27 agosto 2006

Em espírito e em verdade - Parte 4

Introdução

Domingo passado compreendemos duas coisas muito importantes sobre a verdadeira adoração, aquela em espírito e em verdade da conversa entre Jesus e a mulher de samaria.

Primeiro
Não há como separar as dimensões da natureza humana: na adoração a mente reconhece quem Deus é, as emoções reagem à Sua grandeza, soberania, bondade e poder e o corpo responde em adoração e manifestações de exaltação. Por isso adoração é plena quando permitimos plena liberdade de expressão.

Segundo
É impossível prestar uma adoração verdadeira sem a mediação do Espírito Santo de Deus. É o Espírito que interpreta nossa adoração. É Ele também quem faz nascer em nós o desejo de adorar como uma resposta ao caráter de Deus. Sem a mediação e motivação do Espírito de Deus a adoração não passa de esforço humano enfeitado de liturgia sem valor. Por isso não devemos temer a intervenção do Espírito de Deus em nossa adoração e sim clamar por isso.

Até agora temos falado da adoração individual. Temos falado que o verdadeiro adorador é aquele que tem uma relação pessoal tão intensa com Deus que isso o leva a adorar. Temos falado de adoração como um estilo de vida em que o ser humano criado reconhece a soberania de Deus no mundo e em sua vida e por isso adora.

Hoje, vamos concluir essa série de mensagens falando sobre a manifestação comunitária da adoração, aquela que acontece quando o povo de Deus, reunido, exalta o seu Senhor, declara suas grandezas e fala do que Ele representa em suas vidas.

Desejo de Comunhão

Não é necessário que estejamos juntos para que haja adoração verdadeira a Deus. No seu quarto, em seu carro, no caminho de casa, voltando da padaria ou em qualquer outro lugar você pode declarar falar das grandezas de Deus e declarar seu amor por Ele. A adoração é essencialmente um dos canais que nos ligam diretamente ao Pai.

Mas, cada um de nós tem a necessidade de estar junto com outros que também adoram ao Deus criador e expressar nossa experiência individual e particular com outras pessoas. Deus nos fez com um profundo desejo de comunhão com outros adoradores.


(1) Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. (2) Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. (3) Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses. (4) Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes lhe pertencem. (5) Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes. (6) Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. (7) Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. (Salmos 95:1-7 ARA)

(22) A meus irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação; (23) vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel. (24) Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro. (25) De ti vem o meu louvor na grande congregação; cumprirei os meus votos na presença dos que o temem. (Salmos 22:22-25 ARA)

(1) Aleluia! Cantai ao SENHOR um novo cântico e o seu louvor, na assembléia dos santos. (2) Regozije-se Israel no seu Criador, exultem no seu Rei os filhos de Sião. (3) Louvem-lhe o nome com flauta; cantem-lhe salmos com adufe e harpa. (4) Porque o SENHOR se agrada do seu povo e de salvação adorna os humildes. (5) Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo. (6) Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus, (Salmos 149:1-6 ARA)

Quando adoramos na companhia de outras pessoas, nossa adoração é encorajada pela força da unidade e somos fortalecidos com a adoração dos nossos irmãos.

Como posso expressar minha adoração em comunidade?

Há muita celeuma sobre a forma de expressar adoração quando estamos em comunidade. Enquanto em algumas igrejas as pessoas se jogam no chão ou passam o culto em gargalhadas santas, em outras o coitado do irmão fica com a perna dormente porque não pode nem virar de lado.

O capítulo 14 da primeira carta de Paulo aos Coríntios tem diversas orientações sobre o uso dos dons nos cultos públicos. Para essa reflexão, merece destaque o verso 26, onde encontramos alguns princípios que deve nortear nossa adoração pública.


Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação. (I Coríntios 14:26)

Diversidade das expressões

Vivemos muito tempo sob uma ditadura militar, mas precisamos entender que igreja não é quartel. No quartel todos usam a mesma roupa, marcham no mesmo ritmo e respondem na mesma hora. A adoração pública precisa de ordem, mas não precisamos ser guiados o tempo todo; senta, levanta, canta, lê, senta, ora, levanta, lê, senta, pode sair.

A diversidade das expressões de adoração permite que enquanto alguns cantam, outros oram; Enquanto um ora, outros proclamam as grandezas de Deus; o limite dessas sobreposições é que não haja prejuízo para a adoração do outro.

A diversidade das expressões faz com que o culto não se torne um samba de uma nota só. Escrevendo aos coríntios, Paulo fala de salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação, mas podemos falar também de cântico, testemunho, expressões corporais (dançar, erguer as mãos, bater palmas, prostrar-se, ajoelhar-se), oração, declamação, dedicação de ofertas, palavras de exortação e encorajamento.

A diversidade nas expressões de adoração não deve se tornar uma condição obrigatória. Ela não pode se tornar em mais um tipo de prisão, que agora nos obriga a apresentar um espetáculo com dezenas de números. A diversidade nas expressões de adoração é a marca da liberdade que temos em Cristo Jesus e deve ser exercida à luz dos demais princípios que vamos ver agora.

Pluralidade na adoração

A igreja se reúne para adorarmos juntos, não para assistirmos a adoração de alguns. Muita gente tem confundido as coisas freqüentado cultos como este em que você se encontra com o mesmo espírito de quem vai um espetáculo no teatro, de quem assiste um programa na TV ou vai a um show de música.

O Apóstolo Paulo explica que um tem salmo, outro doutrina, outro, revelação, outro, outro, outro... Quando nos reunimos cada um de nós precisa trazer seus próprios motivos de adoração e adorar. O louvor não é para mim nem para você, é para o único digno de adoração. Se você não vem para adorar, porque você está aqui?! Você precisa saber que há lugares muito mais interessantes, se o seu objetivo é outro. Culto não é programa de auditório!

Se o culto não é lugar para quem quer assistir, também não é lugar para quem quer se apresentar. Por isso cada um de nós precisa expor o coração diante de Deus e pedir que suas motivações sejam sondadas pelo Espírito de Deus. Os dons espirituais não são atrações especiais nem os adoradores são meros artistas exibindo a sua arte. Na adoração, adoradores e dons são colocados diante da presença de Deus como expressão de gratidão por sua presença em nossas vidas.

Na adoração comunitária todos nós e cada um de nós nos voltamos para exaltar ao Senhor por que Ele é Deus soberano, perfeito em amor e fez grandes coisas por nós. Não é privilégio de um só. É um chamado para todos.

Edificação para a Igreja

Quando adoramos juntos, essa adoração não pode ser motivo de tropeço para o irmão que está ao nosso lado. De uma forma bem simples, não faz sentido você dizer que agora vai adorar a Deus sapateando embaixo da cadeira do irmão da frente porque isso faz você sentir-se bem.

A adoração deve ser um exercício não só do corpo, mas também da mente e das emoções. Não é sensato você expressar sua adoração sapateando o culto todo embaixo da cadeira do irmão; além de não ser sensato, pode causar um grande transtorno se o irmão da frente não conseguir se concentrar um minuto para orar ao Senhor.

Não há problema se você, na sua casa, louvar ao Senhor com um dia inteiro de sapateado, mas quando estamos juntos o limite é a possibilidade de edificar a vida do irmão.

Esse princípio é um antídoto contra o egoísmo que só vê a si mesmo. Adorar em comunidade é preservar a comunhão em meio à adoração. Isso é prova de maturidade.

Diversidade nas expressões de adoração: uma sinfonia de adoração; Pluralidade na adoração: o compromisso de cada um em expressar sua adoração e Edificação para a Igreja: o louvor que pensa no direito que outro tem de louvar.

Um chamado para adorar

Davi queria construir um templo para homenagear o Senhor. Um lugar de adoração onde as pessoas pudessem oferecer buscar a face de Deus e oferecer a Ele ofertas de gratidão.

Deus disse que essa tarefa seria realizada por Salomão, filho de Davi (como realmente foi), mas que Davi deveria arrecadar junto ao povo os recursos para a construção. Ele mesmo, Davi, e seus oficiais, entregaram ofertas voluntárias para a construção do Templo. Em seguida todo o povo também ofertou.

Quando Davi viu que as pessoas estavam, de coração sincero e espontaneamente suprindo os recursos para a construção do templo ele orou em gratidão ao Senhor, adorou a Deus por ter tocado todo o povo com liberalidade, alegrou-se muito e fez o seguinte convite


Então, disse Davi a toda a congregação: Agora, louvai o SENHOR, vosso Deus. Então, toda a congregação louvou ao SENHOR, Deus de seus pais; todos inclinaram a cabeça, adoraram o SENHOR e se prostraram perante o rei. (I Crônicas 29:20 ARA)

20 agosto 2006

Em espírito e em verdade - Parte 3

Introdução

Domingo passado compreendemos que minha adoração esta ligada diretamente ao conhecimento de Deus. Adoração a Deus é uma resposta que está limitada ao meu conhecimento sobre quem Ele é.

Se eu não conheço muito a respeito de Deus, os motivos para adorá-lo não serão muitos e nem muito claros. Por isso muitas pessoas têm dificuldade de expressarem sua adoração – mas o que eu devo dizer? A falta de intimidade com Deus muitas vezes pode levar ao silêncio. Talvez seja preciso investir mais tempo com Ele.

Se o conhecimento que tenho de Deus não está correto ou é parcial, minha adoração não será coerente com quem Ele é. Muitas pessoas vivem enganadas por toda a vida, achando-se adoradores de Deus. Algumas adoram a um Deus que mais parece um menino de recados: eu mando, ele obedece e depois e eu agradeço; Outras adoram a um Deus comerciante, que troca favores por louvores. Falsa adoração ao Deus verdadeiro.

(1) Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus... (6) O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento... (Oséias 4:6 ARA).

Vimos também que ao nos aproximarmos de Deus e trilharmos o caminho que leva ao conhecimento de quem Ele é, nós nos tornamos mais parecidos com Ele.

A proximidade de Deus nos transforma porque Ele não esconde quem nós somos. Pelo contrário, com amor ele expõe as nossas mazelas e pecados à luz da Sua perfeição.

Há pessoas que expõem o pecado dos outros para fragilizá-los e tirar proveito, mas Deus quer restaurar a Sua imagem em nós, por isso você não deve temê-lo quando a Sua palavra confrontar a sua vida.

O verdadeiro adorador não foge da presença de Deus. O verdadeiro adorador corre para a presença de Deus porque ele deseja permitir que a santidade de Deus revele a sujeira da sua vida e assim comece a operação limpeza que o Espírito quer fazer.

Expressões de Adoração

Se adorar a Deus é declarar as grandezas e o esplendor da glória que é devida a Ele... Se adorar a Deus e reconhecer seu maravilhoso poder e a sua soberania sobre tudo... Quais formas podemos usar para expressar nossa adoração a Deus? Há um jeito certo para adora? Sim!

Jesus disse à mulher de Samaria: Os verdadeiros adoradores adoram em espírito e em verdade. Esse é o jeito certo de adorar: responder ao Criador guiado pelo Espírito de Deus e baseado em quem Ele é.

Existe alguma limitação na forma de expressar essa adoração?

Para responder essa pergunta precisamos entender que a adoração só pode ser plena quando estamos plenamente envolvidos em expressá-la. A adoração é plena quando a expressamos com em todas as dimensões do nosso ser, isto é: quando nossa razão adora ao Deus Verdadeiro, nossas emoções não podem ser desligadas e nossos corpos não podem ser amputados.

Deus nos fez assim, um complexo conjunto de corpo, alma e espírito. Vivemos a vida sem descartar nenhuma dessas dimensões e não há motivo para, no momento da adoração, privilegiar uma das dimensões em detrimento de outra.

A palavra de Deus está repleta de exemplos dessa adoração completa, com tudo que somos.

O livro de Romanos é uma exemplo da lógica que fundamenta o pensamento do apóstolo Paulo. Parágrafos e mais parágrafos escritos cuidadosamente para fundamentar sua teologia. Mas, no capítulo 11 de romanos, os argumentos construídos com esmero não puderam conter a explosão de adoração, pelo contrário, no verso 33, depois de explicar a grandeza do plano de Deus para salvar o ser humano,a adoração surge como uma resposta à profundidade da sabedoria de Deus:

(33) Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! (34) Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? (35) Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? (36) Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Romanos 11:33-36 ARA)

No Salmo 95, vemos o chamado para a adoração alegre e festeira. O motivo do salmista para adorar é o poder de Deus, mas isso não se torna barreira para ele expressar alegremente sua adoração, pelo contrário.

(1) Venham, vamos cantar com alegria, louvando ao Senhor, pois é a rocha da nossa salvação! (2) Vamos chegar diante dele com os corações cheios de gratidão! Vamos louvar ao Senhor com salmos festivos! (3) Pois o Senhor é o grande Deus! Ele é um rei bem diferente dos falsos deuses. (Salmo 95:1-3)

Já no Salmo 84, a alegria da adoração se mistura com as expressões do corpo para reconhecer o quanto é bom estar na presença de Deus.

(1) Como é gostoso estar no teu templo, ó Senhor do Universo! (2) A minha alma suspira, sente muita saudade do templo do Senhor! Meu coração e meu corpo vibram de emoção quando me aproximo de Deus! Os pardais e as andorinhas fazem seus ninhos para proteger seus filhotes. O meu ninho, Senhor do Universo, meu Rei e meu Deus, são os teus altares.

Depois de ver o poder Deus demonstrado na travessia a seco do mar vermelho e testemunhar a destruição do exército egípcio que perseguia o povo, Moisés adorou ao Senhor com um cântico (Êxodo 15:1-19) de exaltação a Deus:

(11) Ó Senhor, quem é com tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?

Em seguida Miriam conduziu um grupo de mulheres cantando e dançando para festejar a derrota dos egípcios (Êxodo 15:20-21). Pode parecer uma cena estranha em uma sociedade patriarcal: mulheres tocando tamborins, dançando e cantando em adoração a Deus pelo que ele acabara de fazer.

Para Moisés e Mirian os motivos de adoração a Deus nasceram da constatação do tremendo livramento que eles tiveram diante dos egípcios.

É a mesma coisa para nós: a adoração precisa nascer em nossos corações como resultado do reconhecimento da soberania de Deus e da constatação de que Ele interfere na história da humanidade e na nossa história em particular.

Um pouco de sensibilidade é suficiente para perceber a atuação de Deus em nossas vidas. Mas, se para você Deus é como um relojoeiro meticuloso que deu corda no mundo e depois foi embora, realmente não há muitos motivos para adorar.

Mas creia: Deus não abandonou sua criação. Deus não o abandonou a sua própria sorte. Ele deseja interferir em sua vida, encher seu coração de paz e lhe dar motivos para adorá-lo.

As mulheres tocaram e dançaram pela conquista de Davi (I Samuel 18:6-7). A filha de Jefté foi ao encontro de seu pai com adufes e com danças após seu retorno da batalha (Juízes 11:34). Ana orou e cantou a Deus a sua alegria por ser mãe (1 Samuel 2.1ss).

Não há como separar as dimensões da natureza humans: a mente reconhece quem Deus é, as emoções reagem à sua grandeza, soberania, bondade e poder e o corpo responde em adoração, contrição e exaltação.

Adoração Conduzida pelo Espírito Santo


A adoração pode nascer naturalmente no coração do ser humano, ou precisamos ser conduzidos à adoração? E quando estamos reunidos, será que é do ministro de louvor ou do pregador a obrigação de conduzir a igreja à adoração? Quem conduz o homem à adoração? Quem nos leva a adorar?

Até agora temos concordado que adoração consiste em reconhecer as obras de Deus e sua natureza divina, isto é, o seu perfeito caráter. Mas como se pode chegar a ter esse conhecimento de Deus? Seria possível conhecermos a Deus através de nosso esforço racional e diligente para compreendê-lo?

Penso que essa possibilidade é uma forma humanista de enxergar Deus. A Bíblia conta histórias diferentes sobre pessoas que viveram experiências com Deus.

(A) No Éden, depois de desobedecer, o homem fugiu da presença de Deus. Foi Deus quem tomou a iniciativa de procurá-lo.
(B) Deus chamou um homem cujo nome era Abrão e fez um pacto com ele e lhe prometeu uma descendência numerosa. Não foi Abraão quem buscou ao Senhor, foi o Senhor quem chamou Abraão.
(C) No deserto, não foi o povo que pediu uma lei. Foi Deus, por causa do seu amor, quem tomou a iniciativa. Uma lei para revelar a maldade do coração humano e oferecer a oportunidade de perdão.
(D) Foi Deus quem levantou profetas e sacerdotes. Eles não se apresentaram espontaneamente, Deus os recrutou e transformou suas vidas.
(E) Não foram os apóstolos que escolheram a Jesus como Líder, foi Ele quem os escolheu com seus seguidores.
(F) Não foi Saulo de Tarso quem escolheu a Jesus, foi o Senhor Jesus que lhe apareceu no caminho de Damasco e lhe perguntou: porque me persegues?

Embora nos caiba responder, é sempre Deus quem toma a iniciativa e se apresentar. Foi assim no passado e é assim ainda hoje. E foi em Jesus que essa iniciativa divina teve seu ponto máximo. Por isso, o escritor de Hebreus diz que Ele é a imagem do Deus vivo, a exata expressão de Deus pai (Hebreus 1:3).

Quando Deus toma a iniciativa de se fazer conhecido, entra em ação o ministério do Espírito Santo. Por isso não é demais dizer que é impossível prestar uma adoração verdadeira sem a mediação do Espírito Santo de Deus.

(1) Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. (2) Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. (3) E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. (4) A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, (5) para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. (6) Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; (7) mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; (8) sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; (9) mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. (10) Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. (11) Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

Alguns cristãos parecem ter medo do Espírito Santo de Deus, mas não motivo para isso. O Espírito é o consolador enviado por Deus para nos lembrar as palavras de Cristo. Quem aceita a Jesus como Senhor e Salvador autoriza o Espírito Santo a habitar em sua vida.

O Espírito é o selo, o penhor, a garantia da salvação de Cristo Jesus. Não é possível adorar a Deus em verdade sem que o Espírito Santo habite em sua vida. É o Espírito Santo quem nos conduz à adoração.

Não adianta boa música, ministro de louvor empolgado, culto agradável e pregação bonita. Se o Espírito Santo de Deus não tiver a liberdade de conduzi-lo para perto do Senhor, você não conhecerá a verdadeira adoração.

Jesus disse para a mulher de Samaria que Deus procura adoradores que adorem em espírito. Isso quer dizer que Deus procura adoradores que estejam atentos ao mover do seu Espírito, dispostos a ouvir a sua voz e obedecer ao seu chamado.

A adoração verdadeira é resultado do conhecimento de Deus e só é possível conhecer a Deus ouvindo o que o Espírito fala sobre Ele.

Por isso a Bíblia tem um papel tão importante na adoração. Ela foi inspirada pelo Espírito Santo de Deus. Em seus registros ela aponta para a história de homens e mulheres viveram suas vidas descobrindo sobre o caráter de Deus. E assim como os personagens da Bíblia viveram suas histórias com Deus, nós somos desafiados a viver nossas próprias histórias com Ele.

O Espírito Santo de Deus está chamando você para a aventura de entregar o controle da sua vida ao Criador do universo e descobrir motivos para adorá-lo. O Deus revelado na Bíblia quer se fazer presente em sua vida e assim despertar em você a justa adoração do Seu Santo nome.

13 agosto 2006

Em espírito e em verdade - Parte 2

Disse o rei Dario... Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim. (Daniel 6:26 ARA)

Três vezes ao Dia

Ele estava muito longe da sua terra natal. Havia sido levado como um prisioneiro, mas por sua distinção ele e alguns amigos foram separados para servir diretamente ao Rei. Naqueles dias, Babilônia era a sede do grande império medo-persa e o rei era Dario.

O rei o admirava. Não cansava de falar como os governadores e ministros sobre a forma sábia e a maneira prudente com que ele administrava. Pensava até em promovê-lo a primeiro ministro.

Os adversários o invejaram. Não era possível que aquele estrangeiro, que havia chegado com um escravo se tornasse a autoridade mais importante depois do rei. Foi aí que eles se juntaram.

Investigaram tudo: cada decisão administrativa... Cada autorização de compra... Cada serviço pago... Cada pessoa contratada... Cada ato de governo: não encontraram nada. Então, vasculharam a vida: Sua esposa... Seus filhos... Suas posses... Seus amigos... E até seus inimigos: não encontraram nada.

Por fim, chegaram a sua fé: todos os dias, três vezes ao dia, ele sobre ao seu quarto e de janela aberta ajoelha-se e ora ao seu Deus. Esse era o seu ponto fraco, pensaram.

Os adversários prepararam armadilha. Primeiro, convenceram o rei a aprovar uma lei esquisita que valia por apenas 30 dias: quem adorar qualquer outro que não seja o rei, deve ser lançado aos leões.

O rei achou bom. Afinal, os reis devem ser respeitados, pensou. Agora, era uma questão de tempo, pensaram os adversários. Eles conheciam a sua fé tanto quanto a sua competência e tinham certeza que ele cairia na armadilha.

Ele se manteve firme. O decreto já fora assinado pelo rei, mas o dia começara igual a outro dia qualquer: uma manhã clara e uma brisa fresca. Naquele dia, três vezes ele subiu ao seu quarto, e de janelas abertas três vezes se ajoelhou para orar ao Deus vivo, mesmo sabendo o risco que corria.

Os adversários sorriram. Eles haviam planejado tudo com cuidado: o passarinho entrara na gaiola. Correram ao rei e denunciaram: o queridinho do rei estava adorando outro Deus e agora a lei precisava ser cumprida.

O rei se entristeceu. Não era isso o que ele queria! Pensou em voltar atrás... Pensou em mudar a lei... Durante todo o dia tentou livrá-lo, mas não conseguiu. É assim a lei dos medos e dos persas, majestade: os reis não se arrependem – lembraram os adversários. O rei lamentou grandemente e assinou a ordem de prisão.

Ele foi preso. Não era justo! Era uma trama política, uma armadilha desonesta coberta por uma lei de encomenda. Mas ele estava preso e em breve o seu destino eram os leões.

O rei foi visitá-lo. Estava inquieto e angustiado. Não queria a morte de seu melhor servo, mas não podia voltar atrás. Caíra refém do desejo de ser adorado. Mas quem sabe o Deus dele o livra? Quem sabe a quem ele serve e adora tem mais poder do que eu! Foram esses os votos do rei antes da cova dos leões ser aberta.

A cova foi aberta, ele foi jogado dentro e uma grande pedra apagou a luz fraca que entrava no buraco. Do lado de fora, o rei lacrou tudo com o seu anel, conforme a lei, e voltou para o palácio.

O rei perdeu a fome, perdeu a alegria, perdeu o sono e passou a noite pensando no que havia feito. Porque ele não havia obedecido à lei? Não dava para ficar 30 dias sem orar? Quem era o Deus daquele homem?

O sonho não vinha e ele virou para o outro lado da cama. Por que, à beira da cova dos leões, seu melhor servo não demonstrava desespero? Seria esse Deus poderoso para livrá-lo?

A dúvida e a tristeza tomaram conta do rei até o amanhecer.

O rei não podia esperar. Logo cedo foi até a cova dos leões e com voz triste perguntou: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?

Um breve silêncio apertou o coração do rei, mas uma voz, de dentro da caverna disse: Ó rei, vive eternamente! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano.

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Conhecimento de Deus e Adoração

Durante esse mês de agosto o tema principal das nossas reflexões tem sido adoração. Adorar é muito mais que cantar, levantar as mãos, tocar um instrumento ou dançar de alegria.

As expressões de arte são canais de adoração. São algumas das muitas maneiras que temos para adorar a Deus.

Deus é adorado quando reconhecemos que ele é amor e transborda amor. Deus é adorado quando falamos da sua bondade sem fim e vivemos vidas onde essa bondade tem espaço. Deus é adorado quando reconhecemos que Ele é um Deus justo, e fazemos isso através da prática da justiça. Deus adorado quando reconheço a misericórdia de Deus pra comigo. Deus é adorado quando falo a todos da fidelidade Deus a sua própria natureza.

Por isso fica tão claro que a adoração está diretamente ligada ao conhecimento de Deus. Quanto mais conhecemos de Deus, mais estamos aptos para adorá-lo. Se o seu conhecimento de Deus é deficiente, sua adoração será deficiente. Se o nosso relacionamento com Ele é superficial, nossa adoração será superficial.

Se virmos a Deus como um Papai Noel que dá brinquedos a quem é bonzinho, a nossa adoração dependerá de gostarmos ou não dos presentes que ganhamos.

Através do profeta Oséias, Deus deixou registrada sua queixa para com a nação de Israel. A falta do conhecimento de Deus estava destruindo o povo

(1) Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. (2) O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios. (3) Por isso, a terra está de luto, e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem... (6) O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento... (Oséias 4:1-3,6 ARA).

Lembrando um pouco da nossa reflexão domingo passado, vemos que Jesus falou para a mulher samaritana que os verdadeiros adoradores adoram em verdade. Logo em seguida, ele explicou que essa adoração em verdade está ligada ao conhecimento de Deus. Os samaritanos rejeitavam grande parte das escrituras e por isso não conheciam ao Senhor em sua plenitude. A questão não é apenas se dizer servo do Deus verdadeiro, mas saber quem é esse Deus vivo, e aí adorá-lo em verdade.

Os adversários de Daniel, que tramaram a sua morte, nada conheciam sobre o Deus de Israel, por isso não tinham motivo algum para adorá-lo. O rei Dario pouco conhecia do caráter de Deus, por isso era tímido em suas afirmações sobre Ele. Como anda seu conhecimento de Deus? Você tem procurado conhecer mais sobre Ele? Será possível alguém conhecer a Deus?

O conhecimento de Deus que leva à adoração não é apenas intelectual ou teórico. Há grandes estudiosos da bíblia que nem mesmo acreditam em Deus. Com suas mentes eles compreendem o que está escrito, mas isso não afeta as suas vidas. Isso não é conhecimento de Deus.

O verdadeiro conhecimento de Deus, que conduz à adoração, se parece mais com uma amizade longa e profunda onde o compromisso mútuo de ambas as partes é completo.

Conhecimento de Deus e Semelhança

Quando duas pessoas convivem por muito tempo elas vão se tornando parecidas, já percebeu? Os gostos se aproximam, os hábitos se parecem, usam frases que lembram o jeito de falar do outro e falam sobre os mesmos fatos. Não é que elas se anulem, mas é que por causa da proximidade um reflete o outro e por isso eles se tornam semelhantes.

Deus nos criou semelhantes a Ele. No jardim, o primeiro casal estava tão perto de Deus, andava tão junto Dele que refletia o caráter Dele e confirmava assim sua semelhança com o Criador.

Essa é uma realidade. Quando nos aproximamos de alguém em um relacionamento duradouro e comprometido, nos tornamos semelhantes.


(14) Mas os israelitas do Reino do Norte não quiseram obedecer; foram teimosos como os seus antepassados, que não confiaram no SENHOR, o Deus deles. (15) Eles não quiseram obedecer aos seus ensinamentos e não guardaram a aliança que ele tinha feito com os seus antepassados e desprezaram os avisos dele. Adoraram ídolos sem valor e desse modo eles mesmos ficaram sem valor. Seguiram os costumes das nações vizinhas, desobedecendo à ordem que o SENHOR tinha dado para que não as imitassem. (II Reis 17:14,15 NTLH)

(1) Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade. (2) Por que diriam as nações: Onde está o Deus deles? (3) No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. (4) Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. (5) Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; (6) têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. (7) Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. (8) Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam. (Salmos 115:1-8 ARA)

Deus criou o primeiro casal e decidiu relacionar-se com sua criação. Ele se aproximou. À tardinha, no final do dia, o Senhor passeava pelo jardim para conversar, pra se fazer conhecido; para que o homem, ao se tornar íntimo do seu criador, refletisse Sua imagem e semelhança. Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais visível ele se torna em nós.

Nós vivemos hoje um hiato entre o Jardim (onde Deus iniciou um relacionamento com o homem) e a Nova Jerusalém (Onde Ele se fará conhecer em sua plenitude). Paulo diz que hoje nossa visão sobre Deus é turva em como em um pedaço de metal opaco usado com espelho, por isso não o conhecemos bem. Um dia, diz Paulo, o veremos face a face, e assim o conheceremos como somos conhecidos.

Olhe para a trajetória do ser relacionamento com Deus e responda pra você mesmo: a que distância eu me encontro de Deus? Pense um pouco mais e responda pra si mesmo: eu tenho buscado proximidade com Deus ou tenho fugido da presença dele? Ou talvez você seja daqueles dizem: se quiser pode ficar, agora vê se não me incomoda!

É fácil saber. Olhe pra você! Olhe pra sua vida, pra os seus compromissos e para as coisas que você valoriza; olhe para a forma como você gasta o tempo e usa o seu dinheiro; olhe para o valor que você dá às pessoas, pense no significado que a eternidade tem para você... Depois compare tudo com a maneira como Deus vê o mundo. Quem convive com Deus acaba vendo o mundo parecido com o jeito que Ele vê.

Adoração em Verdade

Adorar em verdade é buscar o conhecimento de Deus e assim ficar cada dia mais parecido com Jesus;

Adorar em verdade é encontrar prazer na companhia de Deus e se alegrar ao descobrir mais e mais sobre ele;

Adorar em verdade é não corromper o caráter a identidade de Deus em benefício próprio, mas conhecê-lo como Ele se revela nas Escrituras;

Adorar em verdade entregar-se sem reservas e confiar plenamente nas promessas dele. É crer que Ele tem todo o poder, que a vida está em suas mãos e que Ele tem pensamentos de paz sobre nós.

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O rei sorriu de alegria. Mandou tirá-lo da cova dos leões e ficou impressionado porque não havia um arranhão sequer. O Deus Vivo havia protegido o Seu servo de uma morte terrível.

O rei adorou. Bastou conhecer um pouco mais de perto o Senhor, para que o rei adorasse. Decretou que todos deveriam adorar o Deus de Daniel. Disse que o Deus de Daniel é um Deus vivo, que é um Deus imutável, que o reino dele é indestrutível para sempre e que o Seu poder é infinito; disse ainda que é um Deus libertador que salva o seu povo da morte.

O rei adorou o Deus de Daniel, porque ele não o conhecia pessoalmente. Mas pode adorar agora o Deus da sua vida; o Deus que lhe deu salvação em Cristo Jesus.