05 abril 2006

Falsificações de si Mesmo


Por Aristarco Coelho

Ontem, uma fábrica de dinheiro falso foi fechada no Parque Araxá, em Fortaleza. O requinte da falsificação, que segundo a imprensa reproduziu com perfeição itens de segurança como a marca d’água e a assinatura do presidente da Casa da Moeda nas cédulas, impressionou as autoridades policiais.

Mas, falsificar não é um crime novo. Há muito que os contraventores enxergaram na atividade uma excelente margem de rentabilidade. A grande motivação dos falsários, então, é o lucro fácil, produzindo a custo baixo cópias de produtos com bom valor de mercado.

No entanto, por mais perfeita e bem acabada que uma falsificação seja, ela leva consigo o peso de tentar passar-se pelo que não é; de tentar beneficiar-se de uma posição de mercado que não lhe pertence, usufruindo os benefícios de investimentos que não fez.

Além de produtos, serviços e arte, a falsificação invadiu também os relacionamentos humanos. Apresentar uma imagem falsa sobre si mesmo é daquelas atitudes comuns, mas que causam grande prejuízo à sociedade.

Defendo a idéia de que a indignação pelo que é falso precisa começar em nossas próprias atitudes, em nossa maneira de viver. Não adianta muito se fazer grande estardalhaço com o dinheiro falsificado quando somos falsificadores de nós mesmos.

No ambiente do trabalho, algumas dessas atitudes danosas e comuns são: apresentar formação acadêmica falsa, assumir realizações de
outras pessoas, mentir e omitir sobre suas origens e história pessoal, apresentar informações inverídicas ou mal esclarecidas em relatórios, e encobrir falhas e limitações pessoais.

Nesse início de século XXI, a verdade tem sido abandonada como a melhor opção para a coletividade, por isso a mentira ocupa tanto espaço. Essa atitude parece estar apoiada no cultivo do egoísmo, que privilegia o prazer e a satisfação pessoal, ainda que resultem em prejuízo para outras pessoas.

Assim, colocar no currículo um curso que não se fez para melhorar as chances de ser contratado é considerado por muitos como uma atitude esperta. O desejo de se dar bem, na mais estrita obediência a “Lei do Gerson” (O importante é levar vantagem em tudo), não vê qualquer constrangimento se para isso é necessário fazer uma falsificação de si mesmo.

Uma variação bastante grave desse tipo de falsificação de si mesmo é a história dos médicos com diploma falso, que se têm tornado cada vez mais presente nos noticiários. Consultas, receitas e cirurgias feitas de maneira irresponsável põem em risco a vida de pessoas que são atraídas pelo valor mais em conta do procedimento.

Outra maneira de falsificar a si mesmo é assumir a autoria de realizações, trabalhos ou feitos nos quais não se participou. Pode ser que alguns compreendam como uma ingênua tentativa de ser reconhecido ou aceito por determinado grupo social, mas é falsificar-se, isto é, atribuir a si mesmo aptidões e qualidades que não são verdadeiras, além de ser crime.

A falsificação de si mesmo também passa pela negação das origens e da história pessoal. A partir de nossa origem, somos uma coleção de acontecimentos do nosso passado. Não há motivos para negarmos aquilo que nos fez ser quem somos; mas, inseguros, muitos falsificam sua trajetória pela vida. Uns a rejeitam por completo e criam uma nova história, outros selecionam os fatos ao
sabor da conveniência e revelam apenas o que lhe parece útil a cada apresentação. Seja um passado seletivo ou um alternativo, não passa de falsificação de si mesmo.

Relatórios são pontos de controle importantes em qualquer empresa. Eles são o retrato de determinada atividade ou departamento e por conseqüência dos seus gestores. Esse é outra circunstância em que muitos falsificam a si mesmos. Um três transforma-se em um oito e o gráfico passa a apontar um desempenho positivo. Uma redação cuidadosamente arranjada esconde os prováveis prejuízos de uma operação. Falsificações de si mesmo.

As entrevistas de emprego são portas abertas que chamam os entrevistados para o mundo das falsificações. Perguntas esperadas. Respostas combinadas.
- Qual o seu maior defeito?
- O meu maior defeito é trabalhar feito um louco e me dedicar de corpo e alma à empresa.

Mentir sobre as próprias falhas e limitações é falsificar a si mesmo. A prática mentirosa das entrevistas segue junto com o entrevistado até à diretoria, se ele chegar lá. O resultado é certo: um batalhão de falsificações sem qualquer possibilidade de aperfeiçoamento.

Grande incoerência: falsificar dinheiro é um crime execrado por toda sociedade; falsificar a si mesmo é atitude aceita com brandura e permissividade. Dois pesos e duas medidas.

Precisamos reconhecer que somos uma nação carente de integridade pessoal, o que torna frágil nosso discurso sobre ética e expõe ao descrédito muitas ações bem intencionadas. Falsificar dinheiro, ou a si mesmo, é dizer não à verdade e adotar como padrão de vida a antítese do conselho bíblico que afirma: tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

O desafio está lançado!

02 abril 2006

Relacionar-se com Deus 3/4

O Desgaste da Palavra Fé

Muitas pessoas tratam a fé com uma espécie de amuleto: todo mundo deve ter o seu. Não importa que tipo de fé seja, o importante é ter fé.

A fé das crendices

É o tipo de fé pra dá sorte. Compra um pé de coelho... Pendura uma fita no braço... Coloca pirâmide de acrílico (ou de vidro) na mesa... Deixa a bíblia aberta no salmo 91... Procura emprego sempre com a mesma camisa (aquela a mãe deu de presente)... Coloca adesivo de versículo da bíblia no carro pra vê se evita as batidas... Guarda uma moeda da sorte dentro da carteira... Pendura um dente de alho na cozinha pra espantar mal olhado e, por via das dúvidas, levanta sempre com o pé direito.

Por mais bem intencionada que seja, quem alimenta a fé dos amuletos e crendices está gastando suas energias e aplicando sua confiança em lendas tolas e infantis que os afastam de Deus.

Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para dar atenção às lendas. Mas você, seja moderado em todas as situações. Suporte o sofrimento, faça o trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu dever de servo de Deus. II Timóteo 4:3-5 (NTLH)

A fé em si mesmo

Essa é a fé do “eu posso”. Confia no esforço próprio... Aposta todas as fichas nas habilidades pessoais... Investe no auto desenvolvimento e compra livros de auto ajuda pra se tornar auto-suficiente... Acredita na força interior que todos têm (basta buscá-la dentro de você)... Confia na força do seu sacrifício pessoal e das penitências meritórias... Decide pensar boas coisas sobre si pra garantir que tudo vai dar certo... Acredita no ser humano como o centro da vida... Acha que suas correntes de oração e suas novenas têm poder próprio... Encoraja as pessoas a sentirem-se vitoriosas por si mesmas e confiarem em si mesmas como capazes de dar sentido á própria.

A fé do “eu posso” confia na auto-ajuda, mas esquece a ajuda do alto. A fé em si mesmo é um caminho largo para o orgulho e a presunção.

Depois ele contou esta história a alguns que se orgulhavam das suas boas qualidades e caçoavam de todos os demais: Dois homens foram ao templo orar. Um deles era um fariseu orgulhoso, e o outro um desonesto cobrador de impostos. O orgulho fariseu orava assim: “Eu lhe agradeço, ó Deus, porque não sou um pecador como todos os demais, especialmente como aquele cobrador de impostos ali! Porque eu nunca engano os outros, eu nunca cometo adultério, jejuo duas vezes por semana e dou a Deus um décimo do tudo quanto ganho. Mas o cobrador de impostos ficou em pé de longe e não tinha coragem nem para levantar os olhos ao céu quando orava, porém batia no peito com grande arrependimento, exclamando: “ Ó Deus, tenha misericórdia de mim, um pecador!” Eu lhes digo que este pecador, e não o fariseu, voltou para casa perdoado! Porque os orgulhosos serão humilhados, mas os humildes serão honrados.
Lucas 18:9-14 (Bíblia Viva)

A fé na fé

Essa é fé Esotérica. Não há em quem confiar, só existe a fé; uma energia positiva que emana da terra, do ar, do fogo, da natureza, dos cristais ou das cores. É a fé dos mantras e dos exercícios de respiração. É uma fé que não precisa ser em alguém... É confiar na força da confiança... Fé impessoal, ao gosto de cada um, em benefício de cada um.

A fé esotérica é um fim em si mesmo. Ela não aponta pra ninguém e não confia em ninguém. É a fé de quem já se decepcionou com tudo e com todos e não está mais disposto a confiar.

Hoje são os cristais, amanhã os chacras, depois a iridologia, em seguida qualquer coisa que dê resultado, não importa! O que importa é sentir-se bem. Um caldeirão de poderes e forças espirituais que são manipulados a despeito de Deus. Assim a fé esotérica é usada para evocar “poderes e potestades” em benefício próprio, abrindo um perigoso caminho.

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Colossenses 1:13-16 (ARA)

Diversos grupos religiosos, travestidos de cristãos, tem pregado um evangelho esotérico, que tenta separa o poder de Deus da pessoa de Deus. Não há como fazer essa separação! O deus da tradição judaico-cristã é pessoal e não oferece poderes mágicos a ninguém. Simão o mágico (Atos 8:9-22).

JESUS E A CONFIANÇA

É tanto o desgaste da palavra fé, e ela tem sido usada pra tantos fins escusos, que talvez devêssemos falar de confiança em vez de fé. Algo ainda não foi corrompido na palavra confiança: é que quando falamos em confiar a pergunta é: “em que?” ou “em quem?” Era assim a perspectiva de Jesus sobre a fé: confiança em alguém, isto é resultado de relacionamento.

Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao povo. Mateus 8:1-4


Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta. Mateus 8:5-6

Enquanto estas coisas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou e disse: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a mão sobre ela, e viverá. E Jesus, levantando-se, o seguia, e também os seus discípulos. E eis que uma mulher, que durante doze anos vinha padecendo de uma hemorragia, veio por trás dele e lhe tocou na orla da veste; porque dizia consigo mesma: Se eu apenas lhe tocar a veste, ficarei curada. E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E, desde aquele instante, a mulher ficou sã. Mateus 9:18-22

O que há de comum nessas histórias?

1. São história de pessoas. Para Jesus a fé é pessoal, tem a ver com relacionamentos. Não é uma fé de objetos, de crendices. Pessoas reais, vivendo situações reais e dramáticas: um homem que padecia de lepra, um militar cujo empregado havia falecido e uma mulher que sofria com uma hemorragia a doze anos.

A confiança nasce em meio às dificuldades reais da vida: um filho drogado, uma mãe doente, um irmão desempregado, um marido infiel, o salário apertado, uma chefe injusto, um empregado desonesto. Para aprender a confiar em Deus você vai ter que levar a sua fé para o dia-a-dia da sua vida e fazer como cobrador de impostos da história de Jesus: tem misericórdia de mim, pecador.

2. São histórias de pessoas com atitude. O homem que padecia com lepra, aproximou-se de Jesus; o militar apresentou-se e implorou por ajuda; a mulher enfrentou a multidão pra tocar nas vestes de Jesus.

Para confiar é preciso arriscar. É preciso aproximar-se. Se você estiver longe, se pelo medo da rejeição, da decepção, do comentário dos outros... Se pelo medo do fracasso, pela timidez ou qualquer outra coisa você ficar longe de Jesus, a fé vai ser sempre um plantinha fraca e folhas amarelas. O que você precisa arriscar para chegar perto de Jesus?

Mas se você não vê em si a coragem de arriscar tudo por Jesus, peça ao Pai. Bata no peito e peça humildemente: Senhor, dá-me dessa fé.

3. São histórias de pessoas de atitude que confiaram em Jesus. Tanto o homem que padecia com lepra, quanto o militar cujo empregado havia morrido e a mulher que sofria com uma hemorragia depositaram sua confiança em Jesus.

A fé dessas pessoas não era em crendices e amuletos. Elas também não confiavam em si mesmas para solucionar seus problemas. E tampouco estavam desejosas de manipular poderem mágicos. Todos eles decidiram confiar em Jesus. Um se aproximou de Jesus, o outro se apresentou a Ele e a mulher o alcançou em meio à multidão.

4. Qual é a história da sua fé?

Se a Bíblia fosse narrar a sua história, como seria? Como você tem enfrentado os problemas da sua vida? O que você faz quando as doenças, do corpo e da alma, lhe alcançam? A quem você recorre?

O que você faz quando os seus amados são atingidos pela maldade da vida? Você se maldiz, xinga o governo, amaldiçoa as autoridades e engole sua amargura? A quem você recorre? Em quem você confia? Como a bíblia contaria a sua história? Ou melhor, como você mesmo contaria sua história de confiança em Deus?

Você vai usar esse papel para registrar um resumo da sua história.

• A quem você tem recorrido a Deus em meio às dificuldades? Lembre-se de algumas e escreva;
• Você tem sido capaz de confiar na provisão de Deus para sua família?;
• Você conhece como os recursos da oração e da leitura da bíblia podem lhe ajudar no dia-a-dia?
• Como você tem reagido quando sua família ou seus amigos sofrem injustamente?
• Quais são situações em sua vida lhe mostram o amor de Deus por você?

CONCLUSÃO

Para onde iremos nós?

Certa vez, depois de um duro discurso, muitos dos discípulos de Jesus o abandonaram. Ele então se dirigiu aos doze e disse:

Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. João 6:67b-69

A maneira de viver que Jesus nos apresentou é a plena a revelação de quem Deus realmente é. O apóstolo Pedro entendeu bem, não há outro lugar onde se possa encontrar as palavras de vida eterna. Apenas em Jesus.

Por isso, conhecer a Jesus é conhecer a Deus; relacionar-se com Cristo é relacionar-se com Deus. Quando nos chegamos a Cristo e confiamos nele durante as lutas da vida, nossa fé em Deus é exercitada.

Uma oportunidade

Se você hoje decidiu em seu coração, confiar em Jesus como seu único e suficiente salvador, se daqui pra frente você quer viver um vida de submissão a Deus e arriscar tudo para se tornar amigo de Deus, confiado no sacrifício de Jesus, levante uma de suas mãos. Com isso você vai dizer a principados e potestades: Eu aceito a Jesus, o filho de Deus, como meu Senhor e Salvador.