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09 outubro 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Sujeitando-nos uns aos outros


Sujeitando-nos uns aos outros
21 Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Ef 5.21

O conceito de submissão é usado por muitos escritores bíblicos para descrever uma variedade de comportamentos cristãos. Paulo advertiu a todos os cristãos (homens e mulheres) que se sujeitem uns aos outros (Ef 5.21). Como assim? Seria colocar essa proposta de Paulo em prática?

O modo mais comum que conhecemos para lidar com autoridade e submissão é a cadeia de autoridade que é, por excelência, a prática adotada pelos militares. Nesse modo de ver cada pessoa está submetida a autoridades superiores e exerce autoridade sobre quem está nos andares de baixo. As empresas também adotam essa prática e estabelecem um organograma no qual fica claro quem tem autoridade sobre quem e a quem cada um deve prestar contas de seu serviço.

Embora seja repudiada por muita gente, a cadeia de autoridade explica várias coisas a respeito do mundo espiritual e, aqui entre nós, faz os processos corriqueiros acontecerem de forma efetiva, por meio da obediência e prestação de contas à autoridade superior.

No entanto, esse conceito de submissão mútua proposto pelo apóstolo Paulo é muito mais arrojado do que os arranjos que estamos acostumados ao lidarmos com autoridade e submissão. O desafio que ele faz é de que todos se sujeitem uns aos outros. Isso é possível? Não seria o caos?

25 agosto 2016

Unidos em Santidade


Unidos em Santidade
Comunidade Batista Mangabeira IV - João Pessoa/PB - 21/08/16 

Introdução

Boa noite, irmãos! É muito bom ter novamente a oportunidade de compartilhar a Escrituras e juntos nos aproximar do texto sagrado. Depois de alguns dias de férias a saudade já estava apertando o coração.

Agosto foi separado pelos Batistas como um mês para lembrarmos de forma especial dos jovens de nossas igrejas e encorajá-los a perseverar no caminho que estão trilhando com Jesus. E como é importante encorajar! Isso está acontecendo aqui na CBM e por todo o país.

Nossa juventude escolheu um tema para nortear as reflexões neste mês: Unidos em Santidade. Certamente é um tema desafiador que merece nossa atenção. O texto bíblico de onde esse tema nasceu está na primeira carta escrita pelo Apóstolo Pedro.

...sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, 1 Pe. 1.15b (NVI)

Então, por favor, abra sua Bíblia no primeiro capítulo desta carta e a mantenha aberta lá. Esse capítulo será o texto sobre o qual conversaremos hoje à noite.

A título de introdução a essa conversa, quero fazer uma pergunta: porque alguém, em pleno século XXI, teria algum interesse em tratar sobre santidade? Fala sério! E mais, porque santidade faria parte dos assuntos que interessam aos jovens?

Santidade é uma palavra um pouco mofada, não? Pra começar, todos os santos são velhos. Santidade não parece combinar com juventude. Sempre que alguém começa a falar sobre essa tal de santidade o discurso parece retrógrado e os exemplos parecem antiquados.

Outra questão é que toda vez que alguém fala sobre santidade parece estar querendo tirar algo bom e prazeroso da gente. Santidade parece sinônimo de NÃO. Aí fica aquela impressão de que se embarcarmos nessa a vida vai ficar meio sem graça e sem brilho.

Por fim, às vezes parece que santidade é uma palavra comum na boca de gente arrogante, que se acha sempre superior aos demais. Ora, se aqueles que se interessam por santidade são assim, parece então que isso não ajuda muito as pessoas a se tornarem seres humanos melhores. Por que, então, eu e você deveríamos nos interessar por esse assunto?

No entanto, a despeito dessas constatações, acabamos de ler um trecho das Escrituras que nos orienta a sermos santos em tudo que fizermos. O que fazer com essa orientação? Bom, poderíamos seguir o exemplo daqueles que selecionam para si as partes da Bíblia que são boas e descartam aquelas que são desconfortáveis, mas não acho que esse seja o melhor caminho.

A Bíblia não é um site de frases bonitas em que se escolhe aquela que arrepia o braço quando você lê. Ela é um legado do Espírito Santo, deixada para lançar luz sobre quem é Deus, sobre quem nós somos e para anunciar as boas novas de que nosso relacionamento com ele pode ser restabelecido mediante a fé no amor dele por nós.

Diante disso tudo, a saída mais honesta que nos resta é examinar o texto o bíblico e tentar compreender um pouco mais sobre essa santidade de que fala o apóstolo Pedro. Será que ela tem algum significado para nós, hoje? Vamos ler juntos o texto projetado e depois pedir ao Senhor que nos guie.

13Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado.14Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. 15Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, 16pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo". 1 Pe. 1.13-15 (NVI)

Santidade não é para todos

Pode parecer estranho o que vou dizer agora, mas acredito que temos no verso 15 uma dica segura de que santidade não é para todos. No começo do texto, Pedro parece deixar claro que santidade não é requerida e nem mesmo esperada de todos, mas tão somente daqueles que foram chamados por Deus e responderam sim a esse chamado.

Eu quero ser o mais claro possível sobre esse ponto porque esse entendimento é um divisor de águas que pode mudar sua vida.

Responder sim ao chamado de Deus é desistir de fazer algum bem espiritual por si mesmo e receber o bem maior oferecido por Deus. Não há em seu interior qualquer recurso espiritual propriamente seu que seja suficiente para dar um jeito em sua vida. Enquanto você não reconhecer essa realidade, santidade será algo estranho aos seus ouvidos.

Outra forma de compreender esse sim ao chamado de Deus é compará-lo a alguém à deriva em alto mar que se dá conta de que o barco em que se encontra está destruído, sem reparo e afundando, e que recebe agradecido o bote salva-vidas jogado em sua direção.

 Alguém que continua tentando consertar a vida por conta própria carrega sobre os ombros fardos pesados. A cada dia o esforço para se manter em pé e sorrir parece maior. Uma manhã após a outra e os dias chegam sobrecarregados pelos esforços de fazer a vida dar certo.

Há uma boa notícia pra você que passa o dia em busca de uma postagem no Face, uma mensagem no Whatsapp, um elogio, um afago ou qualquer outra coisa que o ajude a suportar o peso de carregar o mundo sobre os ombros:

Jesus sabe de tudo que se passa com você.  Ele deseja salvá-lo desse naufrágio iminente em que sua vida de transformou. Ele quer aliviá-lo dos fardos que estão tornando seus dias um verdadeiro globo da morte, onde parar parece mais perigoso do que continuar. Ouça o que ele disse:

28 "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Mt 11.28 (NVI)

É assim que alguém começa a seguir a Jesus: indo para ele. Santidade, portanto, não é algo que possa se esperado de todas as pessoas com quem cruzamos, mas é um modo de vida, uma direção apontada pelas Escrituras para todos aqueles que atenderam ao chamado de Jesus e se tornaram seus seguidores e discípulos.

Santidade começa com Regeneração

Agora que compreendemos que o chamado para santidade é um privilégio guardado para os seguidores de Jesus, precisamos voltar ao início deste capítulo para considerarmos os detalhes desse ponto de partida.

3Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês 5que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo. 1 Pe. 1.3-5 (NVI)

Esse chamado de Deus é uma porta que se abre para o que Jesus, na conversa que teve com Nicodemos, chamou de novo nascimento.

No verso 3 Pedro, antecipando-se ao que ia escrever em seguida, se fosse nordestino, bradaria: Ô Deus arretado!! Mas como não era ele exalta a Deus do jeito dele. Aí ele continua explicando o que é como acontece esse novo nascimento, que ele chamou de regeneração. Esse é o ponto de partida para a santidade.

Santidade começa com aceitar com gratidão a misericórdia de Deus. Não há qualquer mérito em haver sido regenerado. Não havia em você qualquer coisa digna de ser salva. É tudo um presente gratuito, pelo qual você não fez nada para receber. Portanto, qualquer tentativa de barganhar com Deus é semelhante a tentar pagar por um presente recebido: desnecessário e desrespeitoso.

Santidade começa com confiar no poder de Deus, demonstrado na ressurreição de Cristo. A confiança é de que assim como Jesus ressurgiu dentre os mortos, nós os seus seguidores, fomos resgatados para uma nova vida, que começa aqui e agora. Portanto, qualquer tentativa de viver uma fé desencarnada não vai nos ajudar a ser santos.

Santidade começa com a convicção de que a nova vida que recebemos é como uma herança, porque fomos adotados na família de Deus. Essa nova vida é algo que não pode ser roubada, não se estraga e não perde seu valor. Portanto, o coração inseguro não nos ajudar a viver em santidade.

Santidade começa com uma esperança que não se limita a esta vida, que se projeta para a eternidade. Essa esperança estará completa apenas quando o Senhor retornar e se fizerem novos céus e uma nova terra. Tempo em que não haverá mais choro, nem pranto, nem dor! Portanto, qualquer tentativa de transforma esta vida no único propósito do evangelho não coopera para a santidade em nós.

Santidade na prática

É possível que, ao ouvir sobre santidade, as imagens que venha a sua mente sejam de alguém orando e lendo ou lendo a Bíblia. E certamente a oração e leitura das Escrituras fazem parte da vida de alguém que se interessa e se importa em viver uma vida santa.

Em 1 Pedro 1.13 somos apresentados a uma santidade que começa em nossa relação com Deus e que se torna visível em tudo que fazemos. Portanto, santidade não é coisa de gente enclausurada nas quatro paredes dos templos nem tampouco nas quatro paredes da sala de estar do seu apartamento. Santidade é coisa de gente que vive a vida intensamente.

Veja o que Pedro diz:

13Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado. 1 Pe. 1.13 (NVI)

Algumas coisas me chamam a atenção neste verso:

...Portanto, estejam com a mente preparada...
Primeiro, é a fala de Pedro que nos convoca a estarmos preparados em nossas mentes. A palavra grega usada pelo apóstolo, διανοια dianoia, indica a mente com centro das habilidades intelectuais, afetivas e volitivas (isto é, da vontade). Santidade, portanto, não é apenas um exercício espiritual. Passa também pelo desenvolvimento de nossa capacidade de entender as coisas, de nos relacionar com as pessoas e lidar com nossas vontades.

...prontos para a ação...
Depois é que esse preparo todo tem como objetivo agir. Não faz sentido preparar-se para uma jornada, vestindo e ajustando as roupas adequadas para um longo percurso, para em seguida sentar-se na cadeira e não fazer nada para o que você se preparou.

Para Pedro a santidade tem que colocar o bloco na rua. Tudo aquilo que Deus lhe permitiu viver, toda inteligência que ele lhe deus, toda a riqueza emocional que você experimentou, todas as habilidades relacionais que ele lhe permitiu desenvolver, todo domínio próprio que você alcançou foram dados para que você seja santo, anunciando assim o amor gracioso de Deus.

...coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado...
Por fim, Pedro deixa bem claro que aqueles que são chamados para a santidade, não devem apostar suas fichas neste tempo presente. Devemos agir agora, mas os frutos e as recompensas desse agir estão preparados para um tempo futuro.

Dessa forma, somos chamados a uma santidade que em nada ostenta virtudes ou conquistas, mas que aguarda o tempo em que as obras de cada um serão reveladas e recompensadas.

Unidos

É completamente impossível enfrentarmos os desafios de viver vida santa sozinhos. Santidade não é coisa para se experimentar no isolamento. Santidade não é um solo, mas um coral; não é obra de um lobo solitário, mas uma matilha; não um voo solo, mas a apresentação de uma esquadrilha.

Mas os tempos que vivemos são difíceis. Tempos em que profundidade e qualidade se tornaram desnecessárias como característica dos relacionamentos humanos. Temos esquecido de que Deus, ao criar o ser humano, afirmou categoricamente “Não é bom que o homem esteja só” (Embora essa afirmativa esteja no contexto do estabelecimento do primeiro casal, ela reconhece que não fomos feitos para existir sozinhos).

Temos nossa individualidade, mas fomos criados para a coletividade: quando estamos juntos o potencial colocado em cada um de nós torna-se possível; quando estamos juntos a multiforme graça de Deus encontra o ambiente propício para nos conduzir à plenitude de Cristo.

Estar juntos não é apenas estar no mesmo lugar, cantar as mesmas músicas, ler o mesmo texto bíblico e ouvir as mesmas orações. É possível fazer isso tudo, mas estar distante. Por causa dessa possibilidade, de a convivência ser rasa e descomprometida, muitos tem optado pela não-convivência; ou pela convivência virtual.

A opção pela não-convivência pode ser agradável por um tempo, porque o poupa de alguns desgastes próprios do relacionamento; mas a médio e longo prazo é um desastre, porque reduz o potencial que Deus colocou em você. A cada passo que alguém dá em direção ao isolamento relacional mais distante fica de viver uma vida santa.

A convivência virtual tem se tornado a preferência de muita gente. Sem dúvida é melhor que a não-convivência, isto é o isolamento. Mas não é suficiente. Os relacionamentos virtuais são pobres e rasos quando comparados ao olho-no-olho. Não estou dizendo que não sejam úteis e até apropriados em algumas circunstâncias, mas que eles são limitados e pouco ajudam no chamado para sermos santos.

Bem, minha conclusão em relação a isso é que precisamos recuperar os relacionamentos olho-no-olho. Precisamos estar juntos no mesmo lugar, cantar as mesmas músicas, ler o mesmo texto bíblico e ouvir as mesmas orações. Pode ser que não seja perfeito, mas ainda é o melhor que temos.

O escritor da carta aos Hebreus fala sobre isso. Ele nos aponta uma direção importante que não pode ser colocada de lado: quando estamos juntos no mesmo lugar, cantando as mesmas músicas, lendo os mesmos textos bíblicos, ouvindo as mesmas orações, abre-se uma janela para experimentarmos o amor em suas mais variadas dimensões.

24 Procuremos desenvolver entre nós o amor fraternal e estimulemo-nos a fazer o bem. 25 Não descuidemos a nossa participação na comunidade dos crentes, como muitos fazem. Pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, tanto mais que vemos aproximar-se o grande momento da sua segunda vinda. Hb 10.24-25 (OL)

Para não descuidar de nossa participação na comunidade dos crentes e atender à vocação que temos para a santidade precisamos rever as prioridades de nossas agendas e avaliar se nossa vida não está girando apenas em volta de nós mesmos. Se for esse o caso, o primeiro passo é confessar o pecado ao Senhor e pedir que ele nos ajude a viver de uma maneira diferente, mais parecida com o modo de vida que Jesus ensinou.

Minha oração neste momento é um pedido ao Senhor para que (1) nos dê clareza e convicção sobre a obra regeneradora de Cristo em nossas vidas; (2) nos ajude a viver santidade de forma prática, gastando nossas vidas como um sinal do Reino; (3) e que eles nos ajude permanecer juntos, cantando as mesmas músicas, lendo os mesmos textos bíblicos, ouvindo as mesmas orações e experimentando o amor em suas mais variadas dimensões.

26 junho 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Dedicados uns aos outros


Dedicados uns aos outros

Paulo usou a metáfora do corpo para mostra que os seguidores de Jesus são membros uns dos outros. Essa bonita ilustração mostra como a Igreja funciona. Cada crente é necessário e vitalmente importante no plano de Deus.

Analogias são ótimas para introduzir um assunto ou para fornecer acesso a um conhecimento. No entanto, comparações não são perfeitas em tudo e não têm a função de esgotar o assunto. Isso quer dizer que nem tudo a respeito do corpo humano pode ser aplicado à igreja e que há muitos aspectos da igreja que não podem ser percebidos através da comparação com o corpo.

É por isso, e também por causa da importância e complexidade do assunto, que as Escrituras nos fornecem outras analogias sobre a Igreja, como lavoura, edifício, exército, etc. Em Rm 12.10 temos indícios de outra analogia importante para compreendermos a natureza da Igreja que somos.

10 Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Rm. 12.10 (NVI)

O termo philadelphia, traduzido por amor fraternal, originalmente refere-se aos relacionamentos familiares. Quando o apóstolo Paulo o aplica à igreja, parece afirmar que o relacionamento entre os discípulos de Jesus é marcado por um amor semelhante ao amor que existe entre irmãos.

O termo adelphos, usado nas escrituras por mais de 200 vezes e traduzido como irmão, quer dizer, literalmente “do mesmo ventre” e é claramente um termo familiar. Assim, a Bíblia aponta para uma realidade inescapável e profunda: nascemos de novo (como Jesus falou a Nicodemos) dentro da família de Deus. Ele nos adotou a todos como filhos e filhas por meio de Jesus Cristo.

5 Deus nos destinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo; esse era o seu desejo e o seu propósito. Ef 1.5 (VFL)

As duas analogias (corpo e família) claramente nos fornecem comparações diferentes e parecem ter objetivos diferentes: quando Paulo usou a metáfora do corpo, valeu-se dos aspectos físicos para ilustrar o funcionamento da igreja com a participação de todos discípulos a partir das habilidade e capacitações de cada um; mas quando empregou a metáfora da família o foco é outro: ele quis mostrar os aspectos psicológicos das relações entre os cristãos.

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Dizer que a igreja é como uma família pode ser inspirador para alguns, mas não ajuda muito outras pessoas, cuja a experiência familiar não foi (ou não é) das melhores.

Com frequência, crianças crescem sem sentir como é ser aceito, amado incondicionalmente ou sentir-se seguro; não aprendem a confiar nos outros, pelo contrário. Por causa do ambiente hostil em que são criadas, aprendem a mentir, trapacear e enganar; assim, o egoísmo acaba se tornando um modo de sobrevivência onde há pouco espaço para confiança, generosidade e afeto.

Como esse cenário se liga à analogia da igreja como família? O ponto a ser considerado é o fato de que alguém se tornar um cristão não muda automaticamente atitudes e modos de pensar que foram desenvolvidos ao longo da vida. Assim, quando passam a fazer parte da família de Deus, muitos chegam apenas com uma vaga noção do que seja ser amável, carinhoso, sincero e confiante e com pouca disposição para acreditar que esta família seja diferente daquela em que ele cresceu.

A boa notícia é que Deus projetou a igreja (a família dele) para trazer cura espiritual e emocional a todos os que nela forma incluídos, mesmo aqueles que tiveram poucas experiências familiares de amor e cuidado mútuos.


Infelizmente, o mundo está cheio de igrejas que não funcionam como famílias plenas e funcionais. Nessas igrejas os crentes não são dedicados uns aos outros em amor fraternal; nessas igrejas o lema “um por todos, todos por um” é motivo de gracejos, piada e descrença; nessas igrejas há poucas empatia, pouco desprendimento e pouca disposição para se gastar em benefício dos outros; nessas igrejas as pessoas que chegam vindas de famílias quebradas e desestruturadas são expostas a outras famílias que quase nada podem fazer, porque também se encontram na mesma situação.

Quando isso acontece, o plano de Deus para a cura espiritual e emocional é impedido. De fato, essa situação leva à desilusão e devastação espiritual. É inegável que vivemos tempo difíceis.


Uma pergunta é inevitável. Pode a igreja trazer cura e saúde a quem tanto precisa? A resposta é decididamente “SIM”. Isso já aconteceu incontáveis vezes na história e pode acontecer aqui com a gente também. Que passos podemos dar para caminhar em direção a uma igreja-família, cujos relacionamentos dão testemunho aos de fora e acolhimento aos de dentro?

Apesar de nossa condição como membros da família de Deus ser uma ligação produzida pelo Espírito de Deus, mediante a regeneração, que nos insere em uma nova vida, ainda assim mostrar amor e afeto por outros cristãos e trata-los como irmãos e irmãs precisa ser aprendido.

PASSO 1

O primeiro passo para esse aprendizado é examinar com cuidado e espírito de submissão o que a Bíblia fala sobre amor fraternal. A seguir, uma amostra:

9Mas quanto ao amor fraternal puro que deve existir entre o povo de Deus, eu não preciso falar muito, tenho certeza! Porque o próprio Deus está ensinando vocês a se amarem uns aos outros. 10Na verdade, já é forte o amor que vocês têm por todos os irmãos em Cristo no seu país todo. Mesmo assim, queridos amigos, nós lhes rogamos que amem cada vez mais a eles. 1 Ts 4.9,10

1Não deixem nunca de se amar com amor de irmãos. 2Não se esqueçam da hospitalidade, porque foi assim que alguns hospedaram anjos, sem o saber. 3Lembrem-se dos presos como se estivessem presos com eles; e dos que são maltratados como se fossem vocês mesmos a sofrer. Hb 13.1-3

22Agora podem ter entre vocês um amor fraterno, não fingido, porque as vossas almas foram purificadas pela obediência à verdade. Amem-se, pois, uns aos outros de todo o coração. 23Porque vocês nasceram de novo, não de uma semente deteriorável, mas de uma semente imortal, pela palavra de Deus viva e que permanece para sempre. 1 Pe 1.22,23

8E agora, esta palavra a cada um: vocês devem ser como uma grande família feliz, cheios de simpatia uns pelos outros, amando-se uns aos outros, com corações ternos e mentes humildes. 9Não paguem mal por mal. Não retribuam àqueles que dizem coisas desairosas sobre vocês. Em vez disso, orem para que Deus ajude os tais, pois devemos ser bondosos para com os outros, e Deus nos abençoará por isso. 1 Pe 3.8,9

5-7Sendo assim, esforcem-se diligentemente por acrescentar à vossa fé uma boa conduta; e além disso o conhecimento das coisas espirituais; depois aprendam o que é o domínio dos vossos próprios desejos naturais; acrescentem a perseverança, e ainda uma relação efectiva com Deus. E não se esqueçam da afeição fraterna, e enfim do amor. 8Porque se estas qualidades abundarem na vossa vida, elas não vos deixarão ociosos nem estéreis, mas antes frutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Pe 1.5-7

PASSO 2

Avalie suas atitudes e ações com respeito aos outros membros da sua família cristã. Até que ponto você sente amor e afeto em relação aos seus irmãos em Cristo? Vejamos se as perguntas a seguir podem auxiliar-nos nessa reflexão:
  
Bloco A

1.     Você se sente à vontade para expressar seus sentimentos a outras pessoas? Por quê?
2.     Você já foi magoado por alguém em quem confiava? O que você aprendeu com essa situação?
3.     Você acha que vale a pena abrir o coração na família de sangue? E na família de fé?
4.     Quais são os riscos que corremos ao expressar nossos sentimentos na família de Deus? Você acha que vale a pena?

Bloco B

1.     Na sua família, com seus pais e irmãos, como vocês expressavam amor uns pelos outros?
2.     Como você classificaria sua família (pais e irmãos) em relação a expressar sentimentos? Muito Aberta, Aberta, Fechada, Muito Fechada.
3.     Em termos de expressar sentimentos e emoções, o que era assunto proibido em sua família (pais e irmãos)?
4.     Você se sente confortável em chamar Deus de pai? Por quê?

Bloco C

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

Bloco D

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

PASSO 3

Se depois dessas perguntas você achar que precisa de ajuda, procure um membro amadurecido do Corpo de Cristo em quem você confie. Isso é muito importante para sua caminhada. Comece a agir em harmonia com aquilo que você sabe ser o desejo de Deus. Não espere sentir vontade. Frequentemente sentimentos vêm logo após ações. Expressa o amor de forma tangível o ajudará a desenvolver sentimentos de amor e a comunica-los verbalmente.

Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000. Tradução por Ana Vitoria Esteves de Souza.

30 novembro 2014

Ministério Pastoral: Três aspectos

Mensagem proferida do culto de consagração
 ao ministério da Palavra do Pr. Jardiel Roberto em João Pessoa/PB

Ministério Pastoral: Três aspectos

Introdução ao Evento

Hoje é noite de festa e de grande alegria! Estamos reunidos para confirmar o entendimento dos irmãos que reúnem aqui em Tambaú, Igreja de Jesus, a respeito do chamado de Deus na vida do Jardiel.

A vida, o testemunho, a família e o compromisso desse jovem poderiam levá-lo a servir ao Senhor em diversas posições desse complexo mundo em que vivemos. No entanto, entre as excelentes coisas a se fazer na vida, Jardiel tem declarado que sente o chamado de Deus para servir aos irmãos no ministério pastoral. Esse chamado foi identificado e confirmado por esta comunidade e pelos líderes a quem ele está submetido nos diversos aspectos de sua vida.

Por tudo isso, e por causa do carinho que todos aqui temos por ele e por sua família, estamos celebrando ao Senhor. É maravilhoso ver que nosso Pai continua cuidado de sua igreja e provendo os líderes de que necessitamos para prosseguir em direção ao alvo que nos está proposto.

Considerações pessoais

Eu me sinto honrado e grato com o convite que recebi para compartilhar a Palavra de Deus nesta noite tão especial. Em dias normais compartilhar a Palavra já é uma tarefa repleta de desafio. Hoje, então, os desafios se multiplicam. O que falar ao mesmo tempo para um jovem pastor, para colegas de ministério com longas jornadas de serviço no pastorado e para ministros de Deus das mais diversas vocações aqui presentes?

Depois de ponderar em oração sobre alguns caminhos, decidi recorrer à vida do apóstolo Pedro para que o Senhor possa através dessa breve reflexão nos trazer discernimentos, alertas e consolos. Portanto, peço que você entre em oração comigo para pedirmos ao Senhor que use de sua misericórdia e fale com cada um de nós conforme nossas necessidades.

Oração

Pedro, um de nós

Acho impressionante ler sobre as viagens do apóstolo Paulo! A forma como Lucas descreve os desafios que ele enfrentou, as decisões que tomou, os discursos que fez, sua persistência, sua seriedade, o conhecimento que tinha das escrituras... Não há como não se sentir desafiado! É quase como se ele não fosse um ser humano comum.
Por outro lado, quando me detenho nos relatos sobre Pedro, nas lutas e desafios que ele enfrentou, muitas vezes tenho a impressão de que ele é um de nós.

É claro que isso acontece, em parte, apenas por que eles eram pessoas com histórias diferentes vivendo circunstâncias diferentes. Ainda assim, quando leio as histórias de Pedro nasce em mim uma certa identificação com sua humanidade: ele realmente parece um de nós.

Hoje à noite pretendo conectar três momentos da vida de Pedro de maneira que possamos refletir sobre o significado da vocação ao ministério pastoral. Ao final, quero convidá-los a ouvir três conselhos que ele mesmo nos ofereceu ao final de sua vida.

A.   Senhor, estou pronto

Chamei o primeiro momento de “Senhor, estou pronto”. O episódio em que ele se revela é após a ceia de páscoa e antes do getsêmane, quando Jesus começou a explicar aos discípulos a natureza sacrificial de seu ministério e esclareceu que um traidor, entre eles, seria o instrumento de sua prisão.

Lucas (Cf 22:24) afirma que os apóstolos imediatamente começaram a discutir sobre quem seria o traidor e quem era o melhor entre eles. Jesus interrompeu os brigões e tentou recuperar o ponto: serviço sacrificial. Falou coisas estranhas como o maior é aquele que assume o serviço como uma missão pessoal.

No meio dessa discussão, Pedro fez uma afirmação corajosa: “Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte” (v.33). Eu imagino os demais discípulos parando todos ao mesmo tempo e olhando, todos ao mesmo tempo, para Pedro. Alguns, admirados; outros achando que Pedro tinha passado a perna neles para assumir a liderança do grupo.

Mas Jesus sabia que aqueles arroubos de Pedro seriam testados e reprovados naquele mesmo dia e disso: “Pedro, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.”. É bem possível que Pedro tenha balançado a cabeça e dito com firmeza que jamais faria isso, repetindo que seria fiel até a morte. Pelos evangelhos sabemos que naquela noite não foi a coragem do apóstolo Pedro que se destacou, mas o seu medo, a vergonha e, por fim, a negação que Jesus havia predito.

Como Pedro poderia estar tão enganado sobre suas próprias reações ao lidar com aquela situação?

Parece-me que Pedro tropeçou em três pedras que estavam pelo meio do seu caminho.

1.     Ele subestimou os desafios de seguir a Jesus

Seguir os passos de Jesus não é assumir o palco, realizar um espetáculo e esperar os aplausos. Seguir a Jesus é uma caminhada cheia de oposições e contratempos. O caminho é estreio e pedregoso.

Jardiel, você precisa ter em mente essa realidade! Não caia na armadilha de imaginar o caminho do ministério pavimentado e florido. Claro que há flores pelo caminho. Claro que há temos de refrigérios. Mas quando alguém decide atender ao chamado e seguir os passos do mestre não pode esquecer que pela frente vai se deparar com situações adversas que porão à prova sua lealdade ao modo de Cristo compreender a existência.

2.     Ele superestimou a si mesmo

Ser ministro de Jesus a serviço do povo de Deus, seja qual for o ministério ao qual se foi chamado, não é uma consequência direta da capacidade do servo. É claro que precisamos nos preparar para servir mais e melhor, mas parece-me claro também que não se deve confiar demais no preparo e nas capacidades que adquirimos. Em tempos de pastores profissionais, que têm prazer um promover as próprias virtudes, é preciso lembrar todo tempo do sábio conselho de Paulo, de não pensar sobre si mesmo além do que convém.

Jardiel, você precisa conhecer e reconhecer suas limitações. Não caia na armadilha do ministério com base na blindagem eclesiástica. Não esconda de si e nem dos outros as áreas da vida em que precisa de ajuda, caso contrário você nunca encontrará a ajuda de que precisa. Certamente você precisará de amigos sinceros para rejeitar a blindagem eclesiástica: peça-os insistentemente a Deus.

3.     Ele não compreendeu a natureza da oração de Jesus

Embora seja um bom começo, a verdade é que não basta para a jornada do ministério pastoral avaliar corretamente os desafios do serviço e as limitações do servo. O chamado de Cristo é para uma missão que possui dimensões sobrenaturais. Foi por isso que Jesus disse para Pedro que havia rogado a Deus por ele: “para que tua fé não desfaleça” (v.32). É preciso que o ministro esteja conectado à dimensão sobrenatural de sua vocação para percorrer os caminhos do serviço à igreja, a carreira que lhe foi proposta, com dignidade e paz de espírito.

Jardiel, algumas vezes você não vai conseguir ser uma pessoa melhor, como anseia o seu coração, e isso lhe será lançado em rosto. Outras vezes você vai fraquejar diante da oposição espiritual ao seu ministério, e isso lhe será lançado em rosto pelo inimigo de nossas almas e seus mensageiros. Nesses momentos, você não pode esquecer de que o próprio Jesus, seu senhor, está intercedendo por você para que sua fé não desfaleça.
Ao final daquela conversa, Jesus deixou bem claro para Pedro, algo de que os ministros de Cristo precisam: todos os dias, converter-se da fé em si mesmo para a confiança no Senhor. E quando você, Jardiel, se perceber convertido dessa maneira, faça o que Jesus sugeriu a Pedro: “fortalece os teus irmãos” (v.32) encorajando-os a fazer o fazer o mesmo.

Nos momentos “Senhor, estou pronto”, (1) não subestime os desafios, (2) não superestime suas capacidades, (3) converta-se à confiança no Senhor.

B.   Tu sabes todas as coisas

O segundo momento da vida de Pedro que servirá à nossa reflexão hoje é aquele em que Jesus tenta regatá-lo do poço existencial em que ele estava depois de ter fracassado como discípulo e negado até mesmo que conhecia o Senhor. Esse é um dos momentos em que eu mais me identifico com a humanidade de Pedro.

Jesus já havia ressuscitado. Era tempo de festejar a vitória! Mas Pedro continuava sentindo-se uma fraude, com vontade de desistir de tudo, exposto em suas fraquezas, abalado pelo desconhecimento de si mesmo e pela incapacidade de cumprir com suas promessas. Cabisbaixo e ferido em sua autoestima, ele não tinha muito o que conversar com Jesus.

Jesus, então, toma a iniciativa: “Pedro, tu me amas?” O jogo de palavras com ágape e filéo perpassa todo o diálogo entre os dois até Pedro afirmar: “Tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo”.

Jardiel, muitas vezes você só vai conseguir prosseguir pelo caminho da sua vocação quando trouxer à memória o relacionamento de amor entre você e o Senhor Jesus. Quando o sentimento de fracasso lhe alcançar, e ele vai lhe alcançar, você vai precisar da convicção de que, a despeito do sentimento de inadequação a lhe corroer por dentro, o seu amor por Deus é uma realidade.

De onde você vai tirar essa convicção? Só há um lugar onde ela está disponível: no amor gracioso de Deus por você. Amor provado na cruz, amor experimentado na caminhada de fé, amor revelado no constante cuidado dele em sua vida. João entendeu bem como isso funciona, por isso ele afirmou “nós o amamos porque ele nos amou primeiro”.

Então, quando os momentos “Tu sabes todas as coisas” chegarem não adianta explicar nada. Não é necessário esclarecer, nem justificar nada diante de Cristo. É preciso apenas agarrar-se à firme convicção de que o amor dele por você invadiu sua vida e isso o levou a amá-lo. É como disse Pedro “Tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo.

C.   Rogo aos presbíteros

O terceiro e último momento da vida de Pedro que separei para nossa reflexão esta noite, está registrado em sua primeira carta. Vejamos:

1 Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada:
2 Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.
3 Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. (I Pedro 5:1-3)

Nesse trecho, fala um Pedro já experimentado no sofrimento por Cristo e no cuidado de pessoas. Não se ouve mais as vozes inquietas de antes. É um Pedro que viu o evangelho de Cristo tocar a sua vida, transformar o seu caráter, mudar seus paradigmas e, sobretudo, um Pedro que aprendeu a importância das motivações corretas.
A fala de Pedro, quando apelas aos líderes que tinham responsabilidade em pastorear o rebanho, é direta e autoexplicativa. Dela extraio três conselhos úteis para os ministros, seja qual for o ponto da caminhada em que nos encontremos no ministério de serviço ao Reino.

1)  ...não por obrigação, mas de livre vontade...

O primeiro apelo de Pedro àqueles que foram chamados para servir à igreja cuidando dos irmãos é que o seu serviço não seja feito por obrigação.
Há muito o que se falar sobre essa tensão entre obrigação e espontaneidade levantada por Pedro em seu conselho, mas eu gostaria de destacar apenas uma, Jardiel: o Ministério pastoral não é um emprego com direitos e obrigações. Nenhum ministro de Deus foi chamado a submeter-se a uma relação profissional, como se fosse empregado da igreja em que serve.

É claro que há responsabilidades a serem assumidas, isso seja qual for o ministério a ser desenvolvido no corpo de Cristo, mas nunca essa relação deve produzir o senso de obrigação inerente ao trabalho assalariado.

As armadilhas capazes de transforma vocação em profissão são inúmeras e giram sempre em torno da motivação pela qual o serviço é realizado. Parece-me, então, que a melhor forma para um ministro de Deus proteger-se dessas armadilhas é investigar diante de Deus as razões de seu coração. Os porquês que movem sua alma são bons indícios para precaver-se das armadilhas em que está mais propenso a cair.

Investigar a si mesmo não é trabalho fácil nem rápido, amigo, mas é necessário. A boa notícia é que o Espírito de Deus está sempre pronto a nos ajudar nesse trabalho. Ele é como espada de dois gumes, capaz de discernir as intenções do coração. Você sempre poderá contar com ele!

2)  ...não por ganância, mas com o desejo de servir...

O segundo apelo de Pedro não poderia ser mais atual. O pastoreio do povo de Deus não dever ser feito visando lucro pessoal, mas como uma expressão de serviço ao Supremo Pastor.

Ministros que servem no cuidado pastoral da igreja não são donos do rebanho. As ovelhas não lhe pertencem. Não há nada que seja propriamente seu. Não lhes compete o direito de tornar-se abastado às custas do rebanho.

Claro que compete à igreja, que opta por ministros com dedicação exclusiva, o cuidado zeloso em suprir as necessidades deles e de suas famílias. Digo isso porque há comunidades que optam por modelos diferentes em que os ministros se dedicam tanto ao sustento pessoal quanto ao serviço à igreja, como era o caso de Paulo e seus companheiros.

No entanto, Jardiel, a meu ver, o conselho de Pedro diz respeito ao cuidado com as motivações de seu coração. Não é difícil que um ministro, ao ver o rebanho crescer sob seus cuidados, dar espaço em seu coração para sentimentos de insatisfação sobre o seu sustento. Também não é incomum que um ministro, pensando no lucro que poderia obter com um rebanho maior negocie princípios e valores para alcançar o que deseja.
Pedro aponta para a motivação certa: serviço. Se alguém não pode servir ao Povo de Cristo motivado pela alegria de ser um servo do Cristo vivo realizando seu ministério, precisa rever as motivações que o levaram à posição em que hoje se encontra.
Lembre-se, Jardiel, para aqueles que de coração grato assumem o serviço como expressão de seus ministérios, o Supremo Pastor está preparando a imperecível coroa da glória!

3)  ...não como dominadores, mas como exemplos para o rebanho...

O terceiro e último apelo de Pedro aos Presbíteros que pastoreiam o rebanho de Deus é sobre a forma como lideram o povo. Pedro, oferece o seguinte conselho: liderem pelo exemplo, não pela força.

De novo Pedro toca nas motivações. Digo isso, Jardiel, porque não é raro que almeje o episcopado como uma ferramenta para exercer domínio sobre as outras pessoas. Isso acontece, algumas vezes, por acordo mútuo entre o rebanho e o líder, de maneira que todos ficam temporariamente satisfeitos com o arranjo: a comunidade se submete a líderes abusivos em troca da aparente segurança que eles inspiram a afirmam oferecer.
Pedro, de temperamento explosivo, sabia bem o efeito que a dominação pode causar nas pessoas. Mas, transformado pelo amor de Deus em sua vida, ele aponta o melhor caminho para a liderança: o exemplo.

Liderar pelo exemplo não é ser perfeito. Não se trata de ter todas as respostas ou saber sempre a direção certa. Se fosse assim, o próprio Pedro estaria desqualificado. O exemplo que conduz o rebanho é da submissão a Deus, é do reconhecimento das fraquezas, é o do compromisso com os valores do Reino, é o da perseverança na Palavra, é o da confiança no amor de Deus. Exemplos assim são como faróis em meio à tempestade.

Conclusão

O caminho do ministério pastoral tem seus deleites, mas tem também o seus percalços e armadilhas, nas quais os incautos acabam presos convivendo com as piores motivações de suas almas.

Como esses conselhos de Pedro, que sondam as motivações do coração dos Ministros de Deus, encerro minha reflexão nessa noite. Três momentos: no primeiro deles, “Senhor, estou pronto”, somos chamados a nos converter da fé em nossas capacidades para a confiança no Deus Altíssimo; no segundo “Tu sabes todas as coisas”, fomos encorajados, nos momentos de derrota, a declarar o nosso amor por ele, que é fruto do amor dele por nós; no terceiro, “Rogo aos Presbíteros” um Pedro maduro e experimentado nos chama a sondar as motivações do nosso coração e reconhecer que o ministério a que fomos chamados é algo precioso demais para tratamos com pouco caso.

Termino conclamando aos ministros do evangelho de Cristo que nos tornemos sábios interpretes de nós mesmos e da vida que nos cerca. Conclamo a todos os ministros de Cristo, em todos os ministérios a que foram chamados, a ouvirem as palavras de Pedro, o presbítero, que diz:

1 E AGORA, uma palavra a vocês, os presbíteros da igreja. Eu também sou um ancião; com os meus próprios olhos vi Cristo morrer na cruz; e eu também participarei da sua glória e da sua honra quando Ele voltar. Colegas pastores, este é o meu apelo a vocês:
2 Alimentem o rebanho de Deus; cuidem dele com boa disposição e não de má vontade; não pelo que vocês ganharão com isso, mas porque estão ansiosos de servir ao Senhor.
3 Não sejam tiranos, mas guiem o rebanho com o seu bom exemplo.

4 E quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória.