08 fevereiro 2006

Fruto do Espírito - Paz

Aristarco Coelho
03 Novembro 2004 - Fortaleza, CE

Nas batalhas dentro em mim
E nas guerras que me cercam
O doce fruto da Tua paz,
Ensina-me a colher.

Em meio à vida agitada
Confuso em meu pensar
Quietude, em Tua paz,
Quero aprender encontrar.

Na escassez ao meu redor
Ou se me falta vinho e pão,
Se bem suprido de Tua paz,
Seguro estou em tuas mãos.

Não é paz como se pensa
Paz de ciência e abundância.
Mas sim descanso, quietude,
E suprimento no Senhor.

06 fevereiro 2006

Família - Parte 2

Principais Desafios Enfrentados pela Família
Aristarco Coelho

Como se vê são muitos os desafios enfrentados pela família nesse início de século. Para introduzir alguns deles, gostaria de apresentar um diagnóstico feito pelo sociólogo José Pastore da Universidade de São Paulo. Em um texto de sua autoria sobre a situação sócio-econômica da mulher, divulgado pelo Conselho Nacional de Direitos da Mulher, ele diz:

“Até o final dos anos 50, o relacionamento sexual se baseava no engajamento amoroso de longa duração. Para ter sexo era preciso casar. Na década de 60, o mundo assistiu a separação entre sexo e casamento. O sexo atrelou-se à sinceridade dos parceiros, e não necessariamente ao casamento. O sexo fora do casamento deixou de ser tratado como expressão do pecado, passando a ser considerado como uma saudável expressão de amor. Mas a família continuou essencial para criar a prole. Na década de 90, porém, o casamento começou a se descolar da família. Hoje, muitas crianças vêm sendo geradas e criadas por parceiros não casados, e que não pretendem se casar (...) Assim, num primeiro estágio, o sexo se separou do casamento. Agora o casamento ameaça se dissociar da família (...) Resta saber qual será o impacto dessa inovação sobre os produtos do relacionamento - os filhos. Só o futuro dirá. Afinal, as crianças nascem sem voz, voto ou veto.”
http://www.ibam.org.br/viomulher/inforel13.htm

Acredito que os principais problemas enfrentados pela família nos dias de hoje estão relacionados a essa implosão do tripé Sexo, Casamento e Família. Esses três elementos foram amalgamados pelo Senhor desde a criação do homem.

Em Gênesis 2:24, o Senhor deixou registrado em sua Palavra esse amálgama:

24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.

O rompimento com as estruturas familiares de origem precede a formação de um novo núcleo familiar, celebrado através de um sexo gerador de unidade para o casal.

A liga, formada por sexo, casamento e família, considerava lícitas apenas as relações sexuais que faziam parte do contexto do casamento. Por sua vez, o casamento se constituía no ponto de partida para a formação de uma família. Assim, era preciso casar para desfrutar de sexo lícito e também para ser reconhecido como família.

O Sexo desassocia-se do casamento

A partir da década de 60 do século 20, o sexo passou a ser considerado lícito também fora do casamento e, assim, deixou de ser necessário casar para desfrutá-lo. Com essa compreensão, bastava a sinceridade dos envolvidos para se praticar sexo.

Esse momento de ruptura é muito importante para a família. A questão principal não é que os anos 60 trouxeram o sexo fora do casamento, até porque isso não é verdade. A questão é que, a partir desse momento, a sociedade começou a considerá-lo como uma expressão de amor e sinceridade, não mais como pecado.

A noção de que há tempo e cenário apropriados para o sexo, e que esse cenário é formado por direitos e responsabilidades foi substituída por uma percepção hedonista dos relacionamentos, pela busca do prazer a qualquer custo.

Alguns subprodutos dessa ruptura resultaram em grandes desafios para a família: O Liberalismo Sexual, a Pornografia e o Avanço da Proposta Homossexual estão entre eles.

Liberalismo Sexual

Na busca pelo prazer a qualquer custo os jovens têm sido iniciados cada vez mais cedo na vida sexual. Na verdade, antes mesmo de manterem os primeiros contatos físicos no início da adolescência, garotos e garotas são expostos diariamente a uma cultura sensual e erótica.

Novelas, Filmes e Comerciais bombardeiam os olhos e a mente de nossos pequeninos com idéias e valores que lhes roubam a infância e aceleram o processo de amadurecimento. Nas meninas, a menarca chega mais cedo; nos meninos se desenvolve o interesse precoce pelos estímulos sexuais.

Quando chegam à adolescência, a pressão por sexo é tremenda e os referenciais culturais dizem: Faça! Por que esperar? Os resultados colhidos são a redução assustadora na média de idade da primeira relação sexual, o aumento do número de adolescentes grávidas e a virgindade
desconhecida como símbolo de domínio próprio, respeito e honra.

A promiscuidade decorrente do sexo com diversos parceiros, mesmo remediada com o uso de preservativos, é uma das principais formas de contaminação pelo vírus da AIDS. Solteiros promíscuos arriscam-se a si mesmos e aos seus parceiros; Casados promíscuos têm a agravante de colocar em risco o cônjuge fiel que se considera protegido pela pretensa integridade de seu relacionamento.

Irmãos pastores e líderes, a palavra de Deus é rasgadamente clara sobre esse assunto. Vejam o que dizem os textos:

Hebreus 13:4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Apocalipse 21:8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.

Apocalipse 22:15 Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira.


Nestes textos a palavra grega traduzida como impuro é por'-nos e trás o sentido de debochado, libertino ou fornicador. São palavras duras, irmãos, que nos desafiam a uma vida pessoal santa e ao exercício de uma liderança firme e amorosa de nossos rebanhos rumo à santidade.

E certo que devemos nos esforçar para sermos padrão em nosso proceder diante do rebanho de Deus. Também não podemos deixar de apontar a pessoa do Senhor Jesus Cristo como o alvo maior de santidade para nossos jovens. Santos como o Senhor é santo.

Pornografia

A desassociação entre o sexo e o casamento tornou-se um campo fértil para a proliferação da pornografia. Os meios de comunicação estão inundados de imagens pornográficas que reduzem o sexo a algo vulgar, mundano, subumano e pecaminoso.

A pornografia não atinge apenas crianças e adolescentes, ao apresentar para ele uma caricatura do sexo, ou mesmo os jovens, seduzindo-os ao prazer fácil e sem compromisso. Muitos casais cristãos estão presos ao uso de filmes e adereços pornográficos como uma espécie de elixir milagroso que se propõe a substituir o desenvolvimento de uma relação amorosa que investe no prazer saudável do outro.

Internet, TV por assinatura, vídeos, outdoors e revistas podem ser bem usados, quando são usados para a glória de Deus. Faça um pacto com Deus sobre onde seus olhos vão repousar e permanecer. Faça como fez Jó. Decida em seu coração não colocar diante de seus olhos nada que seja torpe aos olhos do Senhor.


Avanço da proposta homossexual

A primeira coisa que gostaria de afirmar sobre essa questão é que Deus ama profundamente o ser humano. Nossas decisões com relação a nossa expressão sexual não mudam absolutamente nada desse amor. O amor que Deus tem por sua criação é tão grande e tão incompreensível que Ele é capaz de nos amar intensamente mesmo quando nossa discordância com Ele se transforma em um afronta à sua vontade.

É assim que acontece com relação àqueles que optam por expressar sua sexualidade através de relacionamentos com pessoas do mesmo sexo. Por isso não cabe em nossos discursos nenhuma palavra ou atitude discriminatória.

No entanto, não podemos deixar de constatar que o avança da proposta homossexual está ligada diretamente a essa dissociação entre o sexo e casamento e à busca do prazer a qualquer custo. A proposta homossexual invade a sociedade e a igreja não apenas com uma forma de expressão de sexualidade, mas com um modelo de relacionamento familiar que não é compatível com os valores expressos pelo Senhor em sua Palavra.

Tenho a impressão, irmãos, que os movimentos de apoio ao homossexualismo têm a exata noção de como esses modelos são incompatíveis e por isso tem avançado com firmeza para ocupar espaços e vender suas propostas através do todos os meios de comunicação existente.

A igreja, nesta questão, parece acuada. Líderes, inseguros sobre como abordar a questão, emudecem sobre o assunto em seus púlpitos. Mais que isso, igrejas consagram pastores homossexuais, e autorizam esses líderes a celebrarem casamentos homossexuais.

Um grande desafio se coloca para a Igreja do Senhor Jesus Cristo: Oferecer um ambiente, uma comunidade, onde a correta e saudável expressão sexual exerça uma atração irresistível sobre aqueles que optaram pelo homossexualismo e os conduza ao amor indescritível que Deus tem por nós.

A família desassocia-se do casamento


A família assume formas alternativas, resultante das mudanças das relações familiares. Assim, não é mais preciso casar-se para ser considerado como família.

Essa desassociação entre família e casamento também apresenta subprodutos que são desafios para a família no século XXI. Novas formas de união têm substituído o casamento como indicativo da constituição de uma família.

Coabitação

Vou recorrer outra vez aos estudos do prof. José Pastore para tentar explicar quão prejudicial pode ser para a família a decisão de apenas morar juntos. Ele diz o seguinte:

“Nos Estados Unidos, entre 1980 e 1995, houve um aumento de 80% nesse tipo de união. Cerca de 50% dos casais jovens (menos de 40 anos) já estão nessa. "Viver junto" passou a ser uma forma cômoda de usar o mesmo teto, mantendo contas bancárias separadas (...) Ainda não se chegou a uma teoria consolidada sobre as vantagens de casar ou viver junto. Mas, as pesquisas mostram que as pessoas que vivem junto tendem a ser menos comprometidas do que as casadas. Cerca de 50% dos que vivem juntos se separam dentro de cinco anos - contra 30% dos casados (...) Apesar disso, viver junto ganha popularidade. Na Suécia, cerca de 50% das crianças são filhas de pais não-casados; na França, 35%; nos Estados Unidos, 30%. São números expressivos e que indicam uma alta probabilidade dessas crianças virem a ser criadas por apenas um dos parceiros, dada a grande incidência de separação entre os que vivem juntos (...) A sociedade parece não ter encontrado, até o momento, substitutos adequados para o matrimônio e para a família. Se o casamento dura pouco, viver junto dura menos ainda. E, nesse processo, as crianças e as mulheres são as grandes prejudicadas. As conseqüências da separação acabam se arrastando por várias gerações. As mulheres terminam carregando os fardos mais pesados na educação dos filhos, nos seus desvios de condutas e até mesmo no seu sustento econômico. Ou seja, a coabitação traz mais problemas...”
http://www.ibam.org.br/viomulher/inforel13.htm

É preciso estar atento ao que esse homem, que até onde sei não professa uma fé evangélica, está dizendo. Suas palavras revelam os desdobramentos familiares de quem opta por viver sem compromissos. Compromisso, irmãos, essa é uma palavra importante. A Bíblia tem outra palavra que expressa bem essa noção de compromisso. Aliança.

O projeto de Deus para a família é um relacionamento de aliança, que não abre mão diante das dificuldades e intempéries da vida. O Senhor é zeloso das alianças que ele mesmo firma e pede também nosso compromisso com as alianças firmadas no casamento. Vejam o que diz a palavra do Senhor em Malaquias 2:13,14:

13 Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. 14 E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.

Que tremendo desafio é para a Igreja do Senhor pregara a mensagem para uma sociedade que não valoriza os pactos. Quão duro é para o Senhor testemunhar homens e mulheres temerosos de investir suas vidas em uma aliança para toda a vida. Homens e mulheres que constroem relacionamentos frágeis e prontos a serem desfeitos ao primeiro sinal de dificuldade. Ah... Se não fora a misericórdia do nosso Deus...

Produção Independente

Com a desassociação entre família e casamento, os filhos não são mais gerados pelo amor de duas pessoas. Agora eles são produzidos de forma independente. A linguagem industrial torna difícil tratá-la como uma forma de união.

O pano de fundo das produções independentes é o egoísmo que busca a realização pessoal na geração de uma nova vida. A intenção não é gerar para proteger, educar, formar e amar; o objetivo é produzir para satisfazer-se, realizar-se, usufruir e ser amado.

Produção independente é o resultado de corações independentes e pretensamente auto-suficientes, que não querem correr o risco de amar. Amados irmãos e irmãs, somos desafiados por Deus a ministrar para essa geração. Quem levantará a bandeira do altruísmo, da vida ofertada em favor dos outros e não do próprio prazer?

Queridos, essa é a bandeira do nosso Senhor e Salvador. Vejam o que diz Sua Palavra:

Mateus 20:28 tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Marcos 10:45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

I Timóteo 2:5 -6 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.


São grandes desafios que precisam ser compreendidos e encarados por nossas próprias famílias e pela família ampliada que se chama igreja.


*Palestra proferida em evento promovido pela Convenção Batista Cearense e realizado no auditório do Colégio Batista Santos Dumont, contando com a participação dos pastores ligados àquela denominação e suas respectivas esposas

05 fevereiro 2006

Alegrando o Coração do Pai - Justiça

INTRODUÇÃO
Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? (Salmos 15:1 Revista e Atualizada)

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Senhor, quem pode achar refúgio na tua casa, e ficar contigo no teu santo monte? (Salmos 15:1 - IBS – Sociedade Bíblica Internacional)

Inspirado pelo Espírito de Deus, Davi relaciona as características daqueles que alegram o coração do Pai ao ponto de fazer Deus desejar sua companhia.

Você já se sentiu meio deslocado... Sem graça em algum lugar? Acho que todos já passamos por essa situação. Às vezes é simplesmente porque estamos em um lugar pela primeira vez, ou porque não conhecemos as pessoas em nossa volta; mas outras vezes é porque a gente não se sente à vontade com lugar. Não é a nossa cara, não tem o nosso jeito. Você pode até passar uma temporada em um lugar assim. Mas você jamais pensaria em morar lá. Alguns se sentem assim na casa da sogra. Graças a Deus não é o meu caso.

Por outro lado, muitas vezes você chega a um lugar e se sente bem. Parece que há uma sintonia com a ambiente. As coisas acontecem com naturalidade e você se sente tão parte daquele lugar que até moraria lá. Alguns se sentem assim na casa da sogra.

No Salmo 15, Davi reflete exatamente sobre isso. Não sobre a casa da sogra, mas sobre como é a vida daqueles que se sentem à vontade da casa do Pai. Qual é o jeito de viver que está tão afinado com o coração de Deus que nos faz desejar viver com Ele dia a dia e morar com Ele na eternidade. É difícil morar com alguém de quem não se é realmente íntimo... É difícil conviver se não houver uma sintonia de pensamento... Se é difícil viver assim apenas a vida ao lado de alguém, imagine a eternidade!

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Viver com integridade alegra o coração do Pai. Foi isso que vimos no domingo passado. Deus se alegra com a inteireza de propósito e ação. Ele fica feliz quando não escondemos o jogo, quando abandonamos as duas caras e não tentamos apresentar algo falso sobre nós mesmos. Deus se alegra quando dizemos a verdade sobre nós. Quando dizemos a verdade aos outros, a nós mesmos e a Ele. Ele se alegra não porque seja um Deus cruel que quer expor as feridas da nossa vida, pelo contrário, é porque ele tem a cura para essas feridas. Por isso fomos alertados sobre as esquinas da hipocrisia, do auto-engano e da apostasia. A cura começa pela confissão. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.

Abra sua Bíblia no salmo 15 e acompanhe a leitura.

Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; O que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; O que jura com dano próprio e não se retrata; O que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.

No verso 2 Davi fala das atitudes de quem alegra o coração do Pai. A segunda delas é praticar a justiça, ou no original hebraico, pa`al tsedeq

Quando ouvimos a palavra justiça, vêm a nossa mente imagens como defesa, acusação, tribunais, fóruns, juízes, desembargadores, advogados, causas cíveis, trabalhistas e criminais. Justiça, em nossos dias, normalmente se relaciona com aspectos legais da vida. A raiz da palavra Tsedeq, no entanto, está ligada a retidão, no sentido físico. Já a palavra pa ‘ al significa fazer algo sistematicamente ou realizar algo habitualmente. Praticar a justiça, então, ao pé da letra, seria algo como “viver reto”.

Uma das maneiras que temos para verificar a retidão de algum objeto é comparar aquilo que desejamos saber se está reto com algo que já sabemos ser reto. Assim, o pedreiro usa o prumo para ver se a parede que ele está levantando está reta. O fio de prumo é uma linha de nylon amarada em um das pontas numa base de madeira e na outra em um pedaço de chumbo. Segurando a base de madeira o fio se estica e fica reto pela força da gravidade. Aí é só encostar o prumo na parede e ver se a ela realmente está reta.

Mas é claro que Davi não está falando de paredes. Já no tempo dos patriarcas a palavra Tsedeq (ou justiça) tinha o sentido figurado de agir conforme um padrão. Praticar a justiça, então, é agir de acordo com um modelo... É moldar nosso caráter de maneira fiquemos cada dia mais parecidos com a perfeita retidão... Deus mesmo é o prumo ao qual devemos comparar nossas vidas. Para Davi, então, praticar a justiça é cultivar o hábito de agir de acordo com o agir de Deus. Não sou eu quem faz esse desafio, irmãos, é o próprio Senhor.

Levítico 11:45 Eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo.
Mateus 5:48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso pai celeste.

Estamos falando de atitudes que alegram o coração do Pai. Estamos falando sobre uma maneira de viver. Por isso eu gostaria de trazer à nossa memória algumas situações práticas que enfrentamos na vida e que exigem convicção e determinação para praticarmos justiça, isto é, para alinharmos nossas atitudes ao coração do Pai.

NOS NEGÓCIOS
Uma das áreas da vida sobre a qual a Bíblia apresenta muitas orientações para uma vida que alegra o coração de Deus é o mundo dos negócios. Não são orientações operacionais, mas são indispensáveis para que o servo de Deus mantenha intacta a sua fé.

(1) Algumas dessas orientações para alegrar o coração de Deus nos negócios dizem respeito à Honestidade. Há um símbolo da justiça que ainda hoje persiste: a balança. No Brasil, ela sempre fez parte das representações do judiciário. É uma balança de pratos, e não a balança digital do supermercado. Na balança de pratos, o comerciante tem pesos de diversos tamanhos. Ele coloca os pesos de um lado e os produtos do outro. No equilíbrio, temos a quantidade desejada do produto.

Pode parecer que Deus nada tenha a ver com balanças e pesos, há gente que pensa assim: eu não misturo as coisas: negócio é negócio, igreja eu vou no domingo. Mas é um engano. O Senhor deixou registrado o quanto ele se preocupa com a honestidade dos negócios.

Provérbios 11:1

balança enganosa é abominação para o SENHOR, mas o peso justo é o seu prazer.
Provérbios 16:11

Peso e balança justos pertencem ao SENHOR; obra sua são todos os pesos da bolsa.
Provérbios 20:23

Dois pesos são coisa abominável ao SENHOR, e balança enganosa não é boa.
Ezequiel 45:10

Tereis balanças justas, efa justo e bato justo.
Miquéias 6:11

Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?
Levítico 19:36

Balanças justas, pesos justos, efa justo e justo him tereis. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.

O Efa e o Bato eram medida padrão para líquidos, como se fosse o nosso litro. Os dois correspondiam a 36 litros; o Him também era uma medida para líquido que correspondia a 6 litros. Tanto essas medidas quanto os pesos eram instrumentos de trabalho para os comerciantes. Não há como entender diferente os texto que lemos. Deus se alegra com a honestidade nos negócios. O texto de Provérbios 11:1 diz que ele tem prazer no peso justo.

Todos fazemos negócios. Todos compramos e vendemos. Como andam os seus negócios? Você tem sido reto, justo, quando negocia? Ou usa dois pesos e duas medidas, uma para comprar e outra para vender. Na hora de comprar não vale nada, na hora de vender vale uma fortuna? Na hora de comprar só os defeitos, na hora de vender só as virtudes? Você é honesto com seus clientes ou segue as leis do mercado?

Parece que no comércio as coisas mudam de nome: CD pirata, que rouba os direitos autorais... é alternativo (para os crentes uma bênção); mentir para o cliente sobre quanto vai durar um produto... Vira otimismo; o metro de 98 cm... Uma estratégia de venda; a comida congelada cheia de gelo... é uma fatalidade; mentir nos ingredientes de um produto... é uma necessidade, vender produto vencido... é desovar estoque. Há um grande desafio, para todos nós: alegrar o coração de Deus em meio aos negócios.

“Não tenham em casa dois padrões para a mesma medida, um maior e outro menor. Tenham peso e medidas exatos e honestos, para que vocês vivam muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá. Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente.” (Deuteronômio 25:14-16)

As relações comerciais não são algo sem importância, e sabe por quê? Porque elas são amostras da presença (ou a ausência) de honestidade nos relacionamentos humanos. Há nas relações comerciais um acordo de confiança, uma espécie de pacto, e o nosso Deus honra seus pactos e espera que nós também façamos o mesmo. No texto do profeta Miquéias, o Senhor faz uma pergunta daquelas que não é preciso responder: Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?

(2) Outra orientação da Bíblia que está ligada aos negócios diz respeito à Opressão. O profeta Oséias denuncia o que parece ser uma ligação entre prosperidade, desonestidade e a opressão. O desejo de ser próspero e ganhar dinheiro com um empreendimento não é um mal em si mesmo. Em nenhum momento a Bíblia condena isso, mas ela não esconde a luta que é fazer isso em um mundo corrompido e ao mesmo tempo alegrar o coração do Pai.

O profeta Oséias, ao falar sobre Efraim, denuncia as atitudes daquela próspera tribo. Oséias 12:7 Efraim, mercador, tem nas mãos
balança enganosa e ama a opressão;

Primeiro, ao obedecer as leis de um mercado corrompido pelo pecado, Efraim fez uso de estratégias desonestas de redução de custo. É como se nos dias de hoje eles vendessem sacas de trigo tinha 60 quilos, com apenas 59,5 quilos, sendo meio quilo de palha. Segundo, sem querer perder esse nicho de mercado, isto é, para não perder essa “boquinha” e aumentar os lucros, eles pagavam um salário vergonhoso para os seus funcionários, mesmo numa época de grande prosperidade. Efraim era desonesto nos negócios, amava a opressão, mas vivia com se nada disse estivesse acontecendo. Em um mercado corrompido, o sucesso nos negócios tem uma ligação próxima com a opressão. É um desafio alegrar o coração do Pai nesse contexto.

Não é preciso ser um grande um grande comerciante para oprimir. Fazendo churrasquinho pra vender na esquina... Em seu pequeno escritório de contabilidade... Vendendo produtos de porta em porta... Ou em uma representação que funciona em casa, você pode oprimir.

Avalie como você tem lidado com aqueles que aparentemente parecem um empecilho para que seu sucesso seja ainda maior; veja o grau de importância que as pessoas têm diante da sua prosperidade.

A palavra de Deus, através do profeta Isaías, nos chama para tomarmos uma posição pessoal contra a opressão, a injustiça e a exploração. É mais que apenas deixar de oprimir! É mais do vir à igreja... É mais que cantar boa música... É mais que ser religioso... Diante de um povo religioso, que acreditava em Deus, mas que não praticava a justiça, o profeta Isaías (1:1-17) fala assim:

O SENHOR diz: "Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio o incenso que vocês queimam. Não suporto as Festas da Lua Nova, os sábados e as outras festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo isso. As Festas da Lua Nova e os outros dias santos me enchem de nojo; já estou cansado de suportá-los.

"Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês. Ainda que orem muito, eu não os ouvirei, pois os crimes mancharam as mãos de vocês. Lavem-se e purifiquem-se! Não quero mais ver as suas maldades! Parem de fazer o que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas."

AO SER INVESTIDO DE AUTORIDADE PARA JULGAR
(3) Mas não é só nos negócios que somos desafiados a praticar justiça. A Bíblia nos desafia a alegrarmos o coração do Pai sempre que formos investidos de autoridade para julgar alguma causa. Desde a mãe que é chamada pelos filhos para decidir quem tem razão em uma disputa, até os juízes do Supremo Tribunal Federal em Brasília, todos julgamos. Ninguém escapa das situações de ser chamado a fazer juízo sobre alguma situação. Veja o que a Bíblia nos diz sobre isso:

Levítico 19:15 Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo.
Deuteronômio 16:19-20 Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos. A justiça seguirás, somente a justiça, para que vivas e possuas em herança a terra que te dá o SENHOR, teu Deus.

Eu poderia aplicar esse texto falando sobre a Justiça corrompido do nosso país, sobre os juízes que vendem suas decisões nos tribunais, poderia falar sobre os advogados que fazem defesas espúrias por dinheiro. Mas meu entendimento é de que a mudança disso tudo começa em minha atitude, na sua atitude. Veja como são simples as orientações:

Ao ser investido de autoridade para julgar, não se esqueça:

· Não favoreça o pobre, porque ele é pobre;
· Não faça o rico feliz, porque ele é rico;
· Não torça a justiça, interpretando a situação em favor de quem você se agrada;
· Não aceite favores para beneficiar um dos lados.


A mudança de que o nosso país precisa passa pela sua decisão pessoal em alegrar o coração do Pai e praticar justiça em cada oportunidade.

NA FORMAÇÃO DE SEU PATRIMÔNIO
(4) Durante os últimos meses eu tenho procurado aprender mais sobre como administrar melhor meu orçamento. É algo que todos nós devemos fazer. Administrar bem os recursos que Deus também é uma maneira de alegrar o coração do Pai.

Procurando alguns livros que falam sobre esse assunto, vi muitos títulos que pretendem ensinar como alguém poder ficar rico e acumular muitos bens. A bíblia não tem nada contra alguém que deseja adquirir bens e constituir seu patrimônio. Inúmeros personagens bíblicos do antigo e do novo testamento, homens e mulheres de Deus, são descritos como pessoas com grandes patrimônios pessoais.

No entanto o Profeta Jeremias deixou um alerta para aqueles que sonham em formar um bom patrimônio pessoal e também querem em alegrar o coração do Pai.

Jeremias 22:13 Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário;

Não há mérito diante de Deus para quem constrói seu patrimônio com injustiça! Não há satisfação em Deus quando um bem é acrescentado ao patrimônio como resultado da exploração dos outros. Deus se entristece com a exploração de quem trabalha para você.

É muito fácil a gente escorregar nisso, gente. É a secretária que trabalha de sábado a domingo na sua casa, sem carteira assinada e recebendo menos que um salário mínimo... é o prestador de serviço contratado por um trocado para fazer um serviço que você não faria por cinco vezes mais... É o FGTS retido do empregado, mas não repassado aos cofres públicos... Jeremias lamentou por quem constrói seu patrimônio com injustiça. Talvez nós também devamos nos lamentar!

NOS RELACIONAMENTO INTERPESSOAIS
Levítico 19:11,12 Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR.

NO TRATO COM OS PEQUENOS SERVIÇOS
Levítico 19:13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.

O TRATO COM OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
Levítico 19:14 Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.

Não estamos abandonados nessa questão de viver de uma jeito que alegra o coração de Deus. Há um jeito de viver que faz o Senhor abrir um largo sorriso de satisfação. Viver com integridade e praticar a justiça fazem parte das atitudes de quem vai sentir à vontade na casa do Pai.

Não estamos falando de salvação, porque eu e você não podemos fazer nada que nos dê um bilhete de entrada no céu. Esse bilhete não se compra... Recebe-se de presente! Você não merece esse presente... Deus lhe dá mediante sua confissão de Jesus como o Senhor e Salvador da sua vida.

Muitas pessoas acham que a ordem é assim: você se esforça bastante... faz as coisas certas... prova que é um cara legal... faz por merecer... até receber como prêmio um bilhete direto pro céu. Mas não é nada disso!

Em Deuteronômio 9:4-6 Moisés faz um alerta ao povo que iria conquistar a terra prometida:

Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, os tiver lançado de diante de ti, não digas no teu coração: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque, pela maldade destas gerações, é que o SENHOR as lança de diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela maldade destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR, teu Deus, te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo de dura cerviz.

Você não tem como produzir esse jeito de viver que alegra o coração do Pai por suas próprias forças. Não dá pra se esforçar bastante até conseguir! Não dá pra tentar ser um cara legal, uma boa pessoa pra ser aceito por Deus.

Viver essa vida que alegra o coração do Pai começa no reconhecimento da sua desesperada necessidade de salvação. A ajuda de Deus para vivermos vidas retas, é a presença do seu Santo Espírito conosco e isso só acontece quando você decide entregar o controle da sua vida a Jesus e aceitá-lo como seu Senhor e Salvador pessoal. Não há mistério nisso, mas é preciso que você abra a porta do seu coração e permita que o Senhor seja seu conselheiro e salvador. Levante uma das mãos dizendo: sim! Eu aceito a Jesus como meu salvador e senhor. Sim! Eu quero viver um vida que alegra o coração de Deus... eu gostaria de orar por você.

Você que já entregou sua vida a Ele, mas hoje reconhece que tem sido negligente em relação à prática da justiça, gostaria de orar por você. Levante uma das mãos, sentado onde você está... vamos orar também por você.