16 dezembro 2022

Isabel



Isabel



Pr. Aristarco Coelho - Igreja Batista Videira

11 de Dezembro de 2022, Paratibe - João Pessoa/PB


Palavras Iniciais

Estamos em dezembro e as luzes do Natal estão acessas por toda cidade. De alguma forma há uma lembrança coletiva de que esse é um período de festa, um tempo de celebrar; porque é Natal.

Muitas pessoas ficam sensíveis na época do Natal. Alguns são consumidos de tristeza e melancolia e outros são tomados de alegria e esperança; uma coisa é certa: dificilmente alguém passa por essa época sem ser tocado por esse clima de Natal.

De fato, o Natal é motivo de celebração. Não por causa do Papai Noel, dos enfeites, das luzes ou dos presentes, mas porque nessa época do ano decidimos nos lembrar do nascimento daquele que veio a este mundo, como uma criança indefesa, a fim de nos defender e de nos salvar de nós mesmos: JESUS.

As Escrituras dizem que Jesus, nascido de Maria, é a plena e perfeita representação de Deus. João, que conviveu com Jesus, escreveu que ao olharem para Ele e sua maneira de viver era como se eles vissem o próprio Deus ali presente. A glória de Deus, sua presença poderosa, era sentida por todos que se aproximavam de Jesus.

Natal é sobre Jesus. Desde o começo é sobre Jesus e seu nascimento. E se não for sobre Jesus, é apenas mais uma oportunidade para comer, beber e dar presentes. Natal é sobre o impacto que Jesus causa na vida das pessoas, porque desde aquele primeiro natal e mesmo antes dele, Ele já tocava e transformava a realidade ao seu redor.

Hoje e nos próximo dois domingos vamos olhar mais de perto a vida de três pessoas que tiveram suas vidas alcançadas e transformadas por Jesus, antes que o primeiro natal acontecesse. São três mulheres a quem foi dado o privilégio de ouvirem as palavras que romperam o silêncio que existia desde os últimos profetas do Antigo Testamento. Vamos olhar de perto as vidas de Isabel, Maria e Ana.

Isabel

Vou começar hoje apresentando Isabel. Ela é mencionada na Bíblia no evangelho de Lucas. Vamos ler:

Lucas 1.5–7 NVI

5 No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo sacerdotal de Abias; Isabel, sua mulher, também era descendente de Arão. 

6 Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 

7 Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril; e ambos eram de idade avançada.

Infância e Juventude

Quando Isabel aparece pela primeira vez nas páginas das Escrituras ela já é uma mulher idosa. Lucas, no entanto, inclui algumas dicas sobre a infância e juventude de Isabel. Ele afirma que ela era descendente de Arão, o primeiro na linhagem sacerdotal de Israel. Isso quer dizer que Isabel era filha de um sacerdote.

Isabel havia sido criada em uma família que temia e amava a Deus. Desde pequena ela ouvia o pai falar sobre como Deus é maravilhoso e digno de adoração. Ela certamente ouviu as histórias de Abraão, Isaque e Jacó, também sobre como Deus libertou o povo do cativeiro egípcio pelas mãos de Moisés, e sobre a insistência dos profetas para que o povo de Israel confiasse apenas em Deus.

A jovem Isabel, filha de um sacerdotes, casou-se também com um sacerdote, chamado Zacarias. Assim, a cultura familiar de Isabel, de confiar em Deus, foi confirmada em seu casamento. Ela, que antes via o pai às voltas com o ministério sacerdotal, agora, depois de casada, acompanhava o ministério sacerdotal do esposo.

Idade adulta

A jovem esposa Isabel viveu sua vida amando a Deus e confiando no Senhor. Sabemos disso por causa do testemunho das pessoas a respeito dela e de seu marido, de que eles eram “justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamento e preceitos do Senhor” (1.6).

Não é que eles fossem perfeitos, mas que serviam fielmente ao Senhor, com intensa dedicação, não havendo nada em suas vidas pelo que pudessem ser publicamente acusados de desobediência. Em resumo: Isabel vivia uma vida exemplar.

Muita gente olharia para a vida de Isabel e diria com tranquilidade: “Olha aí algum a quem Deus deveria cobrir de todo tipo de bênção”. No entanto, Isabel e seu esposo Zacarias, mesmo com suas vidas exemplares, não foram abençoados com filhos.

Por toda a sua vida de casada, mês a mês, Isabel foi consumida por expectativas seguidas de frustrações, o tipo de situação que pode despedaçar a alma humana. Como uma mulher que amava e confiava no Senhor desde criança chegou à velhice sem a bênção da maternidade? Essas e outras perguntas iam e vinham na mente dela, dos amigos e da família, ano após ano.

Isabel foi muito amada por seu esposo. Sabemos disso porque Zacarias permaneceu até a velhice com ela, não fazendo valer seu direito legal de se divorciar de uma esposa que não lhe dava filhos. 

Mas, mesmo suprida pelo amor de seus pais em sua infância e pelo amo de seu marido na juventude e idade adulta, ela possivelmente se sentia menos do que poderia ser. Esse sentimento se agravava com a crença vigente em sua época de que Deus abençoa seus servos fiéis dando-lhe filhos, porque isso levava as pessoas a pensarem que aqueles que não tinham filhos estavam sendo de alguma forma punidos por Deus.

Maturidade

Quando Isabel apareceu na cena bíblica, já idosa, uma parte dessas tensões sobre a maternidade já eram feridas cicatrizadas. O texto indica que, àquela altura, Isabel e seu esposo já haviam desistido de se tornarem pais.  Por muitos anos eles oraram e pediram com fé, mas agora, já idosos, esse assunto era coisa passada de gosto amargo.

Eu penso, irmãos, que os fatos ocorrido com Isabel são uma denúncia contra o falso evangelho, que promete a realização de sonhos em troca de uma vida piedosa. Em seus dias, poucas pessoas foram tão crentes e piedosas quanto Isabel e Zacarias, no entanto eles viveram a maior parte de suas vidas sem o que mais queriam: filhos.

Como é possível isso manter a fé numa situação dessas? Como continuar confiança quando se ao nosso redor as coisas parecem dizer que nossos sonhos e desejos serão frustrados? O anjo que anunciou a Zacarias a gravidez de Isabel nos revela como eles mantiveram a fé nesses dias difíceis:

Lucas 1.13 NVI

13 Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João.

Isabel e seu esposo viveram longos anos de espera e enfrentaram as frustrações dos sonhos não realizados perseverando na oração. Eles se encheram da convicção de que o Senhor é digno de confiança e que seus desígnios sobre nós são o melhor que podemos viver.

Essa não é um oração de resultado. Não é uma forma de se obter o que se quer, mas um jeito de se aproximar daquele que conhece tudo a nosso respeito e sempre age em nosso favor. Alexander White, ao comentar sobre Isabel no seu livro Personagens Bíblicos, afirma o seguinte:

“Povo de Deus, [vocês] que estão preteridos, decepcionados e empobrecidos. Orem e não desistam. Orem, pois a oração e muito melhor que a resposta.”

Quando o curso da vida nos frustra, a melhor resposta é buscar ao Senhor em oração. Decidir confiar a Ele os nossos sonhos e esperanças, aguardando com alegria sua boa, perfeita e agradável vontade vir sobre nós.

A notícia do milagre

Isabel e Zacarias, por fim receberam o que pediram a Deus. Ambos envelheceram até ver suas orações atendidas. Será que vale a pena? O que eles ganharam durante esse tempo? Eles aprenderam a ser perseverantes na confiança e a esperar enquanto Deus movimenta as engrenagens da sua vontade.

No tempo certo para todos que estavam envolvidos nesse drama em particular, eles receberam a notícia de que o sonho frustrado e esquecido iria acontecer… “Sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho”. Certamente isso os encheu de alegria.

Por outro lado, o anúncio do anjo, e por fim a gravidez de Isabel, revelam que o casal, mesmo unidos naquilo que viveram, lidava de forma diferente com a frustração que os consumiu por tanto tempo.

Zacarias - Como será isso?

Ao ouvir o anjo, Zacarias exigiu provas. Para ele as evidências da impossibilidade eram incontestáveis: “eu e minha mulher somos agora dois idosos”. Não era mais tempo, talvez pensasse Zacarias. O vigor da sua juventude, e de sua esposa Isabel, já havia passado. O anjo tinha se atrasado… uns quarenta anos.

As vezes oramos ao Senhor colocando nossas angústias e necessidades por algum tempo. Depois, constrangidos pelo silêncio de Deus, pela demora, pela aparente insensibilidade do todo poderoso, paramos de orar e até nos esquecemos do assunto. Mas o Senhor não esquece nossas orações; no tempo certo ele age, sempre para o reconhecimento de sua presença entre nós (louvor da sua glória).

Isabel - Isto é obra do Senhor

Depois do anúncio feito pelo anjo e contra todas as possibilidades humanas, Isabel engravidou. Assim como Zacarias, ela também já havia desistido. Ela confiou no Senhor por décadas e continuava confiando, mas sua oração já não pedia, apenas se entregava à vontade Deus.

As coisas não foram como Zacarias e Isabel planejaram e sonharam. Não foi como as famílias deles esperavam. Não foi no tempo em que essas coisas normalmente acontecem. Foi do jeito e no tempo que Deus se propôs a fazer, sincronizando Sua obra na vida de todas as pessoas envolvidas.

Os milagres de Deus nunca são apenas para nós. Ele não trabalha de forma linear. Quando nos entregamos à vontade dele temos a certeza de que o melhor dele vai acontecer; não apenas para nós, mas para todos aqueles que estão em nossa teia de relacionamentos.

O que significa isso?

Para concluir nossa reflexão de hoje vejamos detalhadamente como Isabel lidou com a realização de seu sonho. Para isso quero recuperar dois momentos em que Isabel, ao se deparar com agir de Deus em sua vida, reflete sobre o que estava acontecendo com ela. O que significam essa coisas pelas quais eu estou passando?

Lucas 1.23–25 NVI

23 Quando se completou seu período de serviço, ele voltou para casa. 

24 Depois disso, Isabel, sua mulher, engravidou e durante cinco meses não saiu de casa. 

25 E ela dizia: “Isto é obra do Senhor! Agora ele olhou para mim favoravelmente, para desfazer a minha humilhação perante o povo”.

Isabel não cabia em si de contentamento e assombro. Aquilo ela tão surpreendente que ela precisou de um tempo para processar. Durante os cinco primeiros meses, ela se recolheu a sua casa, que ficava possivelmente nas colinas do monte Hebron, próximo a Jerusalém.

Isso é sobre mim

Isabel reconheceu sua gravidez com uma intervenção graciosa de Deus. E enquanto refletia sobre o milagre que é uma mulher idosa conceber um filho, ela enxergou sua gravidez como um cuidado de Deus em relação a ela: finalmente sua orações foram respondidas e ela deixará de ser aquela que não tem filhos.

Quase sempre, quando refletimos sobre o que nos acontece da parte de Deus, a primeira camada de compreensão que nos vem diz respeito a nós mesmos. É como se o mundo girasse em torno da gente, como se Deus existisse para nós e para nossas necessidades. Interpretamos o mundo a partir de nós mesmos.

Fazer isso não é errado em si mesmo, mas não pode ser nossa estação final. Podemos começar, como Isabel, pensando no significado das lutas, dores, alegrias, sonhos realizados e frustrados, a partir de nós mesmos, mas existem outras camadas de significado que precisam ser exploradas, sob pena de nos tornarmos egoístas e autocentrados.

A teia do agir de Deus

Para avançarmos em direção a ampliar o significado daquilo que Deus faz em nossas vidas, precisamos nos dar conta de que não estamos sós nesse mundo. Deus não é apenas no nosso Deus, mas o regente de todo universo. Talvez por isso, Lucas corta a cena e deixa Isabel refletindo sobre o milagre de sua gravidez, enquanto abre uma nova janela para vermos Maria recebendo a visita do mesmo anjo, Gabriel.

Gabriel anuncia que Maria ficaria grávida pela virtude do Espírito Santo. Ele encoraja Maria, que responde com um lindo cântico de fé e confiança no agir de Deus. Depois o anjo tira algumas dúvidas de Maria. 

A fala do anjo é como se ele dissesse “não se preocupe, Maria. Deus está colocando seu plano em movimento. Muitas coisas aconteceram antes de eu vir falar com você e muitas outras acontecerão depois que eu sair daqui. As coisas que estão acontecendo com você são parte de algo maior, do qual você faz parte!” E para demonstrar isso de forma prática, ele emenda sua fala com a seguinte informação:

Lucas 1.36 NVI

36 Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação.

Esse agir multifacetado de Deus pode parecer confuso enquanto a gente está vivendo as tramas de nossas vidas, mas depois se tornará motivo de adoração ao Senhor, quando percebermos que Ele conduz a história para a glória do seu nome e alegria de seus filhos.

É bem possível que o coração de Maria tenha se enchido de alegria ao saber que ela não estava só naquele mover de Deus. E como é maravilhoso isso, sobretudo quando pessoas que amamos também fazem parte do grande plano Deus e que estamos juntos servindo a Ele… Que alegria! Que satisfação. Talvez por isso, Maria decidiu visitar sua prima Isabel.

Isso é sobre Deus

Enquanto tudo aquilo acontecia com Maria, Isabel vivia o sexto mês de gestação. Esse foi o tempo necessário para que ela se abrisse à ideia de que o agir de Deus na vida dela não era apenas por ela, mas fazia parte de uma complexa teia de intervenções divinas.

Maria entrou na casa de sua prima e disse um “Ô de casa”, avisando que tinha chegado. Quando Isabel ouviu, o bebê em seu ventre agitou-se e ela, Isabel, foi guiada (cheia) pelo Espírito Santo:

Lucas 1.42–45 NVI

42 Em alta voz exclamou: “Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz! 

43 Mas por que sou tão agraciada, ao ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? 

44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria. 

45 Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!”

Depois de seis meses, refletindo sobre o agir de Deus em sua vida, Isabel não olha mais apenas para si mesma. Aquela senhora não está mais presa à reparação da sua dor. Ela não tem necessidade de anunciar o que Deus fez por ela.

No verso 42 vemos que Isabel, a anciã, abençoa Maria e confirma pelo Espírito Santo a gravidez da jovenzinha. Ela abençoa a criança que está sendo gerada; não o seu filho, mas o filho de sua prima. Ao mudar o foco, Isabel já fala no compasso do evangelho será anunciado por Jesus. Suas ações já são conforme o ensino que o menino vai trazer.

No verso 43 encontramos Isabel, descendente de sacerdotes e casada com um sacerdote, olhando para si mesma com humildade. Ela começa a entender que o milagre de Deus em sua vida não diz respeito apenas a ela e ao marido, mas está inserido dentro de mover de Deus para salvar. Mais que isso, ela reconhece a si mesma como necessitada desta salvação, o que está completamente alinhado com a mensagem de Cristo.

No verso 45 Isabel, experiente no caminho que ensina confiar no Senhor, encoraja a jovem Maria, que dá seus primeiros passos nessa jornada. “Deus cumpre aquilo que promete, Maria, pode confiar”. Isabel não precisa mais chamar atenção para si mesma. Sua vida, seu casamento, seu filho, tudo é parte do grande plano de Deus.

Conclusão

Isabel desistiu de esperar. Sem remorso, sem raiva, ela apenas parou de pedir. Isabel desistiu de esperar, mas Deus não desistiu dela. Na grande teia do agir de Deus ela tinha um papel para cumprir. 

Isabel aprendeu que a integridade não é moeda de troca para obtermos a realização de nossos sonhos, mas nossa resposta ao amor de Deus por nós; que ser integro não produz créditos no céu.

Isabel aprendeu que não estava no centro do agir de Deus. Que a benção de Deus se derrama sobre todos ao nosso redor, e que o tempo do agir de Deus é o ponto ótimo da sua intervenção amorosa sobre todos.

Isabel aprendeu que Deus é confiável, e que é um privilégio fazer parte do seu grande plano de salvação.

Que o Senhor nos ajude a prosseguir na mesma direção que Isabel deu para sua vida.


09 agosto 2021

Um pai como Deus

Um pai como Deus

Aristarco Pereira Coelho

Deus é Pai

 

Introdução

Domingo passado vimos que o Deus da Bíblia é pai. No entanto, algumas experiências com homens descontrolados, desorientados e inseguros, que vivem para si, desligados de seu papel como pai, turvam a visão de um Deus que é pai. E quando esses modelos adoecidos de paternidade nos tocam, o desejo natural é fugir do Deus que é pai.

Há vários caminhos para essa fuga da presença de Deus. Domingo passado vimos três deles.

PRIMEIRO é virar às costas ao Deus que é pai e correr para os braços divindades femininas que parecem mais compreensíveis. Muitos têm corrido para os braços de Maria, mãe do Senhor Jesus. Ela foi uma serva preciosa do Senhor, uma mulher íntegra e cheia de virtudes. Humana como nós somos, ela morreu e hoje aguarda a plena revelação do seu Senhor. Maria nunca pretendeu essa condição de mediar nosso relacionamento com Deus.

SEGUNDO caminho é despersonalizar Deus e tratá-lo como uma força associada à natureza. O panteísmo é a forma mais comum dessa fuga. Quem trilha esse caminho não acredita em um Deus com consciência de si mesmo, que interaja com as pessoas e muito menos que tenha opinião sobre nossa maneira de viver. Quem foge por esse caminho transforma Deus numa energia cósmica integrada ao universo.

TERCEIRO caminho de fuga é tratar Deus como se Ele fosse uma combinação entre o gênio da lâmpada e o Papai Noel, acreditando que se formos bonzinhos ele vai atender os nossos desejos. Com um Deus assim tudo é apenas funcional: a gente pede e espera que ele atenda as nossas orações. Troca-se a presença de Deus por aquilo que ele pode dar.

Cada uma dessas situações é uma fuga da presença de um Deus pessoal que se apresentou com um pai. Este ciclo segue assim: por não conhecermos a Deus fugimos dele; por que fugimos dele continuamos sem conhecê-lo e ao seu amor.

No entanto, há alguém que conhece o Pai e pode revelá-lo a nós. O Senhor Jesus! Ele é o caminho que nos leva ao Pai, sendo Ele mesmo sua plena revelação. Ele conhece o Pai porque tem um relacionamento íntimo com Ele desde a eternidade. Por isso, se queremos parar de fugir da presença de Deus e conhecê-lo como pai, para enfim aprender a amá-lo, então precisamos nos achegar a Ele através de Jesus.

Jesus e o Pai

O que Jesus afirma sobre Deus? Será que é possível aprender sobre quem é Deus através do relacionamento de Jesus com o Pai? Será possível aprender sobre nosso papel como pais observando os diálogos de Jesus com o seu pai? Eu acredito que sim.

Prepare-se, então, para navegar pela sua Bíblia. Vamos observar com cuidado algumas das situações em que o relacionamento entre Jesus e o Pai se tornou visível e tentar aprender mais a respeito do nosso Pai que está no céu e sobre como ser um pai parecido com Ele.

1. Ama por igual

Mateus 5.44–45 RA

44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;

45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.

Deus não tem predileções. Ele ama por igual bons e maus, justos e injusto. Jesus explica que o amor de Deus não é controlado pela reação das pessoas. Há quem pense que o Senhor prefere uns e despreza outros, mas isso não é verdade. Há amor nele o suficiente para todos nós. Ele não faz acepção de pessoas. Por isso não há razão para ficar inseguro quanto ao Seu amor por você, e nem orgulhoso achando que Ele o ama mais que a outros.

Quem desejar cumprir bem seu papel de pai deve imitar o Senhor nessa questão. Os filhos são diferentes, reagem de formas diferentes ao amor com que são amados, mas essas respostas diferentes não podem ser motivo para predileção ou desprezo. Não importa o motivo, se você desprezar um filho em relação aos outros, estará provocando nele sentimentos de insegurança que o acompanharão por toda a vida; da mesma forma, se você destacar um filho em relação aos outros apenas por causa de sua predileção pessoal, estará alimentando nele orgulho e desprezo pelos outros irmãos.

Deus ama igualmente, e nós também devemos fazer assim se quisermos ser pais como ele.

2. Valoriza o que é certo

Mateus 6.3–4 NVI

3 Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita,

4 de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.

O Senhor sabe o valor do reconhecimento. Ele sabe que as boas atitudes devem ser recompensadas como forma de confirmar aquilo que é certo. Ele nunca deixa de premiar seus filhos quando a direção certa é tomada. Por isso, mesmo quando fazer o que é certo for difícil, se perseverarmos nessa direção colheremos os bons frutos que Ele promete.

Se você é um pai que deseja imitar o Pai Celeste, você precisa aprender sobre o valor do reconhecimento. Quando seu filho faz algo certo, ou toma uma decisão acertada, você não pode simplesmente resmungar como se ele tivesse feito apenas sua obrigação. O mundo tem muitos prêmios para quem faz a coisa errada, você precisa premiá-lo por fazer a coisa certa.

Mas, ATENÇÃO! É preciso equilíbrio nessa questão. A recompensa não pode ser mais importante do que a atitude correta a ser tomada nem pode ser usada como uma forma de chantagem, caso contrário você vai acabar tornando seu filho um manipulador chantagista que apenas corre atrás dos prêmios.

3. Conhece as necessidades

Mateus 6.31–32 NVI

31 Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’

32 Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.

Como um pai cuidadoso, O Senhor conhece as necessidades de seus filhos. Antes que você fale, antes que sua dor se transforme em lágrimas, antes que você compartilhe com alguém, o Senhor já sabe. Ele sabe por que está sempre ao seu lado, porque Ele acompanha o seu dia-a-dia, porque ele está interessado em você. Ele é um pai presente; creia que o Senhor se move em direção às suas necessidades para, no tempo certo, supri-las .

Para sermos pais à semelhança de Deus, o pai do nosso Senhor Jesus Cristo, é preciso estar atento às necessidades dos nossos filhos, mas não há como percebê-las se não estivermos presentes na vida deles. Você precisa acompanhar o dia-a-dia deles. Pais ausentes estão sempre em desvantagem, sempre atrás do prejuízo. A vida é uma correria e passa muito rápido. A festa perdida, o sorriso que você não viu, a tristeza que você não consolou, não volta atrás. Seus filhos precisam de você ao lado deles, atento às suas necessidades.

4. É confiável

Mateus 7.9–11 NVI

9 “Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra?

10 Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra?

11 Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!

Deus é completamente confiável. Não há motivos para esperarmos do Senhor alguma maldade. Desamor, maltrato, desconsideração, grosseria, desrespeito ou coisas parecidas não fazem parte do seu agir. Deus é confiável! Ele não está esperando na esquina para arrasar com você; Ele não prepara armadilhas contra você. Jesus diz que o nosso Deus é um pai digno e confiável. Ele não entrega pedras para quem está com fome.

Pais precisam ser confiáveis. Nossos filhos não podem ficar inseguros quanto às nossas atitudes. Eles não podem ficar em dúvida se o que fazemos e dizemos é para mal ou para o bem deles. Precisamos ser homens honrados que rejeitam o mal e buscam o bem. De certa forma, ser confiável é não deixar dúvidas sobre o bem que você deseja fazer.

Se você já perdeu a confiança de seus filhos sua situação não é boa. A confiança perdida é um tesouro difícil de ser recuperado, mas não se desespere: a mão poderosa do Senhor pode restaurar essa situação. Você precisa, no entanto assumir o compromisso de se tornar a cada dia mais confiável para seus filhos.

5. Pronto a acudir

Mateus 26.53 NVI

53 Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?

O Senhor está sempre pronto a socorrer seus filhos. Você pode contar com Ele a qualquer tempo, em qualquer circunstância. O Senhor não permite que seus filhos sejam massacrados pelo inimigo, ele se coloca em nossa frente com um protetor. Você pode contar com a proteção dele seja qual for a situação. Mesmo quando não houver mais ninguém para protegê-lo, o Senhor será a sua proteção!

Mas a proteção de Deus não livra das consequências de nossas próprias decisões. Isso quer dizer que algumas vezes Ele sofrerá a dor de nos ver sofrer e não agirá em nosso favor. Ele permitirá e usará as circunstâncias da vida para ensinar verdades e valores que são eternos.

Se você quer ser um pai como o nosso Pai Celeste, você deve estar pronto a socorrer seus filhos. Talvez você não possa enviar doze legiões de anjos, mas pode estar ao lado dele quando ele precisar de ajuda. Por outro lado, assim como faz o Senhor conosco, você não deve livrá-los de toda dor, de todos os incômodos e desconfortos da vida. Você precisa permitir que eles aprendam com os pequenos sofrimentos a respeito de verdades e valores que são eternos.

6. Digno de ser imitado

João 5.17 NVI

17 Disse-lhes Jesus: “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando”.

Veja como o Senhor Jesus reconhece a influência do Pai sobre a vida dele! Se o Pai trabalha, ele trabalha; o que ele vê o Pai fazer, ele também faz. O nosso Pai Celeste é digo de ser imitado; você vai se sair bem se fizer como ele. O Senhor Jesus encontrou no Pai um modelo de vida digno de ser copiado.

Queira você ou não, é isso o que você é para os seus filhos: um modelo de vida. Seu jeito de viver, sua maneira de tratar as pessoas, a forma como você usa seu dinheiro, sua escala de valores para a vida, tudo em você precisa ser dignos de ser copiados, porque será copiado mesmo que você não faça nada para isso.

Aquilo que você amar, seus filhos amarão; aquilo que você desprezar, seus filhos desprezarão; aquilo em que você encontrar valor, seus filhos valorizarão; se você mentir, eles mentirão; se você respeitar, eles respeitarão. Eis o grande desafio para quem deseja ser um pai com Deus: viver uma vida digna de ser imitada!

7. Comunica o seu amor

Mateus 3.16–17 NTLH

16 Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele.

17 E do céu veio uma voz, que disse: — Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria!

Deus se alegrou com Jesus e declarou seu amor por ele publicamente. Ele sabe o quanto é importante para um filho ouvir que é amado. Que aspecto maravilhoso da paternidade de Deus.

Há pais que nunca se alegram com o sucesso de seus filhos porque se colocam em estado de competição com eles, às vezes alimentados pela inveja de suas realizações. A saída para esses pais é buscar em Deus a sabedoria para lidar com seus próprios fracassos, porque assim poderão encontrar alegria no sucesso dos filhos.

Assim como Deus não perdeu nenhuma oportunidade de se alegrar com Jesus nem de comunicar seu amor por ele, para ser um pai como Deus é preciso aprender a dizer para eles o tamanho desse amor. Experimente! Não doe nada e será uma bênção para vocês pelo resto da vida.

8. Ouve seus filhos

João 11.41 NVI

41 Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste.

Jesus não tinha dúvidas que seu Pai o estava ouvindo. O pai estava sempre disponível e eles estavam acostumados a conversar. Inúmeras vezes, os evangelhos mostram Jesus se retirando para regiões afastadas com o propósito de ter um tempo de conversa com o Pai.

Isso é verdade também para você. Os ouvidos do Senhor estão atentos para as suas orações. Você pode conversar com ele a qualquer momento, porque o nosso Deus é um Pai que ouve o que seus filhos dizem.

Às vezes os pais estão consumidos, com a cabeça a mil por hora, pensando nos negócios, no emprego, nas contas do mês ou em suas lutas pessoais. Mas se queremos ser pais como nosso Pai Celeste, precisamos nos dispor a ouvir nossos filhos e a encontrar tempo para fazer isso com qualidade. Lembre-se de que ouvir é mais do que escutar o que está sendo dito; é interessar-se por quem está falando.

Pais imperfeitos, um Deus perfeito.

1. Amar por igual

2. Valorizar o que é certo

3. Conhecer as necessidades

4. Ser confiável

5. Estar pronto para acudir

6. Tornar-se digno de ser imitado

7. Anunciar o seu amor

8. Ouvir os seus filhos.

Parece um desafio quase impossível! E realmente não é nada fácil. São tantas as mudanças que precisamos promover para sermos pais que imitam nosso Deus e pai, que a gente chega a esmorecer. A questão é que Deus não faz nada pela metade. Tudo que ele faz é com perfeição. Ele nos criou à sua imagem e semelhança e por isso nos desafia a rejeitar a mediocridade. Veja o que Jesus disse:

Eu sei que o desafio à perfeição pode nos encher de medo, porque sabemos quem somos. Mas o alvo é ser como Ele, porque fomos criados para isso. Mesmo imperfeitos, somos chamados ser como ele. Portanto, por mais difícil que tudo isso pareça, não rebaixe seu objetivo. O alvo é ser como Ele! Ainda que você esteja bem longe de alcançar, o alvo é ser como Ele.

Creia que a maneira como você lida com seus filhos pode melhorar e compreenda que o caminho para isso é o seu relacionamento com o Pai Celeste por meio de Jesus Cristo. Quanto mais você aprender do amor de Deus, caminhando com Jesus na sua vida, mais você será como Ele e estará mais habilitado a amar do jeito que ele ama. Porque o Deus Perfeito que nos chama à perfeição é o mesmo que age como um Pai e nos enche de conforto e ânimo.

Por isso, quero terminar nossa reflexão hoje olhando para algumas das maravilhosas promessas de Deus. Deixe que elas encham seu coração de coragem para enfrentar a vida!

Josué 1.9 NVI

9 Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.

Deuteronômio 31.8 NVI

8 O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!”

Isaías 41.10 NVI

10 Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.

Isaías 41.13 NVI

13 Pois eu sou o Senhor, o seu Deus, que o segura pela mão direita e lhe diz: Não tema; eu o ajudarei.


Exportados do Software Bíblico Logos, 23:15 9 de agosto de 2021.

Um Deus que é Pai

 

Um Deus que é Pai

Aristarco Pereira Coelho

Deus é Pai

 

Introdução

Neste e no próximo domingo pensaremos juntos sobre a paternidade perfeita de Deus e sobre o desafio de ser pai em nossos dias. Numa verdadeira excursão pelas Escrituras descobriremos um Deus que é pai e veremos o que é ser um pai como Deus.

Hoje, nossa jornada começa com três histórias terríveis de homens desorientados quanto ao seu papel neste mundo. Exemplos extremos do cenário de confusão sobre as funções e as responsabilidades que competem aos homens.

Depois vamos ver que Deus se revelou com pai tanto no Novo Testamento quanto no Antigo Testamento.

Em seguida vamos olhar de perto as rotas de fuga que levam muitas pessoas para longe do Deus que é pai.

E por fim vamos apresentar o caminho para conhecer e reconhecer Deus como pai.

Homens desorientados

Vejamos as histórias desse homens desorientados.

Um pai esfaqueou e matou o filho de seis anos e feriu a filha, de quatro, no município de Guaraciama. O crime teria sido motivado pelo ciúmes que Godinho sentia pela companheira, de quem estava separado há cerca de 15 dias. Embriagado, ele tentou agredi-la, mas a mulher conseguiu fugir. Em seguida, Godinho foi à casa dela e desferiu uma facada no peito filho, prestes a completar seis anos. O menino morreu na hora. Sua irmã, também foi atingida na parte esquerda do tórax. Diário de Pernambuco

O técnico ucraniano Mykhaylo Zubkov pode ser expulso dos quadros da Fina (Federação Internacional de Natação) após ser flagrado agredindo a sua filha Kateryna Zubkova durante o Mundial de Esportes Aquáticos, em Melbourne. Zubkov havia se irritado com o desempenho da filha na competição. Após a prova, ele partiu para a agressão e as câmeras registraram o fato. Portalmonte.com

O Conselho Tutelar de Capão Alto, na Serra catarinense, denunciou à polícia a gravidez de uma menina de 13 anos, estuprada há 11 meses pelo pai. A menina e a mãe foram retiradas do convívio do homem. Intimado, o pai, um lavrador de 33 anos, não compareceu à delegacia. A polícia pediu a prisão preventiva dele. Na família do acusado existe um histórico de crimes semelhantes. Jornal A Notícia

Como dizer a essas famílias que Deus é pai?

Essas histórias mostram homens que se tornaram a pior versão de si mesmos. Eles esqueceram (ou nunca souberam) o significado de palavras como honradez, respeito, cuidado, sacrifício, dedicação, doação e domínio próprio.

Homens sanguinários que conhecem apenas a linguagem da violência para expressar seus sentimentos. Homens desesperados, irresponsáveis, inseguros, inquietos e ansiosos.

Homens que receberam o dom de gerar filhos, mas não têm ideia de quais são as responsabilidades da paternidade e nem de como exercê-las.

Deus é pai no AT

Exemplos terríveis como esses não são uma novidade na história da humanidade. Por outro lado, desde o Gênesis a Bíblia nos apresenta a paternidade sadia de Deus, marcada pela provisão, proteção e orientação. Um Deus que interfere na história oferecendo sustento, guarida e direção, afim de que a humanidade encontre a plenitude para a qual foi criada.

Assim, a figura de Deus como um pai está presente desde o Antigo Testamento. Vejamos um pouco disso nas falas de Davi, Jeremias e Isaías

DAVI, o rei.

Certa vez, em um momento de adoração pública, diante de todo povo de Israel, o rei Davi falou assim:

1Crônicas 29.10 (NVI)

10 Davi louvou o Senhor na presença de toda a assembléia, dizendo: “Bendito sejas, ó Senhor, Deus de Israel, nosso pai, de eternidade a eternidade.

JEREMIAS, o profeta

profeta Jeremias reclamou que o povo de Israel em vez de chamar de pai ao Deus Criador de todas as coisas estava dando esse título às suas imagens de escultura.

Jeremias 2.27 NVI

27 Pois dizem à madeira: ‘Você é meu pai’ e à pedra: ‘Você me deu à luz’. Voltaram para mim as costas e não o rosto, mas na hora da adversidade dizem: ‘Vem salvar-nos!’

ISAÍAS, o profeta

Mas, talvez seja o profeta Isaías aquele que mais abertamente compara a atuação de Deus em nossa história à figura de um pai.

Isaías 63.16 NVI

16 Entretanto, tu és o nosso Pai. Abraão não nos conhece e Israel nos ignora; tu, Senhor, és o nosso Pai, e desde a antigüidade te chamas nosso Redentor.

Séculos depois de Davi e dos profetas, Jesus retomou e ampliou a imagem de Deus como pai. Os evangelhos apresentam Jesus em constante diálogo com Deus, e sempre o tratando como pai. Vejamos alguns textos.

Um pai acessível

Ao ensinar os discípulo a orar ele nos apresentou um pai acessível

Mateus 6.9 NVI

9 Vocês, orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.

Um pai confiável

No jardim chamado Getsemani, angustiado e em sofrimento emocional, Jesus revelou um pai confiável.

Mateus 26.39 NVI

39 Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”.

Um pai presente

Na cruz vimos um pai que nunca abandona, mesmo quando parece que fomos abandonados.

Lucas 23.46 NVI

46 Jesus bradou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Tendo dito isso, expirou.

A revelação que a vida de Jesus trouxe sobre a paternidade de Deus foi tão marcante que seus discípulos abraçaram o mesmo entendimento. O apóstolo Paulo, inclusive, adotou uma saudação em suas cartas que confirma essa percepção de Deus como pai:

Romanos 1.7 NVI

7 A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

É claro que Deus não é humano; ele não tem sexo. É claro que Ele criou homens e mulheres para expressarem conjuntamente sua imagem e semelhança. Portanto Deus não está sujeito às condições de gênero como nós. Mas isso não anula o fato de que ao se comparar a um pai Ele deseja ensinar coisas importante sobre o seu caráter.

Portanto, seja no Antigo ou no Novo Testamento, temos muito a aprender de Deus, que se revela e é percebido como Pai.

O Conflito

Veja que situação! De um lado a Bíblia inteira nos apresenta Deus como um pai acessívelrelacionalconfiável e presente, um pai amoroso que cuida de nós; mas a realidade dos pais desajustados ao nosso redor parecem jogar um balde de água fria em tudo isso e nos fazer ficar inseguros sobre que tipo de pai Deus de fato é.

Isso certamente impulsiona várias pessoas a se afastarem de Deus. Quero apresentar três rotas de fuga usadas por várias pessoas que se sentem inseguras sobre que tipo de pai Deus é.

A sensibilidade

Algumas dessas pessoas ficam temerosas em se aproximar de um Deus que é pai porque vêem os pais como intolerantes e insensíveis. Assim, acabam tomando uma rota de fuga e procuram refúgio na pretensa sensibilidade das divindades femininas. Isso aconteceu entre os gregos, romanos, nórdicos, egípcios, celtas e sumérios.

Também entre os cristãos há aqueles que desistiram de um relacionamento real com Deus Pai e optaram, por exemplo, por um relacionamento impossível com Maria. Digo impossível, porque aquela abençoada serva do Senhor não pode ouvir nem considerar a angústia dos filhos de Deus.

Ela não pode ouvir-nos, porque não é onipresente nem onisciente; não pode interferir diante de Deus, porque Jesus é o único mediador entre Deus e os homens; além disso o acesso a Cristo não passa por ela, já que é franco pela ação do Espírito.

Essa busca pelo feminino é a primeira das três rotas de fuga que levam para longe do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas essa fuga não precisa acontecer. Não é porque Deus é comparado a um pai que ele se torna insensível, muito ao contrário. Se você se deixar amar pelo Deus da Bíblia vai fazer a mesma descoberta que o apóstolo Paulo fez:

Romanos 8.38–39 NAA

38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

A impessoalidade

A segunda rota de fuga que leva para longe de um Deus que é pai é aquela que leva a criar para si um Deus impessoal, sem opinião ou vontade própria. Talvez o motor sejam o medo de a vontade de Deus não seja lá tão boa.

Várias religiões despersonalizam Deus. Os panteístas, por exemplo, não fazem distinção entre a criação e o criador. Para eles o divino é experimentado numa união impessoal, coletiva e mística com a natureza. Ele têm uma pegada ecológica que agrada muitas pessoas e por isso filmes, novelas e séries estão cheio de panteísmo.

Essa é um rota de fuga muito apreciada, porque ela dá a impressão de que é possível evitar o constrangimento de Deus que tem opiniões sobre a gente. Mas, quando estamos falando do Deus Criador dos céus e da terra, a rota da impessoalidade acaba em um beco sem saída, pelo menos por três razões.

a. Deus é diferente da natureza

Ele é o Criador de tudo que há e não precisa justificar seu poder e sua autoridade, que são sempre exercidos em amor.

Isaías 45.12 NTLH

12 Fui eu que fiz a terra e criei os seres humanos para morarem nela. Com as minhas próprias mãos, estendi o céu e ordenei que o sol, a lua e as estrelas aparecessem.

b. Deus tem valores éticos e morais

O Deus da Bíblia não é amoral como as plantas, as pedras e o riacho. Ele tem valores éticos conceitos sobre certo e errado que podem ser contrariados através do jeito que vivemos.

Provérbios 14.31 NVI

31 Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus.

c. Deus é compassivo

O Deus da Bíblia não é impassível como as montanhas, o céus e o mar, mas cheio de compaixão por aqueles que estão cansado e sem ânimo para viver.

Isaías 40.28–29 NVI

28 Será que você não sabe? Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável.

29 Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças.

O utilitarismo

    Vimos dois caminhos de fuga que levam para longe de Deus: (1) acusar Deus de insensível e (2) esvaziá-lo de sua personalidade. O terceiro caminho é transformar o Deus que é Pai em um deus que é servo.

    Este terceiro caminho de fuga continua marcado pela confusão entre a paternidade adoecida dos homens e a paternidade sadia de Deus: Se Deus é pai, ele não deveria dar o que pedimos? Porque então eu continuo pedindo sem ser atendido?

    Ora, a resposta para essa pergunta exige diálogo. Mas será que temos coragem conversar com Deus sobre porque nossa vida está do jeito que está?

    Entre a frustração de não ser atendido e o desafio de dialogar com Deus, uma saída comum é diminuir Deus e tratá-lo como se fosse submisso aos nossos desejos: uma espécie de gênio da lâmpada, um deus-mago que não interage, um pai que sempre faz as nossas vontades.

    Mas o Deus é diferente. Ele não é mesquinho sobre nossas necessidades; nem volúvel para seduzir com presentes. Ele tem prazer em nos abençoar; mas o Senhor não abre mão de desenvolver conosco um relacionamento livre e maduro.

    O Senhor não usa as pessoas nem se deixa usar. Ao invés disso, Deus propõe um relacionamento de amizade conosco: ele é um pai que deseja ser também amigo, como foi de Abraão.

    Veja como Jesus explica isso aos seus discípulos esse delicado relacionamento:

João 15.5 NVI

5 “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.

João 15.15 NVI

15 Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.

    Assim completamos os três caminhos de fuga: acusar Deus de insensível, destituir Deus de sua personalidade e tratar Deus como um gênio da lâmpada. Esse três são caminhos de morte, porque nos lançam para longe do Pai, que é, ele mesmo, a vida. Existiria, então um caminho de vida, que nos leve a conhecer o Pai e a confiar no seu amor por nós?

O Caminho para o Pai

    Como chegaremos a Deus? Há alguém que conheça a Deus e seja capaz de revelá-lo a nós? O que podemos esperar podemos esperar de Deus como Pai? Muitas perguntas nesta parte final.

    Pelas Escrituras sabemos que apenas Jesus Cristo, o Filho, conhece realmente o Pai. Por isso, se queremos um relacionamento de pai e filho com o Senhor, precisamos olhar para Jesus e pedir a Ele que nos revele o Pai.

Mateus 11.27 NVI

27 “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar.

Na verdade foi exatamente isso que Tomé fez. Pediu a Jesus que lhes revelasse o Pai. Veja o texto.

João 14.6–11 NVI

6 Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.
7 Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto”.
8 Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.
9 Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?
10 Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra.
11 Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras.

    Que diálogo maravilhoso! Que revelação tremenda feita por Jesus: o Pai revelou-se a nós em Cristo. O seu caráter e sua maneira de se relacionar conosco estão espelhadas na vida de Jesus e no seu relacionamento com o Pai.

    Alguns nunca experimentaram um relacionamento sequer razoável com o próprio pai; além de não serem muitos os exemplos de pais que cumpriram bem seu papel. Isso dificulta as coisas em nosso relacionamento com Deus.

    Mas, há alguém que experimentou em toda sua vida um relacionamento perfeito como o Pai: Jesus Cristo. Por isso Ele é o caminho para o Pai, e por isso podemos aprender com ele não só a nos relacionarmos com o Pai, mas também como a sermos pais que amam em todo o tempo, como é o Senhor.

João 14.6 NVI

6 Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.

    Se você pegou um rota de fuga qualquer e tem andado longe do Pai, hoje é dia de dar um passo de fé no caminho de volta para Ele, e isso só pode ser feito através de Jesus, porque ele é o caminho.

    No próximo domingo vamos aprender sobre como ser um pai como Deus olhando para o relacionamento entre Deus e seu filho Jesus Cristo. Você não pode deixar de participar e convidar outra pessoas a fazer o mesmo.


Exportados do Software Bíblico Logos, 01:39 9 de agosto de 2021.

31 julho 2021

Ais e Consolações


Ais e Consolações

Lucas 6.24–26 BEARC
24 Mas ai de vós, ricos! Porque tendes a vossa consolação. 25 Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome! Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis! 26 Ai de vós quando todos os homens falarem bem de vós,porque assim faziam seus pais aos falsos profetas!

Os “Ais”

Jesus era muito versátil na forma de se comunicar com as pessoas. Ele usava discursos públicos, como o sermão da montanha; parábolas com significados práticos e contundentes, como a história do fazendeiro rico no auge do seu sucesso; e também perguntas enigmáticas como “Quem dizem as pessoas que eu sou?”.
Aqui ele utilizou um outro formato: o lamento. No Antigo Testamento esse estilo literário foi usado pelo menos 20 vezes por vários profetas como Isaías, Jeremias, Amós, Miquéias, Naum, Habacuque e Zacarias.
Os “Ais” expressam preocupação e pesar diante da situação em que pessoas, ou mesmo nações inteiras, se encontram. Lucas registrou quatro "ais” pronunciados por Jesus:
(1) Ai dos ricos,
(2) Ai dos fartos,
(3) Ai dos que riem
(4) Ai dos que são populares.
Essa lista é surpreendente: riqueza, abundância, alegria e popularidade. Ela é um alerta de que aquilo que as pessoas almejam ser e ter pode se tornar uma tragédia em suas vidas. Hoje vamos conversar sobre o primeiro desses lamentos:
Ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação.

CONSOLAÇÃO

A palavra que me chama a atenção aqui é CONSOLAÇÃO. Jesus entendia que as pessoas precisam ser consoladas. É verdade, em algum momento de nossas vidas precisaremos de consolo.
Esse entendimento de Jesus é bem diferente do ensino de algumas igrejas hoje, que encorajam as pessoas a se sentirem superiores, a não admitirem suas limitações e a se acharem super-crentes com poderes invencíveis. Essa teologia, que prega uma vitória sem dor, sem morte e sem cruz é um desastre para a fé cristã, e não tem base nem nas Escrituras nem na vida real.
Quem tiver os pés firmado nas Escrituras e usar de bom senso vai concordar com Jesus que em algum momento todos temos a necessidade de consolo para nossas almas. Estamos tão expostos quanto qualquer outra pessoa às dores da vida.
E o que é diferente para nós, discípulos de Jesus? A diferença não está em nós, mas naquele a quem seguimos. Tanto que Jesus não fazia promessa de sucesso aos seus discípulos; o que ele dizia é que podemos vencer o mundo do jeito ele venceu.
João 16.33 NVI
33 “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.

A DOR DE CADA UM

São muitas e diferentes as dores que nos acompanham. Mas a dor de cada um de nós pode por consolação.
Durante a pandemia muitas pessoa passaram pela dor do desemprego (e outras ainda estão passando). Como é difícil para um pai ou uma mãe de família não conseguir ganhar o pão de cada dia com dignidade. Cada uma dessas pessoas precisa de consolo (e de emprego)
Outra dificuldade desses dias de reclusão foi a comunicação. Famílias inteiras tem sofrido porque se descobriram incapazes de se comunicar entre si. Você já tentou se explicar para alguém que você ama e fracassou? Talvez você senti uma sensação de derrota que lhe consumiu por algum tempo. Como precisamos de consolo quando não conseguimos nos expressar!
Certo dia, nas páginas do jornal vi essa notícia: uma garotinha de apenas 4 anos de idade foi espancada pela própria mãe, que perdeu o controle por causa da desobediência da filha. A menina era criada pela avó e estava passando o final de semana com a mãe. Três mulheres precisando de consolo.
Também no jornal, vi que a notícia de um homem que matou a sua companheira a facadas, diante dos filhos do casal. Eles tinham um relacionamento marcado pelo ciúme. Que dor terrível alcançou as famílias envolvidas. Elas precisam de consolo.
Quando morávamos em Fortaleza, Marina foi foi assaltada enquanto estava parada no trânsito. O ladrão nos roubou uma jóia que marcava uma data muito especial para nós. Lembro que ficamos desconsolados pensando como poderíamos ter evitado aquilo.
A verdade é que muita coisa tem o poder de mexer com a gente. Até algo tão natural como envelhecer, pode ser motivo de sofrimento. Outro dia estava pensando sobre como o tempo passa rápido e descobri algumas coisas sobre mim:
Nasci no século passado;
Conheço minha esposa quase 40 anos;
Assisti um seriado chamado “Perdidos no Espaço” em uma TV preto e branco, de tubo, marca Telefunken, com seletor de canais;
Fiz curso de datilografia;
Mandei mensagem pelo Telex.
Enfim, agora vocês já sabem sobre mim mais do que deveriam.
O tempo muda o jeito de viver, muda a realidade das coisas, leva os amigos, leva a saúde, leva o frescor da juventude. Por isso aqueles que envelhecem precisam de consolo para prosseguir.

O CONSOLO DE CADA UM

Buscar consolo para essas e outras dores é legítimo, mas será que qualquer tipo de consolação é legítima? Jesus entendia que não, tanto que ele lamentou porque os ricos estavam consolados com sua riqueza.
Lucas 6.24 RC95
24 Mas ai de vós, ricos! Porque tendes a vossa consolação.
Isso é surpreendente: Jesus não lamenta pelos que sofrem com uma vida dura; para essas pessoas ainda há a esperança de quem encontrem refúgio em Deus. Jesus lamenta por aqueles que bem, mas estão satisfeitos com as coisas erradas.
Veja que em seu lamento o Senhor não criticou a busca por consolação. O problema também não era a riqueza em si mesma. Jesus lamentou por aqueles que disfarçam suas dores, que encontram consolo por um breve momento e param de procurar a consolação definitiva que preenche de fato a alma.
A verdade é que assim como temos diferentes dores, também buscamos diferentes tipos de consolação, mas nem sempre encontramos paz .Onde você tem buscado conforto para sua alma?

Naquilo que você possui

Como Jesus disse, há quem busque paz naquilo que possui. E não são apenas os ricos que fazem isso. O consumismo afirma que “você é aquilo que tem”. Por isso, ricos e pobres, temos sido ensinados que possuir coisas nos torna respeitados. É naquilo que possui que você tem buscado consolo?

Na esperança de possuir algo

Ou talvez sua dor encontre remédio na esperança de possuir. Jogos, loterias, cartelas premiadas, bingos, pirâmides, MMN, negócios da china... Tem irmão por aí que não deixa de fazer sua “fezinha” no final de semana. É na esperança de possuir que você busca consolo para a dura realidade da vida?

No seu filho(a)

Há pais e mães buscam consolo na possibilidade de realizarem na vida através de seus filhos! Sonhos frustrado são projetados nos filhos; desejos reprimidos são vividos através deles; mesmo quando eles querem outras coisas para suas vidas. Assim transformam-se em pais e mães abusivos que não permitem ao filhos viverem por si mesmo. É nos seus filhos que você tem buscado consolo?

Nas drogas lícita e ilícitas

Muitos encontram um pouco de consolo nas droga ilícitas. Maconha, cocaína, anfetaminas, ecstasy. Quase sempre se tornam dependentes do breve alívio que encontram nas substâncias químicas. Em busca de consolo para suas angústias acabam afundados nelas. Mas há também o que procuram conforto nas drogas lícitas, como álcool, fumo, tranqüilizantes e analgésicos. Quando a vida aperta o nó, onde você busca consolo, onde seu coração encontra descanso?

No trabalho duro

Há consolações que parecem nobres, como o trabalho: é o orçamento que não dá, é a oportunidade irrecusável de ascensão, é a tão sonhada realização pessoal. No fundo, os viciados em trabalho estão buscando consolo para suas almas, enquanto afirmam para si mesmos que não podem parar! É no trabalho duro que você tem encontrado resposta para suas incertezas e inseguranças?

Nos estudos sem fim

Outro consolo acima de qualquer suspeita é o estudo. É bom e necessário estudar! Mas quando a busca pelo conhecimento torna-se um fim em si mesmo, você está lidando com um deus muito exigente. Conheço pessoas que trocaram a esposa por um doutorado, os filhos por um mestrado e a convivência da família por cursos e mais cursos de especialização.
Onde você tem buscado consolo para as dificuldades de sua vida?

O DEUS DE TODA CONSOLAÇÃO

Eu quero trazer uma palavra de ânimo pra você, meu amado irmão e minha irmã em Cristo. E também dizer pra você que ainda não se rendeu a Jesus que existe uma esperança para sua vida atribulada! Abra sua Bíblia e acompanhe comigo:
2Coríntios 1.3–7 NVI
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, 4 que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. 5 Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. 6 Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós estamos padecendo. 7 E a nossa esperança em relação a vocês está firme, porque sabemos que, da mesma forma como vocês participam dos nossos sofrimentos, participam também da nossa consolação.
Que texto maravilhoso, gente! O Deus a quem adoramos é o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação. É nele, e apenas nele, que podemos encontrar a capacitação para enfrentar as tribulações, os sofrimentos e as dores deste mundo. Não estamos sós! Há consolo eficaz e duradouro disponível no Deus de toda consolação!
Há algumas verdades nesse texto que eu quero destacar, porque precisamos tê-las na memória:

Ele não nos abandona

O Deus da Bíblia está presente nas tribulações que enfrentamos. Ele não nos abandona! Quem já decidiu aceitar o convite de Deus para viver eternamente ao lado Dele, pode ter a certeza de que nunca será desamparado; não importa se os problemas, a dor, a tristeza, o ressentimento ou angústia parecem gigantes invencíveis. Não se desespere! O Deus de toda consolação estará com você a cada momento.

Ele mesmo é o consolo

Deus mesmo é nossa consolação. Não é que Ele tenha doses de consolo para nos oferecer em troca de nosso esforço. Gosto de uma canção que diz: “O que Cristo oferece, ele é”.
Portanto, isso não é papo de auto-ajuda, mas de ajuda do alto. O consolo que não vem do alto é volúvel e rapidamente perde o efeito, por isso qualquer esforço para encontrar respostas em nós mesmos está fadado ao fracasso.
Preciso lhe desafiar a não ceder nesse ponto. Não aceite nada menos que as consolações da Cruz de Cristo, porque foi lá que ficou demonstrado que amor de Deus por nós vai até as últimas consequências. Virar as costas para Deus é o pior negócio da sua vida.
Veja esse recado que Deus enviou através do profeta Jeremias.
Jeremias 2.13 NTLH
13 O meu povo cometeu dois pecados: Eles abandonaram a mim, a fonte de água fresca, e cavaram cisternas, cisternas rachadas que deixam vazar a água da chuva.”

Ele quer usar você

Estamos familiarizados com ideia de que Deus nos deu dons espirituais com a finalidade de abençoar outras pessoas. Acontece o mesmo com a consolação. Ele nos dá para dividirmos com os outros. Isto é, Deus nos consola não apenas para estarmos consolados, mas para consolar outros.
Lembre-se agora do seu vizinho que tem sofrido com um filho alcoólico, daquele seu colega de trabalho que não consegue ter paz com a esposa e também do seu amigo que carrega amargura e ressentimento contra metade do mundo... Deus quer usar você como canal de consolo para eles.
Lembre-se agora do seu professor que não consegue acreditar no Deus eterno, no funcionário da loja que sofre sendo explorado pelo patrão e daqueles que se encontram doentes nos leitos de hospital... Deus quer usar você como canal de consolo para eles.
Traga à sua memória as meninas, que vendem seus corpos infantis na beira mar, lembre das crianças espancadas, das mulheres traídas, dos bêbados sentados nas calçadas, dos meninos cheirando cola na praça, do empresário avarento, do esportista desleal... Deus quer usar você como canal de consolo para eles.

A obediência é o caminho

Como a consolação de Deus chega a nós? Não é uma mágica como alguns imaginam. A consolação de Deus vem à medida que enfrentamos com confiança as dificuldades da vida, convictos de que o mesmo poder que sustentou Jesus em suas aflições também vai nos sustentar.
Essa é a única maneira de receber o consolo do alto: viver uma vida de obediência a Deus, como Jesus viveu, mesmo que isso signifique suportar as mesmas aflições sofridas por Cristo, convictos de que a mesma consolação que alcançou ele também vai nos alcançar.

CANAIS DE CONSOLAÇÃO

Devemos ficar atentos a tudo que se passa ao nosso redor, porque à medida que obedecemos a consolação de Deus chega a nós por diversos canais. Não podemos abrir mão dessa consolação de Deus , porque precisamos dela para enfrentar as lutas deste mundo. Por isso, quero concluir minha fala hoje citando alguns desses canais:

Consolação pelas Escrituras

Deus nos consola enquanto lemos sua palavra.
Romanos 15.4 NAA
4 Pois tudo o que no passado foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
Ouvir, ler, estudar, meditar, memorizar

Consolação pelo ensino da palavra

Deus nos consola enquanto somos ensinados na Palavra
1Coríntios 14.3 NVI
3 Mas quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação dos homens.

Consolação pelo testemunho dos santos

Deus nos consola através do testemunho de obediência de outros irmãos.
Colossenses 4.11 NAA
11 Também Jesus, conhecido por Justo, manda saudações. Estes são os únicos da circuncisão que cooperam pessoalmente comigo pelo Reino de Deus. Eles têm sido o meu consolo.

Consolação pela prática do amor

Deus nos consola através do amor prático dos irmãos
Filemom 7 NAA
7 Pois, irmão, o seu amor me trouxe grande alegria e consolo, visto que o coração dos santos tem sido reanimado por você.
Esses canais são caminhos de mão dupla, porque através deles a consolação de Deus nos alcança vindo de fora e alcança outras pessoas saindo de nós.

PALAVRAS FINAIS

Não esconda sua necessidade de consolo. Seja transparente com alguém.
Identifique a fonte onde você busca consolo hoje.
Arrependa-se e volte sua alma para o Deus de toda consolação. Ele quer lhe consolar.
Transforme-se em um canal do consolo da parte de Deus para todos em sua volta.
Assim, o Deus de toda consolação nos envolverá em seus braços e nos encherá de paz.