26 abril 2006

George Whitefield (1714 - 1770)

Adaptado de uma biografia por Dr. Rimas J. Orentas

George Whitefield viveu de 1714 a 1770. Na sua vida adulta, era tão conhecido quanto qualquer outra figura pública nos países de língua inglesa. Com apenas 22 anos, era um dos mais destacados proponentes do movimento religioso que sacudiu aqueles países, que seria conhecido como o Grande Despertamento. Talvez se possa dizer que só a Reforma Protestante e a Era Apostólica tenham ultrapassado o fervor espiritual que Deus derramou neste período.

George Whitefield pregou na Inglaterra, na Escócia, no País de Gales, em Gibraltar, em Bermudas, e nas colônias norte-americanas. Sua vida serviu de inspiração e tocha para vários outros pregadores contemporâneos e posteriores. Eram homens de fervor que procuravam entregar suas vidas 100% a Cristo Jesus.

George era o sétimo e último filho de Thomas e Elizabeth Whitefield. O pai era proprietário da Bell Inn, um hotel em Gloucester, na Inglaterra. Era o maior e mais fino estabelecimento da cidade e tinha dois auditórios, um dos quais era usado para exibição de peças teatrais.

Quando tinha apenas dois anos de idade, o pai de George faleceu. Depois de alguns anos, sua mãe casou-se novamente, porém foi uma união malograda que terminou em divórcio e fracasso financeiro.

Desde pequeno, George se destacou como talentoso orador e ator nas peças teatrais da escola. Sua mãe, vendo seu potencial, fez questão que ele estudasse, embora outros de seus irmãos tivessem que trabalhar para sustentar a família.

Da mãe, George herdou a forte ambição de ser "alguém no mundo". De alguma forma, ela sempre esperava mais dele do que de seus outros filhos. Outra influência forte na juventude era sua paixão pelo teatro. Como garoto, lia incessantemente peças teatrais e faltava da escola para ensaiar suas apresentações. Esta necessidade e dom de se expressar dramaticamente continuariam durante todo o resto da sua vida.

Aos quinze anos de idade, George foi obrigado a deixar seus estudos para trabalhar pelo sustento da família. Durante o dia trabalhava e à noite lia a Bíblia. Seu sonho era de estudar em Oxford. Porém, não havia condições financeiras para isto. Finalmente, sua mãe descobriu uma saída. Ele poderia ir como "servidor", que era uma espécie de empregado para três ou quatro estudantes de classe alta. Assim, aos 17 anos, com muita expectativa, ingressou na Universidade.


A Busca Intensa Por Deus

Suas responsabilidades como servidor incluíam lavar as roupas, engraxar os sapatos e fazer as tarefas dos estudantes a quem servia. Os servidores viviam com o dinheiro e as roupas usadas que aqueles quisessem lhes dar. Tinham de usar uma túnica especial e era proibido que os estudantes de nível mais elevado lhes dirigissem a palavra. A maioria acabava abandonando os estudos para não terem que sofrer tamanha humilhação.

George era extremamente intenso e dedicado e, achando que tinha de ganhar a aprovação de Deus, visitava prisioneiros e pobres, além de todas suas outras obrigações. Seus colegas, por um tempo, tentaram atraí-lo à vida social e às festas, mas logo viram que não adiantaria e deixaram-no em paz Alguns começaram a chamá-lo de "metodista", que era o nome pejorativo que davam aos membros do Clube Santo, embora ele ainda não tivesse tido nenhum contato com aquele grupo. Como servidor, não lhe era permitido tomar a iniciativa de procurá-los.

O Clube Santo era um pequeno grupo de estudantes dirigido por um professor em Oxford, chamado John Wesley. Aos outros estudantes, a vida disciplinada exigida pelo Clube parecia tolice e o nome "metodista" dava a idéia de uma vida regida por métodos mecânicos, desprovidos de racionalidade, como se as pessoas fossem meros robôs.

Foi Charles Wesley que ouviu falar desse aluno dedicado e piedoso e, rompendo as barreiras sociais, procurou Whitefield e o convidou para um café da manhã. Com isso, iniciou-se uma amizade que duraria para o resto das suas vidas.

Os membros do Clube Santo levantavam-se cedo, tinham prolongados tempos de devoções a sós com Deus, praticavam autodisciplina e tentavam garantir que nenhum momento do dia fosse desperdiçado. À noite, guardavam um diário para fazer uma avaliação da sua vida e arrancar qualquer pecado que estivesse brotando ou se manifestando. Celebravam a Eucaristia aos domingos, jejuavam toda quarta e sexta-feira e usavam o sábado como dia de preparação para a festa do Senhor no domingo.

O Clube Santo também era profundamente comprometido com a Igreja Anglicana e conhecia sua história e suas normas melhor que ninguém. Visitavam prisões e bairros pobres, e contribuíam a um fundo de auxílio para os presidiários e especialmente para os seus filhos. Os membros também se esforçavam muito no pastoreamento de estudantes mais jovens, ensinando-os a evitar más companhias e encorajando-os a serem sóbrios e estudiosos, até mesmo auxiliando-os quando tinham dificuldades nos estudos.

Tudo isto era ótimo, mas havia um problema fundamental: era uma salvação baseada em obras. Por mais que fizessem, experimentavam pouquíssima alegria, pois a natureza da sua salvação ainda era um mistério insondável e Deus estava distante. Nenhum dos líderes havia ainda experimentado a verdadeira graça de Deus no evangelho de Jesus Cristo.


O Desespero Fica Maior

Whitefield ficou mais e mais consciente do seu anseio interior por conhecer Deus de forma íntima e verdadeira, mas não sabia aonde recorrer. Ele lia com voracidade e finalmente achou um livro antigo, escrito por um escocês desconhecido, o Rev. Henry Scougal, intitulado A Vida de Deus na Alma do Homem. Neste livro, ele descobriu que todas suas boas ações, que pensava estarem conquistando-lhe o favor de Deus, não tinham valor algum. O que precisava realmente era Cristo ser formado "dentro" dele, ou seja, nascer de novo.

Scougal ensinou que a essência do cristianismo não é a execução de obrigações exteriores, nem uma emoção ou sentimento que se pode ter. A verdadeira religião é a união da alma com Deus, a participação na natureza divina, viver de acordo com a imagem de Deus desenhada sobre nossa alma – ou na terminologia do apóstolo, ter "Cristo formado em nós". Whitefield aprendeu destes ensinos a maravilha que é Deus querer habitar no nosso coração e realizar sua obra através de nós, e quão profunda e admirável é a graça que torna possível a vida de Deus habitar na alma do homem.

Este livro maravilhoso, porém, acabou deixando Whitefield quase enlouquecido. Ele não sabia como nascer de novo, mas começou a buscar esta experiência com todas suas forças. Deixou de comer certos alimentos e dava o dinheiro que economizou com isto aos pobres; usava só roupas remendadas e sapatos sujos; passava a noite inteira em fervorosa e suada oração; e não falava com ninguém. Para negar a si mesmo, abandonou a única coisa de que realmente gostava, que era o Clube Santo. Começou a ir mal nos estudos e foi ameaçado com expulsão. Seus colegas o acharam completamente "pirado". Orava ao ar livro, no relento, mesmo nas madrugadas mais gélidas, até que uma de suas mãos ficou preta. Finalmente, ficou tão doente, enfraquecido e magro que não conseguia nem subir a escada para sair do quarto. Tiveram de chamar um médico que o confinou à cama por sete semanas.


Uma Simples Oração

De forma surpreendente, foi neste tempo de descanso e recuperação que sua vida finalmente foi transformada. Ele ainda mantinha um tempo devocional com Deus, de acordo com suas forças. Mas agora começou a orar de forma mais simples, deixando de lado todas suas idéias e esforços e tentando realmente escutar a voz de Deus.

Certo dia, ele se jogou sobre a cama e clamou: "Tenho sede!" Foi a primeira vez que havia clamado a Deus em total incapacidade e insuficiência. E foi a primeira vez em mais de um ano que sentira alegria.

Neste momento de total entrega ao Deus Todo-poderoso, um pensamento novo penetrou seu coração. "George, você já tem o que pediu! Você cessou suas pelejas e simplesmente creu e agora nasceu de novo!"

Foi tão simples, tão absurdamente simples, ser salvo por uma oração tão singela, que Whitefield começou a rir. E assim que riu, as comportas dos céus se romperam e sua vida foi inundada por "gozo indizível, cheio e transbordando de grande glória".

Sua aparência exterior ainda era de um universitário doentio e fraco, porém a carreira do maior evangelista do século XVIII tinha acabado de nascer. Ele ainda levou nove meses para recuperar fisicamente, mas no seu coração havia só um desejo: compartilhar as Boas Novas que Jesus Cristo viera para os pecadores e que o pecador só precisava arrepender-se, aceitar a morte expiatória de Jesus e lançar-se espiritualmente nas mãos de Deus.

Em sua casa em Gloucester, Whitefield manteve sua vida disciplinada do Clube Santo, mas tudo agora tinha um novo significado. Não era mais para alcançar o favor de Deus ou tornar-se justo, mas para focalizá-lo em servir a Deus. Diariamente, meditava numa passagem bíblica que lia em inglês, depois em grego, e finalmente no famoso comentário de Matthew Henry. Orava sobre cada linha que lia, até que entendesse e recebesse o seu significado, e sentisse que já fazia parte da sua vida. Logo fundou uma pequena sociedade que se reunia todas as noites.


O Leão Começa a Rugir

Não demorou muito e já estava tendo oportunidades de pregar. Inicialmente, tinha receio de ser ordenado muito jovem e de se envaidecer. Mas colocou diante de Deus um sinal: se, por um milagre, houvesse provisão para voltar a Oxford e se formar, ele aceitaria a ordenação. E, pouco a pouco, foi isto que aconteceu. Ao mesmo tempo, soube que os irmãos Wesley tinham ido à América como missionários e que precisavam de alguém para dirigir o Clube Santo. Desta forma, voltou a Oxford, completou seu curso e foi ordenado.

Inicialmente, tentou ficar quieto no seu lugar. Seu objetivo era alcançar outros estudantes, na base de um a um. Mas havia um problema. Desde o momento que abriu sua boca, todos queriam ouvir mais. Depois de quatro semanas pregando mensagens em Gloucester, Bristol e Bath, um pequeno avivamento se iniciara. As igrejas estavam lotadas e as ruas estavam cheias de gente tentando entrar. Whitefield tinha apenas 22 anos.

Apesar da sua formação acadêmica, Whitefield utilizou muito mais seus talentos dramáticos para comunicar as verdades espirituais do que conhecimentos intelectuais. Concentrou no aperfeiçoamento do que hoje chamaríamos de linguagem corporal. A paixão seria sua chave na pregação das verdades espirituais que muitos já tinham ouvido, porém sem vida.Sem muita prática em homilética, sua sensibilidade dramática logo o colocou numa classe à parte. Lágrimas, fortes emoções, agitado movimento corporal – mas acima de tudo, uma experiência intensamente pessoal do Novo Nascimento – eram características da sua pregação e das reações dos seus ouvintes. Sua prodigiosa memória o capacitava a transformar o púlpito num teatro sagrado que representava os santos e pecadores da Bíblia diante dos seus ouvintes fascinados.

Entre os que ficavam encantados diante das pregações, estava um grande ator inglês, David Garrick, que exclamou: "Eu daria cem guineas (moeda inglesa da época – equivalente a mais de uma libra moderna) se eu pudesse dizer Oh como o Sr. Whitefield!"

Com suas mensagens vivas, dramáticas e cheias de alegria espiritual, o país da Inglaterra começou a ser abalado. As verdades eram simples, diretas e baseadas nas doutrinas básicas do novo nascimento e da justificação pela fé. Mas para as pessoas que nunca antes ouviram tais coisas com clareza, eram como descargas de raios no coração. Ele não estava declarando sua própria mensagem, mas a mensagem de Deus: "É necessário nascer de novo".

Logo houve resistência, principalmente por parte dos clérigos que se perturbavam com a oração de Whitefield para que eles também nascessem de novo. Pessoas das camadas mais elevadas da sociedade também não gostavam de ouvir que eram pecadores e precisavam se arrepender.


Uma Forma Revolucionária de Pregar

Em 1739, com 24 anos de idade, Whitefield começou a pregar ao ar livre. Várias igrejas haviam fechado as portas para suas pregações e ele não queria depender mais da disponibilidade de igrejas ou auditórios. Partiu para Kingswood, perto de Bristol, onde havia milhares de mineiros de carvão, que viviam em condições deploráveis. Homens, mulheres e crianças trabalhavam longas horas embaixo da terra, no meio de morte e doença. Para Whitefield, eram como ovelhas sem pastor.

Em fevereiro, o frio era intenso, mas ao passar pelos barracos e favelas, Whitefield encontrou 200 pessoas dispostas a ir ouvi-lo. Ele pregou dramaticamente sobre o amor de Jesus por eles e como sofreu a cruel morte da crucificação, só para salvá-los dos seus pecados. Enquanto pregava, começou a notar faixas brancas nas faces enegrecidas de alguns mineiros. Logo, todos os rostos escuros estavam manchados com as valetas brancas das lágrimas que corriam enquanto o evangelho de Jesus convencia a todos, um por um.

Três dias depois, Whitefield foi proibido de pregar em Bristol novamente pelo conselho da diocese. Porém, no dia seguinte ele pregou na própria mina, onde desta vez havia 2000 pessoas para ouvi-lo. No domingo seguinte, havia 10.000 e muito mais pessoas da cidade do que das minas. E no dia 25 de março de 1739, a multidão foi estimada em 23.000. Com este método heterodoxo e controvertido de pregação ao ar livre, parecia não haver limites para o crescimento do Grande Despertamento.

Estima-se que Whitefield tenha pregado para mais de dois milhões de pessoas, só naquele verão. Sua ousada pregação nos campos abalara de vez o fraco e tímido cristianismo da sua época. Quando chegou em Filadélfia, em agosto daquele ano, os jornais noticiaram que George Whitefield havia pregado a mais pessoas do que qualquer outra pessoa viva, e provavelmente do que qualquer outra pessoa na história, até então.


Melhor Esgotar-se do que Enferrujar

Whitefield cruzou sete vezes o oceano Atlântico entre a Inglaterra e a América. Faleceu em 1770, com apenas 55 anos de idade. Em 34 anos de ministério, pregou mais de 18.000 sermões, ou uma média de mais de 10 por semana. No seu último ano de vida, apesar da saúde prejudicada pela extrema intensidade da sua vida, recusou-se a parar, dizendo que preferiria se "esgotar a enferrujar".

Antes de pregar sua última mensagem, sentindo-se muito mal, Whitefield orou: "Senhor, se ainda não completei minha carreira, deixa-me ir falar por ti mais uma vez no campo, selar tua verdade e voltar para casa e morrer!"

Sua oração foi respondida. Seu último discurso foi no meio da tarde, num campo, em cima de um barril. Seu texto foi: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé" (2 Co 13.5). O tema foi o novo nascimento.

No começo falava com muita dificuldade, sua voz rouca, sua dicção pesada. Frase após frase saía sem muito nexo, sem atenção a objetivo ou oratória. Mas, de repente, sua mente se acendeu e sua voz de leão bradou mais uma vez, alcançando as extremidades da sua audiência.

Falando da ineficácia de obras para merecer a salvação, Whitefield trovejou: "Obras! Obras! O homem alcançar o céu por obras! Eu pensaria antes em alcançar a lua subindo numa corda de areia!"

Esta foi a exortação final do grande pregador. A luz que brilhou na sua alma queimou com ardor até o fim da sua vida.

Talvez Deus não lhe tenha dado uma voz de leão, nem o talento dramático da comunicação em massa. Mas não há limites para o que Deus pode fazer através de uma vida, por jovem que seja, quando o genuíno fogo do céu se acende nela.

Martinho Lutero (1483 - 1546)


Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).

Seu pai, um aldeão bem sucedido pertencente a classe média, queria que fosse advogado. Tendo iniciado seus estudos, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. É um fato estranho na sua vida, segundo seus biógrafos. Alguns historiadores dizem que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Foi consagrado padre em 1507.

Entre 1508 e 1512, fez preleções de filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia.

Fazia conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia paulina o influenciou, percebendo os erros que a Igreja Romana ensinava, à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo.

Lutero era homem de envergadura intelectual e habilidades pessoais. Em 1515, foi nomeado vigário, responsável por onze mosteiros. Viu-se envolvido em controvérsias com respeito a venda de indulgências.


Suas Lutas Pessoais.

Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações.

Seus estudos paulinos deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Rm 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma.

Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, fortemente influenciado pela teologia desta ordem monástica, paulina quanto aos seus pontos de vista, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé.

Esta nova fé tornou-se o ponto fundamental de sua preleções. No seu desenvolvimento começou a criticar o domínio da filosofia tomista sobre a teologia romana. Ele estudava os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Staupitz, orientou-o para que estudasse os místicos, em cujos escritos se consolou.

Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel.


As Noventa e Cinco Teses

Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgêngias, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal.

João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano.

Em 1518. Lutero escreveu "Resolutiones", defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Entretanto, o livro não alterou o ponto de vista papal a respeito de Lutero. Muitas pessoas influentes se declararam favoráveis a Martinho Lutero, tornando-se este então polemista popular e bem sucedido. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.


Reação Papal

A 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519.

A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Em sua obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, por ocasião da missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor.

Lutero obteve grande popularidade entre o povo, e também considerável influência no clero. Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.

Lutero compareceu a Dieta de Worms, de 17 a 19 de abril de 1521. Recusou-se a retratação, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada.


Influência Política e Social

Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses. Teve tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros, a Bíblia inteira foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Finalmente, essa tradução unificou os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão.

Tem-se dito que Lutero foi o verdadeiro líder da Alemanha, de 1521 até 1525. Houve a Guerra dos Aldeões em 1525, das classes pobres contra os seus líderes. Lutero tentou estancar o derramento de sangue, mas, quando os aldeões se recusaram a ouví-lo, ele apelou para os príncipes a fim de restabelecerem a paz e a ordem.

Fato notável foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre, ex-freira cisterciana. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.

Houve controvérsia entre Lutero e Erasmo de Roterdã, que nunca deixou a Igreja Romana, por causa do livre-arbítrio defendido por este. Apesar de admitir que o livre-arbítrio é uma realidade quanto a coisas triviais, Lutero negava que fosse eficaz no tocante à salvação da alma.
Outras Obras.

Em 1528 e 1529, Lutero publicou o pequeno e o grande catecismos, que se tornaram manuais doutrinários dos protestantes, nome dado aqueles que decidiram abandonar a Igreja Romana, na Dieta de Speyer, em 1529.

Juntamente com Melancton e outros, produziu a confissão de Augsburg, que sumaria a fé luterana em vinte e oito artigos. Em 1537, a pedido de João Frederico, da Saxônia, compôs os Artigos de Schmalkald, que resumem seus ensinamentos.


Enfermidade e Morte

Os últimos dias de Lutero tornaram-se difíceis devido a problemas de saúde. Com frequência tinha acesso de melancolia profunda. Apesar disso era capaz de trabalhar tenazmente. Em 18 de fevereiro de 1546, em Eislebem, teve um ataque do coração, vindo a falecer.

20 abril 2006

Selos Usados

Por Aristarco Coelho

Eu tinha oito anos quando ganhei meus primeiros selos. Uma tia que havia feito uma viagem para o exterior me trouxe uma boa quantidade deles, a maior parte da Hungria (o que só vim a saber muito tempo depois). Comecei a coleção.

Sem muitos recursos, iniciei pela família. Percorri a casa das tias e tios pedindo para que procurassem envelopes antigos e confiscava qualquer correspondência que por acaso estivesse por cima dos móveis da sala. Deles eu recortava os selos tão preciosos.


Depois de esgotados os parentes, recorri aos vizinhos. Eu observava a chegada do carteiro em nossa rua e quando ele entregava a correspondência em alguma casa conhecida, corria a contar a história da coleção e a pedir que os selos me fossem doados.

Quando os selos não couberam mais no envelope em que eram guardados, descobri que havia uma maneira melhor para colecioná-los: um classificador (também esse nome eu só descobri depois, antes era um álbum de selos). Depois de descobrir o preço e constatar que não havia como comprá-lo com minhas economias, não tive dúvida: fiz um relação dos parentes mais próximos e pedi sua participação no meu sonho. Depois de arrecadado o dinheiro, meus pais completaram o valor e eu comprei o "álbum". Na primeira folha, registrei a façanha: "Este álbum foi comprado por uma cota entre família. Em 14/08/79".


Qualquer um que na infância pôde contar com irmãos e primos sabe que muitas das disputas terminam na ameça aos brinquedos preferidos ou objetos de estimação. Pelo cuidado e atenção que eu dispensava a ela, minha coleção de selos rapidamente foi para o topo da lista. Não deu outra: foi enterrada por minha irmã como último recurso de vingança pelos meus desmandos de irmão mais velho. Fui gravemente ferido: ela acertou na mosca. Há pouco tempo, em uma rodada de reminiscências, rimos muito sobre o evento.

Um tio que viajou para a Guatemala também me trouxe selos de lembrança. É bem mais fácil e prático presentear colecionadores. Não precisa ficar correndo atrás de algo diferente. Os selos eram bonitos e muitos deles passaram a fazer parte das coleções temáticas que eu estava inciando, ainda sem saber que era assim que elas se chamavam.

Na adolescência, eles foram esquecidos. Havia muita coisa mais estimulante do que eles. Já eram dois ou três classificadores e muitos selos em uma caixa de sapatos. Mudaram-se de casa pelo menos uma meia dúzia de vezes e finalmente descançaram na parte de cima do guarda-roupa na casa de meus pais. De vez em quando me lembrava deles e voltava a folhear as páginas repletas de selos, mas não passava disso.

Muitos anos depois, casado e com filhos, minha mãe perguntou-me se eu ainda tinha interesse nos selos que estavam em cima do guarda-roupas. Claro que sim! Recebi a coleção de volta. Os classificadores estavam um pouco envelhecidos e pude ver minha evolução como filatelista: selos colados em cadernos, selos em caixa de sapato, selos em álbum de fotografia com páginas adesivas e finalmente selos em classificadores. Foi até onde cheguei. Retomei a coleção.

Os selos nunca foram um negócio pra mim, ainda que comprei, vendi e troquei muitos deles. O que havia era a diversão de colecionar, o prazer de organizar, descobrir fatos e personagens históricos e a satisfação de completar as séries.

Tanto isso é verdade que no recomeço da coleção percebi que muitos do meus selos não posssuiam valor comercial. Grande parte da minha coleção era de selos usados e alguns estavam marcados com dobras, com picotes amassados e haviam sido tirados sem a necessária técnica dos envelopes, portanto não valiam muito. Realmente poderiam não ser importantes para o mercado, mas eram importantes para mim: eu os havia escolhido para fazer parte da minha coleção.

Acho que Deus também também é filatelista. Sua coleção é sem repetidos e tem selos de todos tamanhos, cores e lugares; os formatos também são diversos, alguns são quadrados, outros circulares. Ele não se importar de adicionar selos usados em sua coleção. Pelo contrário, alegra-se em acolhê-los mesmo amassados, dobrados e amarelados. Depois de recebê-los em sua coleção, Ele tem prazer em restaurá-los. Ainda que estejam rasgados... aos pedaços, ele tem o desejo e a habilidade para consertá-los.

Relacionamentos quebrados, vidas sem objetivo, emoções confusas, egoísmo, tristeza profunda, medo, culpa, avareza, desamor, violência, angústia, não importa o problema. Ele conserta! E não tem pressa! Ele toma cada um em suas mãos e restaura com cuidado sua própria imagem impressa neles, muitas vezes difícil de ser reconhecida.

Algumas vezes gostaria de poder restaurar os selos da minha coleção, mas me alegro em saber que aquilo que eu não posso fazer com eles, o Senhor faz comigo.


Em tempos de Declaração de IR...

16 abril 2006

A Páscoa para os Cristãos




A PÁSCOA PARA OS CRISTÃOS

Introdução

Qual a primeira palavra que vem a sua mente quando você escuta “Páscoa”?

A festa que hoje conhecemos como páscoa é uma colcha com retalhos de diversas culturas e épocas diferentes. Essa colcha de retalhos foi costurada durante séculos e hoje vamos conhecer mais sobre seus pedaços.

Se eu fosse perguntar para cada pessoa quais dúvidas tem respeito da páscoa, talvez precisássemos ficar até mais tarde para responder todas.

Por isso, vamos nos deter em apenas algumas perguntas. Mas, penso que ao respondê-las, vamos tocar em grande parte de todas as dúvidas.

• Qual a origem dos símbolos e tradições da época da páscoa?
• Existe relação entre esses símbolos e a Bíblia?
• De onde realmente surgiu a páscoa e qual o seu significado?
• O cristianismo bíblico recomenda a celebração da páscoa?
• Existe alguma celebração cristã que guarda paralelo com a páscoa dos judeus?

Os Símbolos

Para entender alguns símbolos da festa que hoje é chamada de páscoa, precisamos retornar à Idade Média. Na primavera, os antigos povos pagãos da Europa homenageavam à deusa Ostera ou Ostara.

Ostera ou Ostara é a Deusa da Primavera. Essa divindade é representada segurando um ovo na mão e olha um coelho, símbolo da fertilidade, a pular com alegria ao redor dos pés descalços. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres.

Esses antigos povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos. Segundo suas crenças, essa festa havia sido nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha o festival de Ostara sob a forma de um coelho.

A Páscoa do coelho e dos ovos foi adaptada e renomeada do feriado pagão Festival de Ostara. A festa foi cristianizada e os símbolos pagãos transformados. O ovo passou a representar a ressurreição; o coelho, a fertilidade do evangelho.

Essa cristianização ocorreu durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo "o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.

Não houve consenso entre as igrejas em relação à data. As igrejas romanas (calendário lunar) e ortodoxas (calendário solar) ainda hoje festejam em datas diferentes.

A simbologia do ovo

Os celtas, gregos, egípcios, fenícios, chineses e muitas outras civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este "ovo cósmico" aparece depois de um período de caos.

Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa (um espírito considerado o "Sopro divino"), chocou o ovo cósmico na superfície de águas primordiais e, daí, dividido em duas partes, o ovo deu origem ao céu e a terra. Simbolicamente é possível ver o céu como a parte leve do ovo, a clara, e a terra como outra mais densa, a gema.

O mito do ovo cósmico aparece também nas tradições chinesas. Antes do surgimento do mundo, quando tudo ainda era caos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus elementos pesados, surgiu a terra (Yin) e, de sua parte leve e pura, nasceu o céu (Yan).

Para os celtas, o ovo cósmico é assimilado a um ovo de serpente. Para eles, o ovo contém a representação do universo: a gema representa o globo terrestre, a clara o firmamento e a atmosfera, a casca equivale à esfera celeste e aos astros.

O moderno ovo de páscoa apareceu por volta de 1828, quando a indústria de chocolate começou a desenvolver-se. Ovos gigantescos, super decorados, era a moda das décadas de 1920 e 1930.

Coelhos, ovos e chocolate fazem parte de uma mistura de símbolos pagãos que não tem qualquer relação com a páscoa descrita na bíblia. Essas tradições foram importadas das festas em homenagem à deusa da fertilidade, Ostera, e incorporados ao cristianismo na idade média.

Hoje o coelhinho da páscoa e o ovo de chocolate deixaram de ter conexões espirituais e se tornaram em uma grande jogada de marketing para as indústrias envolvidas e o comércio. (A barra de chocolate e o ovo de chocolate).

Origem e verdadeiro significado da páscoa

Vamos começas pela própria palavra. Páscoa, em hebraico, pessah, vem de um verbo que significa “passar por cima” no sentido de “poupar”.

A páscoa tem sua origem na história do povo de Israel. Cativos no Egito por 400 anos, aquele povo, descendentes de Abraão, Isac e Jacó, estava sendo liderado por Moisés para sair do Egito.

Depois de nove intervenções sobrenaturais de Deus (as chamadas pragas do Egito), todas elas desprezadas pelo Faro, Moisés é informado de eu todos os primogênitos do Egito seriam mortos. Mas Deus iria poupar, passar por cima, dos primogênitos do povo de Israel, dos hebreus.

E foi assim que aconteceu a Páscoa do Senhor. Na noite prevista, um anjo enviado por Deus tirou a vida de todos os primogênitos do Egito, mas poupou, passou por cima, dos primogênitos hebreus.

Aquele momento histórico foi marcado por uma cerimônia, instituída por Deus para servir de lembrança do marco final na libertação do Egito. O nome dessa cerimônia é páscoa.

Assim, a páscoa é, ao mesmo tempo, um fato histórico e uma celebração que lembra esse fato. Vejamos como a bíblia descreve esse evento em Ex. 12:1-13.

Páscoa – Festa dos Judeus

Orientados por Deus, eles sacrificaram um cordeirinho, prepararam uma refeição com pães sem fermento e ervas amargas, e molharam o forramento das portas com o sangue do cordeiro. As portas, pintadas com o sangue do cordeiro, eram a senha para que o primogênito de cada casa fosse poupado. O cordeiro já havia morrido no lugar dele!

Ainda hoje, mais de três mil anos depois, os judeus comemoram a Páscoa do Senhor. Eles festejam a misericórdia de Deus, que poupou seus filhos da morte.

A páscoa é uma festa registrada na bíblia, mas é uma festa dos judeus. Não é uma festa cristã. A Bíblia nos ensina a amar a nação de Israel, assim como todas as demais nações, a orar pela paz em Jerusalém e a apresentar-lhes Jesus, o messias prometido por Deus, mas não a festejar suas festas.

Ignorância

Muitos cristãos, por ignorância, comemoram essa festa misturada de ovos, coelhos, cordeiros, chocolates, ervas amargas, pão de coco e bacalhau.

Além de estranha à bíblia, essa páscoa dos comerciantes não tem significado espiritual. Não passa de mais uma oportunidade para fazer negócios.

Não há recomendação bíblica para que não judeus, como nós, celebremos a páscoa dos judeus, em que os primogênitos foram poupados; e muito menos a páscoa pagã dos coelhos e ovos de chocolate.

Um paralelo

Mas, a páscoa dos judeus guarda um paralelo com o evento mais importante do cristianismo: a morte e ressurreição de Cristo.

A Páscoa é um memorial dos judeus para que não esqueçam a misericórdia e a graça de Deus para com eles no Egito. Ao mesmo tempo, a páscoa dos judeus era um anúncio profético de que de esse amor de Deus alcançaria o resto do mundo através de Jesus.

Leitura: I Coríntios 5: 7b,8 – Cristo, o nosso cordeiro pascal

O apóstolo Paulo, que conhecia profundamente a cultura e as tradições judaicas, chama Cristo de “cordeiro pascal”. Ao fazer isso ele tenta explicar que assim como, no Egito, o sacrifício de um cordeiro era a senha para que os primogênitos fossem poupados, hoje a morte de Jesus é a senha para sejam poupados da justa punição por nossos pecados.

O cordeiro não podia ter defeitos (Ex. 12:5)
Jesus viveu uma vida sem pecados (I Pe. 1:19)

Nenhum osso do cordeiro deveria ser quebrado (Ex. 12:4)
Nenhum osso de Jesus foi quebrado (João 19:36)

O cordeiro deveria ser sacrificado (Ex. 12:6)
Jesus foi sacrificado (João 12:24-27)

O sangue do cordeiro deveria ser aplicado à porta (Ex. 12:7)
A morte de Jesus precisa ser aplicada a sua vida (João 3:16)

João Batista, quando viu Jesus se aproximando, disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”

Se vamos fazer referência à páscoa dos Judeus, precisamos dizer como Paulo que Cristo é a nossa páscoa. A morte do cordeiro de Deus é a garantia de que Ele vai me poupar.

A morte de Jesus aplicada a minha vida?

Acontece uma transação espiritual quando você confia em Jesus como seu Senhor e Salvador.

No Egito, para que seus primogênitos fossem poupados, deveriam pintar a porta da casa com o sangue do cordeiro; Hoje, para que você seja poupado da justa ira de Deus, você precisa declarar sua confiança no Filho de Deus.

Por isso eu gostaria de lhe dar a oportunidade de declarar publicamente sua fé em Jesus. Se você tem nos seu coração a decisão de submeter-se a Jesus como seu Senhor e Salvador, faça isso agora levantando uma de suas mãos. Assim a morte de Cristo será aplicada a sua vida.

Um novo memorial

Cristãos não comemoram a páscoa! Os servos de Jesus não receberam dele essa orientação. Mas, Jesus nos deixou outro memorial: A Ceia do Senhor.

A Páscoa era celebrada para lembrar como Deus havia poupado os primogênitos no Egito; a Ceia, para lembrar a morte e ressurreição de Cristo, a razão de havermos sido poupados.

Os elementos

Na Ceia do Senhor, os elementos são o pão e o vinho, lembranças do corpo e do sangue de Jesus. Ao comermos e bebermos, anunciamos a morte do Senhor, o nosso cordeiro pascal, até que ele venha.

Quem pode participar

A Ceia do Senhor é motivo de festa, é celebração da unidade do Corpo de Cristo, a Igreja, resgatada pelo sacrifício do Cordeiro de Deus. Portanto, todos que já aceitaram a Jesus como seu salvador e estão em comunhão em sua comunidade local podem participar.

Paulo, no entanto, faz um alerta aos irmãos de Corinto dizendo que eles deveriam ter discernimento sobre a importância dessa unidade do corpo de Cristo e não participar sem a presença do sentimento e da atitude de unidade.

Não faz sentido participar da Ceia do Senhor se o seu coração está tomado de ódio, inimizade, ressentimento ou rancor por causa de algum irmão em Cristo. Nesse exato momento ore ao Senhor pedindo perdão e depois procure a pessoa implicada.