer revés em nossas vidas; se o Senhor está derrubando os seus muros de proteção e arrancando as árvores do seu jardim, é por amor a você. Isso se tornará em aprendizado e aperfeiçoamento, se você se agir com humildade; mas pode vir a se tornar em destruição, se você der lugar ao orgulho.

No capítulo 13 do livro do profeta Jeremias, o Senhor usou uma ilustração com um cinto de linho, que apodreceu depois de ser colocado entre as rochas, na beira de um rio, para explicar como ele lidaria coma soberba do povo de Judá e Jerusalém. No verso 10, Ele explica em que consistia o orgulho daquele povo.

(9) Assim diz o SENHOR: Deste modo farei também apodrecer a soberba de Judá e a muita soberba de Jerusalém. (10) Este povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a dureza do seu coração e anda após outros deuses para os servir e adorar, será tal como este cinto, que para nada presta. Jeremias 13:9-10

Precisamos compreender que Deus não considera o orgulho algo desprezível. Ele tratará o orgulho em nossas vidas com rigor e firmeza.

Ezequiel, ao profetizar contra Jerusalém, faz uma comparação dos pecados cometidos naquela cidade com os pecados cometidos em Sodoma, a cidade que foi destruída por Deus. O profeta afirma que a origem da devassidão de Sodoma foi a soberba que tomou conta dos seus moradores, por causa da prosperidade em que viviam.

(48) Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não fez Sodoma, tua irmã, ela e suas filhas, como tu fizeste, e também tuas filhas. (49) Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado. (50) Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali. (Ezequiel 16:48-50)

O escritor C.S. Lewis, em seu livro “Cristianismo Puro e Simples” nos ajuda compreende a natureza do orgulho:

“O orgulho não sente prazer em possuir algo, mas apenas em possuir mais do que o próximo... A pessoa tem orgulho de ser mais rica, mais inteligente ou de ter melhor aparência do que os outros... É a comparação que nos torna orgulhosos; o prazer de estar acima dos outros. Não havendo competição, o orgulho desaparece.”

Contrapontos do Orgulho

Como devemos lidar com o orgulho em nossas vidas? O assunto é importante e a Palavra de Deus não nos deixa desamparados sobre isso. O contraponto ao orgulho que a Bíblia nos apresenta é a humildade. “Bem-aventurados os pobres de Espírito” - Mat 5:3 BV.

A palavra que Jesus usou, e foi traduzida como pobre, era usada para descrever as pessoas destituídas de tudo, completamente falidas, sem nada a que se apegar.

Jesus afirma então que felizes são aqueles que têm consciência de seu estado miserável, que reconhecem a sua falência, que desconfiam de suas próprias motivações, que consideram não encontrar em si mesmas nada em que se possam apoiar e por isso buscam em Deus sua felicidade. “Bem-aventurados os pobres de Espírito”.

Enganos sobre a humildade

O engano mais comum é o que leva as pessoas a pensarem que ser humilde é apresentar uma imagem de coitadinho, que não é ninguém e não tem nenhuma importância. Humildade não pode ser confundida com autocomiseração. Humildade não é fazer cara de triste e se depreciar para receber elogio dos outros. Isso é orgulho em pele de humildade.

A tristeza pelo sucesso do outro ou por sua posição de destaque não é humildade. Isso é outro engano. Acusar os outros de orgulhosos porque são mais bem sucedidos do que nós não nos faz pessoas humildes. Era assim que Frederich Nietszch criticava a humildade pregada por muitos cristãos. Mas isso não é humildade, é ressentimento em pele de humildade.

Jeremy Taylor (1613-1667), um bispo anglicano, teólogo e escritor, afirmou o seguinte:

“humildade não consiste em erigir cercas contra você mesmo, usar roupas de mendigo ou portar-se de forma suave e submissa. Consiste porem em ter de si próprio uma avaliação sincera de que você realmente é mau e medíocre”

No evangelho de Lucas (18:10-14) Jesus contou uma parábola.

(9) Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: (10) Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. (11) O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; (12) jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. (13) O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! (14) Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lucas 18:9-14 ARA

Quem é você meu irmão? Você está grato a Deus por ser uma pessoa legal? Por ser um cidadão exemplar, um bom pai de família, pagar seus impostos e cumprir com suas obrigações religiosoas?

O Senhor lhe chama a bater no peito, como aquele publicano, e clamar pela misericórdia de Deus por causa dos seus pecados e do orgulho que lhe assedia.

Escrevendo aos Filipenses, o apóstolo Paulo apresenta o relato do maior exemplo de humildade que já existiu: Jesus Cristo. Acompanhe comigo.

(4) Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (5) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (6) pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; (7) antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, (8) a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (9) Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (10) para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, (11) e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:5-11 ARA)

Para Jesus humildade era não apegar-se a sua condição divina, esvaziar-se a si mesmo; para nós, é assumir com convicção o nosso vazio e reconhecer que nada temos em que possamos nos apegar, senão a Graça e o amor de Deus, revelados em Cristo Jesus.

O humilde entrega a glória a quem ela pertence: ao Senhor. Por isso, na oração modelo, Jesus no ensina a reconhecer a santidade de Deus: santificado seja o teu nome. Não o meu nome, não a minha reputação, não a minha imagem, mas o teu nome seja louvado e exaltado.

Quando reconhecemos a santidade de Deus somos confrontados com nosso pecado, é verdade! Mas também somos acolhidos pela Graça de Deus, que nos recebe, assim como somos; porque Deus dá graça aos humildes, mas resiste aos soberbos.

Quero lhe dar a oportunidade de iniciar hoje um relacionamento pessoal com o Deus da Bíblia. Um relacionamento através do qual você será alcançado pela graça de Deus, será recebido pai como você está e terá seu caráter moldado à semelhança de Cristo. Para isso, você precisa abrir mão do orgulho, deitar fora a soberba e a arrogância e entregar o controle de sua vida a Jesus, aceitando-o como seu Senhor e Salvador.

Se você, meu irmão, hoje compreendeu que o orgulho vem tomando espaço em sua vida e gostaria de confessar o seu pecado e aprender humildade com o filho de Deus, fique de pé.

05 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Introdução

Em 1995 a PlayArte Home Vídeo lançou o filme Seven, com a participação de Brad Pitt, Morgan Freeman, Kevin Spacey, o filme, um suspense policial, acontece em torno da investigação de uma série de crimes em que o assassino escolhe as vítimas de acordo com os sete pecados capitais. o primeiro corpo encontrado é o de um homem extremamente obeso, que foi forçado a comer até a morte; os crimes seguintes correspondem à ganância, à luxúria, à vaidade e à preguiça, ficando a inveja e a ira reservadas para o desfecho do filme.

Em 2003, uma empresa de sorvetes lançou em série especial de picolés inspirados nos sete pecados capitais. Durante a campanha, os comerciais desafiavam o público a descobrir qual seria o próximo pecado. A frase marcante da campanha foi “sua última chance de pecar”.

A empresa de jogos eletrônico MonteCristo lançou em setembro de 2005 um jogo chamado 7Sin. A empresa usou o trocadilho entre as palavras Sin (pecado em inglês) e Sim (abreviatura para simulação). 7Sin é um simulador de pecados. A meta do jogo é adquirir riquezas, poder e influência na cidade pecando máximo possível. Nas versões para PC e Play2, você marca pontos, entre outras coisas, humilhando as pessoas, fazendo sexo indiscriminadamente e curtindo com a violência.

Em Julho de 2006, o grupo Sensus estreou em São Paulo uma peça chamada “O Ritual dos 7”. Usando a poesia de Clarice Lispector e de outros autores, a peça,inspirada nos sete pecados capitais, tem como proposta discutir os segredos humanos.

História

Começando hoje e durante as próximas sete semanas vamos refletir juntos sobre os sete pecados capitais. Eles são chamados assim, por serem considerados como portais de entrada para os demais vícios que atormentam a alma humana.

A origem dessa tradição remonta ao século IV da era cristã, no movimento monástico cristão ocorrido no Egito, quando o monge grego Evágrio do Ponto (345-399) escreveu uma lista com oito pecados que afligiam a vida dos monges do deserto: Gula, Libertinagem, Avareza, Melancolia, Ira, Letargia Espiritual, Vanglória e Orgulho.

Um dos discípulos de Evágrio, João Cassiano, levou essa relação ao ocidente, onde no século VI Gregório Magno fez algumas mudanças na lista, que resultou em sete pecados: Orgulho, Inveja, Ira, Melancolia, Avareza, Gula e Luxúria.

Tempos depois, Tomás de Aquino e outros teólogos revisaram novamente a lista e chegou-se ao que hoje conhecemos como os sete pecados capitais: Soberba, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria.

É interessante observar que, embora já tenham passado mais de 15 séculos desde que os monges cristãos do Egito começaram a refletir sobre esse assunto, os sete pecados capitais continuam presentes na cultura ocidental; ainda que muitas vezes sejam desprezados quanto aos riscos que oferecem para a alma humana e outras vezes se transformem em mera campanha de marketing para vender picolé, como nós já vimos.

Por quê?

Porque refletir sobre os Sete Pecados Capitais em pleno século XXI? Esse não é um assunto ultrapassado, coisa antiga, dessas que já foram superadas pelos avanços científicos e tecnológicos? Não seria perda de tempo refletir sobre um tema como esse? Há pelo menos dois motivos pelos quais penso que nossa reflexão não será perda de tempo:

O primeiro motivo é exatamente a antiguidade do assunto. O pecado e os seus tentáculos acompanham o ser humano desde a criação e são marcas de nossa humanidade. Entender o ser humano é compreender suas lutas contra o pecado que tenta nos destruir.

Foi a Soberba que levou Adão e Eva a desejar e pensar que era possível ser igual a Deus. A Preguiça fez com que Caim fosse relapso com seu rebanho e a Ganância o levou a não ofertar o melhor para o Senhor. A Inveja, por sua vez, acendeu a indignação de Caim contra Deus porque o Senhor se agradou da oferta de Abel. Por fim a Ira tomou conta de Caim ao ponto de atentar contra a vida do seu irmão Abel e matá-lo.

Refletir sobre os pecados capitais é refletir sobre a natureza humana, nossas limitações e nosso anseio por cura e libertação. Reconhecer o pecado que habita nossa humanidade é um passo indispensável para confiar no Senhor e clamar pela salvação que vem Dele.

O segundo motivo para refletirmos sobre os pecados capitais é exatamente por que estamos no século XXI, um tempo em que as noções de certo e errado perderam força na sociedade e até se tornaram motivo de riso.

Honradez, justiça, bondade, coragem, domínio próprio, temperança, paciência, generosidade e humildade são palavras esquecidas por toda uma geração. Mais que isso: são valores que pouco a pouco estão sendo extirpados, arrancados do nosso jeito de viver.

Nossa sociedade tem bebido de uma taça misturada onde o bem e o mal não são distinguíveis, parecem a mesma coisa. É como um saboroso suco de fruta misturado a gotas de um veneno letal e lento em seus efeitos. Morre-se devagar!

Para muitos hoje não importam os conceitos de bondade ou maldade. O que importa e levar a melhor. Mas a nossa caminhada através dos pecados capitais vai nos ajudar a reconstruir os conceitos bíblicos sobre certo e errado, vícios e virtudes, pecados e bem-aventuranças.

Pode parecer estranho passar várias semanas falando sobre o pecado. Não era melhor falarmos apenas de coisas boas?

Realmente a preocupação com a moralidade não é um bom sinal. Preocupar-se com a moralidade é como a preocupação com a saúde, geralmente é um sinal de doença, não de vitalidade. Mas ainda assim é uma preocupação necessária quando o objetivo é esclarecer ao doente desavisado sobre o estado da sua saúde.

Em nossas cidades temos vivido com os pés atolados em lama podre e teimamos em afirmar que essa lama é um belo e verde gramado. Temos gastado nossos recursos com litros e litros de essência de grama verde. Derramamos a essência de grama sobre a lama podre do pecado e depois nos esparramamos sobre ela. Não funciona! Continua sendo lama, ainda que com cheiro de grama. A reflexão sobre os sete pecados capitais vai nos ajudar a reconhecer que estamos como os pés atolados na lama.

O terceiro motivo pelo qual vale pena a nossa reflexão, é que há uma saída para o estado de penúria da alma humana.

Para cada um desses pecados, verdadeiros portais que nos expõem à destruição, vamos nos deparar com uma bem-aventurança dita pelo próprio Filho de Deus no sermão da montanha e com um pedido feito ao Pai em sua modelo.

Nas bem-aventuranças, temos a ética do Reino. Um jeito de viver que é coerente como o evangelho de Jesus e nos protege de viver do nosso jeito. Nos pedidos ao Pai, temos à nossa disposição os recursos do Alto, necessários para enfrentar esse jeito diferente de viver.

15 outubro 2006

MORDOMIA - Devolva o que não lhe pertence

Introdução

Uma das coisas que os pais procuram ensinar aos filhos desde a mais tenra idade é que eles não devem ficar com qualquer coisa que não seja sua.

Muitas vezes é difícil explicar para uma criança pequena que os brinquedos dos amiguinhos não podem ser levados para casa no final da brincadeira, ou explicar porque o boneco, que ele achou na vitrine da loja, não é dele.

Hoje e nos próximos domingos nosso assunto tem a ver com devolver o que não nos pertence. Conversaremos sobre mordomia cristã.

Um parêntesis

Mordomia 1
Pode ser que você esteja pensando: Agora sim! Finalmente a pregação vai ser sobre algo que todo mundo quer: mordomia. Aí você imagina uma praia paradisíaca: o mar verde esmeralda, o céu azul e você comendo aqueles camarões gigantes, feitos no alho e óleo, em plena quarta-feira. Ô mordomia!

É assim que muita gente entende o significado da palavra mordomia: vida tranqüila, dinheiro fácil e o serviço de muitas pessoas. Talvez eu vá frustra um pouco sua expectativa, mas não é desse tipo de mordomia que vamos falar.

Mordomia 2
Mas, pode ser que ao ouvir a palavra mordomia, você tenha-se lembrado daquele mordomo de nariz empinado, com roupa de pingüim e bandeja na mão. Também não é sobre esse tipo de mordomia que vamos conversar.

A mordomia sobre a qual vamos falar tem a ver com devolver o que não lhe pertence ao seu legítimo dono.

Viajando pelo interior

Uma vez por ano eu, Marina e os meninos temos viajado à Valença do Piauí para visitar os pais dela. Normalmente vamos de carro. Todas às vezes, fico impressionado com a imensidão de terra aparentemente abandonada pelo caminho. Milhares de km quadrados de terra sem ninguém, enquanto aqui em Fortaleza as pessoas se amontoam em favelas superlotadas, morando com toda a família em quartinhos mal construídos de 3x3.

Mas o abandono da terra realmente é aparente. Se alguém resolvesse morar e produzir seu próprio alimento em algum desses lugares, rapidamente o dono apareceria reclamando os direitos de propriedade.

Para isso, ele apresentaria um documento que diz como ele adquiriu aquela terra: de quem ele comprou, quanto ele pagou e quais são os limites da sua propriedade. Essas transações ficam todas registradas nos cartórios.

Imagine agora que vamos pesquisar... voltar no tempo para descobrir quem foram os primeiros donos dessas terras. Até onde poderíamos voltar? Talvez até as capitanias hereditárias! E antes disso? Os índios! E antes deles?

Os índios não tinham o mesmo conceito de propriedade que temos (muitos deles eram nômades que apenas usavam os recursos naturais para sua subsistência). Mas com que direito eles usavam a terra onde moravam? Quem os autorizou a usufruir ela? Em outras palavras, de quem é o direito de propriedade do mundo em que vivemos?

O universo tem um dono

Hoje, o direito de propriedade sobre algo pode vir pela compra, pelo uso ou pela doação. Mas também há o direito pela criação.

O direito de propriedade por criação é amplamente reconhecido em nossa sociedade (E também amplamente violado). Quando o assunto é a produção artística, chamam-se direitos autorais; quando a questão é a criação de um logotipo ou o uso de uma expressão, é a vez das marcas registradas; e há ainda as patentes, quando o assunto é a invenção de algo que ainda não existia. Em resumo, se você criou algo, você tem direito de propriedade sobre aquilo que criou.

Esse é um ponto importante. A existência, nas mais diversas sociedades, de um direito de propriedade sobre o que se cria não é uma invenção humana. Na verdade, é apenas um reflexo do direito que o próprio Deus tem sobre a sua criação. Ele se apresenta em diversos trechos da Bíblia como aquele a quem tudo que existe pertence.

Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. (Salmos 24:1 ARA)

Deus diz: Escute, meu povo, que eu vou falar; vou ser testemunha contra você, povo de Israel. Eu sou Deus, o seu Deus. Não vou repreendê-los por causa dos sacrifícios e das ofertas que vocês sempre me trazem. No entanto, eu não preciso dos touros das suas fazendas nem dos bodes dos seus rebanhos. Pois os animais da floresta são meus e também os milhares de cabeças de gado espalhados nas montanhas. São meus todos os pássaros dos montes e tudo o que vive nos campos. Se eu tivesse fome, não pediria nada a vocês, pois o mundo é meu e tudo o que nele há. (Salmos 50:7-12 NTLH)

Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. (Deuteronômio 10:14 ARA)

Deus requer para si o direito de propriedade do mundo e de tudo que nele há. Mas por quê? Porque foi ele quem criou tudo. Nada existia antes, e ele, pela sua palavra, criou tudo que existe.

No Princípio Criou Deus os céus e a terra (Gênesis 1:1 ARA)

Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. (Hebreus 11:3 ARA)


O universo tem um proprietário, porque ele tem um criador. Deus é o legítimo proprietário de tudo que existe: montanhas, mares, céu, planícies, vales, geleiras, pássaros, peixes, rios, galáxias, cometas, árvores, animais, pedras, metais, e todos os recursos disponíveis para a sustentação da vida pertencem, por direito de criação, a Deus.

A Terra tem um mordomo

Mas se Deus é o dono de tudo, qual papel cabe ao ser humano nessa história? Qual a nossa participação na criação de Deus? Para entender esse papel, precisamos voltar ao momento em que Deus havia concluído sua criação.

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gênesis 1:27 -28 ARA)

Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. (Gênesis 2:15 ARA)

Depois de criar o mundo, Deus não passou uma escritura de transferência de propriedade. Ele nos fez mordomos da criação e nos deu direitos e obrigações.

Temos o direito de interferir na criação – sujeitar e dominar –, de modificar a natureza, de deixar registrada nossa marca na administração do planeta. Deus não nos pôs em uma camisa de força. Ele nos deu inteligência para entender como funcionam as leis desse complexo sistema que se chama vida e nos permite interferir nela.

Mas temos a obrigação de manter a vida – cultivar e guardar –, de preservar o meio ambiente, de valorizar a existência, de respeitar os limites da criação, de não explorar destrutivamente os recursos que devem servir a toda a humanidade.

Exemplos de mordomos

A palavra mordomo tem origem na expressão grega oikonomos (ao pé da letra, lei da casa). O mordomo era o responsável por tudo que dizia respeito à casa, desde o suprimento da despensa até o cumprimento das tarefas pelos demais empregados.

Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa,para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito (Gênesis 24:2–3 ARA)


logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha. E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo. Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de porte e de aparência. (Gênesis 39:4-6 ARA)

Mordomia, confiança e submissão

O mordomo de Abraão era o seu servo mais antigo. José ganhou o posto de mordomo de Potifar por causa das suas habilidades em administrar e pela correção do seu caráter. Você colocaria como mordomo de sua casa alguém em quem não confiasse? Certamente, não!

Deus colocou Adão e Eva como mordomos da criação porque havia uma relação de amor e confiança entre o Criador e Eles. Deus passava no final da tarde para ver como eles iam, imagine só! Em Adão e Eva, Deus entregou a criação à humanidade e disse: sujeitai-a, dominai, guarde e cultive.

Nós conhecemos a história. Adão e Eva desconfiaram de Deus e desobedeceram a suas orientações. A partir dessa quebra de relacionamento com Deus, temos perdido a noção de mordomia. Esquecemos que nada nos pertence, nem nossas próprias vidas.

Longe de Deus, temos lidado com Sua criação como se fosse nossa propriedade, destruindo, depredando e extinguindo. Temos tratado a própria vida como se fosse nossa, vivendo do jeito que achamos melhor.

• A vida humana é desprezada (mães abandonam os filhos, homens escravizados, jovens chacinados)
• Os animais são extintos (a criação que Deus afirmou boa, está desaparecendo)
• A natureza é destruída (rios poluídos, a floresta devastada)
• Os recursos naturais são desperdiçados (comida, água, papel)
• O corpo humano é maltratado (drogas, bebida, comida, sedentarismo)
• O tempo é mal usado (fofoca, discussões tolas, projetos que afrontam a Deus)
• A riqueza é mal distribuída (Ceará entre as 6 piores distribuições de renda do país)
• Os dons e talentos são enterrados (os dons não são seus, são presentes para serem usados)


Um apelo à devolução

Mordomia cristã é devolver o que não lhe pertence e seguir as orientações de verdadeiro dono sobre como devemos utilizar. Nada é propriamente seu, nem a sua vida e realmente sua; ela é uma dádiva, um presente de Deus: “soprou Deus o fôlego da vida e ele se fez alma vivente”. Esse é o ponto de partida para a mordomia cristã: Dar ao Senhor a legítima posição de proprietário de tudo que existe e perguntar para ele como deve ser usado.

Em outras palavras, quero dizer que tudo começa com uma atitude de submissão ao senhorio de Cristo. Sem que isso aconteça, a prática da mordomia não vai fazer sentido para você.

Se você até hoje tem vivido a vida como se fosse o legítimo proprietário daquilo que possui, eu quero lhe desafiar a devolver tudo para o dono verdadeiro.

Devolva sua casa, seu carro, sua TV e seu DVD;
Devolva suas roupas, os sapatos, as jóias e suas bijuterias;
Devolva o celular, seu computador e sua máquina fotográfica;
Devolva os seus sonhos, seus projetos e seus desejos;
Devolva seu dinheiro, sua saúde e sua inteligência;
Devolva sua vida e sua alma àquele que os criou;

Se você já aceitou a Jesus como o seu salvador, mas hoje compreendeu que tem negado a Ele o direito de propriedade sobre o que você tem e é, quero lhe dá a oportunidade de fazer uma entrega total hoje à noite: tudo que você tem e tudo que você é colocado aos pés do verdadeiro dono de tudo: O Senhor Jesus Cristo. Fique de pé.

Se você nunca aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador, e hoje compreendeu que Ele é o dono de tudo e deseja devolver a Ele o controle da sua vida aceitando a Jesus como seja Salvador e Senhor, levante uma de suas mãos.

Oração

Mordomia começa com a devolução de tudo o que somos e temos ao legítimo dono. Assim, os papéis são restaurados: ele é o dono e nós os mordomos.

Próximo domingo, vamos continuar a falar sobre mordomia cristã e trazer aplicações sobre como viver a vida quando Deus é dono dela e nós somos seus mordomos.

07 setembro 2006

A mulher do poço


Por Aristarco Coelho

A região se chamava Samaria e o vilarejo é conhecido como Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José.

O céu amanhecera sem nuvens e prometia um dia com muita luz, mas o coração daquela mulher era o mesmo da noite anterior, a mesma busca de ontem e anteontem, mais um dia procurando significado para a vida.

Envolveu-se com os afazeres de casa até que chegasse a hora de ir ao poço próximo da cidade e buscar água sem o desconforto de encontrar com outras pessoas e mais uma vez sentir-se desprezada pelos olhares e comentários sussurrados.

Próximo dali, na Judéia, ele decidiu virar as costas para a fama, literalmente fugir dela. Os comentários eram de que ele batizava mais discípulos que o seu primo João, reconhecido por todos como um grande profeta. Fugiu da fama com um grupo de amigos e foi em direção à Galiléia.

Sol a pino, cansado da viagem, parou em um poço próximo a Sicar. Foi quando ela chegou para pegar água. É sempre assim: o calor do meio dia afugenta a todos e assim ela pode pegar água sem ser incomodada; por isso ficou surpresa quando de longe viu que havia outra pessoa próxima ao poço. Quando chegou, surpresa maior: um judeu.

Ele pediu água. Ela ficou quase indignada e lembrou que ele era judeu e ela samaritana; que ele era homem e ela era mulher. Enfim, aquela conversa não deveria estar acontecendo!

Ele insistiu! Falou que tinha um tipo de água que mata a sede para sempre. Ela ficou confusa. Que água era aquela que mataria a sede para sempre? Como ele poderia tirar água do poço se não tinha nada nas mãos para isso?! Quem era esse homem que dizia ter algo melhor para oferecer?

Ele insistiu novamente! Falou que a água do poço mata a sede mas só por um momento; a água viva, que ele tem pra dar, mata a sede para sempre. Ela não teve dúvidas! Imagine não ter que ir todos os dias, sol a pino, buscar água pra matar a sede! Imagine não correr o risco de ser desprezada com os olhares e humilhada com as palavras! Oh, Senhor dá-me dessa água!

Ele começou a se aproximar. Sugeriu que ela fosse chamar seu marido para os dois receberem dessa água. Ela se entristeceu. Não tinha marido. Sua vida amorosa e familiar tinha sido um desastre. Trocara tantas vezes de companheiro e por motivos tão fúteis que não sabia mais o que era ser amada.

Ele chegou mais perto: Já tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Ela ficou impressionada, mas sentiu-se ameaçada. Como aquele estranho sabia sobre a sua vida? Sua história havia ultrapassado as fronteiras ou aquele homem era um tipo de profeta? Quem sabe o messias prometido? Ninguém jamais havia falado de forma tão direta sobre o estado da sua vida, mas como permitir que aquele homem se aproximasse de seus sentimentos mais profundos da sua alma?

Ela lembrou que ele era judeu. Lembrou que havia uma linha divisória entre eles. Era assim que ela o afastaria! Nós adoramos aqui no monte, vocês adoram em Jerusalém. Vocês são judeus, nós samaritanos. Escondido no argumento, um pedido: por favor, não chegue mais perto do meu coração!

Ele contornou o obstáculo. O lugar não era importante. Vai chegar um tempo em que a adoração a Deus acontecerá fora de Jerusalém e longe desse monte. Aí não vai fazer diferença quem é judeu ou samaritano. Ela ouvia curiosa.

Ele explicou melhor. Deus procura verdadeiros adoradores. Não é o lugar de adoração que torna um adorador verdadeiro, não é assim que Deus avalia. O que faz verdadeiro o adorador é qualidade da adoração. Ela ouvia atenta.

Ele continuou explicando. Adorar não é apenas cumprir os rituais da lei. A lei mata; o espírito vivifica. O próprio Deus é espírito e se alegra quando encontra adoradores que o adoram em espírito; não para cumprir formalidade, não pela obrigação do medo, não para obter favores.

Ele se alegra quando encontra adoradores que o adoram em verdade; adoração sem fingimento do que se é, adoração sem farsa do que se vive, adoração sem falsidade no falar.

Ela foi tocada pelas palavras daquele homem. Adorar a Deus de espírito livre e sem esconder quem era! Essa era a sua esperança com a vinda do messias.

Poder abrir o coração diante de alguém que conheça os detalhes da sua vida e ainda assim lhe receba; chorar suas dores e angústias para alguém que saiba o que elas significam; lamentar pos seus erros e clamar por consolo! Ela não tinha dúvidas: isso sim, poderia saciar a sede da sua alma!

Mas apenas o Cristo de Deus, o messias prometido, o salvador esperado poderia ser a água para matar essa sede. Ela baixo a cabeça.

Ele olhou para ela e disse: Eu o sou, eu que falo contigo.

Ela o ouviu dizer que era o messias. O seu coração palpitou forte. Ela jamais se acharia digna de vê-lo face a face, mas era verdade. Ele estava ali. Ela largou o cântaro e correu para a cidade. Ele viu a alegria em sua face e também se alegrou.

Ela não podia guardar a notícia, contou para outras pessoas. Ela não podia adorá-lo sozinha, chamou outros para confirmarem com ela: ali estava o messias. A água viva que mata a sede da alma.

27 agosto 2006

Em espírito e em verdade - Parte 4

Introdução

Domingo passado compreendemos duas coisas muito importantes sobre a verdadeira adoração, aquela em espírito e em verdade da conversa entre Jesus e a mulher de samaria.

Primeiro
Não há como separar as dimensões da natureza humana: na adoração a mente reconhece quem Deus é, as emoções reagem à Sua grandeza, soberania, bondade e poder e o corpo responde em adoração e manifestações de exaltação. Por isso adoração é plena quando permitimos plena liberdade de expressão.

Segundo
É impossível prestar uma adoração verdadeira sem a mediação do Espírito Santo de Deus. É o Espírito que interpreta nossa adoração. É Ele também quem faz nascer em nós o desejo de adorar como uma resposta ao caráter de Deus. Sem a mediação e motivação do Espírito de Deus a adoração não passa de esforço humano enfeitado de liturgia sem valor. Por isso não devemos temer a intervenção do Espírito de Deus em nossa adoração e sim clamar por isso.

Até agora temos falado da adoração individual. Temos falado que o verdadeiro adorador é aquele que tem uma relação pessoal tão intensa com Deus que isso o leva a adorar. Temos falado de adoração como um estilo de vida em que o ser humano criado reconhece a soberania de Deus no mundo e em sua vida e por isso adora.

Hoje, vamos concluir essa série de mensagens falando sobre a manifestação comunitária da adoração, aquela que acontece quando o povo de Deus, reunido, exalta o seu Senhor, declara suas grandezas e fala do que Ele representa em suas vidas.

Desejo de Comunhão

Não é necessário que estejamos juntos para que haja adoração verdadeira a Deus. No seu quarto, em seu carro, no caminho de casa, voltando da padaria ou em qualquer outro lugar você pode declarar falar das grandezas de Deus e declarar seu amor por Ele. A adoração é essencialmente um dos canais que nos ligam diretamente ao Pai.

Mas, cada um de nós tem a necessidade de estar junto com outros que também adoram ao Deus criador e expressar nossa experiência individual e particular com outras pessoas. Deus nos fez com um profundo desejo de comunhão com outros adoradores.


(1) Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. (2) Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. (3) Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses. (4) Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes lhe pertencem. (5) Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes. (6) Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. (7) Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. (Salmos 95:1-7 ARA)

(22) A meus irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação; (23) vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel. (24) Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro. (25) De ti vem o meu louvor na grande congregação; cumprirei os meus votos na presença dos que o temem. (Salmos 22:22-25 ARA)

(1) Aleluia! Cantai ao SENHOR um novo cântico e o seu louvor, na assembléia dos santos. (2) Regozije-se Israel no seu Criador, exultem no seu Rei os filhos de Sião. (3) Louvem-lhe o nome com flauta; cantem-lhe salmos com adufe e harpa. (4) Porque o SENHOR se agrada do seu povo e de salvação adorna os humildes. (5) Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo. (6) Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus, (Salmos 149:1-6 ARA)

Quando adoramos na companhia de outras pessoas, nossa adoração é encorajada pela força da unidade e somos fortalecidos com a adoração dos nossos irmãos.

Como posso expressar minha adoração em comunidade?

Há muita celeuma sobre a forma de expressar adoração quando estamos em comunidade. Enquanto em algumas igrejas as pessoas se jogam no chão ou passam o culto em gargalhadas santas, em outras o coitado do irmão fica com a perna dormente porque não pode nem virar de lado.

O capítulo 14 da primeira carta de Paulo aos Coríntios tem diversas orientações sobre o uso dos dons nos cultos públicos. Para essa reflexão, merece destaque o verso 26, onde encontramos alguns princípios que deve nortear nossa adoração pública.


Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação. (I Coríntios 14:26)

Diversidade das expressões

Vivemos muito tempo sob uma ditadura militar, mas precisamos entender que igreja não é quartel. No quartel todos usam a mesma roupa, marcham no mesmo ritmo e respondem na mesma hora. A adoração pública precisa de ordem, mas não precisamos ser guiados o tempo todo; senta, levanta, canta, lê, senta, ora, levanta, lê, senta, pode sair.

A diversidade das expressões de adoração permite que enquanto alguns cantam, outros oram; Enquanto um ora, outros proclamam as grandezas de Deus; o limite dessas sobreposições é que não haja prejuízo para a adoração do outro.

A diversidade das expressões faz com que o culto não se torne um samba de uma nota só. Escrevendo aos coríntios, Paulo fala de salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação, mas podemos falar também de cântico, testemunho, expressões corporais (dançar, erguer as mãos, bater palmas, prostrar-se, ajoelhar-se), oração, declamação, dedicação de ofertas, palavras de exortação e encorajamento.

A diversidade nas expressões de adoração não deve se tornar uma condição obrigatória. Ela não pode se tornar em mais um tipo de prisão, que agora nos obriga a apresentar um espetáculo com dezenas de números. A diversidade nas expressões de adoração é a marca da liberdade que temos em Cristo Jesus e deve ser exercida à luz dos demais princípios que vamos ver agora.

Pluralidade na adoração

A igreja se reúne para adorarmos juntos, não para assistirmos a adoração de alguns. Muita gente tem confundido as coisas freqüentado cultos como este em que você se encontra com o mesmo espírito de quem vai um espetáculo no teatro, de quem assiste um programa na TV ou vai a um show de música.

O Apóstolo Paulo explica que um tem salmo, outro doutrina, outro, revelação, outro, outro, outro... Quando nos reunimos cada um de nós precisa trazer seus próprios motivos de adoração e adorar. O louvor não é para mim nem para você, é para o único digno de adoração. Se você não vem para adorar, porque você está aqui?! Você precisa saber que há lugares muito mais interessantes, se o seu objetivo é outro. Culto não é programa de auditório!

Se o culto não é lugar para quem quer assistir, também não é lugar para quem quer se apresentar. Por isso cada um de nós precisa expor o coração diante de Deus e pedir que suas motivações sejam sondadas pelo Espírito de Deus. Os dons espirituais não são atrações especiais nem os adoradores são meros artistas exibindo a sua arte. Na adoração, adoradores e dons são colocados diante da presença de Deus como expressão de gratidão por sua presença em nossas vidas.

Na adoração comunitária todos nós e cada um de nós nos voltamos para exaltar ao Senhor por que Ele é Deus soberano, perfeito em amor e fez grandes coisas por nós. Não é privilégio de um só. É um chamado para todos.

Edificação para a Igreja

Quando adoramos juntos, essa adoração não pode ser motivo de tropeço para o irmão que está ao nosso lado. De uma forma bem simples, não faz sentido você dizer que agora vai adorar a Deus sapateando embaixo da cadeira do irmão da frente porque isso faz você sentir-se bem.

A adoração deve ser um exercício não só do corpo, mas também da mente e das emoções. Não é sensato você expressar sua adoração sapateando o culto todo embaixo da cadeira do irmão; além de não ser sensato, pode causar um grande transtorno se o irmão da frente não conseguir se concentrar um minuto para orar ao Senhor.

Não há problema se você, na sua casa, louvar ao Senhor com um dia inteiro de sapateado, mas quando estamos juntos o limite é a possibilidade de edificar a vida do irmão.

Esse princípio é um antídoto contra o egoísmo que só vê a si mesmo. Adorar em comunidade é preservar a comunhão em meio à adoração. Isso é prova de maturidade.

Diversidade nas expressões de adoração: uma sinfonia de adoração; Pluralidade na adoração: o compromisso de cada um em expressar sua adoração e Edificação para a Igreja: o louvor que pensa no direito que outro tem de louvar.

Um chamado para adorar

Davi queria construir um templo para homenagear o Senhor. Um lugar de adoração onde as pessoas pudessem oferecer buscar a face de Deus e oferecer a Ele ofertas de gratidão.

Deus disse que essa tarefa seria realizada por Salomão, filho de Davi (como realmente foi), mas que Davi deveria arrecadar junto ao povo os recursos para a construção. Ele mesmo, Davi, e seus oficiais, entregaram ofertas voluntárias para a construção do Templo. Em seguida todo o povo também ofertou.

Quando Davi viu que as pessoas estavam, de coração sincero e espontaneamente suprindo os recursos para a construção do templo ele orou em gratidão ao Senhor, adorou a Deus por ter tocado todo o povo com liberalidade, alegrou-se muito e fez o seguinte convite


Então, disse Davi a toda a congregação: Agora, louvai o SENHOR, vosso Deus. Então, toda a congregação louvou ao SENHOR, Deus de seus pais; todos inclinaram a cabeça, adoraram o SENHOR e se prostraram perante o rei. (I Crônicas 29:20 ARA)