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10 fevereiro 2016

Disciplinas para experimentar arrependimento



Arrependimento para Santificação - Parte 2
1ª Igreja Batista em Nova Esperança - Santa Rita/PB - Acampamento de Carnaval 2016

Hoje pela manhã vimos que o arrependimento não está limitado à experiência de conversão, quando fomos transportados do império das trevas para o Reino do filho do seu amor. Arrependimento é o modo pelo qual o Senhor nos permite reafirmar que nossa esperança está em Cristo Jesus.

Entendemos com a ajuda do Espírito Santo de Deus que não há espaço no evangelho para o arrependimento religioso. Aqueles que se arrependem, mudam de comportamento e até se esforçam para fazer tudo certo, mas fazem isso com o objetivo de serem aceitos por Deus como pessoas de bom coração, estão como alguém que tenta tirar água de um barco furado com um copo descartável.

Já o arrependimento do evangelho é diferente, não tem como objetivo aplacar a ira de Deus, nem tampouco obter o seu favor: aquilo, atender a ira de Deus, já foi realizado através do sacrifício de Cristo Jesus, realmente o único homem de coração perfeitamente bom que habitou neste mundo; e quanto a obter o favor de Deus, precisamos conhecer melhor o Deus a quem servimos, porque o coração dele já está inclinado a nosso favor. Vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo:

31-32Que poderemos nós comentar perante coisas tão maravilhosas? Se Deus está ao nosso lado, quem será contra nós? Se ele nem o seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, não nos dará, com Cristo, tudo o mais que precisarmos? 33 Quem ousará acusar-nos, a nós que Deus escolheu para si mesmo? Porque foi Deus mesmo quem nos perdoou 34 Quem pois é que nos condenaria? Ninguém o poderia fazer visto que foi mesmo Cristo quem morreu e ressuscitou por nós, e se encontra sentado no mais honroso lugar junto de Deus, ali intercedendo em nosso favor. (Rm 8. 31-34)

O arrependimento conforme o evangelho é algo a que o cristão amadurecido vai se tornando cada vez menos resistente.

Cristãos maduros não têm conceitos elevados sobre si mesmos, nem guardam consigo falsas esperanças sobre a bondade de seus corações, porque sabem que mais cedo ou mais tarde essas esperanças se revelarão meras ilusões; mas guardam consigo a esperança que têm em Cristo Jesus, nos méritos de seu salvador, diante de quem todo joelho, nos céus e na terra se dobrarão.

As disciplinas do arrependimento

Hoje à noite tenho como objetivo propor três disciplinas pessoais como uma estrutura para a prática do arrependimento conforme o evangelho. Para isso voltarei a consultar o texto escrito por Tim Keller e traduzido por Felipe Sabino de Araújo no site monergismo.com.

Tim Keller, a partir das práticas devocionais relatadas por George Whitefield, em uma carta escrita em 1738, nos apresenta uma estrutura para realizarmos nosso inventário pessoal (no caso de Whitefield, ele o fazia diariamente) e assim encontrarmos o material de que precisamos para prática do arrependimento.

Muitas pessoas não se exercitam no arrependimento porque não sabem bem do que arrepender-se. Olham para si mesmas, para suas vidas comuns e aparentemente tranquilas, e não sabem do que deveriam se arrepender.

Elas vão à igreja com alguma frequência, vivem uma vida sem muitos erros graves, entregam suas ofertas, trabalham duro a semana inteira, levam os filhos para a escolha, cumprem suas tarefas domésticas, e, ao final de tudo, não sabem de que deveriam arrepender-se.

Essa breve estrutura (Tim Keller propõe quatro pontos, mas nós veremos três deles) talvez possa nos ajudar com perguntas que revelem alguns motivos para nosso arrependimento conforme o evangelho, isto é, razões para que haja nós convicção de pecado, contrição pelo pecado, confissão de pecado, conversão do pecado e a confissão de Cristo como nossa única esperança.

Profunda Humildade

A primeira disciplina a que somos chamados é a humildade. Essa disciplina espiritual se contrapõe ao orgulho (atualmente muito em moda). Embora na moda, o orgulho é traiçoeiro e venenoso.

Conta-se que Francisco de Assis, passando durante o inverno por uma das ruas friorentas de sua cidade natal, acompanhado de alguns discípulos, compadeceu-se de um mendigo que tremia na calçada. Sem qualquer dúvida em seu coração, ele retirou a capa esfarrapada de sobre os seus ombros e colocou sobre aquele pobre homem quase congelado.

Vinte passos a frene, os discípulos sentiram falta de Francisco, que estava cerca de passos atrás, com as mãos sobre os olhos e soluçando.

- A capa, a capa!
- O que foi mestre, perguntaram?
- A capa, respondeu.
- O senhor a quer de volta?
- Não. Ele precisa bem mais que eu.
- Então, mestre, porque você está chorando? Ninguém faria a bondade que você fez àquele homem.
- Eu sei que fiz algo bom para com ele. No entanto, bastaram dez passos para que meu coração se enchesse de orgulho pelo bem que fiz.

Perguntas para revelar o pecado do orgulho

·        Olho com desprezo para alguém?
·        Tenho sido atormentado pelas críticas contra mim?
·        Eu me sinto frequentemente desdenhado e ignorado?

Caminhos para o arrependimento

Considere a graça de Jesus em sua vida até que...
... o sentimento de desdém diminua (lembre-se de que você também é pecador que desdenha e despreza outras pessoas);
... a dor pelas críticas diminua (traga à memória que a aprovação de Deus é mais importante);
... o desprezo pelo outro perca o sentido (lembre-se que tentar diminuir o outro não o fará maior).

No fundo o orgulho, em todas as suas formas de expressão, é a tentativa de manter uma boa imagem diante das pessoas. Em outras palavras, preservar as máscaras.

Então, para vencermos o orgulho, precisamos considerar que a maravilhosa graça de Deus, que nos amou sem esperar que fôssemos boas pessoas. Tentar parecer perfeitos para sermos aceitos, então, não só é peso muito grande como totalmente desnecessário.

Considere o amor gracioso de Deus por vocês e experimente a alegria e a liberdade de ser apenas quem você é.

Amor em chamas

A segunda disciplina a que somos chamados é o amor. Essa disciplina espiritual se contrapões à indiferença. Hoje, ser indiferente às pessoas é considerado um sinal de fortaleza, mas a verdade é que o fim de alguém que cultiva a indiferença é a frieza e a solidão.

Há alguns anos atrás a banda Oficina G3 compôs uma canção cujo o título é indiferença. A letra é um grito contra o estado de passividade em que as grandes cidades se encontram.

Uma das frases que mais me chamou a atenção foi o refrão, que diz:

“Vidros fechados, gestos mudos do outro lado.”

Perguntas para revelar o pecado da indiferença

·        Tenho pensado ou falado com maldade contra alguém?
·        Tem me justificado quando sou flagrado criticando alguém?
·        Tenho sido impaciente e iracundo com frequência?
·        Tenho agido com falta de atenção para com as pessoas?

Caminhos de arrependimento

Considere a graça de Deus e o amor dele por vocês, sem que você nada merecesse, até que...

... não haja frieza ou grosseria em suas emoções (pense no amor de Cristo, morrendo gentilmente em seu lugar);
... não haja mais impaciência com os outros (pense na paciência de Cristo para com você);
... surja alguma ligação com as pessoas e indiferença se desvaneça.

O amor de Deus não foi indiferente. Ele se importou. Jesus não foi indiferente! Ele não pensou apenas em si. Ele assumiu o ônus de se importar com as pessoas. Muitos o rejeitaram, outros zombaram, outros nem entenderam, mas ele amou até o fim. Vejamos as orientações do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Filipos:

4 Não pensem unicamente nos vossos interesses, mas procurem também aquilo que interessa aos outros. 5-8Que haja assim em vocês a mesma atitude que houve em Cristo Jesus, que, embora por natureza sendo Deus, não reivindicou o ser igual a Deus, mas desfez--se das suas regalias próprias, e tornando-se um ser humano, tomou uma posição de dependência, humilhando-se a ponto de se sujeitar voluntariamente à morte; não a uma morte vulgar, mas à morte da cruz. (Fp 2.4-8)

Algumas pessoas pensam que o que se opões ao amor é o ódio. Mas isso é um engano. O que se opões ao amor é a indiferença. E se Deus amor, não permita que a indiferença se torne seu modo de viver. Isso seria renegar a fé e virar as costas para Deus.

Coragem sábia

A terceira disciplina a que somos chamados para exercitar o arrependimento conforme o evangelho é a coragem. A coragem aqui não é irresponsabilidade nem inconsequência, mas sabedoria; coragem para olhar a vida pelos olhos de Deus.

Diz uma antiga fábula que um Rato vivia angustiado com medo do gato. Um mágico teve pena dele e o transformou em gato.

Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão. Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu. 

Transformou-o em Rato novamente e disse: 

“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem a coragem de um Rato”. 

Quanta coragem existe em você? Você já sentiu como ratinho da história: nada é suficiente para fazer de você alguém corajoso? Não se entristeça! Até Josué, um homem acostumado com dureza da vida, precisou ouvir palavra de encorajamento.

No entanto, a coragem sábia da qual estamos falando não se contrapões ao medo, sim à ansiedade, isto é, à pressa de fazer tudo perfeitamente correto.

Essa ansiedade tem efeitos opostos: enquanto alguns ficam paralisados pela ansiedade o outros se tornam precipitados e impulsivos.

Perguntas para revelar o pecado da ansiedade

·        Tenho evitado as pessoas com quem preciso tratar problemas?
·        Tenho evitado tarefas sob minha responsabilidade?
·        Tenho falhado em ser objetivo naquilo que precisa ser feito?
·        Tenho agido com precipitação e impulsividade?

Caminhos de arrependimento

Considere o amor graciosos e corajoso de Cristo por você até que...

... não haja qualquer fuga covarde dos problemas difíceis (lembre-se do que Cristo enfrentou por você);
... os comportamentos ansiosos e cheios de preocupação se dissipem (lembre-se de que Deus já provou o amor dele por você, pelo fato de haver Cristo morrido na cruz, e que ele jamais o abandonará).

A coragem sábia não é mero destemor quanto às coisas da vida. Também não é resultado de sentir-se forte e capaz de resolver qualquer coisa. Essa coragem não é ter convicção de que você vai conseguir.

Coragem sábia é enfrentar os problemas da vida confiando que Ele estará conosco até o final: consolando, encorajando, animando, ou simplesmente nos fortalecendo nos dias maus.

Conclusão

O arrependimento religioso é um sinal de fracasso; arrepender-se segundo o evangelho é um brado de vitória a respeito do amor de Deus

O arrependimento religioso é motivo de tristeza pelo que não fizemos; arrepender-se segundo o evangelho é motivo de alegria pelo que já fez e fará por nós.

O arrependimento religioso esperança frustrada de acerta; arrepender-se segundo o evangelho é a esperança realizada que temos em Cristo Jesus.

O arrependimento religioso fala de mim mesmo e de meus esforços e ser bom; arrepender-se segundo o evangelho é proclamar as virtudes de Cristo.

O arrependimento religioso é desejo de independência; arrepender-se segundo o evangelho é declarar sua dependência da graça amorosa de Deus.

O profeta Isaías relatou algo maravilhoso e terrível ao mesmo tempo. A fala do Senhor ao seu povo naqueles dias foi a seguinte:

“Diz o soberano Senhor; o santo de Israel: “No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança o seu vigo, mas vocês não quiseram.”


Qual será sua resposta nessa noite? Eu desejo que você diga sim ao arrependimento, que decida experimentar as disciplinas que podem conduzi-lo à maturidade, à perfeita varonilidade de Cristo.