05 fevereiro 2006

Alegrando o Coração do Pai - Justiça

INTRODUÇÃO
Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? (Salmos 15:1 Revista e Atualizada)

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Senhor, quem pode achar refúgio na tua casa, e ficar contigo no teu santo monte? (Salmos 15:1 - IBS – Sociedade Bíblica Internacional)

Inspirado pelo Espírito de Deus, Davi relaciona as características daqueles que alegram o coração do Pai ao ponto de fazer Deus desejar sua companhia.

Você já se sentiu meio deslocado... Sem graça em algum lugar? Acho que todos já passamos por essa situação. Às vezes é simplesmente porque estamos em um lugar pela primeira vez, ou porque não conhecemos as pessoas em nossa volta; mas outras vezes é porque a gente não se sente à vontade com lugar. Não é a nossa cara, não tem o nosso jeito. Você pode até passar uma temporada em um lugar assim. Mas você jamais pensaria em morar lá. Alguns se sentem assim na casa da sogra. Graças a Deus não é o meu caso.

Por outro lado, muitas vezes você chega a um lugar e se sente bem. Parece que há uma sintonia com a ambiente. As coisas acontecem com naturalidade e você se sente tão parte daquele lugar que até moraria lá. Alguns se sentem assim na casa da sogra.

No Salmo 15, Davi reflete exatamente sobre isso. Não sobre a casa da sogra, mas sobre como é a vida daqueles que se sentem à vontade da casa do Pai. Qual é o jeito de viver que está tão afinado com o coração de Deus que nos faz desejar viver com Ele dia a dia e morar com Ele na eternidade. É difícil morar com alguém de quem não se é realmente íntimo... É difícil conviver se não houver uma sintonia de pensamento... Se é difícil viver assim apenas a vida ao lado de alguém, imagine a eternidade!

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Viver com integridade alegra o coração do Pai. Foi isso que vimos no domingo passado. Deus se alegra com a inteireza de propósito e ação. Ele fica feliz quando não escondemos o jogo, quando abandonamos as duas caras e não tentamos apresentar algo falso sobre nós mesmos. Deus se alegra quando dizemos a verdade sobre nós. Quando dizemos a verdade aos outros, a nós mesmos e a Ele. Ele se alegra não porque seja um Deus cruel que quer expor as feridas da nossa vida, pelo contrário, é porque ele tem a cura para essas feridas. Por isso fomos alertados sobre as esquinas da hipocrisia, do auto-engano e da apostasia. A cura começa pela confissão. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.

Abra sua Bíblia no salmo 15 e acompanhe a leitura.

Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; O que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; O que jura com dano próprio e não se retrata; O que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.

No verso 2 Davi fala das atitudes de quem alegra o coração do Pai. A segunda delas é praticar a justiça, ou no original hebraico, pa`al tsedeq

Quando ouvimos a palavra justiça, vêm a nossa mente imagens como defesa, acusação, tribunais, fóruns, juízes, desembargadores, advogados, causas cíveis, trabalhistas e criminais. Justiça, em nossos dias, normalmente se relaciona com aspectos legais da vida. A raiz da palavra Tsedeq, no entanto, está ligada a retidão, no sentido físico. Já a palavra pa ‘ al significa fazer algo sistematicamente ou realizar algo habitualmente. Praticar a justiça, então, ao pé da letra, seria algo como “viver reto”.

Uma das maneiras que temos para verificar a retidão de algum objeto é comparar aquilo que desejamos saber se está reto com algo que já sabemos ser reto. Assim, o pedreiro usa o prumo para ver se a parede que ele está levantando está reta. O fio de prumo é uma linha de nylon amarada em um das pontas numa base de madeira e na outra em um pedaço de chumbo. Segurando a base de madeira o fio se estica e fica reto pela força da gravidade. Aí é só encostar o prumo na parede e ver se a ela realmente está reta.

Mas é claro que Davi não está falando de paredes. Já no tempo dos patriarcas a palavra Tsedeq (ou justiça) tinha o sentido figurado de agir conforme um padrão. Praticar a justiça, então, é agir de acordo com um modelo... É moldar nosso caráter de maneira fiquemos cada dia mais parecidos com a perfeita retidão... Deus mesmo é o prumo ao qual devemos comparar nossas vidas. Para Davi, então, praticar a justiça é cultivar o hábito de agir de acordo com o agir de Deus. Não sou eu quem faz esse desafio, irmãos, é o próprio Senhor.

Levítico 11:45 Eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo.
Mateus 5:48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso pai celeste.

Estamos falando de atitudes que alegram o coração do Pai. Estamos falando sobre uma maneira de viver. Por isso eu gostaria de trazer à nossa memória algumas situações práticas que enfrentamos na vida e que exigem convicção e determinação para praticarmos justiça, isto é, para alinharmos nossas atitudes ao coração do Pai.

NOS NEGÓCIOS
Uma das áreas da vida sobre a qual a Bíblia apresenta muitas orientações para uma vida que alegra o coração de Deus é o mundo dos negócios. Não são orientações operacionais, mas são indispensáveis para que o servo de Deus mantenha intacta a sua fé.

(1) Algumas dessas orientações para alegrar o coração de Deus nos negócios dizem respeito à Honestidade. Há um símbolo da justiça que ainda hoje persiste: a balança. No Brasil, ela sempre fez parte das representações do judiciário. É uma balança de pratos, e não a balança digital do supermercado. Na balança de pratos, o comerciante tem pesos de diversos tamanhos. Ele coloca os pesos de um lado e os produtos do outro. No equilíbrio, temos a quantidade desejada do produto.

Pode parecer que Deus nada tenha a ver com balanças e pesos, há gente que pensa assim: eu não misturo as coisas: negócio é negócio, igreja eu vou no domingo. Mas é um engano. O Senhor deixou registrado o quanto ele se preocupa com a honestidade dos negócios.

Provérbios 11:1

balança enganosa é abominação para o SENHOR, mas o peso justo é o seu prazer.
Provérbios 16:11

Peso e balança justos pertencem ao SENHOR; obra sua são todos os pesos da bolsa.
Provérbios 20:23

Dois pesos são coisa abominável ao SENHOR, e balança enganosa não é boa.
Ezequiel 45:10

Tereis balanças justas, efa justo e bato justo.
Miquéias 6:11

Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?
Levítico 19:36

Balanças justas, pesos justos, efa justo e justo him tereis. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.

O Efa e o Bato eram medida padrão para líquidos, como se fosse o nosso litro. Os dois correspondiam a 36 litros; o Him também era uma medida para líquido que correspondia a 6 litros. Tanto essas medidas quanto os pesos eram instrumentos de trabalho para os comerciantes. Não há como entender diferente os texto que lemos. Deus se alegra com a honestidade nos negócios. O texto de Provérbios 11:1 diz que ele tem prazer no peso justo.

Todos fazemos negócios. Todos compramos e vendemos. Como andam os seus negócios? Você tem sido reto, justo, quando negocia? Ou usa dois pesos e duas medidas, uma para comprar e outra para vender. Na hora de comprar não vale nada, na hora de vender vale uma fortuna? Na hora de comprar só os defeitos, na hora de vender só as virtudes? Você é honesto com seus clientes ou segue as leis do mercado?

Parece que no comércio as coisas mudam de nome: CD pirata, que rouba os direitos autorais... é alternativo (para os crentes uma bênção); mentir para o cliente sobre quanto vai durar um produto... Vira otimismo; o metro de 98 cm... Uma estratégia de venda; a comida congelada cheia de gelo... é uma fatalidade; mentir nos ingredientes de um produto... é uma necessidade, vender produto vencido... é desovar estoque. Há um grande desafio, para todos nós: alegrar o coração de Deus em meio aos negócios.

“Não tenham em casa dois padrões para a mesma medida, um maior e outro menor. Tenham peso e medidas exatos e honestos, para que vocês vivam muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá. Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente.” (Deuteronômio 25:14-16)

As relações comerciais não são algo sem importância, e sabe por quê? Porque elas são amostras da presença (ou a ausência) de honestidade nos relacionamentos humanos. Há nas relações comerciais um acordo de confiança, uma espécie de pacto, e o nosso Deus honra seus pactos e espera que nós também façamos o mesmo. No texto do profeta Miquéias, o Senhor faz uma pergunta daquelas que não é preciso responder: Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?

(2) Outra orientação da Bíblia que está ligada aos negócios diz respeito à Opressão. O profeta Oséias denuncia o que parece ser uma ligação entre prosperidade, desonestidade e a opressão. O desejo de ser próspero e ganhar dinheiro com um empreendimento não é um mal em si mesmo. Em nenhum momento a Bíblia condena isso, mas ela não esconde a luta que é fazer isso em um mundo corrompido e ao mesmo tempo alegrar o coração do Pai.

O profeta Oséias, ao falar sobre Efraim, denuncia as atitudes daquela próspera tribo. Oséias 12:7 Efraim, mercador, tem nas mãos
balança enganosa e ama a opressão;

Primeiro, ao obedecer as leis de um mercado corrompido pelo pecado, Efraim fez uso de estratégias desonestas de redução de custo. É como se nos dias de hoje eles vendessem sacas de trigo tinha 60 quilos, com apenas 59,5 quilos, sendo meio quilo de palha. Segundo, sem querer perder esse nicho de mercado, isto é, para não perder essa “boquinha” e aumentar os lucros, eles pagavam um salário vergonhoso para os seus funcionários, mesmo numa época de grande prosperidade. Efraim era desonesto nos negócios, amava a opressão, mas vivia com se nada disse estivesse acontecendo. Em um mercado corrompido, o sucesso nos negócios tem uma ligação próxima com a opressão. É um desafio alegrar o coração do Pai nesse contexto.

Não é preciso ser um grande um grande comerciante para oprimir. Fazendo churrasquinho pra vender na esquina... Em seu pequeno escritório de contabilidade... Vendendo produtos de porta em porta... Ou em uma representação que funciona em casa, você pode oprimir.

Avalie como você tem lidado com aqueles que aparentemente parecem um empecilho para que seu sucesso seja ainda maior; veja o grau de importância que as pessoas têm diante da sua prosperidade.

A palavra de Deus, através do profeta Isaías, nos chama para tomarmos uma posição pessoal contra a opressão, a injustiça e a exploração. É mais que apenas deixar de oprimir! É mais do vir à igreja... É mais que cantar boa música... É mais que ser religioso... Diante de um povo religioso, que acreditava em Deus, mas que não praticava a justiça, o profeta Isaías (1:1-17) fala assim:

O SENHOR diz: "Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio o incenso que vocês queimam. Não suporto as Festas da Lua Nova, os sábados e as outras festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo isso. As Festas da Lua Nova e os outros dias santos me enchem de nojo; já estou cansado de suportá-los.

"Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês. Ainda que orem muito, eu não os ouvirei, pois os crimes mancharam as mãos de vocês. Lavem-se e purifiquem-se! Não quero mais ver as suas maldades! Parem de fazer o que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas."

AO SER INVESTIDO DE AUTORIDADE PARA JULGAR
(3) Mas não é só nos negócios que somos desafiados a praticar justiça. A Bíblia nos desafia a alegrarmos o coração do Pai sempre que formos investidos de autoridade para julgar alguma causa. Desde a mãe que é chamada pelos filhos para decidir quem tem razão em uma disputa, até os juízes do Supremo Tribunal Federal em Brasília, todos julgamos. Ninguém escapa das situações de ser chamado a fazer juízo sobre alguma situação. Veja o que a Bíblia nos diz sobre isso:

Levítico 19:15 Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo.
Deuteronômio 16:19-20 Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos. A justiça seguirás, somente a justiça, para que vivas e possuas em herança a terra que te dá o SENHOR, teu Deus.

Eu poderia aplicar esse texto falando sobre a Justiça corrompido do nosso país, sobre os juízes que vendem suas decisões nos tribunais, poderia falar sobre os advogados que fazem defesas espúrias por dinheiro. Mas meu entendimento é de que a mudança disso tudo começa em minha atitude, na sua atitude. Veja como são simples as orientações:

Ao ser investido de autoridade para julgar, não se esqueça:

· Não favoreça o pobre, porque ele é pobre;
· Não faça o rico feliz, porque ele é rico;
· Não torça a justiça, interpretando a situação em favor de quem você se agrada;
· Não aceite favores para beneficiar um dos lados.


A mudança de que o nosso país precisa passa pela sua decisão pessoal em alegrar o coração do Pai e praticar justiça em cada oportunidade.

NA FORMAÇÃO DE SEU PATRIMÔNIO
(4) Durante os últimos meses eu tenho procurado aprender mais sobre como administrar melhor meu orçamento. É algo que todos nós devemos fazer. Administrar bem os recursos que Deus também é uma maneira de alegrar o coração do Pai.

Procurando alguns livros que falam sobre esse assunto, vi muitos títulos que pretendem ensinar como alguém poder ficar rico e acumular muitos bens. A bíblia não tem nada contra alguém que deseja adquirir bens e constituir seu patrimônio. Inúmeros personagens bíblicos do antigo e do novo testamento, homens e mulheres de Deus, são descritos como pessoas com grandes patrimônios pessoais.

No entanto o Profeta Jeremias deixou um alerta para aqueles que sonham em formar um bom patrimônio pessoal e também querem em alegrar o coração do Pai.

Jeremias 22:13 Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário;

Não há mérito diante de Deus para quem constrói seu patrimônio com injustiça! Não há satisfação em Deus quando um bem é acrescentado ao patrimônio como resultado da exploração dos outros. Deus se entristece com a exploração de quem trabalha para você.

É muito fácil a gente escorregar nisso, gente. É a secretária que trabalha de sábado a domingo na sua casa, sem carteira assinada e recebendo menos que um salário mínimo... é o prestador de serviço contratado por um trocado para fazer um serviço que você não faria por cinco vezes mais... É o FGTS retido do empregado, mas não repassado aos cofres públicos... Jeremias lamentou por quem constrói seu patrimônio com injustiça. Talvez nós também devamos nos lamentar!

NOS RELACIONAMENTO INTERPESSOAIS
Levítico 19:11,12 Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR.

NO TRATO COM OS PEQUENOS SERVIÇOS
Levítico 19:13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.

O TRATO COM OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
Levítico 19:14 Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.

Não estamos abandonados nessa questão de viver de uma jeito que alegra o coração de Deus. Há um jeito de viver que faz o Senhor abrir um largo sorriso de satisfação. Viver com integridade e praticar a justiça fazem parte das atitudes de quem vai sentir à vontade na casa do Pai.

Não estamos falando de salvação, porque eu e você não podemos fazer nada que nos dê um bilhete de entrada no céu. Esse bilhete não se compra... Recebe-se de presente! Você não merece esse presente... Deus lhe dá mediante sua confissão de Jesus como o Senhor e Salvador da sua vida.

Muitas pessoas acham que a ordem é assim: você se esforça bastante... faz as coisas certas... prova que é um cara legal... faz por merecer... até receber como prêmio um bilhete direto pro céu. Mas não é nada disso!

Em Deuteronômio 9:4-6 Moisés faz um alerta ao povo que iria conquistar a terra prometida:

Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, os tiver lançado de diante de ti, não digas no teu coração: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque, pela maldade destas gerações, é que o SENHOR as lança de diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela maldade destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR, teu Deus, te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo de dura cerviz.

Você não tem como produzir esse jeito de viver que alegra o coração do Pai por suas próprias forças. Não dá pra se esforçar bastante até conseguir! Não dá pra tentar ser um cara legal, uma boa pessoa pra ser aceito por Deus.

Viver essa vida que alegra o coração do Pai começa no reconhecimento da sua desesperada necessidade de salvação. A ajuda de Deus para vivermos vidas retas, é a presença do seu Santo Espírito conosco e isso só acontece quando você decide entregar o controle da sua vida a Jesus e aceitá-lo como seu Senhor e Salvador pessoal. Não há mistério nisso, mas é preciso que você abra a porta do seu coração e permita que o Senhor seja seu conselheiro e salvador. Levante uma das mãos dizendo: sim! Eu aceito a Jesus como meu salvador e senhor. Sim! Eu quero viver um vida que alegra o coração de Deus... eu gostaria de orar por você.

Você que já entregou sua vida a Ele, mas hoje reconhece que tem sido negligente em relação à prática da justiça, gostaria de orar por você. Levante uma das mãos, sentado onde você está... vamos orar também por você.

02 fevereiro 2006

João Alexandre - Família

As letras e as músicas de João Alexandre têm marcado profundamente a minha vida. Recentemente ele lançou um CD, gravado em família (ele, Tirza e Felipe), celebrando a alegria de viver família de maneira bonita, que alegra o coração de Deus. Entre um texto e outro que falam sobre as lutas que esse projeto de Deus enfrenta, recomendo ouvir a bela poesia, embalada por excelente música, tudo reconhecendo a soberania e misericórdia Daquele que nos ama.

01 fevereiro 2006

Família - Parte 1

A Família do Século XXI e como Chegamos até Aqui

Aristarco Coelho

As Mutações Históricas da Família

A noção que hoje temos sobre família não foi sempre preponderante no decorrer da história. O que hoje compreendemos como família (pai, mãe e filhos) era, no passado, uma pequena unidade de uma estrutura maior que poderia ser caracterizada como tribo ou família tribal.

Ela era formada por grupos de pessoas que viviam em um mesmo lugar ou sob um mesmo teto, por grupos genealógicos, como relações de parentesco ou de associação, ou ainda por grupos de pessoas com os mesmos interesses e obrigações. É claro que os núcleos familiares estavam presentes na Antigüidade, mas não eram o foco principal da estrutura familiar.

É fácil ver isso na Bíblia. No Antigo testamento não existe palavra que corresponda precisamente ao moderno termo família, composta de pai, mãe e filhos. A melhor aproximação é o vocábulo Bayith (casa), traduzido como família em I Cr 13:14, II Cr 35:5, 12 e Sl 68:6.

O relato sobre a descoberta do pecado de Acã, em Js 7:16 a 18 pode nos dá uma boa perspectiva sobre as estruturas familiares existentes na época do antigo testamento.

16 - Então, Josué se levantou de madrugada e fez chegar a Israel, segundo as suas tribos; e caiu a sorte sobre a tribo de Judá. 17 - Fazendo chegar a tribo (shêbheth) de Judá, caiu sobre a família (mishpachath) dos zeraítas; fazendo chegar a família dos zeraítas, homem por homem, caiu sobre Zabdi; 18 - e, fazendo chegar a sua casa (bayith), homem por homem, caiu sobre Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá.

O fato de Acã ser casado e pai de filhos e ainda ser considerado como da casa de seu avô, ajuda-nos a compreender melhor o conceito de Família Tribal.

Pode-se conceber os membros de uma família tribal como se formassem um cone, tendo o ancestral fundador no cume, enquanto que a geração viva seria a base.

A família tribal tinha pelo menos cinco funções básicas: reprodução, por meio da qual a tribo se perpetuava; educação, que possibilitava conservar e transmitir crenças e valores, além das aptidões necessárias à sobrevivência; segurança, que propiciava os meio de proteção de seus membros; cooperação, que promovia os meios de produção básicos e uma divisão do trabalho e apoio, que permitia atender às diversas necessidades psicossociais do ser humano.

Na verdade as funções básicas da família tribal não surgiram do nada. O próprio Senhor instituiu a família como resposta às necessidade humanas.

Em Gênesis 1:27, 28 podemos ver a orientação do Senhor para que a humanidade se perpetuasse e enchesse a Terra, cumprindo assim a função reprodutiva da família.

27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.

Em Deuteronômio 6:6-7, o Senhor orienta seu povo, naquele momento uma grande família tribal, a ensinarem os preceitos do Senhor a seus filhos, assumindo assim sua função educativa.

6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Em Gênesis 3:21, Deus revela seu cuidado com relação à segurança do casal Adão e Eva e providencia para eles vestimentas de pele para protegê-los do frio e do calor e com isso ensina-lhes sobre proteção como uma das funções da família.

21 Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.

Em Gênesis 2:15, Deus orienta a Adão para que cultive e guarde o jardim, oferecendo à primeira família o caminho para a obtenção de seu sustento e ensinando-lhe sobre sua função cooperativa.

15 Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.

Em Gênesis 2:20-24, vemos o cuidado de Deus com a necessidade humana de intimidade e identificação. Vemos também como de uma forma especial Ele constitui o estabeleceu o relacionamento homem – mulher como resposta a essas necessidades, revelando assim a função de apoio a ser exercida pela família.

20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.

Com a maior complexidade da vida humana, a família tribal teve que se dividir passando a funcionar como uma família extensa, composta de três ou quatro gerações. Nessa passagem, aqueles que ficaram de fora no novo modelo ficaram sob responsabilidade de instituições sociais secundárias, um prenúncio do Estado.

Mais recentemente, com a chegada da economia industrial e de uma sociedade urbana, surgiu a família nuclear, ainda menor que a família extensa. Isso porque diante das novas demandas produtivas havia a necessidade de que a família pudesse dispor de grande mobilidade.

Com a redução das famílias, as funções básicas exercidas anteriormente tanto pela família extensa quanto pela família tribal, foram gradualmente sendo incorporadas por instituições políticas, sociais e econômicas.

Assim a educação dos filhos está cada dia mais sob a responsabilidade de creches, escolas e meios de comunicação; da segurança, estão encarregados corpo de bombeiros, polícias, hospitais, companhias de seguro e centros para idosos; O comércio e a indústria assumiram as funções de cooperação; O apoio, cada dia mais tem sido oferecido por clubes, associações, terapeutas profissionais e conselheiros.

De uma forma lamentável a família tem sido saqueada de suas principais funções e por isso é vista por um número cada vez maior de pessoas como desnecessária ao avanço da sociedade. O lugar que a família ocupa na sociedade, sua imagem e as expectativas que suscita têm mudado radicalmente ao longo da história e principalmente nas últimas décadas. Temos presenciado uma profunda transformação na vida familiar
.

Diferentes Faces da Família

A família do século XXI, que sofre com perda de suas funções apresenta muitas faces. Entre essas faces, gostaria de destacar as famílias ampliadas, as famílias nucleares, famílias com um só cônjuge, famílias sem filhos e as propostas homossexuais de relacionamentos estáveis sem filhos e também com filhos.

Famílias ampliadas

As famílias ampliadas se caracterizam por agregar ao núcleo familiar principal as gerações anteriores e posteriores. Algumas vezes, a geração anterior ao núcleo familiar se agrega quando seu envelhecimento não foi planejado resultando em uma relação de dependência econômico-financeira. Outro motivo que leva a essa ampliação da família com as gerações anteriores é que,
com o envelhecimento, pais e avós se tornam mais frágeis física e emocionalmente, carecendo de amparo e cuidado.

Um indício de que a família vem perdendo alguma de suas funções, como o apoio, é a tendência atual de se entregarem os velhos para serem cuidados por instituições sociais secundárias como abrigos e asilos em vez de lhes oferecer uma ambiente familiar mais apropriado e saudável para seu envelhecimento.

A ampliação da família para as gerações seguintes é comum como resposta à paternidade ou maternidade irresponsáveis, sobre as quais vamos falar ainda hoje. Pais e mães adolescentes, imaturos emocionalmente, são agregados ao núcleo familiar principal em uma tentativa de reparar os erros cometidos em relacionamento sexual precoce.

Vale ressaltar que embora não seja comum em nossos dias, é possível a constituição intencional de uma família ampliada com vistas ao bem estar de todos. Famílias ampliadas podem ser ambientes saudáveis para o desenvolvimento de um sentido de corpo e de pertencimento.


Famílias nucleares

Embora em decréscimo vertiginoso, as famílias nucleares ainda se constituem maioria no cenário familiar brasileiro. Pai, mãe e filhos. Onde o pai é o principal mantenedor da casa, a mãe a principal responsável pelo equilíbrio doméstico e os filhos são prole exclusiva do casal.

Em virtude da elevação do número de divórcios e novos casamentos é comum que algumas dessas famílias abriguem filhos do casal juntamente com outros filhos de apenas dos cônjuges.

Famílias com um só cônjuge

Essa é uma configuração cada dia mais comum em nossa sociedade. Além da perda do cônjuge por morte, as famílias com um só cônjuge têm-se formado a partir de algumas configurações sociais como a paternidade e maternidade irresponsáveis, divórcio e separação sem novo casamento e mesmo a decisão pela produção independente.

Famílias sem filhos

A busca pela realização pessoal ligada ao sucesso profissional e ao aperfeiçoamento acadêmico tem adiado, senão eliminado, a idéia de filhos em muitos casais jovens. Para muitos desses casais, a idéia de gerar filhos, e as responsabilidades que isso implicariam, não os convence a abrir mão de suas conquistas de bem-estar e prazer. Forma-se assim um contingente de famílias sem filhos. Jovens adultos que não passaram pela experiência de se doar por outra pessoa à custa de algo que lhe fosse precioso.

Propostas Homossexuais

Nas últimas décadas tem-se tornado muito presente nos meios de comunicação a idéia de que parceiros homossexuais também têm direito a constituir família através da legalização de uniões estáveis e também com a possibilidade de adotarem crianças para educá-las. A questão é controversa. No entanto a cada dia mais vozes se levantam em defesa desse pretenso direito.

*Palestra proferida em evento promovido pela Convenção Batista Cearense e realizado no auditório do Colégio Batista Santos Dumont, contando com a participação dos pastores ligados àquela denominação e suas respectivas esposas