31 dezembro 2006

Janelas de Mudança

Janelas

Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que fizera na arca (Gênesis 8:6)

Um tema que me chamou atenção essa semana diz respeito às janelas. Elas aparecem por toda a Bíblia. Foi por uma janela que Noé viu os primeiros raios de sol após um dilúvio de 40 dias

Ela (Raabe), então, os fez descer por uma corda pela janela, porque a casa em que residia estava sobre o muro da cidade. (Josué 2:15)

se, vindo nós à terra, não atares este cordão de fio de escarlata à janela por onde nos fizeste descer; e se não recolheres em casa contigo teu pai, e tua mãe, e teus irmãos, e a toda a família de teu pai. (Josué 2:18)

Em uma janela os homens que estavam espionando a cidade de Jericó foram descidos por uma corda por Raabe. Nessa mesma janela Raabe prendeu um pano vermelho para que ela e sua família fossem poupados quando Josué chegasse

A mãe de Sísera olhava pela janela e exclamava pela grade: Por que tarda em vir o seu carro? Por que se demoram os passos dos seus cavalos? (Juízes 5:28)

Foi também por uma janela que a mãe de Sísera lamentou a demora do seu filho; sem saber que ele havia sido morto.

Então, Mical desceu Davi por uma janela; e ele se foi, fugiu e escapou. (I Samuel 19:12)

Ao entrar a arca do SENHOR na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do SENHOR, o desprezou no seu coração. (II Samuel 6:16)

Perseguido por Saul, Davi fugiu por uma janela, ajudado por Mical sua esposa. Nessa mesma janela, Mical viu Davi saltando e dançando diante da arca do Senhor e fez pouco caso dele.

Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer. (Daniel 6:10)

Foi através de uma janela que os inimigos de Daniel o viram orando ao Senhor três vezes ao dia o denunciaram ao rei.

mas, num grande cesto, me (Paulo) desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei das suas mãos.(II Coríntios 11:33)

O apóstolo Paulo conta que Damasco livrou-se de ser preso através de uma janela, por onde ele foi descido por um corda.

Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormecendo profundamente durante o prolongado discurso de Paulo, vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo e foi levantado morto. (Atos 20:9)

E por último, o inusitado caso de Êutico, um jovem que ouvia a pregação do apóstolo Paulo de uma janela no terceiro andar e lá por volta da meia noite dormiu, caiu da janela e morreu.

As janelas parecem não significar nada, mas fizeram parte das grandes narrativas da Bíblia, testemunha de muitos acontecimentos que marcaram o povo de Deus.

As janelas são curiosas, porque nos permitem olhar para além dos limites em que estamos, a enxergar tanto o mundo lá fora, quanto o interior de onde estamos e também de quem somos.

Outro tema que tem chamado a minha atenção é a Criação do universo. Porque Deus não criou o universo de uma vez só? Ele poderia, num estalar de dedos, fazer surgir tudo o que estava em sua mente. Sem “perda de tempo”, sem tem que esperar nada, bem ao gosto da nossa cultura fast food.

Ao invés disso, Ele que não está sujeito ao tempo, criou o mundo em etapas, em partes. Penso que há sabedoria nisso.

Ao criar o mundo em etapas, Deus que não teve começo nem fim e que encerrou sua criação sob o tempo nos deixou como legado começos, fins e recomeços. É mais ou menos assim: começa o primeiro dia... Termina o primeiro dia, começa o segundo dia... Termina o segundo dia e assim por diante. Todos eles com manhãs e tardes, que também começam e terminam. É assim no Gênesis, o livro dos começos.

Hoje mais um ano termina, mais um ano vai começar! E quando isso acontece, abre-se uma janela. Uma janela de mudança. Uma janela da qual todos precisamos desesperadamente e sem a qual a transformação que Deus deseja fazer em nós jamais acontecerá. Na verdade é graças aos fins e aos recomeços que podemos mudar a direção da vida.

Final de ano é sempre assim, cheio de promessas de coisas novas, e o desejo de recomeçar. Vou para de beber, vou parar de fumar, vou fazer exercício, vou estudar mais, vou quebrar o cartão de crédito, vou fazer as pazes com aquele parente chato, vou sair mais com os meus filhos, vou tentar mais uma vez salvar meu casamento, vou ler mais (um livro por mês), vou dizer um basta para os abusos do chefe, vou ter coragem para demitir o funcionário relapso... Enfim, esse ano vai ser diferente!

O início de 2007 abre à sua frente uma janela de mudança. O que você deseja mudar? O que você realmente gostaria que fosse diferente?

Hoje à noite, véspera de um novo ano, eu gostaria de lhe desafiar a mudar três coisas em sua vida. Não que o desejo de mudança que está agora em sua mente não seja legítimo e necessário. Mas eu quero lhe desafiar a aproveitar a janela de mudança que Deus tem colocado à sua frente nesse final e início de ano para mudar coisas essenciais:

(1) A maneira como você vê Deus;
(2) A imagem que você tem de si mesmo;
(3) A forma do seu relacionamento com Ele.

O ponto de partida é como você enxerga Deus. Como você o descreveria? A quem você o compararia?

Há pessoas que vêem Deus como um carrasco, pronto a desferir um castigo sobre suas vidas. Pra essas pessoas, Deus tem numa das mãos um caderneta onde Ele anota todos os nossos erros e na outra um chicote pronto a açoitar os pecadores.


Quem enxerga Deus dessa maneira, vê a si mesmo com um sofredor nas mãos de um Deus exigente, alguém que precisar se esforçar para pagar sua dívida com Deus afim de não ser castigado.

E quando essas são as imagens que temos de Deus e de nós mesmos, nosso relacionamento com Ele acontece na base do medo.

Há outras pessoas que vêem Deus como um Rei velhinho senil, de bengala na mão, esquecendo as coisas e sem capacidade para entender os problemas do (nosso) mundo. Para essas pessoas, Deus precisa ser ajudado, E precisa de conselho porque já não está assim com essa bola toda.


Quem olha para Deus e enxerga o Rei velhinho, (com poder, mas senil), olha pra si mesmo e vê um super-homem, uma super-mulher, capaz de solucionar os problemas do resto do mundo.

E aí é inevitável. Quando Deus é um rei senil e nós somos super-seres-humanos, nosso relacionamento com Ele é na base da manipulação.

Há pessoas que guardam em suas mentes a idéia de Deus como um criador relapso, que depois de criar abandonou sua criação à própria sorte. Um Deus displicente que não se importa com o sofrimento humano. Para essas pessoas, Deus não merece crédito.


Por isso, elas vêem a si mesmas como auto-suficientes e como perda de tempo voltar qualquer parte de suas vidas em direção a Deus.

São pessoas que se tornaram indiferentes em seu relacionamento com Deus: Ele não me incomoda e eu não o incomodo.

Como você vê Deus?
Como você vê a si mesmo?
Como você se relaciona com Deus?

Hoje, último dia do ano, abre-se uma janela de mudança pra você!

Para aproveitar essa janela de final de ano e mudar sua imagem a respeito de Deus, nada melhor que conhecer o que a Bíblia fala sobre Ele. A Bíblia está repleta de descrições a respeito de Deus e do seu caráter.

Ele é o Criador e também o noivo que ama sua noiva (a igreja); ele é um general na guerra e um Rei sobre o seu povo; Ele é juiz que julga com retidão e o pastor que cuida das ovelhas; Ele é protege como um escudo e sacia a sede como uma fonte de água. Ele é o agricultor que cuida da sua plantação

Jesus, no entanto, nos ensina que Deus é como um pai. Foi assim que ele nos ensinou a orar: Pai nosso que estás nos céus... Entre pais e filhos há um relacionamento indissolúvel. Um relacionamento de proximidade que nunca deixará de existir, aconteça o que acontecer.

Nossos pais talvez não foram exemplo em tudo, tiveram suas falhas; nós também não somos tão bons pais como gostaríamos. Por isso precisamos saber que tipo de pai é Deus.

Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso pai celeste sabe que necessitais de todas elas (Mateus 6:32)

Deus é um pai que conhece nossas necessidades. Ele não é um pai desligado, que precisa ser avisado todos os dias do que precisamos. Ele também sabe fazer a diferença entre o que precisamos e o que desejamos e não se deixa manipular.

Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso pai. (Lucas 6:36)

Deus não retribui na medida no nosso merecimento. Ele é misericordioso. Muita gente acha que tem recebido de Deus muito menos do que merece. A Bíblia diz que temos recebido muito mais, porque o justo pagamento pelo nosso pecado seria a separação eterna de Deus. Em vez disso ele nos oferece vida

Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. (João 4:23)

Deus se agrada com adoração de verdade. Não é apenas cantar, tocar um instrumento ou levantar as mãos (isso também!), mas, sobretudo viver vida digna, honesta e condizente com o caráter de Cristo.

Porque assim como o pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. (João 5:26)

Deus não depende da sua criação. Ele é a fonte da vida. Deus existe independente da nossa existência. Porque Ele é Deus de todo o universo, não apenas da raça humana. Toda a existência, toda a vida emana dele. Isso quer dizer que fora dele só há morte. Mais perto de Deus, mais vida; longe de Deus, morte.

De fato, a vontade de meu pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:40)

Deus não tem prazer em ficar longe da sua criação. A vontade dele é que todos vivam ao seu lado e sejam salvos da morte. O caminho para isso é a fé no Filho de Deus.

Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. (João 14:2)

Deus é um pai provedor. Ele tem casa preparada para todos. Não é conto de fada, não é mitologia, nem conversa pra boi dormir. Não depende de mim, nem de você acreditar. Mas a verdade é que Deus tem lugar preparado para todos os que o amam e o buscam.

(6) porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. (7) É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hebreus 12:6 – 7)

Deus não deixa seus filhos sem correção. Deus nunca se deixou levar pela psicologia que afirmava não haver necessidade de disciplinar os filhos. Ele sempre fez e ainda faz isso. Sua disciplina nasce do seu amor por nós. Ainda que cause dor e tristeza por um momento, Ele nos corrige para que o caráter de Cristo seja formado em nós.

Bendito seja o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! (II Coríntios 1:3)

Ele é o Deus que consola. Carrascos não consolam, reis senis não consolam, criadores relapsos não consolam. Mas o Pai Amoroso consola. Seu Espírito é chamado de Consolador, porque ele tem prazer em vir ao encontro dos nossos medos e inquietações.

Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso pai celeste. (Mateus 5:48)

Ele não é como os nossos pais foram, nem tampouco como nós somos. Ele é perfeito. Por isso podemos confiar!

Com quem é a sua comunhão? É com o Deus da Bíblia? Hoje muitas pessoas têm inventado seu próprio Deus. Digo inventado porque falam de um Deus diferente do Deus da Bíblia.

O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o pai e com seu Filho, Jesus Cristo. (I João 1:3)

Para ver a Deus como esse pai amoroso, é preciso chegar-se a Ele através de Jesus Cristo, por isso muitos não conhecem o Deus da Bíblia como Pai: porque não têm comunhão com o Filho.

Quando Deus é carrasco, nós somos vítimas; quando Deus é um rei senil, nós é que somos os conselheiros dele; quando Deus é um criador relapso, nós criatura abandonadas; mas quando Deus é pai amoroso, nós somos filhos amados. É isso que a Bíblia diz sobre Deus e sobre todos os que um dia compreenderam a terrível situação do ser humano sem Deus e correram para os braços de Cristo.

Quando Deus é pai amoroso e nós filhos amados, nosso relacionamento com Ele passa a ser de confiança. Sabemos que ele nunca nos abandonará e que deseja nos dar vida abundante, agora e por toda eternidade.

Hoje é dia de aproveitar a janela de mudança. É dia de mudar seus conceitos sobre Deus, sobre você mesmo, e sobre seu relacionamento com Ele. Em 2007, aceite o desafio de aprender na prática, no seu viver diário, sobre o caráter do Deus da Bíblia. Reconheça o grande amor dele revelado em Jesus Cristo e confie. Como uma criança que pula sem medo para os braços do pai, entregue cada dia desse novo ano aos cuidados do Pai. Ele não vai decepcioná-lo.

29 dezembro 2006

Janelas de Mudança


Porque Deus não criou o universo de uma vez só? Ele poderia, num estalar de dedos, fazer surgir tudo o que estava em sua mente. Sem “perda de tempo”, sem tem que esperar nada, bem ao gosto da nossa cultura fast food. Ao invés disso, Ele, que não está sujeito ao tempo, criou o mundo em etapas, em partes. Penso que há sabedoria nisso.

Ao criar o mundo em etapas, o Deus que não teve começo nem fim e que encerrou sua criação sob o tempo nos deixou como legado começos, fins e recomeços. Começa o primeiro dia... Termina o primeiro dia, começa o segundo dia... Termina o segundo dia e assim por diante. Todos eles com manhãs e tardes. É assim no Gênesis, o livro dos começos.

Mais um ano termina, mais um ano vai começar! E quando isso acontece, abre-se a janela da mudança. Uma janela de que precisamos desesperadamente e sem a qual a transformação que Deus deseja fazer em nós jamais acontecerá. Os fins e recomeços nos permitem mudar a direção da vida. Não só decidir mudar, mas parar de caminhar na direção em que se vai, virar-se e caminhar em outra direção.

Em 2007 desejamos que as janelas de mudança se abram em sua vida e sejam aproveitadas.

Desejamos que as novas direções sejam tomadas pelo conselho da Palavra de Deus e que a força para manter-se nos novos caminhos venha da presença do Seu Espírito em você. Que você encontre sabedoria para as decisões que irá tomar; sabedoria do alto, não aquela produzida no coração humano. Que o tempo (essa dimensão em que Deus nos encerrou), seus começos, fins e recomeços permitam-lhe ver o amor do Criador revelado em Jesus Cristo e assim render-se a Ele confiadamente.

Boas Festas e Feliz 2007!

Aristarco
Marina
Lídia
Levi

Janelas de Mudança


Porque Deus não criou o universo de uma vez só? Ele poderia, num estalar de dedos, fazer surgir tudo o que estava em sua mente. Sem “perda de tempo”, sem tem que esperar nada, bem ao gosto da nossa cultura fast food. Ao invés disso, Ele, que não está sujeito ao tempo, criou o mundo em etapas, em partes. Penso que há sabedoria nisso.

Ao criar o mundo em etapas, o Deus que não teve começo nem fim e que encerrou sua criação sob o tempo nos deixou como legado começos, fins e recomeços. Começa o primeiro dia... Termina o primeiro dia, começa o segundo dia... Termina o segundo dia e assim por diante. Todos eles com manhãs e tardes. É assim no Gênesis, o livro dos começos.

Mais um ano termina, mais um ano vai começar! E quando isso acontece, abre-se a janela da mudança. Uma janela de que precisamos desesperadamente e sem a qual a transformação que Deus deseja fazer em nós jamais acontecerá. Os fins e recomeços nos permitem mudar a direção da vida. Não só decidir mudar, mas parar de caminhar na direção em que se vai, virar-se e caminhar em outra direção.

Em 2007 desejamos que as janelas de mudança se abram em sua vida e sejam aproveitadas.

Desejamos que as novas direções sejam tomadas pelo conselho da Palavra de Deus e que a força para manter-se nos novos caminhos venha da presença do Seu Espírito em você. Que você encontre sabedoria para as decisões que irá tomar; sabedoria do alto, não aquela produzida no coração humano. Que o tempo (essa dimensão em que Deus nos encerrou), seus começos, fins e recomeços permitam-lhe ver o amor do Criador revelado em Jesus Cristo e assim render-se a Ele confiadamente.

Boas Festas e Feliz 2007!

Aristarco
Marina
Lídia
Levi

24 dezembro 2006

Sete Pecados Capitais - Preguiça

Nossa reflexão hoje será sobre a preguiça, o quarto dos sete pecados capitais. A preguiça é um pecado de omissão. Quando o assunto é preguiça não há uma atitude negativa, mas sim a ausência de atitudes positivas.

Os pecados sobre os quais estamos refletindo são chamados capitais porque abrem portais para que a alma humana demonstre seu afastamento de Deus. Pecados que, por assim dizer, chamam outros pecados e lhe dão vez e voz. Para esses pecados capitais temos encontrado nas Escrituras, tanto nas bem-aventuranças quanto na oração modelo de Jesus, os recursos que nos auxiliam a permanecer longe deles e próximos da graça de Deus.

Sob esse aspecto, a preguiça como a conhecemos não parece ser tão capital assim. Hoje em dia, na verdade, ela se tornou até simpática, desejada por quase todo mundo e alvo de inúmeras campanhas publicitárias. Preguiça, espreguiçar, espreguiçadeira, chinelo de dedo, férias, sono, descanso, o que há de mal nisso? Será que a preguiça é algo tão sério assim, que mereça ser considerada um pecado capital?

O que a preguiça não é

A preguiça listada como um dos sete pecados capitais precisa ser melhor definida para que compreendamos sua seriedade. Ela é muito mais que falta do que fazer, indolência ou letargia, embora essas atitudes acompanhem muitos preguiçoso. A preguiça dos sete pecados capitais também não é a desocupação nem a despreocupação (que em excesso torna a pessoa relapsa). Além disso, preguiça não é depressão, embora a tristeza profunda possa ter origem nesse pecado capital.

O que a preguiça é

A preguiça, que era descrita nas primeiras relações dos pecados capitais como acídia, é uma condição de desânimo espiritual explícito de quem desistiu de buscar a Deus, ao bom e ao belo.

Acídia é uma lassidão de espírito, de sentimento, e também de corpo, um desânimo em relação ao valor das coisas concernentes a Deus. É a desistência de investigar e de compreender sobre as coisas que dizem respeito ao espírito.

Os cristãos da idade média falavam da preguiça como “o demônio do meio-dia”. É aquele tipo de tédio, de tristeza que assola a alma humana em plena luz do dia. Hoje, usamos expressões como “falta de interesse pela vida”, “desesperança”, “paralisia da vontade” e “tédio indiferente”.

Essa tristeza, chamada acídia, e apelidada de preguiça, assola a vida daqueles que, ao se depararem com as coisas relativas ao Espírito e constatarem sua grandeza ficam paralisados e se enchem de medo. São pessoas que têm medo de que algo muito bom lhes aconteça. A acídia é uma espécie de humildade corrompida, que desacredita da vontade de Deus em nos fazer o bem porque não reconhece em Deus o Bem Supremo.

(19) Então, partimos de Horebe e caminhamos por todo aquele grande e terrível deserto que vistes, pelo caminho da região montanhosa dos amorreus, como o SENHOR, nosso Deus, nos ordenara; e chegamos a Cades-Barnéia. (20) Então, eu vos disse: tendes chegado à região montanhosa dos amorreus, que o SENHOR, nosso Deus, nos dá. (21) Eis que o SENHOR, teu Deus, te colocou esta terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o SENHOR, Deus de teus pais: Não temas e não te assustes. (22) Então, todos vós vos chegastes a mim e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e nos digam por que caminho devemos subir e a que cidades devemos ir. (23) Isto me pareceu bem; de maneira que tomei, dentre vós, doze homens, de cada tribo um homem. (24) E foram-se, e subiram à região montanhosa, e, espiando a terra, vieram até o vale de Escol, (25) e tomaram do fruto da terra nas mãos, e no-lo trouxeram, e nos informaram, dizendo: É terra boa que nos dá o SENHOR, nosso Deus. (26) Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do SENHOR, vosso Deus. (27) Murmurastes nas vossas tendas e dissestes: Tem o SENHOR contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos. (28) Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto do que nós é este povo; as cidades são grandes e fortificadas até aos céus. Também vimos ali os filhos dos anaquins. (29) Então, eu vos disse: não vos espanteis, nem os temais. (30) O SENHOR, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito, (31) como também no deserto, onde vistes que o SENHOR, vosso Deus, nele vos levou, como um homem leva a seu filho, por todo o caminho pelo qual andastes, até chegardes a este lugar. (32) Mas nem por isso crestes no SENHOR, vosso Deus, (33) que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos procurar o lugar onde deveríeis acampar; de noite, no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e, de dia, na nuvem. (34) Tendo, pois, ouvido o SENHOR as vossas palavras, indignou-se e jurou, dizendo: (35) Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais, (36) salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao SENHOR. (Deuteronômio 1:19-36)

Tem o SENHOR contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos.

É assim que você olha para vida? É assim que você olha para Deus? É difícil para você acreditar que o Senhor lhe deseja coisas boas? Você está sempre tentando escapar Dele como um pequeno inseto tentando não ser destruído? É provável que você não conheça bem Deus criador do universo! Porque o medo nasce e cresce no vazio do desconhecimento, da falta de intimidade.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Éfeso, revela seu desejo intenso de que os irmãos daquela cidade tivessem prazer em investigar e conhecer o amor de Deus revelado em Cristo Jesus. O resultado dessa aventura de investigação sobre o amor de Deus é sermos tomados da Sua plenitude, isto é enxergarmos o sentido da vida assim como Ele a vê.

(14) Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, (15) de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, (16) para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; (17) e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, (18) a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade (19) e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. (Efésios 3:14-19)

Sabemos que nossos recursos interiores são escassos e pouco eficazes para dar sentido à existência porque sabemos por experiência própria que em nós mesmos não há bem algum. Se, além disso, rejeitamos a graça e o amor de Deus, como fez o povo de Israel ali no deserto, rejeitamos o próprio Deus como o Bem supremo, O resultado é tristeza profunda e a perda do gosto pela vida que consome os que sofrem com a preguiça.

A gravidade da acídia está exatamente na apatia diante da graça de Deus e na rejeição ao projeto de Deus para a vida. Ao rejeitar o Senhor como o Sumo Bem, a pessoa dominada pela acídia é como alguém no 20° andar de um prédio em chamas que tranca a porta do apartamento, impedindo os bombeiros de salvá-lo, joga as chaves pela janela e senta no sofá da sala se lamentando do calor e da fumaça.

Deus não nos criou para a tristeza

John Piper, escritor e teólogo cristão, publicou um livro chamado Teologia da Alegria. Nesse livro, ele procura demonstrar que Deus nos criou para o prazer e a alegria, não para a tristeza e a depressão. Ele nos fez em condições de usufruirmos dessa felicidade plena que está reservada para aqueles que a buscam nele mesmo, que é o Bem Supremo. Deus é a expressão máxima de alegria e satisfação e nos fomos criados com um dispositivo que nos induz a buscar essa plena realização.

É por isso que Gregório Magno, em suas reflexões sobre a acídia, afirma que “ninguém pode permanecer por muito tempo em tristeza, sem prazer”. É por isso também que a acídia trás consigo o desespero: Desespero de livrar-se da tristeza e encontrar alegria e significado para a vida.

Naturalmente, nós nos afastamos daquilo que nos entristece e buscamos aquilo que nos alegra. E quando nada relativo a Deus nos agrada, acabamos por buscar alegria, satisfação e prazer em qualquer outra coisa, ainda que essas coisas ofereçam apenas pequenas doses de alegria, uma satisfação de curta duração.

A acídia então faz dois convites àqueles que se tornam indiferentes à Graça de Deus: o primeiro é um convite ao torpor e à pusilanimidade; o outro, ao ativismo e à inquietação.

Torpor e pusilanimidade são o lado mais conhecido da preguiça. Sem ver sentido nem direção para a vida, o preguiçoso se abandona, pratica uma espécie de suicídio da alma. O escritor de Provérbios faz uma verdadeira ressonância magnética do torpor que toma conta do homem dominado pela acídia.

O preguiçoso não lavra por causa do inverno, pelo que, na sega, procura e nada encontra. (Provérbios 20:4)

O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar. (Provérbios 21:25)

(13) Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho; um leão está nas ruas. (14) Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim, o preguiçoso, no seu leito. (15) O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca. (16) Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem. (Provérbios 26:13-16)

(6) Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. (7) Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, (8) no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. (9) Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? (10) Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, (11) assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado. (Provérbios 6:6-11).

Em nossos dias o torpor provocado pela acídia é cantado em verso e prosa e louvado pelos círculos culturais como uma expressão de vida legítima e satisfatória.

Zeca Pagodinho canta um refrão muito conhecido da composição de Serginho Meriti, que tem se tornado o hino de uma geração “Deixa a vida me levar (vida leva eu)”. O restante da letra (que ninguém sabe nem canta) é até interessante, mas o refrão, cantado em mesas de bar e treinamentos de recursos humanos, é um convite ao torpor e ao abandono de si mesmo.

Expressões do tipo “tô nem aí”, “pra mim tanto faz”, “e eu com isso” revelam a indiferença de gerações que não se importam com nada. Vivem numa preguiça monótona e desinteressada, desapaixonada, que não têm valores pelos quais lutar.

Soren Keirkegaard, foi um dos principais filósofos e pensadores cristãos do século XX. Refletindo sobre a cultura do final do seu século, ele afirma o seguinte:

“Que outros se queixem da perversidade de nossa era; minha queixa é apenas essa: ela é desgraçada, pois lhe falta paixão.”

Meu irmão, se a sua vida tem sido marcada pela apatia, reconheça hoje que o Senhor lhe chama a reconhecer o seu pecado, a abandonar a preguiça que rejeita o Bem Supremo e a arriscar-se na aventura de viver intensamente sua caminhada cristã. Você precisa restaurar sua confiança no amor e na bondade do Senhor. Ouça o que diz a palavra de Deus:

(1) Antigamente, por terem desobedecido a Deus e por terem cometido pecados, vocês estavam espiritualmente mortos. (2) Naquele tempo vocês seguiam o mau caminho deste mundo e faziam a vontade daquele que governa os poderes espirituais do espaço, o espírito que agora controla os que desobedecem a Deus. (3) De fato, todos nós éramos como eles e vivíamos de acordo com a nossa natureza humana, fazendo o que o nosso corpo e a nossa mente queriam. Assim, porque somos seres humanos como os outros, nós também estávamos destinados a sofrer o castigo de Deus. (4) Mas a misericórdia de Deus é muito grande, e o seu amor por nós é tanto, (5) que, quando estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo. Pela graça de Deus vocês são salvos. (6) Por estarmos unidos com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou com ele para reinarmos com ele no mundo celestial. (7) Deus fez isso para mostrar, em todos os tempos do futuro, a imensa grandeza da sua graça, que é nossa por meio do amor que ele nos mostrou por meio de Cristo Jesus. (Efésios 2:1-7 NTLH).

Ativismo e inquietação são o lado menos conhecido da acídia. Pode parecer estranho, mas uma das formas pelas quais a preguiça se expressa é através do ativismo. É quando se tenta desesperadamente preencher o vazio da alma e a ausência do Bem Supremo por todo e qualquer tipo de prazer.

É como se outro homem, também dominado pela acídia e descrente sobre a bondade de Deus, no 20° andar do mesmo prédio em chamas, decidisse gastar os poucos minutos que lhe restam em uma busca desesperada por satisfação, em vez de buscar salvação para sua vida

É quando a tristeza da alma busca alegria na droga, no álcool, no tranqüilizante, na posse de bens, no trabalho em excesso, no jogo, no consumismo, no sexo desregrado, na adrenalida do perigo, ou em qualquer outro tobogã de compulsão.

Ativismo e inquietação não são antídotos contra a preguiça, como pregam alguns; São um jeito culturalmente aceito (até desejável por alguns) de expressar a tristeza pela falta de sentido de nossas vidas.

Você pode pensar que é um absurdo o que eu estou dizendo: todo mundo corre, se esforça, se priva da família por um tempo e faz sacrifícios enormes para alcançar realização profissional e pessoal. Será que não vale a pena?

Será que é o sucesso, o conforto e o bem-estar que teremos no futuro não justificam trabalhar desesperadamente hoje? Será que o reconhecimento e o status não são um bom motivo para a ansiedade que consome as almas em nossa sociedade?

Há um personagem da Bíblia que experimentou tudo que era possível em termo de prazer, realizou tudo que alguém poderia desejar, possuiu tudo o que desejou o seu coração. Vamos ver o que ele diz sobre isso.

(4) Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. (5) Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. (6) Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. (7) Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. (8) Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres. (9) Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. (10) Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. (11) Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol. (12) Então, passei a considerar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia. Que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. (13) Então, vi que a sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia, quanto a luz traz mais proveito do que as trevas. (14) Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o estulto anda em trevas; contudo, entendi que o mesmo lhes sucede a ambos. (15) Pelo que disse eu comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria? Então, disse a mim mesmo que também isso era vaidade. (16) Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! (17) Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento. (18) Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. (19) E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade. (20) Então, me empenhei por que o coração se desesperasse de todo trabalho com que me afadigara debaixo do sol. (Eclesiastes 2:4-20)

O que fazer com os valores de um mundo caótico que não teme ao Senhor e nos apresenta prazeres mil em substituição ao Bem Supremo? Como lidar com a tentação de abandonar a Graça de Deus e virar as costas às coisas relativas ao Espírito? Como reagir quando somos chamados a desmanchar nossas próprias vidas em busca de alegria como quem risca com um giz no asfalto da rua até que ele se acabe?

(3-5) Se alguém vier ensinar qualquer doutrina falsa, e se não segue este ensino que é baseado nas salutares palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e na doutrina que é o alicerce de uma vida com Deus, então é porque é soberbo. São pessoas vítimas da ignorância; não fazem mais do que delirar sobre questões inúteis, provocando batalhas de palavras, que provocam invejas, discórdias, difamações e calúnias. São disputas entre gente de entendimento corrompido, fugindo à verdade, pensando que o caminho cristão poderia ser um meio de obter lucros.

(6) Contudo, a verdadeira religião traz satisfação e é uma grande riqueza. (7) Porque nada trouxemos para este mundo, e é evidente que nada levaremos dele. (8) Por isso, estejamos satisfeitos se tivermos alimento e roupa para nos vestirmos.

(9) Mas aqueles que querem a todo o custo enriquecer, sujeitam-se às armadilhas do pecado e às solicitações para o mal; tornam-se vítimas de paixões tão loucas como prejudiciais, e que sempre precipitam as pessoas na ruína e na perdição. (10) O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa disso já muitos se desviaram do caminho da fé, criando assim nas suas vidas muitas aflições e sofrimentos.

(11) Mas tu, que és um homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, o caminho de Deus, a vida da fé, o amor cristão; aprende a ser perseverante e bondoso. (12) Empenha-te a fundo no combate da fé, vive plenamente a posse da vida eterna. É para isso que Deus te convoca.

(17) Diz aos ricos deste mundo que não sejam altivos, que não ponham a sua esperança nas riquezas, que são coisas instáveis, mas que ponham a sua confiança no Deus vivo, que nos dá generosamente tudo, para a nossa satisfação. (18) Que pratiquem antes o bem, que enriqueçam, mas em obras de justiça, que aceitem de boa vontade repartir com os necessitados os ganhos de que beneficiam; que sejam generosos. (19) Ao fazer isto, eles estarão a armazenar o seu tesouro como uma boa garantia para o futuro a fim de poderem alcançar a vida real. (1 timóteo 6:3-19)

Um chamado de Deus

Meu irmão, a palavra de Deus lhe chama hoje a tomar uma decisão. Ela lhe desafia a acolher ao Senhor e rejeitar a acídia e a preguiça!

(A) O Senhor lhe chama a rejeitar o torpor. O Senhor lhe chama a levantar-se do seu sono, a pôr-se sobre os seu pés com coragem e confiar na bondade Dele. O Senhor lhe diz hoje:

(11) Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. (12) Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. (13) Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. (14) Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; Jeremias 29:11-14

(B) O Senhor lhe chama a rejeitar o ativismo. O Senhor lhe chama a dobrar os seus joelhos e descansar na soberania dele sobre a sua vida. O Senhor lhe diz hoje:

(31) Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? (32) Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; (33) buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

(34) Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mateus 6:31-34)

17 dezembro 2006

Sete Pecados Capitais - Avareza





Introdução



Hoje, chegamos ao quinto dos sete pecados capitais: avareza. Também conhecida como ganância e cobiça.

Mesquinho, miserável, pão-duro, sovina, unha-de-fome, mão-de-vaca... O avarento é aquele que se deixou dominar pela cobiça, que desenvolveu um apego sórdido ao dinheiro, às riquezas e aos bens; que se entregou ao desejo desordenado de possuir e acumular.

A parte mais sensível do corpo de avarento é o bolso, ou a bolsa, principalmente se for para tirar algo. Diz a piada que ele é capaz de atravessar um rio a nado e entregar um sonrisal intacto na outra margem.

O avarento sofre pra tirar uns trocados do banco: é como se ele estivesse perdendo uma parte de si mesmo; também não gosta muito de festa, principalmente aquelas em que se leva um presente: o avarento não consegue lidar bem com a idéia de presentear, de dar algo sem esperar nada em troca. Retribuir é também uma atitude acima da sua capacidade.


Mas se a festa for uma boca-livre, ele vai sem cerimônia.

O avarento fica constrangido na hora de rachar a conta do restaurante, porque tem a sensação de que os outros estão levando vantagem na divisão. Normalmente, mesmo em excelente situação financeira, o avarento vive se queixando e se lamentando dos apertos da vida, como uma espécie de precaução contra algum pedido de ajuda.

Ele não consegue ver ninguém que realmente precise da sua ajuda, e quando ele percebe a necessidade evita a todo custo a frase “posso lhe ajudar em alguma coisa?”.

O avarento conhece bem os verbos somar e multiplicar, ele odeia o subtrair e sente-se roubado com o dividir. A sua maior preocupação não é com o dinheiro que ganha, mas com o dinheiro que guarda. Ele se agarra a sua poupança como um náufrago a um pedaço de tábua.

26 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Ira

Hoje chegamos ao terceiro dos sete pecados capitais: a ira. Nos domingos anteriores já conversamos sobre orgulho e inveja.

Eles são chamados capitais porque são importantes portais de entrada a partir dos quais a pecaminosidade humano se revela. A Bíblia afirma que todos nós estamos irremediavelmente perdidos: todos pecaram e precisam desesperadamente da graça de Deus, embora muito não ainda não reconheçam isso.

Na árvore chamada pecado, a ira é um desses galhos grandes. Ela está ligada ao tronco chamado orgulho, isto é, a rejeição da soberania de Deus. Da ira, nascem outros galhos como ódio e assassínio. A árvore chamada pecado revela quem somos e o quanto raça humana sem Cristo está distante da santidade de Deus.

A ira nasce da raiva. Raiva é um sentimento de contrariedade pelo fato de alguma vontade ou desejo não se realizado. As crianças, mesmo as pequenas, sabem exatamente como expressar seu descontentamento. Batem os pés, cruzam os braços, choram, gritam mordem, enfim fazem o que for necessário para que todos vejam a sua raiva.

A raiva é como as demais emoções: aparece e desaparece de maneira involuntária. Ninguém pode decidir que não vai mais ter raiva. Não um elemento de vontade nisso. No entanto, ao sentirmos raiva, ao percebermos que nossos interesses e desejo foram contrariados ou negados, podemos decidir como reagir à raiva que estamos sentindo.

Deus nos criou dotados de sentimentos, porque eles são indispensáveis para a vida, mas quando a raiva é alimentada por nossa própria decisão, seja consciente ou não, ela resultará em fúria, cólera, era e indignação doentia. A ira, portanto, está ligada ao agir; não o sentir.

Normalmente são as pessoas realizadoras, ativa, e cheias de vontade que sofrem com a ira. São aquelas pessoas conhecidas como de pavio curto, de gênio difícil ou, na forma suave, são admiradas como pessoas francas e sinceras que não voltam com um desaforo para casa.

Sofrem com a ira as pessoas que têm um grande senso de justiça, impulsivas e dispostas a resolver qualquer problema que apareça pela frente, da maneira que seja necessário.

Outro aspecto importante da ira é a sua motivação. Já vimos que a ira cresce no descontrole da raiva, mas quais são os motivos que nos provocam a raiva? São muitos os motivos, mas na maioria das vezes estão relacionados com o sentimento de impotência para garantir os nossos direitos, ou com sentimentos de auto-compaixão.

Embora seja um sentimento espontâneo, motivado pelos direitos que julgamos ter e nos foram negados, a raiva encontra abrigo para nascer e crescer a partir de um conceito equivocado, mas muito comum: eu mereço muito mais e muito melhor do que a vida tem me dado.

A raiva nasce quando eu começo a dizer: eu mereço isso, eu sei que mereço. E se eu não puder ter isso, não sei o que vai acontecer! Mas eu vou “fazer o maior barraco” até conseguir! Outro ninho para a raiva é a auto-compaixão. Afirmamos para nós mesmos: “isso não deveria estar acontecendo comigo, o que eu fiz para merecer essa situação? Realmente não mereço isso e não vou aceitar isso”.

A raiz da ira, portanto, aparece quando por orgulho você se julga merecedor de algo bom que não está recebendo, ou não merecedor de passar pelas situações difíceis que você está enfrentando.

A ira surge quando a raiva e alimentada até você perder o controle das suas ações. Ela domina uma pequena criança que sapateia e chuta os pés da mãe em um shopping, porque não teve seus desejos atendidos; mas também consome a paz de pessoas adultas que controladas pela ira só encontram sossego quando retribuem a dor sofrida àqueles que lhe magoaram e feriram.

A raiva alimentada transforma-se em ira, que alimentada faz nascer o ódio, que é capaz de levar qualquer um desejar vingança e cometer atrocidades que nunca foi capaz de imaginar.

A ira possui uma forma civilizada e aceitável: o desprezo. Desprezar é negar ao próximo o seu valor como pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus. O desprezo é a violação da dignidade do outro; é considerar que o outro não merece sequer que eu me importe com ele. Jesus fez um alerta sobre essa maneira de expressar a ira que nós vamos ver ainda hoje.

A ira na Bíblia

(24-27) Assim David escondeu-se no campo. Quando a celebração da lua nova começou, o rei sentou-se para comer no seu lugar habitual, junto à parede. Jónatas sentou-se à sua frente e Abner ao lado de Saul, ficando vazio o lugar de David. Saul nada disse sobre o facto, durante o dia todo, porque supos que qualquer coisa teria acontecido a David que o tivesse tornado ritualmente impuro. Mas quando no dia seguinte o seu lugar continuou vazio, perguntou a Jónatas: Porque é que David não veio comer, nem ontem nem hoje?

(28-29) Ele pediu-me se podia ir a Belém tomar parte na celebração que faz a família, respondeu Jónatas. O irmão pediu para ele lá estar, e eu disse-lhe que fosse. (30-31)Saul ficou ardendo em ira: Filho duma cadela!, gritou-lhe. Pensas tu que eu não sei muito bem que aliaste a esse filho de Jessé, envergonhando-te a ti mesmo e à tua família? Enquanto esse indivíduo for vivo, tu nunca serás rei. Vai já à procura dele para que o mate! (32) Mas que mal fez ele? Porque é que havia de morrer? (33-34) Então Saul atirou-lhe com a lança para o matar. Jónatas deu-se bem conta com efeito de que o seu pai estava absolutamente decidido a matar David. Deixou a mesa profundamente revoltado e recusou comer naquele dia por causa do vergonhoso comportamento do seu pai para com David. (I Samuel 20:25-33)

Depois de amargar inveja por causa dos cânticos das mulheres, que elogiavam a destreza de Davi, o rei Saul, contrariado, decidiu alimentar sua raiva, que se transformou em ira e abriu no coração de Saul o desejo de matar Davi.

Jônatas, filho do rei, no entanto, era amigo de Davi e o estava protegendo. Davi, que tinha recebido uma patente elevada no exército de Saul, comia à mesa do rei. Depois de dois dias sem a presença de Davi, Saul perde definitivamente o controle e irado contra o próprio filho atira uma lança para matá-lo. A ira embora o raciocínio, turva os olhos e enche de coragem o iracundo.

O escritor de Provérbios deixou algumas pérolas de sabedoria sobre a ira. No capítulo 11:23, ele afirma que os justos desejam o bem, mas os perversos alimentam a ira. No capítulo 12:16 ,ele diz que os insensatos não conseguem dominar sua raiva, mas os prudentes são capazes de lidar com ela mesmo quando são insultados.

No capítulo 19:19, o sábio de Israel afirma que o iracundo algumas vezes precisa sofre o dano da sua ira para aprender e se tornar sábio. No capítulo 29:11 o escritor contraria diversas correntes da psicologia e afirma que dar vazão irrestrita a raiva é uma tolice. O sábio reconhece a raiva mas põe um limite e não a deixa se expandir.

O iracundo é um provocador de brigas e contendas (Pv 15:18); é alguém com quem é muito difícil fazer qualquer tipo de sociedade (Pv 22:24) e dele todos querem ficar distantes, até os mais próximos.

O escritor de Eclesiastes (7:9) afirma que não devemos ser rápidos em alimentar a raiva que sentimos, porque ela se esconde no mais íntimo da alma humana.

Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo diz que a ira breve e faz parte da natureza humana, mas deve ser tratada imediatamente: Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira (Ef. 4:26).

Paulo está citando o livro de salmos 4:4.

Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o vosso coração e sossegai. (Salmos 4:4)

Davi escreveu esse salmo quando o seu filho Absalão estava liderando um motim para lhe tirar do reino. O Salmo é um pedido de ajuda a Deus diante dessa terrível situação e também um apelo aos homens, que começavam a dar espaço para a ira, a refletirem sobre o que estavam prestes a fazer.

Não dê espaço além do necessário, afirma o apóstolo Paulo. Não deixa a raiva se acumular para o dia seguinte, e o seguinte, e o seguinte... Ainda na mesma noite a sua indignação, a sua dor, o seu sofrimento, deve ser entregue aos pés do Senhor para encontrarmos sossego.

Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro. (Salmos 4:8)

Irmãos amados, a nossa humanidade nos deixa expostos à ira, mas a confiança na justiça, no cuidado e na provisão de Deus nos guardam da raiva sem medida.

Jesus usou uma parte do sermão do monte para falar sobre a ira. Ele fez um paralelo com um dos mandamentos “não matarás”.

(21) Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás; e quem matar estará sujeito a julgamento. (22) Eu porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.

A lei falava da etapa final da ira: não matarás! Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, ainda que esteja descontroladamente irado, porque a vida é um dom de Deus.

Jesus muda a perspectiva. Ele foi à raiz da questão: o desrespeito pela vida, que levar alguém a matar outra pessoa, nasce na raiva, perde o controle na ira, passa pelos insultos verbais e físicos e chega até o desprezo.

A palavra traduzida por tolo ou cabeça-oca é raca. Ela tem sua origem no som do escarro que está pronto a cuspir para demonstrar sua desconsideração. Dar lugar à ira é estar a alguns passos de assassinar, ainda que seja apenas em sua mente. Mas Jesus disse que não faz diferença, o pecado é o mesmo.

O contraponto da ira

Como lidar com a ira à luz do evangelho? Qual a saída para um coração corrupto e pecador? No mesmo sermão do monte, Jesus nos apresenta duas bem-aventuranças que tornam felizes aqueles que lutam contra a ira – Felizes os mansos e Felizes os pacificadores: (A) Mansidão e (B) paz.

(A) Muitas pessoas confundem mansidão paz com fraqueza. Segundo o pensamento dessas pessoas promover a paz e demonstrar espírito manso são marcas dos perdedores. Era assim o pensamento de Frederick Nietzsche, que considerava o cristianismo a religião dos fracos e perdedores. Mas na verdade a mansidão e o pacificar são sinais de força e domínio próprio.

Ser manso não é ser fraco, mas abrir mão de usar a força que se tem em benefício próprio. Ser manso é abrir mão do revide e da vingança, é viver para construir e não para destruir.

Mansidão e o pacificar nada têm a ver com passividade. Moisés, um dos maiores líderes da história, era conhecido com um homem manso (Nm.12:3).

“A mansidão não sente a necessidade de injuriar os outros... Ela não possui sentimentos de inferioridade... Nem sentimentos de impotência diante da vida”, por isso os mansos não precisam lutar para serem reconhecidos. Eles submetem suas contrariedades ao senhorio daquele que domina o universo e descansam.

Desenvolver um espírito manso é confiar na promessa de Jesus de que os direitos que realmente valem a pena já estão garantidos. Citando o salmo 37:11, Jesus afirmou que os mansos herdarão a terra.

Jesus nos convidou a aprender mansidão com ele.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. ( Mateus 11:29)

Ele foi o exemplo máximo de mansidão, porque era o próprio Deus feito gente, mas abriu mão de usar o seu poder divino e decidiu confiar no amor do Pai e submeter-se à vontade Dele.

A mansidão nasce da confiança no amor de Deus por nós. Os mansos podem descansar porque sabem que é o próprio Senhor quem vai lutar as suas lutas e defender os seus direitos.

(B) O pacificar é a outra parte do contraponto da ira. O iracundo deseja ver o “circo pegar fogo”; o pacificador apara as arestas, põem almofadas nos relacionamentos e promove a paz. O pacificador procura ver sempre o que há de melhor nas atitudes das pessoas.

Acompanhe comigo mais uma história com Davi, agora os outros personagens são Nabal e Abigail

(1) Faleceu Samuel; todos os filhos de Israel se ajuntaram, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Ramá. Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã. (2) Havia um homem, em Maom, que tinha as suas possessões no Carmelo; homem abastado, tinha três mil ovelhas e mil cabras e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo. (3) Nabal era o nome deste homem, e Abigail, o de sua mulher; esta era sensata e formosa, porém o homem era duro e maligno em todo o seu trato. Era ele da casa de Calebe.

(4) Ouvindo Davi, no deserto, que Nabal tosquiava as suas ovelhas, (5) enviou dez moços e lhes disse: Subi ao Carmelo, ide a Nabal, perguntai-lhe, em meu nome, como está. (6) Direis àquele próspero: Paz seja contigo, e tenha paz a tua casa, e tudo o que possuis tenha paz! (7) Tenho ouvido que tens tosquiadores. Os teus pastores estiveram conosco; nenhum agravo lhes fizemos, e de nenhuma coisa sentiram falta todos os dias que estiveram no Carmelo. (8) Pergunta aos teus moços, e eles to dirão; achem mercê, pois, os meus moços na tua presença, porque viemos em boa hora; dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, qualquer coisa que tiveres à mão.

(9) Chegando, pois, os moços de Davi e tendo falado a Nabal todas essas palavras em nome de Davi, aguardaram. (10) Respondeu Nabal aos moços de Davi e disse: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? Muitos são, hoje em dia, os servos que fogem ao seu senhor. (11) Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que degolei para os meus tosquiadores e o daria a homens que eu não sei donde vêm?

(12) Então, os moços de Davi puseram-se a caminho, voltaram e, tendo chegado, lhe contaram tudo, segundo todas estas palavras.

(13) Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e também Davi, a sua; subiram após Davi uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.

(14) Nesse meio tempo, um dentre os moços de Nabal o anunciou a Abigail, mulher deste, dizendo: Davi enviou do deserto mensageiros a saudar a nosso senhor; porém este disparatou com eles. (15) Aqueles homens, porém, nos têm sido muito bons, e nunca fomos agravados por eles e de nenhuma coisa sentimos falta em todos os dias de nosso trato com eles, quando estávamos no campo. (16) De muro em redor nos serviram, tanto de dia como de noite, todos os dias que estivemos com eles apascentando as ovelhas. (17) Agora, pois, considera e vê o que hás de fazer, porque já o mal está, de fato, determinado contra o nosso senhor e contra toda a sua casa; e ele é filho de Belial, e não há quem lhe possa falar.

(18) Então, Abigail tomou, a toda pressa, duzentos pães, dois odres de vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de passas e duzentas pastas de figos, e os pôs sobre jumentos, (19) e disse aos seus moços: Ide adiante de mim, pois vos seguirei de perto. Porém nada disse ela a seu marido Nabal. (20) Enquanto ela, cavalgando um jumento, descia, encoberta pelo monte, Davi e seus homens também desciam, e ela se encontrou com eles.

(21) Ora, Davi dissera: Com efeito, de nada me serviu ter guardado tudo quanto este possui no deserto, e de nada sentiu falta de tudo quanto lhe pertence; ele me pagou mal por bem. (22) Faça Deus o que lhe aprouver aos inimigos de Davi, se eu deixar, ao amanhecer, um só do sexo masculino dentre os seus.

(23) Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e prostrou-se sobre o rosto diante de Davi, inclinando-se até à terra.

(24) Lançou-se-lhe aos pés e disse: Ah! Senhor meu, caia a culpa sobre mim; permite falar a tua serva contigo e ouve as palavras da tua serva. (25) Não se importe o meu senhor com este homem de Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; eu, porém, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste.

(26) Agora, pois, meu senhor, tão certo como vive o SENHOR e a tua alma, foste pelo SENHOR impedido de derramar sangue e de vingar-te por tuas próprias mãos. Como Nabal, sejam os teus inimigos e os que procuram fazer mal ao meu senhor. (27) Este é o presente que trouxe a tua serva a meu senhor; seja ele dado aos moços que seguem ao meu senhor. (28) Perdoa a transgressão da tua serva; pois, de fato, o SENHOR te fará casa firme, porque pelejas as batalhas do SENHOR, e não se ache mal em ti por todos os teus dias. (29) Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o SENHOR, teu Deus; porém a vida de teus inimigos, este a arrojará como se a atirasse da cavidade de uma funda.

(30) E há de ser que, usando o SENHOR contigo segundo todo o bem que tem dito a teu respeito e te houver estabelecido príncipe sobre Israel, (31) então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pesar ao coração o sangue que, sem causa, vieres a derramar e o te haveres vingado com as tuas próprias mãos; quando o SENHOR te houver feito o bem, lembrar-te-ás da tua serva.

(32) Então, Davi disse a Abigail: Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro. (33) Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse.

Abigail promoveu a paz. Alertou a Davi sobre a sua ira, levou presentes para demonstrar seu desejo de paz, pediu desculpas pela atitude do seu marido, assumiu parte da responsabilidade e evitou uma chacina, que serio o resultado mais provável da ira que tomou conta de Davi.

Os pacificadores são imitadores de Deus. Ele é o grande pacificador que nos procura todo o tempo para que nos reconciliemos com Ele.

Rogo-vos que vos reconcilieis com Deus! O Senhor deseja paz!

Os mansos e pacificadores têm o coração cheio de perdão conceder àquele que lhes ofendem. Pregado injustamente na cruz, o Senhor tinha todos os motivos para irar-se, mas ao invés disso, pede: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.

A ira encontra pacificação no perdão. Perdoar é uma decisão que deixa o fogo da ira sem oxigênio para continuar queimando.

Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra!

Felizes os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus!

19 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Inveja

Na terceira mensagem desta série sobre os pecados capitais, hoje vamos refletir sobre a inveja. Assim como o orgulho a inveja é considerada um pecado “frio”. Também como o orgulho é um pecado difícil de ser admitido, mas, de certa forma, é considerado “respeitável”, porque o sofrimento maior é para o próprio invejoso.

São Basílio afirmou que a inveja implantada no coração do ser humano é um vício pernicioso que causa prejuízos à pessoa invejosa, mas não causa dano aos outros.

O orgulhoso olha para baixo e despreza a inferioridade dos outros; o invejoso olha para cima e chora com amargura porque o outro está acima dele mesmo.

No decorrer da história, a inveja já teve várias representações. O olho gordo é uma delas. A crendice popular fala da inveja como um mau olhado, contra o qual devemos nos proteger. A inveja já foi considerada como um fogo devorador que consome a alma do invejoso.

A inveja também foi comparada com uma flecha envenenada, cujo veneno se espalha por todo corpo, sendo capaz de levar o invejoso a executar vinganças que só fazem sentido em sua alma tomada pela inveja.

É o invejoso quem mais sofre com sua inveja. Ainda assim, se a inveja for alimentada, é capaz de levar o invejoso e cometer crimes atrozes. (Basta assistir o Linha Direta e constatar)

A inveja não é racional; por isso ela não leva em conta a inteligência ou a formação acadêmica. A inveja se aloja no coração e não no cérebro, por isso não há garantias intelectuais contra ela.

O que não é Inveja

Emulação não é inveja. Emular é fazer do mesmo jeito que outra pessoa está fazendo, é buscar ser parecido com alguém. O simples desejo de possuir a mesma coisa que outra pessoa possui não é inveja. Esse desejo pode inclusive ser positivo e motivador a realização de coisas importantes.

Desejar comprar um carro igual ao do vizinho, não é inveja; colocar como objetivo ser tão estudioso como o colega de classe não é inveja; esforçar-se para ser um profissional tão bom como o colega de trabalho não é inveja.

Tomás de Aquino disse que inveja é o desgosto pelo bem alheio. Ambrose Bierce afirmou que inveja é uma sensação agradável proveniente da contemplação da miséria do outro.

O invejoso tem uma discreta satisfação com a batida no trânsito em que o vizinho amassou a Hilux, afinal ele tava se achando muita coisa com aquele carrinho dele.

O invejoso abre um largo sorriso com a notícia de uma nota baixa do colega que é o primeiro da classe, porque só desse todos poderão ver que aquele sujeito não tem nada de estudioso. Ele tem é sorte e é até puxa-saco dos professores.

O invejoso lamenta com falsidade o projeto de trabalho do colega que foi destaque no mês anterior, mas dessa vez não teve sucesso. Por que assim finalmente vão ver que era tudo uma fraude e quem sabe até pedir de volta o prêmio que ele recebeu no mês passado.

Ciúme não e o mesmo que inveja. A inveja nasce de um sensação de inferioridade, enquanto que o ciúme é uma sensação de perda por algo que lhe pertencia. O invejoso se vê inferior e quer rebaixar o outro até se sentir acima dele; o ciumento se vê possuidor e quer receber de volta o que lhe é devido.

A Bíblia diz que Deus tem ciúmes, mas não diz que Ele tem inveja. Para um Deus perfeito, a expressão do ciúme é também perfeita e se mostra como zelo pelo próprio nome; para o homem pecador, o ciúme, mesmo quando legítimo, é expresso em meio à desconfiança e ao ódio e dificilmente não se degenera em pecados e crimes (vide Linha Direta novamente).

O que é inveja, então?

Características da inveja

A inveja é um vício de proximidade. Invejamos primeiro aqueles que estão próximos a nós e têm dons, aptidões, habilidade e posições semelhantes. Assim, mães estão propensas a invejar outras mães, escritores a outros escritores, analistas a outros analistas, políticos a outros políticos, pastores a outros pastores, vendedores a outros vendedores, professores a outros professores, e assim por diante.

George Steiner afirmou que “a maldade é criada pelas cercas baixas dos jardins ou pelas ruas estreitas em que os homens convivem permanentemente uns com os outros...

Hoje os muros são altos e as avenidas são largas, mas a TV e a internet, o jornal e as revistas nos permitem enxergar e invejar sem que saiamos do conforto do sofá da sala.

A inveja é completamente subjetiva. A inveja está nos olhos de quem vê, não na coisa invejada. O invejoso é capaz de cobiçar coisas de pouco valor, porque o seu problema não é a coisa em si, mas a pessoa que a possui porque ela não merece possuir. Ela não é superior a mim, por isso não é justo que ela tenha o que eu não tenho.

Não é justo que ela tenha marido e eu não, não é justo que ela tenha filhos e eu não, não é justo que ele esteja sempre sorrindo e eu não, não é justo que ele saiba cantar e eu não, não é justo que ela ganhe uma flor e eu não, não é justo que ela seja superior a mim em alguma coisa, é preciso fazer algo sobre isso, diz a inveja.

A inveja não diminui com a idade. Se você é refém da inveja saiba que não adianta esperar um pouco para ela desaparecer. Deixada à vontade, a inveja só cresce.

Quanto mais vivemos temos a oportunidade de ver e encontrar pessoas que começaram conosco e hoje estão em posição mais bem sucedida. A sensação que nasce dessas comparações é a raiz da inveja. Por isso a inveja não pode ser cultivada como um bichinho de estimação, mas precisa ser tratada em sua motivação primeira.

Uma parábola

Disse o rei a um invejoso e um ganancioso: “um de vocês pode me pedir algo e eu lho concederei, e cuidarei para que o outro ganhe duas vezes mais”.

Isso deixou os dois homens e um dilema. O invejo não sis ser o primeiro a pedir, pois inveja seu companheiro que receberia porção dobrada. Mas o ganancioso também não quis ser o primeiro, pois queria ter tudo, tudo que alguém pudesse eventualmente receber.

Por fim, o ganancioso persuadiu o invejo a ser o primeiro a fazer o pedido. Então o invejoso pediu ao rei que arrancassem um de seus olhos, sabendo que, dessa maneira, seu companheiro teria os dois olhos arrancados.

A inveja na Bíblia

(1) Quando Moisés conduzia o povo de Israel pelo deserto, ele enfrentou muitas dificuldades liderando uma multidão de pessoas que conheciam muito pouco a respeito do Deus de Abraão, Isac e Jacó. Parte do salmo 106 é uma confissão pelo salmista dos pecados cometidos pelas gerações anteriores. No verso 16 ele diz:

Tiveram inveja de Moisés, no acampamento, e de Arão, o santo do SENHOR. (Salmos 106:16 ARA)

O Salmista está se referindo ao episódio da rebelião de Coré, Datã e Abirão, narrada no livro de números, capítulo 16.

(1-2) Um dia Coré (filho de Izar, neto de Coate e descendente de Levi) foi ter com Datã e Abirão (filhos de Eliabe) e ainda com Om (filho de Pelete), estes três últimos da tribo de Rúben, e conspiraram juntos, incitando uma certa quantidade de gente à revolta contra Moisés. Estiveram envolvidos nisso duzentos e cinquenta homens, com responsabilidades na chefia do povo. (3) Foram ter com Moisés e com Arão e disseram-lhes: Já chega da vossa presunção. Vocês não são melhores do que qualquer outro. Cada um em Israel foi escolhido pelo Senhor, e ele está com cada um de nós. Que direito têm vocês de se porem em evidência, clamando que devemos obedecer-vos, e fazer tudo como se fossem maiores do que qualquer um de entre todo este povo do Senhor? (Números 16:1-3 O Livro)

A inveja já havia consumido os seus corações. Não era coisa recente, eles a alimentavam a inveja há muito tempo. Coré, Datã e Abirão não podiam suportar a posição de destaque de Moisés e Aarão. Quem eram eles para se acharem superiores – essa era a presunção dos levitas.

Moisés tenta explicar aos levitas que Deus havia dados responsabilidades diferentes para cada um deles e que ninguém era maior ou menor por causa disso. Moisés lembrou que eles haviam sido escolhidos para serem os responsáveis para servir na organização do culto e Arão havia sido escolhido para servir no sacerdócio, mas não houve acordo.

Aqueles homens foram tragados por uma fenda na rocha e todos os revoltosos foram consumidos pelo fogo. Mas antes disso, a inveja já os havia consumido por dentro.

(2) Outra história em que a inveja achou espaço foi no relacionamento entre Davi e Saul. Saul era o rei de Israel, mas havia desobedecido às ordens dadas por Deus. Por isso Deus escolheu um novo rei, Davi, um rapazote que pastoreava as ovelhas do seu pai.

Foi esse rapazote que enfrentou um guerreiro chamado Golias e o derrotou. Depois dessa vitória, Saul chamou Davi para servir no seu palácio e entregava a ele várias missões que exigiam coragem e habilidade.

(5) Tudo o que Saul lhe ordenava fazer, Davi fazia com tanta habilidade que Saul lhe deu um posto elevado no exército. Isso agradou a todo o povo, bem como aos conselheiros de Saul. (6) Quando os soldados voltavam para casa, depois que Davi matou os filisteus, as mulheres saíram de todas as cidades de Israel ao encontro do Rei Saul com cânticos e danças, com tamborins, com músicas alegres e instrumentos de três cordas. (7) As mulheres dançavam e cantavam: “Saul matou milhares e Davi, dezenas de milhares”. (8) Saul ficou muito irritado com esse refrão e aborrecido, disse: “Atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta, senão o Reino?” (9) Daí em diante Saul olhava com inveja para Davi. (1 Samuel 18:5-9)

Saul não conseguia suportar o sucesso do jovem Davi. A cantiga das mulheres provocou a inveja de Saul e entrou como uma seta venenosa em seu coração. Não bastava para Saul ser o rei, não era suficiente que as mulheres estivessem lembrando suas vitórias, não era justo que Davi recebesse mais glória do que o rei. Quem Davi pensa que é? Ele vai querer o reino, também?

Veja que Saul, provocado pelo cântico das mulheres, estava agora acusando Davi de tramar contra o seu trono, situação que não estava acontecendo e que nunca aconteceu. A inveja foi consumindo aos pouco o coração de Saul ao ponto que ele perseguiu Davi por muitos anos e tramou a sua morte de todas as maneiras.

(3) A morte de Jesus na cruz foi o cumprimento das profecias dadas por Deus e o meio pelo qual fomos salvos dos nossos pecados. Jesus não era um mero interpretador da Lei, ele confrontou a religiosidade do seu povo e procurou apresentar o relacionamento pessoal com Deus como sendo o único caminho para a vida. Esse discurso de Jesus incomodava muito os líderes religiosos.

Jesus entrou em Jerusalém aclamado pelo povo. Muitos acreditavam que ele era o messias, o povo recorria a Jesus para compreender a lei. Ele curava as pessoas de sua mazelas físicas e apresentava o evangelho do Reino de Deus como uma esperança para o povo sofrido. O resultado de tudo isso foi que os sacerdotes e anciãos se encheram de inveja contra Jesus, o acusaram injustamente e o levaram perante Pilatos.

Pilatos sabia que os sacerdotes estavam corroídos de inveja. Com medo do sonho que sua mulher tivera ele deu ao povo uma oportunidade de libertar Jesus.

(17) Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? (18) Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado. (Mateus 27:17-18 ARA)

Os sacerdotes não puderam suportar o amor que o povo tinha por Jesus. Eles não podiam admitir que Jesus conhecesse tão profundamente a Lei e fosse capaz de aplicá-la ao dia-a-dia da vida. Quem era, afinal de contas, esse Jesus, um marceneiro de uma vila sem nenhuma expressão para ganhar o coração do povo dessa maneira? Inveja foi a motivação que levou os sacerdotes e anciãos a tramarem e executarem a morte de Jesus.

(4) Quando Paulo e Silas passaram pela cidade de Tessalônica pregando o evangelho, eles enfrentaram a inveja dos judeus. Paulo e Silas haviam pregado em uma sinagoga e vários judeus se converteram. No entanto a inveja dos Judeus achou espaço quando uma numerosa multidão de gregos piedosos. Os judeus se encheram de invejam quando, apenas com uma pregação, Paulo e Silas levaram uma multidão aos pés de Jesus.

(1) Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. (2) Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, (3) expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. (4) Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres. (5) Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. (6) Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, (7) os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. (Atos 17:1 -7)

A inveja havia tomado conta daqueles homens ao ponto de levá-los a fazer acusações levianas, organizar um grupo de bandidos e desordeiros para invadir a casa de Jason.

A verdade é que os judeus não suportaram o sucesso da pregação de Paulo e Silas. Quem eles pensam que são? Eles não podem ser considerados melhores do que nós que estamos a tanto tempo ensinando a Lei aqui na sinagoga.

O Contraponto da Inveja

A bíblia nos exorta constantemente a abandonar a inveja.

(20) Porque temo que, quando chegar, não vos ache quais eu vos quero... Que de algum modo haja contendas, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos; (2 Cor 12:20 AA)

(20) a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, (21) as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. (26) Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. (Gálatas 5:20 - 21;26 AA)

(13) Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. (14) Mas, se tendes inveja amargurada e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. (Tiago 3:13-14)

Enquanto vivermos em mundo em que o pecado passeia como se estivesse em um jardim e o maligno tem domínio e poder, a inveja não será banida. Como podemos então lidar com ela em nossas vidas? A chave é a segunda bem-aventurança: Felizes os que choram (Mt. 5:4)

A palavra usada por Jesus para chorar se referia ao lamento profundo. O lamento daqueles que se deparam com a morte. É a tristeza intensa e esmagadora de quem não tem o que fazer.

“Bem aventurados aqueles que choram, aqueles que vêem a verdadeira natureza das coisas encontradas em um mundo arruinado e caído, de tal modo que, os de coração partido, estão abertos para o conforto que só Deus pode oferecer”

Aqueles que choram pelo estado de pecado em que o mundo se encontra, que lamentam pelo egoísmo da nossa sociedade, que enchem seus olhos de lágrimas pela criança abandonada, pela prostituição que degrada homens e mulheres, pela ganância que explora os indefesos, pela falta de significado com que as pessoas vivem, pelo vazio que preenche o coração das pessoas. O choro que reconhece a pobreza dos meus recursos pessoais para viver a vida e reconhece que só em Deus há consolo.

Chorar com os que choram é metade do caminho para lidarmos como a inveja. A outra metade é alegrar-se com os que se alegram.

(15) alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram; (Romanos 12:15 A)

Aqueles que se alegram com quem se alegra está colocando uma pá de cal sobre a inveja. Aqueles que encontram motivos para festejar a festa dos outros estão exercitando a humildade e encontrarão felicidade. Essa é a promessa de Jesus.

A inveja me separa dos outros: é inveja DE alguém. Mas o choro e a alegria me unem: COM os que se alegram e COM os que choram. Por isso o invejoso é um solitário, enquanto os que modestamente abrem mão de seus pretensos direitos vivem cercados de pessoas de bem.

Chorar com os que choram; é o choro da solidariedade com quem vive em um mundo dominado pelo pecado. Se alegrar com os que se alegram; é a alegria com quem confia no Senhor Jesus, não em si mesmo ou nos próprios méritos.

A raiz da inveja é o orgulho. O destino dos orgulhosos é a inveja de qualquer um que o faça se sentir ameaçado em sua superioridade. Por isso eu gostaria de terminar nossa reflexão lendo como os irmãos sobre aquele em quem a inveja nunca teve lugar: Jesus Cristo.

(1) Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, (2) completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. (3) Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (4) Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (5) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (6) pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; (7) antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, (8) a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (9) Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (10) para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra (11) e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:1-11)

Na oração modelo o Senhor nos ensina a pedir por um coração livre da inveja, livre da presunção que destrói o outro e o diminui só para parecer maior e mais importante.

Venha o teu reino, Senhor. Não o meu reino. O desejo e a petição pelo estabelecimento do Reino de Deus é uma pá de cal sobre a inveja.

Quando o reino de Deus tem prioridade minhas comparações fúteis e egoísta perdem o sentido. Quando o reino de Deus tem prioridade, eu posso chorar com os que choram e rir com os que riem; quando o Reino de Deus se instala em meu coração não preciso destruir ninguém para ser reconhecido pelos outros. Porque eu sei que Deus me ama, e me reconhece e vai moldar a minha vida à semelhança do caráter de Cristo.

Venha o teu reino, Senhor. Venha o teu reino no íntimo da minha alma. Venha o tenho reino sobre os pensamentos da minha mente e sobre os sentimentos que confundem o meu coração.